Tenho estado a tomar balanço para escrever este post. É uma espécie de conto de natal; se forem religiosos, podem assustar as vossas crianças contando a história “daquele ateu que um dia ficou sem natal, porque deus o castigou”. Sei que os tipos religiosos gostam disso: deuses castigadores. E de meter medo a crianças, claro.
Mas adiante.
No dia 23, depois de um dia mal passado, lá ganhei coragem para fazer a viagem de regresso. Calculei que estaria cheio de cólicas mais ou menos em frente í D. Fernando II e Glória e acertei na mouche. Peguei no telefone e liguei para a Dee para ver se ela me distraía com small talk. Fui-a ouvindo falar, tentando concentrar-me no que dizia e andando, com alguma dificuldade.
Cheguei a casa já bastante mal e nem era só a diarreia, mas todo um mal-estar e desconforto típicos daquela coisa de “estar doente”. As cólicas eram diabólicas e não digo isto apenas por dar um bom slogan: eram mesmo.
Deitei-me na cama, nesse início de noite de dia 23 e, tecnicamente, só me voltei a levantar no dia 26. O resto foi… bom, citando Barney: Legen…wait for it, wait for it… dary!
Na noite de 23 para 24 as coisas complicaram-se. A minha temperatura saltou para 38,6 graus e sempre que saía da cama voltava a bater os dentes que nem castanholas o que poderia ser útil se o Joaquín Cortés ainda vivesse cá em casa, mas felizmente não tínhamos cá azeite suficiente para ele por no cabelo, portanto o gajo foi-se embora em Abril.
A certa altura consegui arranjar posição para adormecer, após mais um dos ataques de tosse medonhos do Tiago e lá me afundei em terras do Sandman.
O despertar í s quatro da manhã foi como ser acordado por um pontapé de Dr. Martens nas entranhas, mas por dentro. Corri para a casa de banho e assumi a posição mas ainda não sabia que o meu estí´mago também queria participar na festa.
Claro que não comia nada há horas e portanto tive que estar ali a tentar relaxar enquanto o estí´mago tentava expulsar coisa nenhuma em contracções violentas que, diga-se de passagem, eram completamente desnecessárias. Às vezes não compreendo os meus órgãos, mas enfim…
Podia descrever aqui o resto da noite, hora a hora, mas não vale a pena; basta dizer que piorou, dentro do mesmo estilo: dores abdominais do catano, diarreia do camandro, vómitos secos do catrino. Uma festa digna da época!
O dia 24 foi inteiramente passado na cama, o único sítio onde conseguia estar porque tinha muitas dificuldades em aguentar-me de pé, quer por mal-estar e fraqueza gerais, quer porque as dores aumentavam significativamente nessa posição tão Homo Sapienzesca.
Chegada a hora de partir para o jantar de natal em Palmela, claro, fiquei. O meu sogro fez o favor de levar a Dee e o Tiago, para que não ficassem privados da sua noite de natal.
Por esta altura já tinha, claro, tomado montanhas de medicamentos e estava, inclusivamente, a tomar antibiótico, não fosse isto ser qualquer coisa bacteriana. Mas tudo indicava que fosse uma valente virose, provavelmente contraída nessa magnífica instituição que transcende nações que é o Transporte Público Colectivo.
A minha noite de natal foi muito deprimente. Não há outra maneira de descrever a coisa. Passei-a na cama, com dores de barriga e de estí´mago, a ouvir música baixinho no Mac (santa last.fm!), com a luz apagada porque me incomodava se estivesse acesa, a tentar sorver um soro bebível por uma seringa, aos poucos, não porque não pudesse simplesmente beber do copo, mas porque até beber água me punha mal disposto e í beira de vomitar; assim, a conta-gotas, ainda ia e era importante para evitar a desidratação.
Nos outros apartamentos ouvia-se as pessoas sentadas í mesa a conversas, copos a tilintar, talheres, pratos, cadeiras, miúdos na galhofa. Só para deprimir ainda mais um gajo!
O tempo todo, como não podia deixar de ser, os meus pais trataram de mim mas sempre sem grande possibilidade de acelerar o processo: havia que ter paciência e esperar que passasse. Fui consumindo Imodiums e Ultra Levures, Motiliums e Ben-u-rons para a febre e… a coisa não se foi compondo.
