Não resisti.
Publicado em , por Pedro Couto e Santos
A minha versão.
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Portugueses, portuguesas.
Muito se fala do que está mal em Portugal. Falar (mal), do que está mal em Portugal é aliás a principal especialização profissional do povo português.
Não falamos apenas mal do que está mal, mal da crise, mal do desemprego, mal da falta de dinheiro ao fim do mês: falamos também mal dos políticos, dos deputados, dos ministros, do Governo e da Oposição.
A culpa, a nosso ver, é deles. Nenhum deles presta – dizemos. Nenhum deles é particularmente diferente dos outros, mas uma coisa curiosa continua a acontecer sempre que há eleições: votamos neles.
Apesar de existir um nível elevado de abstenção, continua a haver muitos portugueses que saem de casa para ir votar no PS, no PSD, no PP, no BE, no PCP, enfim, nos partidos políticos disponíveis.
Depois, algum é eleito.
Depois, começam as queixas. Primeiro, alguns admitem ter votado em X ou Y, mas que começam a arrepender-se de o ter feito; depois de mais algum tempo, já ninguém votou.
Quando Cavaco foi Primeiro Ministro (lembram-se? Quando esbanjou dinheiro, ocultou escândalos, carregou sobre manifestantes e criou um Estado gigante e pesado que agora andamos a pagar? Já agora – não votem nele para Presidente outra vez, tenham vergonha), quando as coisas começaram a piorar, ninguém tinha votado nele.
Aí estava o homem, ao fim de quase dez anos de governação e, aparentemente, eleito por ninguém. Também ninguém votou em Guterres, ninguém votou em Barroso e aposto que ninguém votou em Sócrates.
Depois, na revolta, toda a gente diz disparates: que é preciso parar o país (esta é das preferidas dos Sindicatos), quando, evidentemente, o país tem é que se mexer. Que é preciso Guerra Civil, como se arriscarmos as nossas vidas e as dos nossos filhos aos tiros pelas ruas fosse solução para alguma coisa.
Se calhar não podemos fazer nada.
Mas podemos demonstrar insatisfação de uma maneira muito simples: votando.
Não sou politólogo, nem tão pouco economista ou uma dessas coisas estranhas e complicadas que dominam a nossa civilização e que quase ninguém percebe embora tentem fingir, mas acho que se nas próximas eleições legislativas ninguém fosse eleito, alguma coisa interessante poderia acontecer.
Quanto mais não fosse, faríamos um gigantesco manguito a toda a classe política de que tanto nos queixamos í mesa do café.
Eu sei que vivo num país de machos latinos que falam muito e fazem praticamente nada. Eu sei que a maioria das pessoas que ameaça que faz e diz e põe e dispõe, quando chega a altura, não lhe dá jeito ah e tal tenho que cortar as unhas dos pés.
Por isso eu sei que a minha plataforma eleitoral não será um grandioso sucesso. Mas como acho que é uma ideia do caraças, vou lançá-la na mesma.
Isso mesmo, uma plataforma eleitoral.
Portugueses, portuguesas, vão-se preparando, vão treinando os vossos cartões de eleitor porque quero desafiar-vos para pararem de ser uns fracos e de, nas próximas eleições legislativas não votarem em ninguém.
Isso mesmo, em ninguém. Durante o tempo que nos separa das próximas eleições (as presidenciais estão demasiado próximas e de qualquer maneira não interessam para a governação do país, só mesmo para estoirar dinheiro em campanhas e num cargo público inútil), pretendo desenvolver esta minha ideia e convidar todos os que estão fartos de não saber em quem votar a dirigirem-se í cabine de voto munidos de um autocolante (que desenharei até lá), e que colem o dito no voto.
Sim, será um voto efectivamente nulo. Mas quantos votos conseguiremos anular exactamente da mesma maneira? Que impacto terá? Conseguiremos visibilidade para esta ideia?
Não sei, mas estava na casa de banho a dar banho ao puto hoje e tive esta ideia.
O que é brilhante porque a qualidade dos nossos políticos está ao nível da casa de banho que é também, todo sabemos, o melhor sítio para ter ideias.
Vamos nisso?
Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Hoje entrei em casa e o Tiago saltou do quarto rapidamente aos gritos: “Cuidado pai! Monstros!”
“Oh não, monstros!”, respondi.
“Tenho que ir buscar a tua pistola para darmos tiros nos monstros!”
