Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Um dia, quando for grande, gostava de me inclinar mais para o meu lado artístico e menos para o técnico. Também me dá gozo fazer design, pensar soluções para problemas bicudos, organizar, esquematizar, racionalizar. Até não digo que não a enterrar-me até aos joelhos em CSS outras porcarias dantescas do género, inventadas por pessoas que deviam ser fuziladas por uma questão de princípio.
Mas a verdade é, para mim, não há nada como perder-me horas a fio num desenho. Ontem fui até ao café tomar o pequeno almoço sozinho e levei o meu sketchbook; aqueles 15 minutos em que estive a beber um galão e desenhar foram o ponto alto da semana e o mesmo se pode dizer do tempo que passo a desenhar os especialistas e o gozo que me dá riscar na minha Cintiq.
Infelizmente, já o Profeta Jagger o dizia: you can’t always get what you want. E com o tempo a passar vejo-me limitado a apreciar ilustração mais do que a fazê-la. Mas, citando M. Python (ca. 1969), chega desta conversa de bichas.
Se por acaso também gostam de ilustração, arte, desenho – “tradicional” ou digital – deixo-vos alguns dos meus links de referência.
Mark Goerner é concept artist e trabalha para a indústria cinematográfica; já participou em filmes como X-Men 2 ou Minority Report, é especialmente forte a criar ambientes complexos com ínfimos detalhes, sobretudo interiores.
Tim Jessell é ilustrador comercial que trabalha muito para publicidade. Possuidor de um estilo realista, faz-me lembrar muita da ilustração publicitária americana dos anos 40 e 50.
Ryan Church é concept artist e responsável por muita da arte dos mais recentes filmes da saga Star Wars. Especialista no meio digital, Church é um dos mais hábeis utilizadores do Corel Painter com o qual é extremamente versátil, criando paisagens, arquitectura, personagens, veículos, etc.
Brian Duey é um desenhador especializado em lápis. Embora não aprecie todos os seus desenhos, alguns têm um nível de detalhe e demonstram um controlo de um meio difícil como é a grafite que é impressionante.
Jason Seiler é um dos meus caricaturistas favoritos de sempre. As suas pinturas, maioritariamente digitais, são de um detalhe impressionante e chegam a parecer-se mais com retratos realistas do que com caricaturas. Não será o caricaturista mais cómico de sempre, mas é sem dúvida um observador fora de série.
Dylan Cole é um matte painter com uma capacidade extraordinária de transformar algumas formas desenhadas sobre uma fotografia no Photoshop, numa imagem realista mais parecida com uma foto do que uma pintura. Estas pinturas matte são muitas vezes usadas em filmes e publicidade sem que muitas vezes nos apercebamos que estamos a olhar para uma pintura e não para uma foto.
David Finch é um desenhador de comics com uma atenção ao detalhe verdadeiramente assombrosa. O que ele é capaz com lápis é bem demonstrativo do tipo de trabalho que criar página atrás de página de bom trabalho num livro de banda desenhada, representa. Infelizmente, o site de Finch é bastante mau e tem poucos exemplos do seu melhor trabalho. Fica o link, mas também o aviso.
Finalmente, há que referir a Gnomon Workshop, responsável pela edição de fantásticos DVDs – com alguns dos artistas de que falei – que demonstram variadas formas de arte, desde a ilustração até ao 3D, usando software ou apenas uma esferográfica. É um prazer especial ver pessoas com tanta destreza e imaginação a trabalhar em frente í câmara. E o melhor mesmo é que os vídeos estão, desde há pouco tempo, disponíveis para download em vez de apenas por encomenda de DVD dos EUA.
Espero que gostem dos links e sintam-se í vontade para partilhar mais alguns; estou sempre í procura de bons portfolios para chafurdar, me inspirar e, também, sentir aquela pontinha de inveja inevitável.
Gosto muito dos trabalhos do Alan Lee e John Howe
E também gostas do Lord of the Rings, confessa lá :-)
Claro, foi através das excelentes ilustrações do John Howe para as edições da Europa-America do LOTR que descobri estes dois autores.