Codebits V, dia 11 de Novembro de 2011, dia de Nuclear Tacos.
Montei a cozinha toda por volta das 16 para que, quando a equipa chegasse, fosse só arrancar com o cozinhado. Às 17 já buliamos: como máquinas, cortavam-se os vegetais, com três tipos diferentes de malagueta, tudo preparado para ir para a liquidificadora que, í s hábeis mãos do Pedro Correia e do Fernando Afonso transformou as ditas em pasta que viria a incendiar as bocas dos nossos corajosos comensais.
Com tudo a andar a bom ritmo, arrancámos o serviço í s 19 como previsto. Eu servia a carne, nível um, dois ou três, conforme a escolha de quem ia comer, passava ao Jorge Cruz que colocava o queijo e seguia para o Fernando por os vegetais, enrolar e entregar ao feliz contemplado.
Os iogurtes desapareciam a olhos vistos, í s mãos do David Ramalho que os ia distribuindo aos quatro e cinco de cada vez, enquanto o Filipe Penedo e o Gustavo Carvalho controlavam as entradas, o Luís Correia e o Pedro Moura Pinheiro entregavam achievement badges e a Marta Fernandes e o Pedro Correia orientavam mais tortilhas, mais queijo, ou o que mais fosse preciso. Fomos uma máquina bem oleada novamente e o brilho do fundo dos tabuleiros de alumínio assinalava o princípio do fim dos 10 kg de carne, ainda a fila ia longa.
Era evidente que, mais uma vez, algumas pessoas iam ficar sem taco, para muita pena nossa.
Aproxima-se, então, o Celso; em vez de me perguntar como estão a correr as coisas ou me mandar um impropério pelo taco que lhe servimos e que teve que comer em frente í s câmaras, pede-me para ir com ele.
E í medida que, ainda sem saber bem o que se passa e me afasto da mesa para passar a tarefa de servir a outro, oiço as palavras que já tinha várias vezes receado ouvir: “está alguém a passar mal.. precisam de saber o que está nos tacos”.
Segui o Celso na expectativa de ver alguém sentado numa cadeira com um ar meio enjoado e de resolver a coisa com umas palmadinhas nas costas e um “bebe lá mais um iogurte que isso passa”.
Em vez disso, fui levado pelos corredores técnicos do Pavilhão Atlântico para uma salinha nos fundos. Lá dentro, comoção, cá fora, agitação.
Muita gente reunida, conversas cruzadas, o som de walkie-talkies a disparar, o Celso ao telefone.
“O rapaz está mal, o que é que lhe deram? Quem é o responsável?!”
Mantendo presente que o responsável, no fundo, seria sempre a minha empresa e não eu e que estas coisas têm seguros e etc, a verdade é que era impossível não me preocupar.
O rapaz estava deitado numa marquesa, havia máquinas a fazer “pim”, máscara de oxigénio, the works. Ele revirava os olhos, tremelicava e espumava da boca.
A responsabilidade podia não ser minha, mas se este tipo quinava com uma reacção alérgica qualquer í comida que eu lhe servi, certamente que não ia ficar mais descansado por haver uma empresa atrás de mim e um seguro qualquer.
Perguntavam-me que ingredientes tinham os tacos e eu só queria que me deixassem pensar, conseguia lá lembrar-me dos ingredientes! O Carlos Morgado tentava contemporizar: pode ter sido Red Bull a mais, ou se calhar foi dos hamburgers, ia sugerindo.
Finalmente, chamaram-nos de novo í enfermaria improvisada e, com um ar muito sério lá revelaram que tudo não passava de uma brincadeira. O tipo levantou-se da maca e ainda aproveitou para dizer que tinha comido de facto um taco e que estava delicioso.
Não me lembro de muitas situações na minha vida em que me tenha sentido tão aliviado.
Hoje, vi o vídeo de tudo, que dura cerca de 5 minutos. Mas não pode ser, porque tenho a certeza absoluta que tudo isto durou, pelo menos, duas horas!
PS: Caso ainda não tenham percebido pelos comentários, a ideia foi do Celso.
Terminou a quinta edição do SAPO Codebits. Estive em todas, mais ou menos assim: desenhei o logotipo da primeira e estive lá a desenhar cartoons dos Especialistas com uma Wacom Graphire 2.
Na segunda, dei uma talk sobre Webcomics e desenhei uma tira com uma Wacom Cintiq ao vivo. Na terceira edição, apresentei, com o Gustavo Carvalho, o Pond, numa talk que inclui uma partida para o Gus, com duas modelos entre a audiência a fazer perguntas técnicas.
