Música ao Vivo 2023

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Que este blog já não é propriamente um poço de actividade, não é novidade para ninguém. Mas já que me recuso a desistir e até porque tenho uma leitora í  espera deste post em particular, aqui fica a minha revista de 2023, em concertos.

Quando começo a olhar para trás e a listar as bandas que vi ao vivo, até me custa a crer que algumas já foram este ano, o que é um testamento da minha noção de tempo, mas também da quantidade de música que consumi.

Janeiro e Fevereiro foram parados, portanto a época arrancou a 8 de Março, com os Waterboys, no Coliseu. Foi um bom concerto, com muitos dos êxitos, mas deixou-me um sabor um pouco amargo na boca, quando tocaram a minha música preferida, uma música, aliás, que sinto que é, basicamente, a minha vida “This is the Sea”; optaram por uma versão que matou completamente a música, para mim.

Mas pronto, ainda foi um bom concerto, para iniciar as hostilidades musicais de 2023.

Depois do arranque, Março trouxe mais três-concertos-três, num total, portanto, de quatro. Matemática é o meu forte.

No dia 17, fui até ao Pavilhão Atlântico ver o Roger Waters mandar a sala abaixo, do alto dos seus 79 anos. O concerto foi enorme, com projecções provocadoras e música de todas as épocas dos Pink Floyd í  carreira a solo do Waters, incluí­ndo o Sheep, do álbum “Animals”, que muita gente ignora.

Roger Waters

Logo no dia a seguir, para não perder o ritmo (no pun intended), foi a vez do Devin Townsend, no estupendo Capitólio, no Parque Mayer. Na primeira parte tocaram os Klone e os Fixation, que não deixaram memória e depois o Devin partiu a loiça toda, com uma banda í  altura.

Devin Townsend

Fechei Março, uma semana depois, no CCB, a ver pela terceira vez, o Senhor Steve Vai. Tocou todas, tocou bem, tocou no meio do público e tocou, já com menos show off, mas sempre com a mesma qualidade.

Steve Vai

Abril passou-se sem acontecimentos e depois Maio trouxe-me a Ana Lua Caiano, uma jovem artista portuguesa que mistura música tradicional com electrónica num show solitário, de encher a sala. Recomendo vivamente que oiçam, pelo menos, uma música da Ana. O concerto foi na Zé dos Bois, onde aproveitei para ver a exposição, podre de bêbado, tendo-me apaixonado por uma pintura que me pareceu conter todo o sentido da vida.

Ana Lua Caiano

Em Junho, dia 23, fui ver um dos meus guitarristas preferidos, com o seu trio, The Aristocrats. Estou a falar, claro, do inglês Guthrie Govan. O concerto foi no Lisboa ao Vivo, uma sala incontornável da capital e não desiludiu, com guitarra do Govan, baixo do Bryan Beller e bateria do Marco Minnemann, qual dos três mais virtuoso no seu respectivo instrumento.

The Aristocrats

Dia 20 de Julho, quase um mês mais tarde, fui até ao Cascais Jazz onde comecei por ver o guitarrista português Filho da Mãe, actual sozinho em palco, com uma guitarra acústica, com alguns riffs a fazer-me lembrar a abertura do Amarok, do Mike Oldfield, que deduzo seja uma associação que só eu faço.

Filho da Mãe

Seguiu-se a atracção principal, os gigantescos Snarky Puppy, com o Larnell Lewis na bateria, para não ficar nada na retranca. Foi um concerto do caraças, com música óptima e execução ní­vel 9000, super sayan, como não poderia deixar de ser.

Em Setembro, comecei a entrar na recta final, com já para lá de metade dos concertos do ano debaixo do braço, fui ver um espectacular tributo aos Dead Combo (onde o Tó Trips tocou apenas uma música, por trás do pano). Foi uma noite de excelente música por excelentes músicos, no São Luiz.

