Sobre o cristianismo

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Vi recentemente um filme chamado “The god that wasn’t there“. É um documentário de um ex-cristão fundamentalista tornado ateu, Brian Flemming.

Eu não gosto muito destes ex-cristãos tornados ateus. São uns fracos. Mas o filme não deixa de ser interessante, embora não seja tão bom como a promoção leva a crer. O site compara o “The god that wasn’t there” ao “Bowling for Columbine” ou “Supersize me”, em termos de impacto nas respectivas áreas, mas este filme é bastante mais curto e menos profundo do que os outros dois.

Ou então é por não viver nos Estados Unidos que não senti o impacto do filme. Ao que parece, 44% dos americanos acreditam que Jesus Cristo voltará í  Terra e que tal acontecerá no seu tempo de vida. Portanto, digamos, nos próximos 30 anos.

O que acabei por achar mais interessante ainda foi o facto de que o filme faz uma coisa que já é pouco comum, hoje em dia: levanta dúvidas sobre a existência de Jesus, de todo.

Quem é cristão, está convicto que Jesus Cristo existiu e foi o único filho de deus na terra. Quem não é cristão muitas vezes diz que se calhar Jesus Cristo existiu e foi assim uma espécie de agitador de massas, mas nenhum messias, nem figura divina.

Mas Jesus pode bem é nunca ter existido como ser humano, mas apenas como figura mí­tica para fazer passar determinadas histórias e valores morais.

É o que eu acho e gostei de ver essa ideia transmitida no documentário. Para mim, a cristandade encerra dois propósitos básicos: a transmissão de valores morais e espirituais (chamemos-lhes assim), e a imposição de regras sociais e hierárquicas.

Como se explica que hoje em dia, algum ser humano possa ler de forma literal as passagens da bí­blia que falam do tratamento que os donos devem dar aos escravos? Ou dos deveres conjugais das esposas aos seus maridos?

As regras sociais referidas na bí­blia são textos escritos por homens que viveram cerca de 70 a 100 anos depois de Cristo e não fazem qualquer sentido hoje em dia. Lucas fazia lá ideia do que é a internet, um telemóvel ou um V8 Kompressor da Mercedes-Benz.

Se os textos da bí­blia são de facto divinos e inspirados pela graça do espí­rito santo, então não deviam ser tão especí­ficos em certas áreas do seu conteúdo. Ou, em alternativa, deus já deveria ter revisto e aumentado o texto e enviado novas edições para a Terra.

Mas não.

Aparentemente, Lucas, Mateus, Marcos e mais um ou dois, foram inspirados pelo espí­rito santo há quase dois milénios e desde então nunca mais ninguém foi inspirado de forma idêntica! Não terá deus mais nada para dizer?

Quanto í  transmissão dos tais valores morais e espirituais, como o amor ao próximo, a paz, a humildade e tudo isso, é um objectivo nobre. Mas porque precisa de ser acompanhado de misticismo? Ou será que sou só eu que acha que o céu, o inferno, a ressurreição, os anjos e os demónios é um monte de misticismo?

Não podemos amar-nos uns aos outros sem termos que acreditar na alma eterna? Sem precisarmos sequer de ter que alguma vez na nossa vida tentar conceber a ideia de uma alma eterna?

Nunca pensar nisso e fixarmo-nos apenas nas ideias de harmonia e paz? É que… para aprender a “dar a outra face”, não são precisas igrejas, capelas… e muito menos catedrais. Aliás, nem são precisos padres para nada. Basta ler um livro.

Por exemplo, na escola de artes marciais a que pertenço, a YMAA, aprendemos sobre a moralidade marcial. Basicamente, aspectos morais a que um indiví­duo que estuda artes marciais tradicionais chinesas deve esforçar-se por aderir. É simples: humildade, respeito, rectidão, confiança, lealdade, vontade, resistência, perseverança, paciência e coragem.

São valores básicos sem qualquer esoterismo ou misticismo. Não é preciso acreditar em nenhum deus ou profeta para compreender estes valores, as ideias por trás deles e como podem ser aplicados na nossa vida. Simples. Humano. E sem qualquer necessidade de tanga religiosa.

Mas, ao que parece, a mortalidade continua a assolar os humanos e portanto, a necessidade de uma figura divina, sobre-humana e redentora é muito forte.