Ao início da noite de 24 estava ainda pior.
A Dee e o Tiago voltaram por volta da meia-noite e eu passei outra noite extremamente desagradável e comecei, aos poucos, a perder a esperança de poder ir ao almoço de natal em casa dos meus pais e í respectiva Grandiosa Troca de Prendas, ao fim da tarde.
E foi o que se passou: mais uma vez incapaz de me manter de pé mais do que o tempo que levo entre a cama e a casa de banho, passei o dia 25 na cama. Por esta altura, já tinha menos 2 kg, no total, devo ter perdido quase 3.
Foi mais um dia deprimente í brava. Temos sempre uma espécie de natal duplo: jantar e prendas em Palmela, com a família da Dee no dia 24 e almoço e mais prendas com a minha família, em Almada, no dia 25. Este foi o segundo natal do Tiago, mas no anterior ele tinha apenas 9 meses e pouco ligou; desta vez achou muito mais piada, divertiu-se, rasgou embrulhos e eu estive enfiado na cama, num estado de semi-estupor, ocasionalmente caindo na inconsciência sem saber bem como e com um horrível sabor a podre na boca – no fundo, um dia na vida do Jorge Palma – mas porra, não podia ter sido em qualquer outra altura do ano? Tinha logo que ser no natal? Olha mas que foda-se, hein?!
Finalmente, no dia 26 senti-me melhor, embora ainda bastante débil e recomecei a comer. Andei um bocado pelos cantos, abri as prendas, todas fantásticas, como sempre e acho que não só andei de pé, como me cheguei a vestir. Só no dia 28, cinco dias depois, é que as dores abdominais pararam.
E pronto, foi assim o meu natal em 2008. Espero que tenham tido um bem melhor que o meu se bem que sei que, algures no mundo, algumas pessoas tiveram, certamente, um bem pior.
Depois de ter escrito aquele post ontem, sobre o mês infernal, ainda não sabia o que me estava reservado para hoje. Acordei cedo e quase imediatamente deu-me uma dor de barriga… corri para a casa de banho.
Depois fui comer e tive que correr para a casa de banho novamente e depois, novamente, uma terceira vez.
Culpei a comida chinesa da noite anterior. Tomei banho, vesti-me e preparei-me para sair, sempre bem, sem problemas e considerei o caso arrumado.
Agora, são quase seis e meia e estou no escritório, sete idas í casa de banho mais tarde, já com dois Imodiums no bucho, í espera que façam o efeito desejado para poder ir para casa. É que, neste estado diarreico, não me arrisco a fazer a hora de caminho até casa de transportes públicos sem acesso a casas de banho.
Foi no passado dia 24 de Novembro que tudo começou. Já andava cansado de não ter férias desde meio de Agosto e estava mais ou menos í espera de um mês de Dezembro relativamente calmo até chegar aquela semana final em que ia ter uns diazinhos.
Foi nessa segunda feira que ouvi, pela primeira vez, o esquentador ventilado dos vizinhos de cima a empurrar gases queimados para nossa casa. Foi a primeira vez que o esquentador se apagou repetidamente durante o banho da Dee. Foi quando o mês infernal começou.
Na véspera de natal, quando nos sentarmos a jantar com a família, provavelmente bacalhau, fará um mês e praticamente nada está resolvido.
Uns dias antes de começar esta saga, tinha sido o Codebits e eu tinha passado a semana inteira sem pregar olho. Achava que estava cansado na altura, agora estou física e mentalmente falido.
Tapámos o buraco na parede da cozinha, o vizinho de cima abriu um na dele e não ficou convencido que o problema seja ali, é possível que a chaminé esteja obstruída no décimo andar. Entretanto “mete-se o natal e…”; pois… e…
Depois de jiga-jogas infernais com esquentadores, chaminés e maçonaria, estando já stressados q.b., veio a vizinha de baixo bater í porta porque tinha uma infiltração. A dita já vinha da aventura do anormal que nos montou a banheira, pelos vistos tão mal que estava a passar água não só para a vizinha do sétimo, como também para a do sexto.
Foi-se para o seguro, veio o perito e pediram-se orçamentos, todos tardaram, mas chegaram. Todos parecidos. A seguradora aceitou e já está a tratar do pagamento.
