Estado da Nação

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Será muito difí­cil formar um Governo? Encontrar as pessoas certas para os lugares certos, que não se importem de tirar 4 anos das suas vidas para fazer um bom trabalho numa área especí­fica? E mais: será muito complicado escrever um programa de Governo?

Tenho a certeza de que não é fácil governar, especialmente em paí­ses como Portugal, onde mesmo quando se fala para uma plateia e se diz “tenho esta ideia, acham bem ou mal?”, ninguém diz nada ou aplaudem. Mas depois, nos cafés, toda a gente tem algo a dizer e poucos aplausos para dar.

E eu sou daqueles que acha que os polí­ticos não são bem pagos. Não são. Se fossem, não roubavam, não passavam legislaturas inteiras a tratar do seu futuro em administrações de empresas, para ganharem muito bem e recuperarem o dinheiro perdido no tempo em que foram ministros.

Há algum tempo que defendo a ideia de que o paí­s não precisa de um Primeiro Ministro e um Governo, mas de um CEO e um Conselho de Administração. Executivos altamente bem pagos, com motivação para fazerem um bom trabalho, ou serem despedidos pelos accionistas (nós, claro).

Funciona muito bem em muitas empresas, acho que podia funcionar para um paí­s. E pensem bem: se o CA de Portugal fosse extremamente eficiente a gerir o nosso capital, não seria de todo um desperdí­cio de dinheiro, pagar-lhes bons salários, equiparáveis aos que ganhariam na iniciativa privada. Em vez de Presidente da República, terí­amos um Chairman of the Board.

Um paí­s não devia ser particularmente difí­cil de organizar, é preciso recolher algum dinheiro de toda a gente para fazer obras e fornecer serviços que beneficiem todos; deve apoiar-se quem deseja fazer negócio que gere riqueza e emprego e quem tenha a iniciativa de vender para o exterior e deve proteger-se quem não tem capacidade de se manter a si próprio, por não poder ou conseguir ganhar dinheiro (trabalhando, ou de outra forma). Deve ter-se cuidado para não sobre-taxar em quem não tem mais do que dinheiro para sobreviver durante duas semanas ou dois meses, sem também se taxar exageradamente quem tem mais dinheiro, ao ponto de os tentar a levar o dito para fora do paí­s (dica: mais vale receber 10% de muito dinheiro, do que 40% de dinheiro nenhum porque foi tudo para uma off-shore).

Não tenho opinião definitiva sobre o fornecimento de alguns serviços: há quem se insurja contra a EDP ser privatizada, mas hoje o acesso í  Internet é fornecido por empresas privadas e ninguém se preocupa. E se estão a pensar que a electricidade é essencial e a Internet não, esperem uns anos (e já não vão ser precisos muitos).

Outras coisas, como água, que é, efectivamente, um elemento essencial í  sobrevivência, já acho que deve haver controlo do Estado.

Mas lá está, basta aplicar bom senso: água, faz sentido, os humanos dependem dela para viver; estradas, pontes e transportes diversos fazem sentido porque são centrais í  Economia; saúde e educação de qualidade e gratuitas fazem sentido, porque uma população bem educada e saudável é mais produtiva; apoio í  maternidade faz todo o sentido, porque uma população rejuvenescida é mais activa; protecção do património e História nacionais faz sentido, porque são parte da nossa identidade.

E quando digo que faz sentido, nem defendo que tudo isto seja Nacional a 100%, algumas coisas podem ser, outras podem ser contratadas pelo Estado a empresas privadas. O erro não está nos contratos e nas parcerias, está na forma como os mesmos estão feitos e são geridos.

Depois de fornecer um bom apoio aos cidadãos, segurança, saúde, educação, formas de se deslocarem e exercerem as suas actividades para bem de todos, o Estado deve deixar as pessoas em paz. E as pessoas devem parar de exigir tudo ao Estado. É uma relação co-dependente que está ultrapassada e tem que acabar.

O Estado mete o nariz em tudo, com licenças, normas, coimas, impostos, verificações e taxas, poder central, poder regional, poder local e os cidadãos olham sempre para o Estado quando uma coisa corre mal: querem imputar-lhe culpa, querem subsí­dios, querem apoios, querem condições e ajudas.