Tributo aos Dead Combo

No dia 6 de Outubro, ainda inebriado das celebrações da República, regressei ao Capitólio. A noite abriu com o duo escocês Bratakus, mas quem rebentou com a sala foram os suecos The Hives. Mais uma vez, tocaram todas, deram espectáculo e foi um gozo vê-los tantos anos depois de ter ouvido o AKA Idiot pela primeira vez.

The Hives (e dois ninjas)

No mês seguinte, logo no dia 1, mais um salto ao CCB para ver o Tó Trips escangalhar-se todo com as suas guitarras em mais uma boa dose de música í  lá Dead Combo sem, infelizmente pelas piores razões, ser Dead Combo.

Nessa mesma noite, subiram ao palco o Rodrigo e a sua filha Rosa Leão. Confesso que foi uma actuação que me deixou sem grande emoção. Achei as músicas todas pouco inspiradas, embora tenha sido um bom momento entre pai e filha, cada um no seu piano, mas houve qualquer coisa ali na composição, que não me agarrou. Também não ajudou muito haver muitos instrumentos pré-gravados, a serem disparados de um laptop, quando, por exemplo, o contrabaixista da gravação, estava nos bastidores, porque tinha acabado de tocar com o Tó Trips.

Mas adiante.

Dia 10 fui até ao RCA Club, uma sala não muito diferente do LAV, embora — creio — mais pequena. O palco ideal para metal e, desta feita, português. Começámos com os Murro, que me fizeram lembrar um pouco o registo de Mão Morta, que não é muito a minha cena. Depois, os Wells Valley, que, sinceramente, já não me lembro bem.

Sem desprimor para nenhuma das duas bandas iniciais, que eram impecáveis, apenas não me caí­ram no goto, até porque eu estava ali para ver a terceira banda, os reis da jarda, Process of Guilt. Apanhei-os a há uns anos, a fazer a primeira parte dos Baroness, no antigo LAV, voltei a vê-los, a solo, no fim do ano passado, no MusicBox e lá estive, a marcar presença mais uma vez, para algum do metal mais pesado das nossas Costas.

Process of Guilt

21 de Novembro viu o fechar das hostilidades, ao contrário do ano passado, em que ainda fui ver Indignu, no dia 30 de Dezembro. A menos, claro, que ainda apareça aí­ um concerto daqueles em que salto logo em cima dos bilhetes.

Dia 21 foi, então, uma apoteose electrónica e musical, pelas mãos do Nils Frahm. O músico alemão actuou sozinho em palco, entre uma harpa de vidro, um Rhodes, mini Moog e um Mellotron, entre muitos outros brinquedos sensacionais. A música foi toda tocada ao vivo e de forma absolutamente irrepreensí­vel, tendo trazido momentos de verdadeira emoção í  audiência, justificando, mais uma vez, para mim, que música é tudo.

Nils Frahm

Foram, portanto, 12 espectáculos de música ao vivo tal como no ano passadio, num total de 19 artistas/bandas… espantosamente, também o mesmo número que no ano passado. Veremos o que 2024 me reserva, mais 12 concertos e 19 bandas, já era bom. Até para o ano!

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Música ao vivo 2022

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Ir a um concerto sempre foi um momento de inexistência, para mim. Remoção da vida real. Como se viajasse para uma espécie de buraco negro em que o tempo está suspenso e posso existir sem o resto de tudo, em cima de mim.

Se já era importante antes, tornou-se absolutamente crucial nos últimos dois — excruciantes — anos.

Por ter esta relação com a música ao vivo, não tolero a pepineira dos festivais e entristece-me não ver algumas das minhas bandas preferidas porque apenas actuam nesse circo de selfies e famí­lias a comer algodão doce, sem qualquer ligação í  música em si. Sei que se calhar estou a começar a soar um bocadinho religioso, mas como ateu, um gajo encontra os seus ritos sagrados noutros lados.

Fica aqui o resumo de 2022, com a esperança que 2023 seja tão bom, ou melhor.