Curiosamente, acho que enquanto as pessoas não se abstraí­rem da morte e largarem o conforto aparente da divindade, não vão nunca conseguir focar-se em si próprias e umas nas outras e, no fundo, seguir os ensinamentos morais das várias religiões que por aí­ andam.

Voltando ao filme, este refere uma coisa que eu desconhecia, mas que encaixou nuns textos que andei a ler sobre Osí­ris e a similitude entre a história deste deus Egí­pcio e a de Cristo. São quase iguais. E a maioria das pessoas não tem noção.

É como os feriados religiosos. Dia 25 de Dezembro: Nascimento de Cristo ou Solistí­cio de Inverno? Páscoa: Paixão de Cristo ou Equinócio de Primavera? Porque é que os acontecimentos maiores da religião cristã caem sobre antiquí­ssimas celebrações pagãs? Grande coincidência.

Ao que parece, Lord Raglan escreveu, em 1936, um livro entitulado «The Hero: A study in Tradition, Myth and Dreams», no qual estabelece uma espécie de scorecard para heróis mí­ticos.

É uma colecção de 22 acontecimentos arquetí­picos, baseados no mito de Édipo e que podem ser encontrados em maior ou menor quantidade, na vida da maioria dos grandes heróis mí­ticos da nossa História.

São os seguintes:

  1. A mãe do Herói é uma virgem real;
  2. o Seu pai é um rei e
  3. frequentemente parente próximo da sua mãe, mas
  4. As circunstâncias da Sua concepção são pouco usuais e
  5. Ele tem a reputação de ser filho de um deus.
  6. À nascença é feito um atentado í  sua vida, geralmente pelo pai ou aví´ maternal, mas
  7. Ele é misteriosamente levado e
  8. Criado por pais adoptivos num paí­s distante.
  9. Não sabemos nada da sua infância, mas
  10. Ao atingir a idade adulta ele regressa ou vai para o seu futuro reino.
  11. Após uma vitória sobre o rei e/ou um gigante, dragão ou animal selvagem,
  12. Casa-se com uma princesa, muitas vezes filha do seu predecessor e
  13. Torna-se rei.
  14. Durante algum tempo, o Seu reinado é pací­fico e
  15. Ele faz leis, mas
  16. mais tarde perde a aceitação dos deuses e/ou do seus súbditos e
  17. É afastado do trono e expulso da cidade, após o que
  18. enfrenta uma morte misteriosa,
  19. frequentemente no topo de um monte,
  20. Os Seus filhos, se sequer os há, não lhe sucedem.
  21. O Seu corpo não é enterrado, mas ainda assim
  22. Ele tem um ou mais santos sepulcros.

Édipo, em quem a escala é baseada, tem 21 dos 22 pontos. Jesus tem 18 ou 19, conforme as versões. Mas há mais… heróis mí­ticos que partilham uma parte significativa desta história: Krishna, Moisés, Rómulo e o Rei Artur; Beowulf, Buda e Zeus; Dioní­sio, Gilgamesh e Jasão. E, claro, James T. Kirk.

Este link tem a lista de vários heróis e é possí­vel ler uma explicação sobre cada um, escrita pelo Professor Thomas J. Sienkewicz, para as suas aulas de mitologia clássica. Infelizmente, Harry Potter está incluí­do, o que é lamentável.

Enfim, tudo isto para dizer o quê?

Que ali em baixo, em frente í  defunta Lisnave existem três estabelecimentos: o Mona Lisa, “danceteria”, de um lado; o “Sereia”, strip-club, do outro e no meio, uma igreja cristã. Isto não é desperdí­cio de um fantástico bar de alterne?

Já o Lennon dizia… “Imagine there’s no Heaven;it’s easy if you try;No hell below us;Above us only sky;Imagine all the people;Living for today”.

