Embora haja um buraco no arquivo, nunca houve um buraco na sua existência. Tem-se mantido activo desde 30 de Março de 1999, ininterruptamente. O buraco no arquivo é só preguiça de copiar coisas antigas feitas í mão em HTML para o WordPress (mas já não falta muito).
Fica a efeméride e a intenção de continuar. Obrigado por me lerem.
A minha filha Joana gosta de subir para cima do móvel da sala e escolher um filme da estante bookworm que temos na parede.
Este sábado de manhã, optou pelo Despicable Me.
É um dos meus filmes animados preferidos, cheio de humor e com uma história invulgar e divertida.
No entanto, colocar o filme para os miúdos é uma espécie de tortura chinesa que nos é propiciada pelos editores. Antes do filme surgem uma quantidade infindável de logotipos, avisos, informações, promoções e outras idiotices que, no caso particular do blu-ray deste filme, duram mais de cinco minutos.
Para uma criança de ano e meio que acabou de pedir um filme, cinco minutos é uma insuportável eternidade e para um pai que está a tentar deixar a criança entretida para poder ir beber um café, é uma irritação digna de vendetta sobre os responsáveis, daquelas que mete cabeças de cavalo.
Mas eu fiz uma lista, para ser mais claro. Vejamos, antes do filme arrancar temos:
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Logotipo da Universal
Logotipo da Universal animado
Promoção ao blu-ray (inútil, visto que eu estou a ver um blu-ray, porque já tenho um leitor de blu-ray e compro filmes em blu-ray, estão a vender-me algo que eu já tenho)
Logotipo
Promoção a outro filme (skipable)
Logotipo
Promoção a outro filme (skipable)
Promoção a um parque temático (skipable)
Logotipo
Menu de linguagem
Aviso legal
Informação sobre as opiniões dos intervenientes não reflectirem as do editor
Aviso sobre capacidades do blu- poderem requerer um update de software
Mensagem de agradecimento a quem comprou o disco
Promoção a outro filme (not skipable)
Logotipo
Outro logotipo
Menu principal
Filme!
Com os skips que pude fazer, consegui reduzir a experiência a apenas 3 minutos. O processo pára duas vezes, uma para se escolher a língua e outra, no menu principal onde se escolhe arrancar com o filme ou outras opções, pelo que não se pode deixar a correr e esperar que mais tarde ou mais cedo o filme arranque, não: é mesmo preciso estar a monitorizar a coisa.
O que é que apetece? Apetece ripar o filme para um disco rígido de forma a poder aceder-lhe sem demora quando os miúdos o quiserem ver.
Mas depois, vem a Canavilhas e lixa-nos!
Numa época em que se fala tanto de UX que até já há tipos que são especializados na coisa, este é um excelente exemplo de uma péssima experiência de utilização, em que o utilizador é castigado por ter comprado um produto original em que o editor se acha no direito de impingir produtos e marcas porque, nessa altura, tem o espectador na palma da mão.
Não tenho escrito muito, porque não tenho muito tempo para escrever. Mas í medida que o blog caminha a passos largos para o seu décimo terceiro aniversário, não tenho qualquer intenção de parar.
Até porque há muito para deixar escrito, sobretudo coisas que quero que os meus filhos possam ler quando quiserem – se quiserem.
E assim, fica um resumo do status quo, as it were.
O Tiago está a menos de uma semana de completar cinco anos. Está a caminho do metro e vinte de altura e possui uma energia praticamente inesgotável. Foi graças a ela que, na sexta-feira passada, abriu o sobrolho direito na bancada de granito da nossa cozinha.
Ainda tem um penso, mas prevê-se que fique com uma cicatriz. Nesse fim de semana também o vi jogar futebol pela primeira vez, já que, nos últimos quase cinco anos, demonstrou pouco ou nenhum interesse por bolas. Prefere, ainda assim, Lego, o seu brinquedo de eleição dos últimos meses.