A temporada arrancou na Aula Magna a 9 de Fevereiro, com o José González. Concerto pequeno, apenas ele, de guitarra e loops, em palco.

José González

Seguiu-se um concerto para o qual tinha bilhetes, creio, desde 2019. Com a pandemia, como tantos outros, foi sendo adiado até finalmente, dia 19 de Março, poder ver os Skunk Anansie. Um concerto com som de estádio… no Coliseu.

Uma demonstração do que uma mulher de 54 anos pode ser e fazer. Tocaram todas e foi do caraças. A primeira parte foi feita pelos New Pagans, que não deixaram memória.

Skunk Anansie

Com o mês seguinte já quase a acabar, fui até ao (novo) Lisboa Ao Vivo, ver os Helms Alee abrir para os Russian Circles. Pouco mais a dizer senão “do caralho”.

Russian Circles

Mês de Maio foi dose dupla. A começar com a minha banda de metal portuguesa preferida, os Process of Guilt, a lançar o novo álbum “Slaves Beneath the Sun”, no MusicBox, dia 20.

No dia 31, salto até ao RCA Club para ver três bandas: Psychonaut, PG.Lost e The Ocean. Por esta altura já tinha uma nova t-shirt dos Russian Circles, Process of Guilt e The Ocean. A gaveta já transborda.

Process of Guilt
The Ocean

Julho foi para ver The Smile, dia 8, no Coliseu. Depois de um jantar muito bem regado a vinho, deu para dançar como se não tivesse quase 50 anos.

The Smile

O resto do verão passou-se í  espera dos últimos meses do ano para uma investida final que começou dia 29 de Setembro, com os Sigur Rós, no Campo Pequeno. O meu álbum preferido, que já toquei tantas vezes que o stream está riscado, é o “( )”. Que foi tocado quase na í­ntegra. Fenomenal.

Sigur Rós

Dia 7 de Outubro, foi novamente noite de metal, com não uma, nem duas… mas quatro bandas, no Coliseu: Unto Others, Carcass, Behemoth e os headliners Arch Enemy. Foi um concerto de portentosa agitação psicomotora que deu direito a post. Diria que foi inesquecí­vel, mas já não tenho idade para isso… tudo se esquece.

Arch Enemy

E depois deu-se o last minute panic. Sem concertos em Novembro e com o ano a acabar, pelo sim, pelo não, fui a quatro. Teria ido apenas a três, mas o meu amigo Ed ofereceu-me um bilhete para mais um. Então vejamos:

Dia 6 estive no CCB para ver o Tigran Hamasyan tocar o jazz mais metal do mundo.

Tigran Hamasyan

Dia 13, no Coliseu, estive a dois metros das costas do Jason Swinscoe e da Cinematic Orchestra.

The Cinematic Orchestra

Dia 15, Ólafur Arnalds no CCB, por convite (e sem conhecer muito, confesso, mas foi óptimo).

Ólafur Arnalds

Finalmente, mesmo em cima do fim do ano, apanhei os Indignu no MusicBox, dia 30. Mal os conhecia, mas tinham-me sido recomendados pelo Nuno, no Twitter e fiquei fã. De todos os concertos do ano, poderá mesmo ter sido o mais memorável já que, a dada altura, o guitarrista Afonso Dorido me passou a guitarra para as mãos e me deixou “tocar” um bocado, numa secção de noise e confusão. Infelizmente, estava sozinho, portanto, não há registos.

Foi a melhor maneira de fechar um ano de música ao vivo.

Indignu

Em 2023 haverá mais. Aliás, já tenho bilhetes para o Roger Waters e para o Devin Townsend. Venham eles.

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Como eu faço pão

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Este é um post sobre como eu faço pão em casa, com fermento natural, também chamado “massa mãe”. O estilo de pão que produzo tem um sabor semelhante ao pão alentejano e também pode ser classificado como ‘sourdough’. Para mim, é mais ou menos a mesma coisa e o pão sabe-me ao que a minha memória tem classificado como pão: ligeiramente ácido e com uma dose razoável de sal.