E olhem que o Lennon era o Walrus…

[tags]religião, cristianismo,jesus,cristo,mito,mitos,mitologia,heróis,ateí­smo[/tags]

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18 comentários a “Sobre o cristianismo”

  1. Há mais ainda sobre o cristianismo.
    Deus, o todo poderoso e benevolente, manda para uma eternidade de sofrimento quem não acredita nele. Até chegou a proteger uns heróis quaisquer da bí­blia que foram conquistar terras de infiéis. Deus é benevolente e tudo perdoa, mas apoia assassinatos e não se importa que as pessoas sofram para o resto da vida? E a nuvem mágica que o levou para o céu… Será que ele a alugou í  Tartaruga Genial?
    Mais coisas interessantes sobre o cristianismo. Quando ele (o cristianismo) apareceu, era o completo oposto do paganismo; se no paganismo era permitido fazer uma coisa, no cristianismo não era. E aquele consí­lio onde se escolheu o que ia figurar na bí­blia actual?! E a história de Adão e Eva, que foram expulsos do paraí­so por terem ganho conhecimento?! E os casamentos só terem sido permitidos pela igreja por volta do século XII, com carradas de condições maradas?! E o temor a deus?! E se deus era branco, como é que ele se conseguiu disfarçar no meio daquele povo quando foi perseguido pelos romanos, se não me engano?! E se deus está no céu, será que os vaivéns espaciais lhe furam a casa e matam uns anjos?! Terá sido assim (http://www.youtube.com/watch?v=nuL0Pr4VcfU) que deus criou o universo?!

    Tanta coisa que não é dita sobre o cristianismo…

  2. prtmde says:

    Li o seu artigo através do planetgeek, e não pude deixar de fazer um comentário.
    É impressionante o empenho e a vontade da parte de muitas pessoas em por em causa o Cristianismo.
    Em minha opinião, isto só acontece porque há quem sinta um incomodo muito grande com a Sua existência e fazem de tudo para tentar abalar a sua estrutura.
    Se analisarmos bem, um embuste nunca poderia sobreviver mais de dois mil anos e manter-se com o mesmo vigor e força que existe nos dias de hoje.
    Para além disso não se pode falar sobre Cristianismo com toda a propriedade sem se ser primeiro um VERDADEIRO Cristão.
    Porque ler textos bí­blicos, e muitas vezes só com o interesse de descredibilizar, só serve para encher artigos e também eventualmente gerar polémicas.

    Como Cristão, convido-o primeiro em ser verdadeiramente um de nós, e depois sim, falar com todo o conhecimento de causa.

    Cumprimentos,

    Miguel

  3. Macaco says:

    Miguel, se eu não posso falar sobre cristianismo não sendo cristão, porque é que todos os cristãos com que já falei do assunto pensam ter toda a propriedade de criticar o meu ateí­smo?

    É porque não é preciso pertencer-se a nenhum grupo para se conseguir pensar.

    E eu não acho o cristianismo um embuste. É uma religião e religiões há muitas. Talvez o Miguel nos possa explicar porque é verdade que Jesus Cristo está no céu, reinando ao lado do Pai e do Espí­rito Santo em vez de Allah.

    E não estou a dizer isto como provocação. É mesmo algo que me levanta curiosidade: como se vêm as religiões umas í s outras? Porque se o seu deus reina sobre o universo, isso significa que todos os outros deuses de milhões de outras pessoas são, efectivamente, embustes.

    Gostaria mesmo de saber. Sem ironia.

  4. Miguel, um embuste não pode sobreviver mais de dois mil anos?! Então e os povos primitivos que pensavam que os relâmpagos aconteciam por causa dos deuses estarem zangados? Isso durou – e ainda dura – muito tempo…
    E a terra ser plana?!

  5. Dee says:

    E é preciso ver que, por exemplo, até aos gregos os humanos não sabiam sequer o papel do homem na procriação, daí­ as divindades anteriores serem femininas – as deusas da fertilidade. Com os mitos gregos apareceu pela primeira vez a ideia de que os homens também são responsáveis pela reprodução, como Zeus a gestar os filhos no cérebro ou na perna. A partir daí­ o poder passou definitivamente para os homens os deuses passam a ser homens.

    Mas o que me fez mais confusão no documentário foi uma ideia que nunca me tinha ocorrido. Sempre tive noção que a religião é perigosa. A religião é a principal causa de morte ao longo da história e ainda hoje é um dos principais motivos de guerra no mundo. Mas nunca pensei em algo que agora me parece obvio – se tanta gente acredita que as atrocidades actuais não são mais do que acontecimentos necessários para o regresso de Jesus í  terra, tal como está descrito na Biblia, então estas pessoas não têm qualquer incentivo em evitar estes acontecimentos.

