Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Reparem bem como chamamos aos nossos tempos verbais:
“Presente do indicativo”, ok… “presente”. “Do indicativo” já é só para distrair.
“Pretérito perfeito do indicativo”, lá estão eles a indicar outra vez… claro que é indicativo ou… será que não? E que raio é um pretérito? Ainda para mais perfeito! Isto soa-me a um pouco de falta de humildade do pretérito.
“Pretérito imperfeito do indicativo”. Este pretérito, coitadinho, é imperfeito… Mas isto é muito politicamente incorrecto… não deveria dizer-se “pretérito portador de deficiencia do indicativo”?
“Pretérito mais-que-perfeito do indicativo”… pronto, aqui já estamos mesmo a inventar. “Mais-que-perfeito”, soa mesmo a invenção… precisavam de um nome para um tempo verbal e já não sabiam o que haviam de ir buscar mais. Injustificável. E o mais grave é que “pretérito”, significa “o que passou”, ou… portanto… “passado”. E era tão simples chamar “passado” aos tempos verbais que se referem ao… passado.
“Futuro do indicativo”. Lá estão eles com a coisa do indicativo. “Futuro” soa tão bem, pra quê complicar?
“Condicional”, deve ser engano, porque é demasiado simples para ser verdade.
“Presente do conjuntivo”, é onde a porca torce o rabo, porque então… já tinhamos um presente e era do indicativo, o que só servia para confundir! O que é que o presente do conjuntivo tem que o do indicativo não tenha? Eu caia já aqui, se compreendo…
“Imperfeito do conjuntivo” é outro tempo verbal imperfeito, já é o segundo. O que eu propunha era que nos livrássemos destes tempos imperfeitos, afinal para que queremos nós verbos mal amanhados? Talvez assim a coisa melhorasse.
“Futuro do conjuntivo”, começa a fazer-me pensar que os verbos portugueses têm problemas nos olhos.
O “infinitivo pessoal” é muito útil para falar í homem das cavernas, por exemplo: “eu agora conjugar verbo!”… O próprio verbo não sabe falar, nem sabe muito bem o que quer, ou como o próprio dicionário define: “Infinitivo: s.m.; modo verbal que exprime a acção, de um modo vago e indeterminado“. Vago e indeterminado, estão a ver? É um bocado como o futuro do nosso país.
“Imperativo” é o meu tempo verbal favorito, devo confessar. Adoro mandar pessoas fazer coisas por mim e sem o imperativo não me safava. Mas é um nome de tempo um bocado antiquado… ao fim e ao cabo os impérios são uma coisa do passado (teoricamente), e hoje em dia já não anda por aí o Bonaparte a dizer í s pessoas o que fazer. Podia perfeitamente passar a chamar-se “ordenativo” a este tempo verbal e assim seria fácil explicar í s crianças que é um tempo que se aplica quando, por exemplo, o papá lhes ordena que comam tudo o que têm no prato… “COME! SENíƒO COMES!”
“Gerúndio” é uma palavra que nunca ninguém usa e não serve para mais nada que não para definir essa forma verbal interminável e invariável que é… o gerúndio. O gerúndio não acaba, é permanente e repetitivo e, portanto, muito chato. Continuando…
Termino com o “particípio passado” e é para não me meter em formas reflexas, que as pessoas têm mais que fazer e isto já está tudo esbarrondado.
Chamo a tua atenção para este post:
http://blog.uncovering.org/archives/2006/08/_aquele_substan.html
Pedro o “gerúndio” é a forma verbal mais utilizada pelos habitantes da Madeira. Estou a ver que queres criar um fórum interactivo sobre Madeirenses e “Continentais”. Não entres em conflitos desnecessários. Mas está aqui um post dos mais cómicos e com sentido de humor que já vi no teu Diário. Andas inspirado, deixa-me adivinhar, a razão será o próximo descendente da Dinastia Couto e Santos. Felicidades e que daqui a um ano haja um novo blog para celebrar o acontecimento.
Jonas, li as primeiras linhas e desisti, que enjí´o de tripas :-)
Comentadordeserviço: you bet.
lol, excelente texto. É a mania de arranjar nomes pretenciosos a coisas simples como: futuro, passado, presente. Desta forma quem aprende estas coisas fica sempre com a sensação que sabe coisas extremamente importantes.
Bem! Divertido é com certeza. Os meus alunos fazem observações dessas, porque nunca sabem “como se chama o verbo”. Enfim… acho que todos eles partilham dessa opinião.
Eu continuo a achar que não vale a pena complicar mais.
Gosto do blog.
Xau
Boa! Textozinho í Pão Comanteiga. Gostei.
O texto está giro mas atenção que o Imperativo não é um tempo verbal…precisamente porque não indica nenhum valor temporal. É um modo tal como o Condicional. Espero que não leve a mal!Gostei!
Não levo nada a mal. Não é um tempo, é um modo. :-)
Obrigado pela visita.
Bom texto. Parabéns
Obrigado.