Estou longe de ser especialista e já fiz umas pelas porcarias de pães, mas, no geral, saem-me bem, com bom aspecto e sabor, usando esta receita — na verdade, este método, porque o mais importante aqui é a técnica. Portanto, aqui vai uma coisa que já não se encontra na web: um post sobre fazer pão que explica como eu faço pão, rapidamente, sem anúncios e sem contar a História do pão, desde os fení­cios até aos dias de hoje. Bora lá.

Pão caseiro
Um pão que eu fiz

Ingredientes

Para fazer pão em casa é preciso, acima de tudo, tempo e paciência. Não é uma coisa rápida de se fazer, nem por sombras. Depois, comprar já isto:

O cesto pode ser substituí­do por uma taça com um pano. A panela poderá ser uma que tenham, mas disclaimer: nunca usei senão a minha panela de ferro esmaltado.

Massa mãe

Há uma maneira muito rápida de fazer pão com farinha, água, sal e fermento quí­mico ou fermento fresco, dito “de padeiro”, que se vendem nos supermercados. Não é este pão. Este pão é feito fermentando farinhas ao longo de vários dias, para que desenvolvam culturas de bactérias que vão por sua vez fermentar a massa, dando-lhe volume e, mais importante: sabor.
Em suma: com fermento do supermercado, pão; com fermento natural: pão muita bom.

Para fazer massa mãe é preciso:

  • Farinha de trigo
  • Farinha integral de centeio
  • ígua (preferencialmente filtrada ou mineral)
  • Um frasco

Demora cerca de uma semana a ter massa mãe madura, capaz de levedar um pão, portanto, todos os dias, repete-se este procedimento:

  1. Colocar no frasco 20g de cada farinha
  2. Juntar 40g de água
  3. Misturar
  4. Tapar levemente (nada de tampas de rosca, que o frasco pode explodir)

No dia seguinte, 24h depois, deita-se tudo fora, menos 10g e repete-se. Ou seja:

  1. Manter no frasco 10g da massa do dia anterior
  2. Juntar 20g de cada farinha
  3. Juntar 40g de água
  4. Misturar
  5. Tapar levemente

Todos os dias, vai-se observando a massa, até se perceber que ela sobe pelo frasco, criando montes de bolhas de ar (depois de usar a massa mãe para fazer um pão convém… mantê-la viva). Quando estiver assim, estará pronta a usar. Eis um exemplo:

Massa mãe para fazer pão
Massa mãe bem activa

Pão

Para fazer pão, são precisos DOIS DIAS. Um dia é inteiramente dedicado a fazer a massa e o segundo dia é para cozer o pão. Para fazer a massa, é preciso começar de manhã cedo (cedo é 8 da manhã, não é 10). Alternativamente, podem preparar a levedura de noite e usar na manhã seguinte.

Vou colocar aqui a receita de pão mais simples que faço e que serve para fazer um pão normal OU com chouriço. Para quem quer fazer pão com chouriço, acrescentarei esse passo, já que não é um desvio muito grande. Para fazer um pão é preciso dois componentes que se misturam em fases diferentes e depois, sal. Assim:

Levedura

  • 20g de massa mãe
  • 20g de farinha de trigo
  • 20g de farinha integral de centeio
  • 40g de água

Massa

  • 450g de farinha de trigo (tipo 65 ou 55)
  • 50g de farinha integral de centeio
  • 350g de água a 30ºC

Sal

  • 11g de sal fino sem aditivos

Passo 1 — 8/9 da manhã

Num frasco, misturar os ingredientes para a levedura, mexer bem e deixar repousar 5 horas. Como disse acima, se não começarem cedinho, esqueçam. São muitas horas. A opção de preparar a levedura da noite para a manhã seguinte também é válida, façam como entenderem.