Na quarta edição, desafiei a minha equipa a fazer toda a imagem do evento, coisa que correu espectacularmente bem e de onde nasceu, pelas mãos do Pedro Correia, a mascote do evento, o bot; além disso, respondi ao desafio do Celso e fiz nuclear tacos pela primeira vez para gáudio de todos e sofrimento de muitos.
Finalmente, nesta edição, a minha equipa de design (que se chama de Normalização, nome que me desagrada), voltou a ser responsável pela imagem do evento, pela decoração, sinalética, logotipo, t-shirts, merchandising e etc, com o Pedro Correia, Nuno Loureiro e Filipe Penedo, além de mim próprio, a fazerem um trabalho excelente e ainda mais autónomo que no ano anterior.
Também fizemos nuclear tacos, desta vez com muito melhor organização. Desta vez tratei eu da encomenda do Bhut Jolokia, que estava na minha posse muito antes do evento, para evitar o last minute panic do ano anterior, em que o pozinho mágico tardava em chegar. í s 17, a equipa juntou-se na cozinha, eu já tinha os níveis todos calibrados e fizemos, em pouco menos de duas horas, 10 kg de carne, dividida em três níveis de picante para acabarmos por servir cerca de 200 tacos a outros tantos corajosos participantes do Codebits.
O Â Filipe Penedo, David Ramalho, Pedro Correia, Fernando Afonso, Marta Fernandes, Jorge Cruz e Gustavo Carvalho foram os principais membros da equipa, com o Luís Correia, o Pedro Moura Pinheiro e muitos outros que lamento não conseguir agora mencionar a dar preciosas ajudas para que tudo corresse bem.
Foi provavelmente o melhor Codebits de sempre, com uma excelente keynote do Zeinal Bava, com os achievement badges, os panoramas, o photo challenge, lego, jogos, o habitual quiz show, o presentation karaoke, o estupendo bot de madeira que a Hipnose construiu, os projectos (a qualidade este ano foi um salto de gigante em relação í s já boas edições anteriores), e os prémios que até para quem ficou “em último” foram fantásticos.
Pelo caminho, pregaram-me a maior partida da minha vida que ainda não sei se conto aqui, porque envolveu muita gente que não é paga para andar em brincadeiras e que se calhar não pode ser referida como participante da partida aqui neste sítio público.
Que a Joana sabia andar, já nós sabíamos, mas a sua hesitação em largar-se era evidente. Andava agarrada í s paredes ou de mão dada, mas sozinha, dois passos ou três eram o máximo que conseguia antes de se sentar no chão e voltar ao seu modo de locomoção preferido: gatinhar.
No entanto, no passado Domingo, assim de um dia para o outro, decidiu que afinal andar não era nada assustador e agora já anda para todo o lado. É sempre giro ver como alguns dos marcos de desenvolvimento e autonomização podem ser marcados num calendário. Apesar de serem processos evolutivos, há muitas vezes um momento em que se dá um salto.
E foi assim que no dia 30 de Outubro de 2011, a Joana deu o salto de passar a andar em vez de gatinhar.
Hoje de manhã decidimos ir fazer umas compras que já andavam a ser adiadas há uns tempos. Os miúdos precisavam de roupa, eu precisava de meias, a Dee precisava de soutiens. Combinámos então que íamos já no Sábado de manhã sabendo que não íamos conseguir fazer tudo e assim sobrava-nos o Domingo de manhã para tratar do resto, já que tínhamos outras coisas combinadas para as tardes de ambos os dias.
O que se passou foi o contrário do que esperávamos. Os putos colaboraram impecavelmente e fizemos tudo o que queríamos e ainda mais.
O Tiago demonstrou que, aos quatro anos e meio, é um puto que consegue aguentar uma manhã de compras com os pais, três horas e meia no centro comercial, a entrar e sair de lojas e até a ajudar a escolher roupa para si próprio.
Correu, escondeu-se, fartou-se de brincar e eu andei com a Joana no carrinho a persegui-lo pela Zippy fora, para grande diversão de todos os envolvidos.
Quando o cansaço começou a dar alguns sinais, sentei-me com ele no chão, í porta da Women’s Secret, a ver vídeos do Felix the Cat (que está estampado em roupa interior na montra da loja), no YouTube no meu A5 (viva a tecnologia!). Isto foi o suficiente para ele arrebitar.