Isto são ideias simples, talvez mesmo simplistas. Fazer um programa de Governo e um plano de governação é infinintamente mais complexo, não tenho dúvidas, mas í s vezes, quando olho para o estado da Nação, gosto de fantasiar que é fácil e nessa fantasia, imagino-me a fazê-lo nem que seja apenas para mostrar que, afinal, é possí­vel.

 

9 Comentários

Tags

Prazeres da paternidade

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Sentado í  mesa do pequeno-almoço, a Joana í  minha esquerda tenta sem sucesso montar os braços do Sr. Batata, í  minha direita, o Tiago observa, comendo a sua mistura de quatro cereais de pequeno-almoço diferentes.

Passado um minuto, o Tiago diz: “dá cá, Joana eu ajudo”. A Joana passa-lhe o boneco e ele monta cuidadosamente os braços, devolvendo-o. A Joana aceita e responde: “‘bigado, Tiago”.

O que é que há para não gostar?

Comentar

Tags

Fí­sica 101

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

A Joana ameaçava atirar a sopa toda ao chão e a mãe fazia-lhe ver esse quase inevitável facto. Eu disse-lhe: “é o problema da gravidade. Quem te pode explicar isso é o Tiago, que já sabe.”

Depois virei-me para o Tiago e disse: “Não é filho? Podes explicar í  tua irmã como funciona a gravidade?”

E ele, como é evidente. Respondeu-me com outra pergunta: “onde?”

E embora gravidade funcione da mesma maneira em todo o lado, o facto dele perceber que a gravidade varia de sí­tio para sí­tio e responder com aquela pergunta foi o suficiente para me deixar calado. Já não falta muito para o miúdo perceber mais de fí­sica do que o pai.

Comentar

Tags

Why so social?

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Em 2008 começou a formar-se o projecto que viria a ser o Pond e na altura, este blog era há já muitos anos a minha principal expressão na web.

Por necessidade do projecto, comecei a tornar-me utilizador mais frequente do Twitter e sobretudo do Facebook. A minhas contas acabariam por ser muito úteis nos testes do Pond pelo grande volume de followers/amigos e de actualizações que eu fazia que, apesar de não baterem records, eram significativas e permitiam testar algumas situações importantes nas aplicações e infra-estrutura.

O meu objectivo foi, então, criar o máximo de ligações possí­vel nessas e outras redes fazendo com que a minha utilização acompanhasse o crescimento galopante destes serviços.

À medida que os acessos í s redes de massificaram e tornaram mais potentes e flexí­veis, com uma facilidade cada vez maior em partilhar e consumir todo o tipo de conteúdos, fui criando uma dependência cada vez maior dos serviços, não ao ponto da obsessão, mas ao ponto de não passar umas horas sem uma consulta a uma timeline ou um status update.

E não me queixo disso. As chamadas redes sociais são muito poderosas, mas não são em si responsáveis pelo nosso comportamento. Essa responsabilidade cabe a cada um de nós – como em tudo. O Facebook não é nada sem as pessoas que diariamente lá despejam conteúdo, exactamente o mesmo se passa com a web. São apenas veí­culos. Ironicamente, acabam mesmo por ser uma serie de tubos, vasos comunicantes, que as pessoas preenchem com textos, fotos, ví­deos, música e tantas outras coisas.

Mas as redes como o Facebook e o Twitter têm uma particularidade de serem dotadas de uma audiência concentrada e de um imediatismo fulgurante; tão depressa são veí­culos para uma Revolução, como antros de boatos. Tanto são palcos para divulgação como nunca antes existiram, como são spotlights para as mais assanhadas attention whores da História da Humanidade.

Nos tempos mais recentes, a cada dez posts colocados por mim, uns sete ou oito descambavam em discussões inúteis, muitas vezes com argumentos agressivos e pouco fundamentados e que acabavam apenas por servir para denegrir a minha opinião do carácter de alguns dos participantes. Não tenho dúvidas que serviram também para denegrir a opinião que essas pessoas têm de mim.

Ao percorrer a minha timeline no Facebook, ou no Twitter, o resultado é o mesmo. Uma grande maioria dos updates tem pouco interesse, uma parte significativa são patetas e alguns são obviamente provocativos, em busca da tal discussão, a chamar os suspeitos do costume para mais uma peixeirada de Benfica versus Futebol Clube do Porto ou Esquerda versus Direita, etc. Já para não falar na publicação dos mesmos ví­deos engraçados e das mesmas imagens do 9gag por pessoas diferentes.