Passo 2 — 1/2 da tarde

Numa taça grande, misturar os ingredientes listados acima, para “massa”. Misturar bem com uma colher rija. Quando estiver razoavelmente bem misturado, humedecer bem uma mão e dar uns apertões na massa, para certificar que está toda bem hidratada. Não é preciso amassar, não estamos nessa fase.

Deixar repousar uma hora, para a farinha humedecer.

Passo 3 — 1 hora depois

Deitar a levedura por cima da massa e, novamente com a mão bem molhada, misturar bem as duas. Sim, é um bocado pastoso, mas não faz mal. A técnica é ir espetando os dedos na massa, para a levedura entrar, depois dobrar a massa, dar-lhe a volta e repetir. Mas usem a técnica que mais vos aprouver, é preciso é misturar bem as duas substâncias.

Depois de tudo bem misturado: espalhar o sal na superfí­cie da massa e esperar 20 minutos.

Passo 4 — 20 minutos depois

Novamente com a mão molhada, dar apertões na massa, dobrá-la e virá-la, para incorporar o sal. Continuem a misturar até deixarem de sentir a textura de sal.

Passo 5 — logo a seguir

Esticar e dobrar.

Este é o passo que substitui amassar. É muito menos cansativo e funciona bem. Se quiserem procurar na net, tipicamente chama-se “stretch and fold” e há ví­deos a pontapé de malta a mostrar como se faz.

  • Sempre com a mão húmida, esticar uma ponta da massa até sentir resistência, mas sempre sem rasgar a massa. Deitar essa parte da massa por cima do centro. Repetir a toda a volta da massa, umas 5 ou 6 vezes
  • Tapar e esperar meia hora
  • Repetir o processo, a cada meia hora, 3 vezes
  • Depois da última vez, esperar 2 horas

Passo 6 — 3,5 horas depois

  • Enfarinhar uma superfí­cie de trabalho, preferencialmente, um balcão de pedra
  • Usar uma espátula de plástico para tirar a massa da taça para a bancada
  • Com as mãos bem enfarinhadas, esticar a massa num rectângulo, sem rasgar
  • A porra da massa vai querer agarrar a tudo, é horrí­vel
  • Usar a espátula de metal e farinha (o mí­nimo possí­vel), costuma ajudar a descolar a massa da bancada e ir esticando
  • Depois da massa esticada, dobrar a parte mais próxima até meio, depois a parte mais longe até meio, por cima dessa e depois cada um dos lados até meio, por cima um do outro
  • Usar a espátula de metal para virar a massa ao contrário: a parte que acabaram de dobrar deve ficar para baixo
  • Com uma mão de um lado da massa e a espátula do outro, apertar e rodar a massa, para ir formando uma bola
  • Insistam um bocado nesta parte, a massa deve ficar tensa
  • Deixar repousar, debaixo de uma tolha de cozinha húmida, durante 15 minutos

Passo 7 — 15 minutos depois

  • Mais uma vez, virar a massa ao contrário: a parte de estava para cima, fica para baixo
  • Voltar a esticar num rectângulo, como da primeira vez
  • Se quiserem por chouriço, é agora: distribuir rodelas de meio chouriço por cima do rectangulo de massa; não sejam galifões, meio chouriço é óptimo, mais… é demais
  • Voltar a fazer as dobras descritas anteriorment
  • Voltar a formar a bola
  • Cobrir o tecido do cesto ou o pano com bastante farinha, para que a massa não agarre e transferir a massa para o cesto/taça com pano, com a parte de cima virada para baixo — a “costura” fica para cima
  • Colocar no frigorí­fico, tapado, 12-18 ou até 48 horas
Massa de pão com chouriço
A massa esticada, antes de se dobrar sobre si própria. Nesta, aproveitei para pí´r chouriço, mas recomendo que aprendam pão básico primeiro, que fazer a bola, com chouriço dentro da massa, é mais difí­cil.