    Ou seja, todas estas pessoas, que têm direito de voto, não têm qualquer razão para votar em politicas que previnam guerra e desigualdades sociais porque para eles o mundo vai acabar de qualquer maneira, por isso não vale a pena pensar no futuro. Isto sim, é verdadeiramente assustador.

  6. […] o que fez com que eu esteja a acompanhar o blog dele á já algum tempo. Podem ler o post através desta link.Quero desde já deixar explí­cita a minha condição de ateu, não tenho qualquer tipo de […]

  7. prtmde says:

    Para mim a realidade que nos rodeia é multidimensional, permitindo infinitos pontos de vista e consequentemente levando a diferentes experiências de vida das quais cada um tira as suas lições pessoais.
    Claro que acho que se deve ter opinião sobre tudo, contudo continuo a achar que se o objectivo for para por em causa alguma religião ou filosofia de vida (não digo que seja o vosso caso), este objectivo só terá algum valor ou consistência, se for baseada em conhecimento de causa nessa religião ou filosofia de vida.
    Tendo em conta a multidimensionalidade que referi no inicio, a partir do momento que alguém em qualquer parte do mundo apela ao eros ou ágape divino, está independentemente do nome ou nomes que dê í  divindade (desde que esta não seja apenas um í­dolo terreno), de acordo com a sua cultura, a dirigir-se a Deus, o mesmo a quem nós Cristãos oramos.
    Quanto aos pressupostos que cada cultura professa nas suas religiões respeito-os mas não os discuto porque nunca estive integrado nessas religiões para poder falar neles com todo o conhecimento de causa.

    Para mim, Deus é Deus e pode ter muitos nomes conforme as religiões das diferentes culturas, por isso a questão do embuste das outras religiões não se põe.

    Certamente que as religiões se deveriam ver com o respeito e aceitação mútua conforme cada cultura e na forma como vêm Deus nos seus mais variados pontos de vista.

    É também verdade que foi (e talvez ainda o seja) tendência do Homem quando não tinha (ou não tem) a capacidade de explicar algum acontecimento da natureza, de o atribuir ao divino ou a monstros marinhos como no caso do adamastor, para dessa forma espantar o medo ou dar largas í  imaginação. Para mim trata-se da necessidade de o Homem procurar sempre explicar tudo pela razão e pela lógica e muito pouco ou nada pela intuição… Não me parece que esta limitação do Homem seja razão para contestar o Cristianismo ou qualquer outra religião.
    Para finalizar gostaria de dizer que não me parece bem criticar negativamente o ateí­smo ou uma qualquer religião. Parece-me mais sensato trocar pontos de vista diferentes e com isso enriquecer as experiências de cada um. Porque a fé não se deve discutir… ou se tem ou não tem.

    Cumprimentos,
    Miguel

  8. Dee, nunca tinha feito essa análise das divindades femininas que, ao longo dos tempos, foram substituí­das pelas masculinas. Isso explica um bocado aquela estátua de uma deusa encontrada lá para os lados de Israel, que se acredita ser a mulher de deus; e explicava um bocado o episódio da Maria Madalena e aquelas teorias í  volta da última ceia.

  9. Celine says:

    “Se analisarmos bem, um embuste nunca poderia sobreviver mais de dois mil anos e manter-se com o mesmo vigor e força que existe nos dias de hoje.”

    De certeza que já deve ter reparado que, há muito, o cristianismo está em crise e se há coisa que não tem é força e vigor…

  10. Miguel, posso ter interpretado mal o comentário, mas parece-me que está a dizer que todos os deuses (pelos menos das religiões monoteí­stas) são o deus do cristianismo, mas com outro nome. Estou correcto?

  11. prtmde says:

    Celine, a verdade é que o Homem actual não sente a necessidade de Deus na sua vida. Considera-se cada vez mais, qual Ptolomeu no seu geocentrismo (que não era mais do que uma manifestação de egocentrismo e depois foi o que se viu), o centro de tudo. E Deus nisto tudo não é mais do que uma pedra no sapato ou uma peça de puzzle difí­cil de encaixar para essas pessoas.
    Mas… não nos iludamos com a quantidade (isso é para os partidos polí­ticos, que vivem na lógica da popularidade), enquanto houver pelo menos uma pessoa no mundo com fé em Deus, então continuará a existir sempre a mesma força e vigor de sempre.