Os avós começaram a comprar-lhe Lego e o entusiasmo dele foi tal que praticamente todas as prendas de aniversário que temos para ele são Lego. Acima de tudo, gosta de brinquedos que possa montar e desmontar e é grande adepto de seguir instruções para obter um resultado.
Tem um discurso complexo e cheio de “portantos” e “directamentes” e “imediatamentes”.
Para minha angústia, anda preocupado com a morte. Pergunta-me se todos ficamos velhos e se depois, todos morremos. Desata a chorar, com lágrimas a correr-lhe pela cara abaixo, “pai, eu não gosto nada de morrer”. E eu ali a tentar ser o adulto que explica as coisas de forma simples, racional, sem fantasias, mas também sem o assustar. É difícil.
A Joana está a provar dia atrás de dia que se há coisas que se aprendem com um e se aplicam limpinho ao outro, também é possível dar como verdadeiras frases como “o segundo é muito mais fácil” ou “as meninas são completamente diferentes dos rapazes”.
Com um ano e meio raramente não está a sorrir – e quando não está, está a berrar; já fala, muito – muito mais do que o irmão falava nesta idade (que era nada), corre pela casa, sempre a rir, brinca com o irmão, muitas vezes a provocá-lo já que ele fica muito incomodado e a tenta dissuadir com discursos: “Joana, pára de me seguir, se faz favor, estás-me a distrair e eu quero acabar a minha construção!”.
Está extremamente bem integrada na escola e raras são as vezes que fica a chorar, embora ainda aconteça ocasionalmente. Adora a mãe, claro, está Â na idade, mas é mimosa com toda a gente e faz montes de coisas que o Tiago nunca fez, como dar grandes abraços ou por-se aos beijinhos a fotografias. À noite, se eu já estiver em casa, antes de ir dormir, faz questão de me dar um abraço, dizer “xau” e acenar com a mão. Depois vai dormir.
E dormem ambos muito bem, sem grandes stresses, mesmo quando estão doentes. A Joana ainda acorda ocasionalmente a meio da noite, mas geralmente volta a adormecer sem problemas. O Tiago já começou a acordar de manhã ao fim de semana e se vê que nós ainda estamos a dormir, abre o estore e fica a brincar no quarto até nos levantarmos.
Os meus filhos continuam a crescer e vê-los crescer continua a ser o ponto alto dos meus dias.
É até me estamparem o carro pela primeira vez ou me irem ao armário do whiskey, claro!
-Â Tudo, disse o marquês, pondo-se a caminhar ao lado dele com uma lentidão de moribundo. Deitei-me tarde. Cansaço. Opressão no peito. Pigarreira. Dores no lado. Um horror… Levo já aqui rebuçados.
– Não seja piegas, homem! Você o que precisa é roast-beef e uma garrafa de Borgonha… Não é hoje que você janta lá no Ramalhete?… É, até tem lá o Craft e o Dâmaso… Então descemos por essa rua do Alecrim, que já não chove, depois pelo Aterro fora, a passo ginástico, e em chegando lá você está curado.”
in “Os Maias”, Eça de Queiroz
Pergunto-me… será que o país também lá vai com roast-beef e um garrafa de Borgonha…?
O Macacos Sem Galho faz hoje treze anos. Embora haja um buraco no arquivo, nunca houve um buraco na sua existência. Tem-se mantido activo desde 30 de Março de 1999, ininterruptamente. O buraco no arquivo é só preguiça de copiar coisas antigas feitas í mão em HTML para o WordPress (mas já não falta muito). […]
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“(…) -Â Tudo, disse o marquês, pondo-se a caminhar ao lado dele com uma lentidão de moribundo. Deitei-me tarde. Cansaço. Opressão no peito. Pigarreira. Dores no lado. Um horror… Levo já aqui rebuçados. – Não seja piegas, homem! Você o que precisa é roast-beef e uma garrafa de Borgonha… Não é hoje que você janta lá […]