Desapareceu para dentro do quarto, onde a Joana brincava com os pés e voltou com uma pistola espacial que os tios lhe deram no natal. Claro que já tinha a dele (que é, obviamente, a que ainda tem pilhas e faz todos os sons, luzes e vibrações).
“Toma pai! Dispara contra os monstros!”
Um gajo chega a casa e tem tudo invadido por monstros, é inadmissível! Felizmente, armados até aos dentes, corremos tudo e certificámo-nos que não sobrava um único monstro, todos abatidos a salvas de laser das nossas pistolas espaciais.
Em menos de 10 minutos, estava a suar e a ter que tirar a camisola que ainda há pouco me parecia indispensável para não enregelar. Abriu-se o apetite, caçou-se monstros, tivemos a nossa brincadeira de fim de dia e o Tiago jantou bem, fez toda a sua rotina nocturna sem sobressaltos e foi para a cama dormir satisfeito pela missão cumprida.
Venham-me cá agora dizer que as crianças não deviam brincar com armas e que precisam de jogos didácticos, livros e blocos de construções.
Bullshit.
Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Na generalidade, somos seres com pouca capacidade de improvisação. Sim, quando damos por nós em situações invulgares, todos temos um Bear Grylls dentro de nós, mas no aborrecido dia-a-dia o que queremos é ter o pão sempre no mesmo sítio, perto da manteiga e não muito longe da torradeira. Queremos que os transportes andem a horas, que nos digam quando correr e em que sítio parar e, já agora, que nos informem quando devemos celebrar alguma coisa.
É por isso que, por muito que se apregoe por aí que é “quando um homem quiser”, o natal calha sempre na mesma altura.
E já calhava nesta altura há muitos séculos, diria mesmo milénios, muito antes do Atleta da Cruz, quando os povos pagãos se juntavam algures ali entre 20 e 30 de Dezembro (quem sabe, a 25…), para celebrar a mudança de estação (dica: acontecia o mesmo na Primavera e agora chamam-lhe Páscoa), para comer, ver a família e trocar oferendas.
É, portanto, hilariante, ver as bandeirinhas do menino Jesus nas janelas, em resposta ao Pai Natal trepador, como se algum dos dois tivesse alguma coisa a ver com esta celebração – a do solstício de Inverno, ao fim e ao cabo.
Tudo isto para dizer que já passou mais um natal e que eu poderia dizer que “isto é giro é com miúdos”, mas não digo porque se dissesse, sentir-me-ia na obrigação de me levantar e pregar um valente tabefe em mim mesmo por dizer tamanha estupidez.
Sim, é verdade, os miúdos são estupendos e nada bate o seu entusiasmo ao abrir aquela prenda especial porque tanto ansiaram.
Mas isso são 5 minutos.
E as restantes 48 horas? Quem os atura?
O dia 24 foi complicado. Há prendas, mas não as podes abrir já, estamos a fazer doces, mas não os podes comer já, vamos sair, mas não é já. Tudo isto é complicado de encaixar para um puto de 3 anos. Ao almoço, deu-se a primeira birra… e ainda faltavam cinco horas para sairmos de casa.
Na viagem, adormeceu – aliás, adormeceram ambos e a dormir foram, o caminho todo.
Eu não. Eu ia acordado e bem acordado, com o vidro lamentavelmente gorduroso, chuva copiosa e uma noite escura, conduzir até Palmela não foi tanto uma tarefa, mas mais uma tortura. Quando cheguei, a dor de cabeça estava bem instalada.
Por razões menos boas, tive que ficar sozinho com os dois miúdos, porque a Dee teve que sair um pouco. Eu no sofá, lareira acesa (odeio lareiras), casacos vestidos e os dois putos em cima de mim. O Tiago, voltou a adormecer e já ressonava quando a minha sogra pegou na Joana.
Até aqui tudo bem. Depois percebi que ele estava ensopado em suor (mencionei que odeio lareiras?), resolvi tirar-lhe o casaco e ele acordou.
Começou apenas por berrar, depois mudou para gritos de “não! não!”. Entretanto, a irmã entrou no concerto. Choravam ambos.
O Tiago, começava a entrar em desespero – cheio de sono – só gritava que não queria aquela casa, que queria a dele, que queria o bebé (o urso dele, que logo por azar, ficou esquecido na escola este fim de semana).