    Miguel

  12. artur says:

    “Todos nós sabemos como tudo começou. Deus assim o quer, assim o diz, e fez-se luz. Foi assim que começou a primeira segunda-feira, no iní­cio do mundo. E assim Deus foi labutando até ao sábado. Nisso, olha-se ao espelho e cria um ser í  sua semelhança: Adão. Para que Adão não se aborreça, retira-lhe uma costela e faz Eva. Depois explica-lhes os regulamentos da casa e as regras para a utilização do jardim: podem comer toda a fruta, a não ser a de uma macieira com um letreiro que diz: «árvore do conhecimento do bem e do mal», que isso seria mau e teria um fim de morte. Mas Eva pressente uma contradição: se a própria diferença entre o bem e o mal é má, algo não está bem com a lógica. Para melhor esclarecimento, consulta a perita em paradoxos, a serpente, e esta faz uma interpretação sob o prisma da crí­tica ideológica: a proibição é antidemocrática, e a ameaça de morte serve apenas para proteger a classe dominante. Que comessem í  vontade, porque haviam de ficar eles próprios como Deus, podendo distinguir o bem do mal. Foi assim que se deu o acontecimento que viria a ser conhecido por pecado original, com todas as suas consequências: a descoberta do sexo e da vergonha, a invenção da parra e da moral, a expulsão do jardim, a condenação a um trabalho remunerado regular e o estreitamento da bacia devido í  postura vertical, com o acréscimo de um nascimento correspondentemente prematuro e, já agora, doloroso, um prolongado perí­odo de dependência total da criança, prazos educacionais prolongados e uma sobrecarga generalizada para a mulher, devido ao seu papel de liderança por ocasião do pecado original”
    Não resisti í  transcrição deste pedaço do livro “Cultura, tudo o que é preciso saber”, de Dietrich Schwanitz.
    As religiões baseiam-se umas nas outras e, sempre que uma nova religião surgia, ia buscar coisas í s antigas – daí­ a coincidência de datas que o Pedro fala. E tudo parece ter começado com os gregos e a sua mitologia, pela simples razão de que foram eles que começaram a registar. No entanto, estudando bem a mitologia grega, veremos que, também ela, não é original, já que foi buscar a ideias a povos ainda mais antigos, mas, digamos, menos organizados.
    Quanto a Jesus – claro que existiu. Eu, pelo menos, já vi fotografias e tudo.

  13. O Raio says:

    Li há muitos anos um livro de um autor francês intitulado “O mito de Jesus Cristo”.

    Emprestei o livro muitas vezes, tantas que já não o tenho…

    As pessoas a quem emprestei o livro ou o liam todo e ficavam convencidas de que Jesus nunca tinha existido ou, se eram profundamente cristãs, mal passavam do primeiro capí­tulo. Ficavam pura e simplesmente horrorizadas e não tinham coragem de o lêr.

    É que o livro estava dividido em duas partes. Na primeira desmontava totalmente a ideia de Jesus como personagem historica. As inconsistências são tantas que a personagem não resiste a uma análise histórica.

    Na segunda parte explicava como é que o cristianismo surgiu mostrando que, mesmo que Jesus tivesse existido, isso seria irrelevante pois ele não foi nenhum dos fundadores do cristianismo.

    Há também um livro de um filosofo inglês, Bertrand Russel, que chama a atenção de um pormenor curioso. Os evangelos foram escritos muito depois da pretensa data em que Jesus existiu e, ainda por cima, noutro paí­s, em Roma o que na época seria um longiquo paí­s.

    Seria o mesmo que uma historia da revolução americana escrita em Londres em meados do século XX por alguém que a tinha ouvido do seu aví´ que por sua vez a tinha ouvido também do seu aví´ que teria vivido nas colónias da Nova Inglaterra no século XVIII.