Mas como eu já disse, a culpa não é dos serviços existirem e servirem para o que servem e nem sequer me atrevo a censurar as pessoas que os usam como muito bem entendem, nem teria a hipocrisia de criticar um comportamento que, até há bem pouco tempo, era o meu.

Mas cheguei ao ponto em que tenho que me questionar: para quê tanta socialização? Se o resultado prático da utilização destas redes é muito mais negativo que positivo, se passo a vida a achar que fulana é idiota, que sicrano é um parvalhão e que o outro é um chato do caraças – e imaginando que outros me acham um palerma, inconsistente que passa o tempo a trollar, qual é o grande benefí­cio que retiro das redes sociais?

Não sei a resposta, mas sei que faz uma semana que reduzi drasticamente a minha utilização do Twitter e Facebook. Não tenho postado quase nada e praticamente não tenho consultado as timelines. E tenho-me irritado menos e tenho reparado que me ando a preocupar com os meus problemas do dia a dia, mas mais nenhuns. Não tenho que, além daquilo que já me aborrece, ainda ter que me chatear com mais uma discussão estúpida sobre a Economia ou uma troca de galhardetes imbecil sobre espátulas de virar omeletes. Tem sido libertador.

Por enquanto, não tenciono fechar contas, nem deixar completamente de usar os serviços – alias, este post vai ser automaticamente partilhado, estas redes são excelentes para fazer chegar conteúdo e ideias a mais pessoas – mas vou dar dois passos atrás e repensar um bocadinho, talvez tentar adaptar-me melhor a este mundo de redes e perceber como viver nele de uma maneira mais sã e produtiva.

Para finalizar, deixo-vos com um ví­deo algo longo, mas que vale a pena ver e sobretudo ouvir com atenção.

British Council Annual Lecture 2011: Ben Hammersley

9 Comentários

Tags

Treino de 19 de Junho

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

O treino de ontem foi rápido e eficaz, como convém e constou de 9 séries de 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 repetições dos seguintes três exercí­cios:

  • Flexões
  • Agachamentos
  • Sit-ups

Feitos sem intervalo, num total de 55 reps por exercí­cio. O melhor deste treino é mesmo o movimento constante de exercí­cio para exercí­cio e embora as repetições vão diminuindo, isso significa também que mais rapidamente estamos a esgotar o mesmo músculo novamente.

Comentar

Tags

Estado da Nação

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Será muito difí­cil formar um Governo? Encontrar as pessoas certas para os lugares certos, que não se importem de tirar 4 anos das suas vidas para fazer um bom trabalho numa área especí­fica? E mais: será muito complicado escrever um programa de Governo? Tenho a certeza de que não é fácil governar, especialmente em paí­ses […]

Ler o resto

Prazeres da paternidade

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Sentado í  mesa do pequeno-almoço, a Joana í  minha esquerda tenta sem sucesso montar os braços do Sr. Batata, í  minha direita, o Tiago observa, comendo a sua mistura de quatro cereais de pequeno-almoço diferentes. Passado um minuto, o Tiago diz: “dá cá, Joana eu ajudo”. A Joana passa-lhe o boneco e ele monta cuidadosamente […]

Ler o resto

Fí­sica 101

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

A Joana ameaçava atirar a sopa toda ao chão e a mãe fazia-lhe ver esse quase inevitável facto. Eu disse-lhe: “é o problema da gravidade. Quem te pode explicar isso é o Tiago, que já sabe.” Depois virei-me para o Tiago e disse: “Não é filho? Podes explicar í  tua irmã como funciona a gravidade?” […]

Ler o resto

Why so social?

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Em 2008 começou a formar-se o projecto que viria a ser o Pond e na altura, este blog era há já muitos anos a minha principal expressão na web. Por necessidade do projecto, comecei a tornar-me utilizador mais frequente do Twitter e sobretudo do Facebook. A minhas contas acabariam por ser muito úteis nos testes […]

Ler o resto

Treino de 19 de Junho

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

O treino de ontem foi rápido e eficaz, como convém e constou de 9 séries de 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 repetições dos seguintes três exercí­cios: Flexões Agachamentos Sit-ups Feitos sem intervalo, num total de 55 reps por exercí­cio. O melhor deste treino é mesmo o movimento constante de exercí­cio […]

Ler o resto

Redes de Camaradas

 
Facebook
Twitter
Instagram