A dada altura, alguém levou a Joana não sei para onde e só a ouvia chorar compulsivamente – como ela tão bem faz – enquanto o Tiago, ao meu colo, me imobilizava porque tinha acessos de pânico com direito a estrebuchamento e tudo, sempre que fazia tenção de me afastar da sala para tentar ir ver o que se passava com a irmã.
Entretanto iam chegando convidados e ocasionalmente, alguém decidia que era boa ideia tentar intervir: “então Tiago? Vamos lá, o que se passa? Vamos brincar, olha, vem aí o pai natal”. Fúria incontrolável. De cada vez que quase o conseguia acalmar e alguém – sempre bem intencionado, claro – intervinha de alguma forma, lá entrava ele em nova espiral de berraria.
Isto durou bem mais de uma hora e continuou mesmo depois da Dee ter voltado; como teve que ir dar mama í Joana (o que, vá lá, a acalmou a ela), não chegou a conseguir tentar acalmá-lo (sem garantias de que funcionasse, claro). Até que, como que por magia, ou por lhe ter passado o sono, acalmou-se, pediu frango, sentou-se í mesa, jantou e passado um bocado andava pela casa a brincar com os primos.
Foi giro, serviu para me por mais 5 cabelos brancos e para me dar uma das mais insuportáveis dores de costas de que tenho memória, por ter passado hora e meia com um primata de 15 kg ao colo, a contorcer-se.
Seguiram-se os tais 5 minutos que valem a pena. Quando recebeu o Buzz Lightyear, que é igualzinho ao do filme e vem dentro de uma caixa em forma de nave e tudo, o resto do mundo deixou de existir. Até recusou prendas e abriu outros brinquedos com desinteresse.
É, de facto, compensador, ver o nosso filho tão feliz.
Já há uns anos que, depois de Palmela, ainda seguíamos para casa dos meus pais para mais uma festa de natal, pela noite dentro, mas essa prática, felizmente, já está no passado e viemos apenas dormir.
A segunda festa, passou para dia 25. E desta vez foi cá em casa, com o mínimo indispensável de prendas, por oposição í s 200 toneladas que costumávamos trocar e primordialmente focada nos miúdos. Vá, sobretudo no Tiago, que a Joana ainda não está muito para aí virada.
Ele recebeu tantas prendas que muitas ficaram por abrir e foram sendo descobertas aos poucos, durante a noite.
A coisa culminou numa casinha de plástico que os meus pais lhe compraram e que a família toda se juntou a montar na varanda. Mais uma vez, cansado e farto de esperar, o Tiago começou a passar-se e a dada altura já batia em toda a gente. Foi então agraciado com uma palmada no rabo e expulsão do próprio quarto enquanto os adultos ficaram a acabar de montar o brinquedo.
A fita acabou por passar depressa, muito graças ao tio Filipe que é o maioral da brincadeira e o anima sempre.
O Buzz foi um êxito, mas o destaque que teve também se diluiu um pouco entre variadíssimos aliens do Ben 10, mais um Wall-e e uma Eva, um escorrega, pistolas electrónicas, enfim… coisas para brincar até fartar.
A coisa não acabaria, porém, sem mais uma palmadita no Tiaguito, que resolveu pegar numa tijela que os avós lhe compraram e – com o seu ar “vai-te foder”, para mim – atirá-la para o chão.
Sim, o meu filho de 3 anos tem um ar “vai-te foder”.
E foi assim que depois de três ou quatro birras e duas ou três palmadas, montes de prendas, família e doces, se passou mais um estupendo natal.
Percebem agora porque é que mereço um tabefe se disser que o natal é melhor com miúdos?
Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Fez hoje dois meses que nos mudámos para a casa nova, está na altura de fechar este capítulo, pelo menos no que toca ao blog.
Durante grande parte de 2010, escrevi sobre a casa, a compra da casa, o estado da casa, as obras na casa e a mudança para a casa sob a categoria ‘2010 Odisseia Imobiliária‘. Claro que não fiz exactamente o que queria fazer, não documentei as despesas, por exemplo, para deixar essa informação para quem dela quiser usufruir ou para mais tarde recordar.
É, assim, difícil saber exactamente quanto custaram as obras. Mas foi muito.
À medida que as coisas foram chegando ao fim também me comecei a aperceber que existem certas pessoas demasiado abelhudas para o seu próprio bem e a vontade de partilhar descontraidamente detalhes sobre a casa online caiu a pique.