  14. Cristiano Costa says:

    Olá a todos…

    Achei extremamente agradavel ler as vossas opinioes…
    Eu nao sou nem deixo de ser religioso…

    digo que dentro de mim há metade de ateu e metade de Cristã…

    E nem vou discutir isso com ninguem, mas independentemente do credo que cada um siga ou nao, o importante é amarmo-nos, respeitarmonos, sermos olidarios e não esperar nada em troca (como por exemplo o céu), porque já que Deus é assim tão bom todos nós iremos para lá… E depois perguntam e então os asssinos e os bad boys vão para onde? e eu digo não sei, mas para um lugar de tormento para toda a eternidade é que não é…

    abraços parea todos e acima de tudo sejam felizes…

    :)

  15. Cristiano Costa says:

    em relação á mensagem antrior eu queria escrever cristão e não cristã…

  16. É interessante o seu raciocí­nio… espero que esteja aberto a uma discussão franca acerca do assunto.

    De facto acredito que sendo um pensador, terá abertura para caminhar comigo em alguns pontos.

    Gostaria que pensasse acerca da emblemática e controversa figura de Jesus Cristo. Não sei o que pensa acerca d’Ele. Acredito que, sendo um pensador, já deve ter investigado o tema em questão por forma a colocar em marcha uma análise crí­tica consciente e honesta que pondera todos os factos – quer os que defende quer aqueles que supõe não serem os correctos.

    É interessante pensar em Cristo e nas Suas afirmações. Partindo do princí­pio que Ele não era Deus, mas apenas um homem bom… quer dizer que Ele não mentiria, logo, as suas afirmações eram verdadeiras… e Ele disse ser Deus. Por outro lado, se afirmamos que Ele era um louco, ao fazer a anáise da Sua inteligência (e o afamado perito no assunto Augusto Cury fê-lo), descobriremos a Sua integridade mental e emocional.

    Se os relatos que os evangelhos apresentam são verdade, então Jesus era mesmo Deus…. ora, aqui, ponho-me a pensar se eram verí­dicos esses relatos. Mas, ao analisar a História, percebo que aquele que escreveram viveram com Ele ou usaram fontes de pessoas que foram Suas contemporaneas e í­ntimas durante pelo menos 3 anos… e muitos foram mortos por aquilo que disseram e escreveram. Não acredito que alguém desse a vida por algo que fosse uma mentira… e não estamos a falar de 1 pessoa, mas de diversas.

    Então se Jesus disse ser Deus e os evangelhos demosntram que Ele é o criador, logo existe um criador e não viémos do nada.

    Vir do nada é o mesmo que eu escrever palavras soltas e esperar que elas produzissem um texto coerente, com lógica e sentido. Mesmo assim, eu teria que escrever… o que não tem lógica é o nada produzir alguma coisa….

    Penso, com a devida sinceridade e respeito, que é preciso mais fé para se ser ateu do que acreditar em Deus.

    Por fim, é preciso experimentar Deus. Sendo um investigador honesto, penso que pode por essa hipótese, como põe tantas outras.

    Eu também não posso negar que Ele existe, pela minha experiência pessoal.

    Fica o desafio!

    Escritora de post-its (e outros textos)

    http://www.omeupostit.blogspot.com

  17. Cara escritora de post-its, sou grande adepto de boas discussões sobre temas mais diversos. Mas custa-me sempre muito discutir cristianismo com cristãos.

    É porque se eu consigo usar a minha imaginação para conceber a hipótese da existência de divindades, os cristãos com quem já tive oportunidade de conversar nunca foram capazes de fazer o mesmo para imaginar a não-existência das mesmas.

    E custa-me trocar ideias com quem se sente na obrigação de escrever “Ele” com maiúscula quando se refere í  sua divindade. Acha mesmo, honestamente, que, existindo um deus, ele é mesquinho ao ponto de se preocupar com detalhes ortográficos desta natureza?

    Finalmente, quero apontar a lógica circular que sempre surge quando converso com cristãos e que notei no seu comentário: o evangelho diz que Jesus era deus e o evangelho é a palavra de deus portanto é verdade, portanto Jesus era deus, porque o evangelho diz que Jesus era deus… ad infinitum.

    Se a prova de Jesus ser deus é a sua própria palavra que aqui tomamos como verdadeira por não aceitarmos que ele pudesse ser apenas um louco, visto um tal de Augusto Cury ter estudado o assunto, eu vejo-me obrigado a perguntar quem é (ou foi), Augusto Cury e quanto tempo passou ele com Jesus?

    Quanto a experimentar deus… lamento, mas não sei o que isso significa.

    Estas são algumas das questões que o seu comentário levantou.

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