Passo 8 — cozer, no dia seguinte

  • Colocar a panela, tapada, no forno a 250/260 graus, ou no máximo que der, durante, pelo menos, 45 minutos
  • Retirar a massa do frigorí­fico, apenas depois da panela bem quente
  • Espalhar um pouco de farinha na massa e deitá-la, invertendo, num prato
  • Fazer um corte na superfí­cie da massa, para que tenha por onde expandir: eu uso uma simples lâmina de barba e faço um xis, mas uma faca bem afiada ou até uma tesoura podem servir
  • Rapidamente: retirar a tampa da panela e colocar CUIDADOSAMENTE a massa lá dentro, colocar imediatamente a tampa e voltar a meter no forno
  • Esperar 30 minutos
  • Tirar a tampa da panela e reduzir o forno para 150º
  • Esperar 5-10 minutos ou até o pão estar com a cor que preferirem
  • Retirar
Pão caseiro
Aqui vê-se bem para que serve o corte: o gás da levedura expande com o calor e abre o pão. Pode fazer-se sem corte, mas corre-se o risco da cí´dea endurecer demasiado depressa e impedir o pão de expandir tanto como poderia

Passo 9 — Esperar!

Eu disse que era preciso paciência. Se cortarem o pão ainda quente, vão perder o vapor interno todo e dar cabo do pão. Esperem que arrefeça, senão dão cabo de dias e dias de trabalho, para nada.

Dicas adicionais

  • Colocar a massa na panela pode ser frustrante, se não estiver “forte” o suficiente: coloquem o prato com a massa o mais próximo da panela e façam um movimento rápido, mas com muito cuidado para não tocarem na panela que vai estar a mais de 200 graus
  • A cí´dea pode ficar mais bonita e estaladiça se borrifarem a massa com água mesmo antes de colocar a tampa. Este vapor adicional também ajuda a massa a crescer no forno. As lojas chinesas vendem borrifadores de água.
  • Ter uma massa mãe que cresce para o dobro ou mais é essencial; já me precipitei a fazer pães que depois ficam chapatas densas e quase incomestí­veis.
  • Formar a bola é igualmente importante: esticar bem a massa e dobrá-la sobre si própria e depois passar uns minutos a transformá-la numa bola tensa vai ajudar a que o gás criado pela levedura force o pão a crescer, quando aquece no forno. Se a massa não estiver bem formada, fica mais tipo pasta e não vai crescer no forno.
  • Se não tiverem prazer a fazer o pão… não vale a pena. A Gleba vende bom pão e não se chateiam. Eu faço porque me dá imenso prazer, ainda mais quando sai bem e ainda mais quando é partilhado e apreciado por outras pessoas.

Agora vá, ide padeirar!

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Tareia de Metal

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Alyssa White Gluz
Alyssa White Gluz

Dia do oitavo concerto do ano e desta vez foi uma experiência daquelas que se tem em jovem, mas que eu nunca tinha tido assim: mosh í  bruta. Embora tenha estado nalguns concertos em que houve alguns empurrões, numa altura em que eu ficava muito ofendido com isso, nunca tinha passado por esta brutalidade avassaladora durante horas a fio.
Cheguei cedo í  plateia do Coliseu e coloquei-me ao centro e í  frente, com pouco mais de 2 ou 3 pessoas entre mim e a grade. Tinha a intenção de ver as bandas como eu gosto: de perto.
As hostilidades abriram com uma banda de goth metal, Unto Others, que pouco aqueceu a multidão, embora não fossem maus de todo.