Não que essas pessoas tenham obtido alguma da informação que têm via este blog – obtiveram-na í boa velha mesa de café – o que só vem mostrar que de facto, como eu respondo quando me perguntam se não tenho preocupações de privacidade por ter um blog pessoal: malucos há em todo o lado.
Está prestes a fazer um ano, então, que vimos esta casa, onde agora estou sentado a escrever um post. A decisão de a comprar foi um risco, mas um que acabou por compensar. Estamos, de facto, satisfeitos com as nossas decisões ao longo deste processo e o resultado, longe de ser final (ainda falta arrumar muito, montar cortinas, comprar móveis…), é muito satisfatório.
No período que foi desde a primeira visita até agora, a imobiliária que nos mostrou a casa, fechou. E era uma imobiliária antiga, que eu me lembro de ver desde que andava na escola lá perto.
Foi precisamente uma das agentes dessa imobiliária que nos aconselhou o empreiteiro que nos renovou a casa. O Sr. Augusto Cardoso, da D’Arte e Cor, Lda.
Houve vários factores que contribuíram para a nossa aposta nos serviços do Sr. Augusto – falámos com ele, pedimos orçamento, visitámos a casa em conjunto mais do que uma vez e vimos o portfolio online. Tal como a compra da casa, a escolha do empreiteiro foi um risco. É sempre.
Nos primeiros tempos, recebi tantos alertas sobre empreiteiros que a minha única conclusão foi que a obra iria correr mal, sofrer angustiantes atrasos e custar o triplo do orçamentado.
Não foi nada disto que aconteceu. Dizem-me que me saiu a sorte grande com o Sr. Augusto. A obra ficou muito bem feita – facto; o Sr. Augusto soube gerir as coisas de maneira a que as partes mais caras fossem compensadas com partes mais baratas (não há cá acabamentos de luxo, mas não ficou tosco – longe disso), o que houve a mais, fora do orçamento, foram pedidos nossos com plena consciência de quanto iria custar a mais.
Durante os seis meses de obras, praticamente não houve um dia em que não houvesse alguém a trabalhar cá em casa; muitas vezes eram dois, três, vários homens.
A obra apenas durou seis meses, aliás, porque nós hesitámos em arrancar logo com o sótão e este não foi feito em paralelo com o resto pois nesse caso, quatro meses e meio – o previsto no orçamento, teriam certamente chegado.
Mas acho que há um factor muito importante a ter em consideração e foi algo que aprendi nesta primeira experiência – as pessoas têm desdém e desconfiança por empreiteiros. Serão sentimentos merecidos? É bem possível, mas são sentimentos que criam uma relação imediatamente amarga entre cliente e fornecedor.
Os clientes tratam os empreiteiros como aldrabões desde o primeiro dia e estes, por sua vez, tratarão os clientes como idiotas.
Isto para dizer que o Sr. Augusto mostrou ser um excelente profissional, mas também acho que a nossa forma de interagir com ele terá ajudado a que tudo corresse bem.
Isto leva-me a alguns conselhos para quem esteja a pensar fazer obras de renovação numa casa:
Acho que estes pontos foram muito importantes para que tudo acabasse bem. No entanto, sublinho, encontrar um bom empreiteiro é essencial.
A isto acrescento que a obra foi muito maior do que eu alguma vez esperava ser possível. Quando decidimos comprar a casa, sabíamos que tínhamos que fazer obras, sim, mas nunca pensei que fosse possível chegar-se onde se chegou; por exemplo: sabia que teria que ser renovada a instalação eléctrica, mas nunca pensei que fosse ser possível colocar tomadas, rede, televisão e iluminação onde nós decidíssemos e não apenas renovando o que já estava lá.
Para finalizar, aqui fica uma lista de prós e contras da nova casa com a ressalva das conclusões terem apenas dois meses.
Prós
Contras
E por agora chega. Quando tiver tempo, faço um slideshow de antes&depois. As listas certamente aumentarão com o tempo, espero que a dos contras não cresça muito porque tenho mesmo muita vontade de ficar aqui a viver durante muito tempo.
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Portugueses, portuguesas. Muito se fala do que está mal em Portugal. Falar (mal), do que está mal em Portugal é aliás a principal especialização profissional do povo português. Não falamos apenas mal do que está mal, mal da crise, mal do desemprego, mal da falta de dinheiro ao fim do mês: falamos também mal dos […]
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