Entretanto, desde o dia 4 de Dezembro que não tomo um duche. São banhos de gato, ou chuveiradas tímidas, sentado no fundo da banheira, tentando que não caia água para a fenda que passa para os vizinhos de baixo.
Ando lavado, a higiene não é problema, mas nunca pensei que sentisse tanta falta de um bom duche quente. É que mesmo que pudesse chapinhar muita água na banheira, não posso usar água quente durante muito tempo, por causa do problema do esquentador.
No entretanto, a tomada que alimentava as nossas máquinas de lavar, ardeu e, embora a tenha substituído, algo não ficou bem, porque o circuito que dali saia para alimentar o ar condicionado da sala, deixou de funcionar.
Já teria visto o que se passa, não fosse termos armários construídos na parede, cobrindo a caixa de derivação do dito circuito.
Como temos o tal problema de gases na cozinha, a janela está sempre aberta.
Está um frio do caneco, a janela está sempre aberta, o ar condicionado na sala não tem alimentação e o nosso quadro eléctrico, que nunca estoira com nada, estoira quando ligamos o aquecimento a óleo na sala.
A minha mulher tem sido impecável com todos estes assuntos, já que é ela que está em casa, tirando alguns telefonemas para a gestão do condomínio e o senhorio do andar de cima que fiz eu, ela tem tratado de tudo.
Mas por muito que tenha tentado, não conseguiu ainda ter nada resolvido. É que… “mete-se o natal, e…”
Em Portugal, há pelo menos dois meses que mais valia caírem do calendário: Agosto, porque “metem-se as férias” e Dezembro, porque “mete-se o natal”. Não sei se em Junho não se meterão os santos populares e em Março ou Abril, a Páscoa… ou talvez seja sempre assim tão difícil ter reparações feitas em casa.
Não bastando tudo isto, deu-me uma coisinha má (termo técnico), nas costas, há uma semana atrás e estive uns dias quase sem me poder mexer. Agora já me mexo, mas acordo todo partido, diariamente e com uma dor de cabeça digna de Louis XVI.
O Tiago parece estar com tosse há seis meses (é menos, mas é o que parece), e dormir uma noite seguida cá em casa, tornou-se a excepção e não a regra.
No meio disto tudo, estou-me perfeitamente marimbando para o natal e já as fériazinhas de uma semana que vêm a seguir já me cheiram a esturro… sinceramente, apetece-me fugir. De preferência para um hotel de cinco estrelas no Tahiti.
Como temos tido uma “época festiva” complicada e cheia de stress, aproximamo-nos do natal sem ter todas as prendas compradas. Por isso, decidimos juntar o útil ao agradável e combinámos um passeio por Almada no Sábado de manhã para acabarmos as nossas compras natalícias no comércio tradicional em vez de no centro comercial.
Saímos de casa pouco antes das dez e começámos a subir a avenida; o Tiago parou í porta do Sambinha e decidiu que não ia andar mais. Foram cerca de três minutos, desde que saímos de casa e até que começou a embirração.
Levei-o í s cavalitas até í Polux que abriu na Afonso Henriques, onde foi preciso uma ginástica complicada para o Tiago não deitar a mão í s garrafas de cristal de 700 euros que havia nas prateleiras.
Procurar e escolher um item para oferecer foi complicadíssimo porque ele só queria ir para o chão, onde pretendia deitar-se; tê-lo-íamos deixado, não fosse o chão estar molhado de ter acabado de ser lavado.
As senhoras da loja tentaram distraí-lo com fitinhas e brincadeiras que ele recusou, irritado.
No fim, acabei por ter que sair com ele da loja e sentar-me num banco no passeio, onde ele se rebolou, sempre rabujando.
Seguimos caminho, com ele a andar pelo seu próprio pé… durante mais ou menos 300 metros. Depois foi preciso pí´-lo í s cavalitas novamente.
Entrar em lojas daí para a frente foi quase impossível, com o Tiago ao colo a debater-se para ir para o chão e uma vez no chão, ou se deitava e rebolava no dito ou queria colo novamente.
Acabámos por ir com ele ao jardim, onde ele gosta de correr e brincar, mas desta vez decidiu ajoelhar-se no chão.
Já com a paciência no limite, sentámo-nos num banco de jardim e ignorámo-lo o melhor que pudemos; ter que manter alguma vigilância torna as coisas difíceis.