Entretanto, a Joana estava no provador com a mãe a testar roupa interior e comia uma bolachita para não perder as estribeiras.
Ainda fomos ao food court almoçar e deu para todos comermos, calmamente enquanto a Joana passeava entre as mesas e o Tiago via mais um desenho animado dos anos 30 com grande satisfação. Para quem adora gatos e desenhos animados, o velho Felix é um achado.
Comprámos roupa para os putos e para nós, em quantidades industriais. Houve tempo para ver, escolher e experimentar. Não houve birras, sobressaltos ou discussões e no fim viemos para casa satisfeitos, almoçados e com roupa nova para todos e o Tiago ainda veio a comer um gelado sem entornar uma gota sequer no carro!
Já há muito tempo que, cá em casa, dizemos que o deus dos pequenos incómodos nos odeia.
Seja pelos problemas infindáveis que tive com o Mercedes pouco depois de o comprar, pelas infiltrações de monóxido de carbono do esquentador da casa antiga, pela vez em que o esgoto da nossa banheira infiltrou para a vizinha de baixo, pelo simples facto da vizinha de baixo implicar com o nosso ar condicionado, ou com termos tido, durante um ano, uma família brasileira que fazia barulho todas as noites, a viver no andar de cima.
O carro assaltado poucos dias depois de nos termos mudado a nosso novo e pacato bairro, as infiltrações de água na obra acabada de fazer, o estore do Tiago que partiu na primeira utilização, o estrado da cama sempre a cair, as férias constantemente inquinadas por questiúnculas diversas e claro, o enorme buraco na sala de trabalho da Dee, acabadinho de fazer.
Depois de meses de chuva e tempo imprevisível durante todo o Verão, o bom tempo instalou-se em Setembro e Outubro. Parecia um Verão tardio e eu já desejava o regresso do frio e da chuva, das noites de edredão e de poder dormir perto da minha mulher sem acordar coberto de suor.
Esses dias resolveram chegar todos de uma vez, sob a forma de um temporal, durante o fim de semana. Choveu que se fartou e fez vento forte um pouco por toda parte. Estava tudo bem até por volta das nove da noite, hora em que começou a pingar água na sala de trabalho da Dee.
A água passou de uns pingos para uma cascata em poucos minutos e em menos de duas horas, encheu-se um balde de dez litros.
Como temos um furo no tecto de onde desde o cabo eléctrico para um candeeiro que ainda não montámos, a água encontrou aí ponto de escoamento e lá vinha ela, toda contente, mas a coisa não podia acabar por aí, seria “bom demais”, que a infiltração no telhado fosse mesmo por cima daquele furo.
Não era.
Era mais ao lado e í medida que ia formando poça lá em cima, ia chegando ao buraco e caindo. Mas não demorou muito até começar a infiltrar pelo tecto, no sítio onde estava mesmo a fazer poça.
Por volta da meia noite, já o tecto estava todo rachado e continuava a cair água. Felizmente, depois de estarmos ali a espremer o estuque para escorrer a água acumulada, a coisa acalmou.
Levantei-me por volta das quatro e meia e já não pingava nada.
De manhã, a Dee ligou para o empreiteiro que fez o favor de cá vir. Encontrou três pombos mortos, um í frente, dois nas traseiras, a entupir completamente os algerozes. A caleira das traseiras terá enchido com água, por causa disto e extravasado para a telha, acabando por entrar por baixo desta.
Não estamos 100% convencidos, porque a infiltração era mesmo no meio do tecto e parece-nos que se a água entrou por baixo das telhas na ponta do telhado, então a infiltração devia ser mais próxima da janela.
No entanto, por agora, pouco nos resta fazer senão esperar que volte a chover para vermos o que acontece. É verdade que ele também encontrou algumas telhas partidas, que substituiu e que três pombos mortos nas caleiras não pode ajudar. Mas como já sabemos que somos das vítimas preferidas do deus dos pequenos incómodos, cá esperamos o desenrolar da coisa e entretanto pergunto-me… quando será que se arranjam assim uns 4 ou 5 aninhos sem problemas destes para resolver?
Codebits V, dia 11 de Novembro de 2011, dia de Nuclear Tacos. Montei a cozinha toda por volta das 16 para que, quando a equipa chegasse, fosse só arrancar com o cozinhado. Às 17 já buliamos: como máquinas, cortavam-se os vegetais, com três tipos diferentes de malagueta, tudo preparado para ir para a liquidificadora que, […]
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