Faço ou não faço um post sobre 2010?

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Tenho feito, todos os anos, um post-resumo do ano anterior.

É razoavelmente comum fazer-se, não dá muito trabalho, enche espaço, yeah whatever. As revistas e jornais também gostam muito do ano em revista: sempre se enche uma edição sem que seja preciso acontecer nada de novo.

Já vi posts de pessoas que dizem que 2010 foi o pior ano das suas vidas. Sei que há pessoas com doenças, mortes de entes queridos, problemas financeiros que caracterizaram o seu ano; outras, tiveram um furo no Q7 a caminho de Albufeira, puxaram uma malha no seu pullover Hilfiger preferido ou partiram o salto dos Jimmy Choo, na secção de lingerie do ‘El Corte’ e consideram por isso, 2010, o pior ano dos últimos tempos.

Perspectiva, pois.

Cortes, alçados, essas coisas…

Dividir o tempo em anos não faz sentido senão para nós, Humanos, pelo menos até conhecermos alguma outra espécie que o faça. A maioria dos animais compartimentaliza o seu tempo em estações, migrações, perí­odos férteis, essas coisas.

Mas a nós dá-nos jeito numerar e ordenar as coisas. Fica mais fácil de arrumar e dá-nos uma ilusão de controlo sobre uma dimensão que apenas conseguimos compreender num sentido, incapazes de a ver como um todo; o tempo, pois, que certamente é tudo menos linear.

Limitações. Que se há-de fazer?

2010 foi um ano bom, para mim. Aconteceu muita coisa em 2010, não foi um ano parado, nem aborrecido. Mas o acontecimento que merece maior destaque é, evidentemente, o nascimento da minha filha Joana.

Foi em Julho, no dia 14.

Comparado com a presença da Joana na minha vida, o resto perde um pouco o impacto. E passou-se quase inteiramente o quarto ano de vida do Tiago, a completar em Março próximo. E assim, em 2010, passei a ter dois filhos, bem mais do dobro dos cabelos brancos – sobretudo na barba – uma fracção das horas de sono, o triplo do cansaço, mas também uma insubstituí­vel sensação de realização.

Em 2010, além disso, comprei uma casa nova, renovei-a e mudei-me – processo simples, de apenas 10 meses, 6 dos quais de obras.

Pela minha filha, voltei a deixar crescer o cabelo – um último triunfo capilar antes dos 40, só para confirmar que, de facto, o prefiro curto.

O Tiago passou de dizer algumas palavras soltas para um discurso tão elaborado que praticamente não nos lembramos já do stress que tivemos porque ele nunca mais falava.

Meti-me no P90X e confirmei que vale a pena. Depois de uma experiência com um final um bocado a abandalhar, ainda assim fiquei muito satisfeito com os resultados. Pretendo repetir a dose, mas desta vez, certinho até ao fim e talvez com companhia…

Fui ao Texas, para representar o SAPO no SXSW com o projecto Pond, nomeado para um prémio. Assisti a conferências, comi da minha comida preferida, dei umas voltas, vi uns concertos e apanhei pelo menos um cardina monumental. Ah e levei várias abadas ao pool, embora tenha dado algumas aos matrecos.

Em Austin, conheci a Nina Hartley, um momento alto, sem dúvida. Só poderia ter sido melhor se estivesse acompanhada da Traci Lords e pudessemos ter ido beber uma Bud com o Ron Jeremy e o Peter North.

Uma importante viagem de negócios, sublinho.

Este blog fez 11 anos, continuando em alegre actividade a ignorar as datas que outros apregoam para o iní­cio da actividade bloggí­stica em Portugal.

Comecei a re-escrever o Phantom Menace. E não, ainda não desisti, tenho pilhas de notas, bocados de história e perfis de personagens na minha Dropbox.

Em 2010 o Benfica foi tipo… whoa, o que era aquilo? Vuoooosh! Pimba! Era o Benfica. Só por azar, fomos todos ao estádio ver… o primeiro jogo da época, um empate. Depois, mais tarde, fomos ver outro, um resultado magro qualquer contra não me lembro bem quem.

Praticamente todo o resto da época foram goleadas atrás de goleadas e o Benfica acabou campeão no papel. Digo no papel, porque, efectivamente, o Benfica é campeão sempre, simplesmente deixa outros clubes levar o troféu para casa de vez em quando.

Em termos de futebol, a Selecção fez uma campanha patética no Mundial, mas ainda conseguiu fazer uma goleada estupenda que deu azo a uma tarde muito bem passada, numa sala lá no escritório com a malta toda a gritar e a vibrar com a bola.

A minha PS3, comprada no dia em que saiu, avariou-se. Comprei uma nova no próprio dia, mas não é o mesmo, a Fatty era muito superior, a Slim é mais bonita, mas ‘não tem nada lá dentro’.

In related news, saiu o GranTurismo 5, em 2010. Sim, saiu mesmo! Ainda há bocado estive a jogar.

Só falta o Duke Nukem Forever.

Eu e a Dee comemorámos os 21 e os 12. Anos de namoro e casamento, respectivamente.

No trabalho, as coisas mudaram um pouco, com mais responsabilidade e coisas novas para aprender. Normalmente alguém diria simplesmente “fui promovido”, mas as coisas no SAPO são mais orgânicas que isso.

Claro que fiz anos. Foram 37. Mais um, menos um, who cares.