Depois de uns minutos no meio do chão, percebendo que não o íamos buscar, lá se levantou e veio fazer a mesma fita mais perto dos pais.
Decidimos seguir para Praça São João Baptista e tentar comer qualquer coisa num café. O Tiago subiu de bom grado as escadas até lá cima, já que adora escadas, mas depois, quando viu a fonte, tornou-se impossível fazer qualquer coisa que não fosse tentar impedi-lo de saltar lá para dentro.
Cavalitas novamente e voltar para casa, com fome, porque a ideia de ainda estar a tentar que o miúdo se comportasse minimamente num café era mais do que estávamos dispostos a aturar.
De regresso, demos com uma banda a tocar músicas de natal na Renovação. O Tiago, que adora música, começou logo a bater palmas e estivemos ali um pouco a assistir í performance.
O resto do regresso foi igualmente mau: ao colo contorce-se para ir para o chão, no chão, aterra ou anda 100 metros e pede colo novamente. Às cavalitas vai bem, mas porra… eu tenho andado mal das costas e isto não ajuda especialmente.
Conseguiu ainda atirar-se para o chão no elevador e novamente, no hall, quando chegámos a casa.
Quando lhe dei água a beber e ele, ao terceiro golo, cuspiu tudo fora, expliquei-lhe que hoje não há televisão. Nem 5 minutos, nem 1 minuto, nem nada, zero. Foi o limite. Portou-se demasiado mal para ser verdade.
Ele é pequeno e fiquei na dúvida que compreendesse algo deste género, mas se não faço qualquer coisa, enlouqueço.
Duas horas num belo sábado de manhã, com um Sol de Inverno bestial, a passear pela cidade de Almada que está fantástica, com o metro, os passeios arranjados, uma zona pedonal, lojas novas a começar a abrir, pessoas de um lado para o outro, música e decorações de natal e o sacana do puto é incapaz de se portar bem durante mais que três minutos seguidos.
Em suma, o meu fim de semana acabou de começar e já estou com saudades do trabalho!
Sou um consumidor assíduo dos hamburgers gourmet da H3, ali no Monumental Dolce Vita. São hamburgers especialmente bons, de carne de novilho nacional, com arroz Thai e batatas fritas í s rodelas, feitas no local; têm um conjunto de variantes como o Tuga, com molho de alho e cerveja e ovo estrelado, ou o cheese, com queijo e cebola.
São servidos no prato, embora também haja uma versão no pão, numa focaccia óptima, com salada.
São deliciosos e também baratos, o que dá muitos almoços de hamburger, todos os meses.
Aqui há uns meses atrás, decidi deixar uma sugestão na caixinha que existe, para o efeito, junto da caixa. Sugeri que fossem criados hamburgers duplos e, melhor ainda: um hamburger picante!
Qual não foi o meu espanto quando, algum tempo depois, recebi uma resposta no meu e-mail. Por um lado informava-me que podia escolher um hamburger duplo quando quisesse, por mais €3,50 e por outro dizia-me que tinham gostado da ideia do hamburger picante e que o iriam produzir.
Cito:
“A sua sugestão de um hambúrguer picante parece-nos uma óptima ideia. Vamos criar essa receita (em princípio para o Natal). Quando estiver nas lojas será o primeiro a ser avisado. Será o h3 Couto e Santos.”
O H3 Couto e Santos?! Fiquei agradado com a ideia da criação de um H3 picante, mas surpreendido com a ideia de lhe dar o meu nome. Andei uns tempos a pensar que seria uma partida qualquer de alguém, a gozar comigo.
Entretanto os meses passaram e a única coisa que vi foi uma garrafinha de Tabasco que passou a estar disponível no balcão da H3 (já agora, um grelhado com arroz e batatas, bem regado com Tabasco é delicioso).
Como estamos quase no natal, aqui estou eu perguntando: afinal, onde está o H3 Couto e Santos? :-)
Tenho estado a tomar balanço para escrever este post. É uma espécie de conto de natal; se forem religiosos, podem assustar as vossas crianças contando a história “daquele ateu que um dia ficou sem natal, porque deus o castigou”. Sei que os tipos religiosos gostam disso: deuses castigadores. E de meter medo a crianças, claro. […]
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