Unto Others
Unto Others

A música começou por volta das 7 da tarde, já que iam actuar quatro bandas, num crescendo de popularidade, até ao culmino dos Arch Enemy. Até aqui, tudo bem, embora tenha entrado no Coliseu já ciente de que não levara os tampões para os ouvidos, apesar de ter estado com eles na mão antes de sair. Bom… foi uma questão de aceitar.
Depois de um intervalo de uns 20 minutos, os ventos metálicos mudaram radicalmente, com a subida ao palco dos britânicos Carcass. Antevia-se uma frente de agressividade, com laivos de mixórdia de carnificina, levando a aguaceiros de metaleiro, mas o que realmente recebemos foi um furacão de machos de tronco nu e cabeleira desenvolta, com constantes arremessos humanos por sobre a multidão.
Crowd surfers constantes, muitos com bons 80/90 kg, a voar por cima das nossas cabeças, enquanto tentávamos não levar um biqueiro nos cornos.

Carcass
Carcass

À minha frente estava uma famí­lia de pai, mãe e filha de 15 anos, bem como um tipo de 40 e picos e respectivo pai de 70 anos com um pé magoado. Malta mesmo bem posicionada para levar com a investida imparável de dezenas de jovem hirsutos, desejosos de soltar a sua fera anti-sistema.
Fiz o que pude para me manter vertical, evitar os ditos biqueiros e — dentro do possí­vel — ajudar a escudar as filas da frente. A dada altura, os seguranças convenceram a criança a sair dali e terminar de assistir ao espectáculo num lugar menos… metal.
No intervalo seguinte, havia algum consenso entre a malta mais próxima da minha faixa etária que as duas bandas cabeça de cartaz — Behemoth e Arch Enemy — trariam outro tipo de assentimento craniano, ao ritmo da música e menos voos acrobáticos, qual Cirque du Soleil satânico.
Errado, claro.

Behemoth
Behemoth

Os Behemoth, polacos do death metal, avançaram com uma entrada pausada e teatral, mas assim que arrancou o “Ora Pro Nobis Lucifer” foi a loucura total.
Já se percebeu que levei porrada, muita porrada. Mas mais uma vez se percebeu, também, que esta malta do metal é uma irmandade curiosa: sedentos de sangue metafórico, mas umas jóias de moços (e algumas moças). A única vez que acabei por cair nos vai-vem de empurrões multitudinais, dei por mim levantado, quase de imediato, por uns quatro pares de braços. In nomine metallum!
Na última música, Nergal e seus co-conspiradores assomaram-se da boca de cena e cuspiram sangue sobre a multidão. Estava fechada a terceira actuação e, mais uma vez, a malta convenceu-se que a natureza mais melódica da última banda levaria í  acalmia das hostes e algum descanso para a frente de combate. A minha t-shirt estava absolutamente ensopada em suor e a cara e as mãos devidamente marcadas pelo sangue ante-mencionado.

Behemoth

A cortina entre bandas anunciava “pure fucking metal” e, confesso, as minhas costas já ardiam mais do que depois de uma sessão de treino com o Dorian Yates, mas tinha ido para ver Arch Enemy e não ia deixar acabar a noite sem ver a Alyssa White Gluz de perto.
Dito e feito.

Arch Enemy
Arch Enemy

Já sem surpresa, aguentei as primeiras 3 ou 4 músicas dos Arch Enemy, sob um mar de encontrões e navegadores de multidão até, finalmente ceder. Lamentavelmente, a banda não tocou nenhuma das minhas três músicas preferidas, todas do álbum “Anthems of Rebellion”, a saber: “We Will Rise”, “Dead Eyes See No Future” e “Marching On a Dead End Road”. Uma pena, mas não se podia pedir tanto, suponho, são músicas com quase 20 anos.No final, trouxe a t-shirt da praxe e encontrei dois amigos, com quem acabei por estar na conversa até í  uma e tal, já na rua.

E assim sendo, este ano já vi José González, Skunk Anansie, New Pagans, Russian Circles, Helms Alee, Process of Guilt, The Ocean, Psychonaut, PG.Lost, The Smile, Sigur Rós, Unto Others, Carcass, Behemoth e Arch Enemy. O que se segue?

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Eu não estou bem

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Fiz um cartoon. Chama-se “Eu não estou bem”. É um novelo de ironia.

Eu não estou bem

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Publicado em , por Pedro Couto e Santos

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