O natal fez-se, pela primeira vez, cá em casa e na passagem de ano, estava toda a gente a dormir antes da meia noite – eu levantei-me do sofá para ir í  varanda confirmar que esta é uma zona calma – nem no 31 de Dezembro havia particular barulho.

2010 foi o ano da Joana nascer, do Tiago crescer, de mudarmos de casa e foi o ano do cansaço. Muito, muito cansaço. Um cansaço tal que nos custa a imaginar o dia em que voltemos a não estar cansados.

Se calhar, esse dia nunca vai chegar. Se calhar, é aquela coisa da idade de que tanto tenho ouvido falar.

Espero que tenham tido um 2010 com algumas coisas boas; não falei das coisas más que tivemos em 2010, prefiro assim. Espero também, que tenham um 2011 com coisas igualmente boas ou, de preferência, melhores.

Cheers.

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9 comentários a “Faço ou não faço um post sobre 2010?”

  1. Bino says:

    Pois meu amigo Pedro, o ano de 2010 foi o pior da minha vida não pelas razões triviais de me ter caido uma malha da camisola e tal, mas sim porque entrei em falência, perdi a minha empresa, fiquei cravado de dí­vidas de muitos milhares, perdi a casa e o carro. Estou desempregado e com 48 anos, a minha mulher pediu o divórcio e estou sem ver as minhas filhas há meses, ou seja tb perdi a minha famí­lia.
    Deixa ver mais. Ah sim, o sporting foi a treta do costume…
    Feliz 2011 Pedro :-)

    • Bino, como eu disse, sei que há pessoas com problemas sérios e outras com problemas banais. Felizmente, tiro daí­ que o meu ano correu bem.

      Conhecendo os teus comentários habituais, quase desejo que estejas na brincadeira. Mas se não estiveres, lamento que te tenha corrido tão mal o ano; é demais, aquilo que descreves.

      O que desejo para 2011, para ti, é que estejas a brincar; não sendo isso possí­vel: que seja pelo menos um ano em que possas ter a hipótese de abrir um novo capí­tulo na tua vida. E, olha, apesar de Benfiquista, se isso te fizesse sentir melhor, que o Sporting fique, pelo menos, em segundo lugar! :)

  2. Gonçalo says:

    [q][i]Dividir o tempo em anos não faz sentido senão para nós, Humanos, pelo menos até conhecermos alguma outra espécie que o faça. A maioria dos animais compartimentaliza o seu tempo em estações, migrações, perí­odos férteis, essas coisas[/i][/q]

    Os animais não têm inteligência nem necessitam de uma organização muito desenvolvida, não podem ir ao calendário na cozinha e dizer “ah, olha amanhã tenho de entregar um trabalho e daqui a 10 dias entro de ferias” ah e importante, são livres. Não percebo a necessidade de iniciares um post com essa argumentação.

    Cada vez gosto menos de te ler, dás-me a ideia de uma arrogância tal que é difí­cil não comentar.

    • Gonçalo, iniciei o post com uma observação banal sobre a passagem do tempo, como conseguiste descortinar em tal parágrafo arrogância é algo que me ultrapassa. O teu comentário sobre o calendário e a liberdade dos animais é tão significativo como o meu sobre a sua compartimentalização do tempo: não transmite nenhum sentimento particular, é uma mera observação da realidade e nada mais.

      Honestamente, ficares tão irritado com uma coisa tão básica, ainda por cima num post de resumo em que não pretendo fazer passar particular mensagem, indica-me que me tens uma qualquer raiva, provavelmente construí­da na imagem que fazes de mim na tua cabeça.

      Quanto a isso, não te posso ajudar. Para me conheceres, não basta leres o que escrevo no meu blog, particularmente não quando sou óbiva e claramente provocador – coisa que algumas pessoas têm capacidade de perceber e entreter-se com isso; outras, não.

      O que não consigo compreender, é a necessidade de fazeres este comentário. Se não gostas de me ler, não leias. A última coisa que quero são leitores contrariados. Aliás, eu gosto de escrever para quem gosta de me ler e gosto de ler coisas que me dão prazer ler. Coisas que me metem raiva, não leio.

      Um bom ano para ti.

      • Gonçalo says:

        O comentário que escrevi não foi com o intuito de fazer uma critica porque sim, e com certeza não foi por causa deste post.

        O que as vezes mexe comigo é certas mensagens arrogantes nas entreleninhas(propositadas ou não, não sei)que ultimamente parece tar na moda. Sinceramente não sei se te estou a conseguir fazer passar a minha mensagem.

        Não tenho nada contra ti até porque como tu disseste e bem não te conheço.

        Se calhar estou só a embirrar.

        • Gonçalo, acho que um problema que existe actualmente é que se toma a arrogância puramente como um defeito. De toda a forma, prefiro achar que por vezes sou insolente.

          De tal forma que tenho um amigo, que infelizmente há muito não vejo, que me tratava, precisamente, por “o insolente”.

          A insolência por vezes é boa. Até porque, na minha opinião, o diametralmente oposto da insolência é a chamada “correcção polí­tica”.

          Prefiro ser intelectualmente honesto do que estar com paninhos quentes não vá ofender alguém. E já não tenho idade, nem paciência, para andar a esconder as minhas opiniões, quando acho que as mesmas são válidas e que não magoam ninguém.

          Agora realmente, não é neste parágrafo que encontras insolência nem provocação por aí­ além, ainda se fosse no que falo dos problemas mundanos da betalhada…

          PS: Embirrar nunca fez mal a ninguém.

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