Ir a um concerto sempre foi um momento de inexist\u00eancia, para mim. Remo\u00e7\u00e3o da vida real. Como se viajasse para uma esp\u00e9cie de buraco negro em que o tempo est\u00e1 suspenso e posso existir sem o resto de tudo, em cima de mim.<\/p>\n\n\n\n
Se j\u00e1 era importante antes, tornou-se absolutamente crucial nos \u00faltimos dois \u2014 excruciantes \u2014 anos.<\/p>\n\n\n\n
Por ter esta rela\u00e7\u00e3o com a m\u00fasica ao vivo, n\u00e3o tolero a pepineira dos festivais e entristece-me n\u00e3o ver algumas das minhas bandas preferidas porque apenas actuam nesse circo de selfies e fam\u00ed\u00adlias a comer algod\u00e3o doce, sem qualquer liga\u00e7\u00e3o \u00ed\u00a0 m\u00fasica em si. Sei que se calhar estou a come\u00e7ar a soar um bocadinho religioso, mas como ateu, um gajo encontra os seus ritos sagrados noutros lados.<\/p>\n\n\n\n
Fica aqui o resumo de 2022, com a esperan\u00e7a que 2023 seja t\u00e3o bom, ou melhor.<\/p>\n\n\n\n
A temporada arrancou na Aula Magna a 9 de Fevereiro, com o Jos\u00e9 Gonz\u00e1lez. Concerto pequeno, apenas ele, de guitarra e loops, em palco.<\/p>\n\n\n\n Seguiu-se um concerto para o qual tinha bilhetes, creio, desde 2019. Com a pandemia, como tantos outros, foi sendo adiado at\u00e9 finalmente, dia 19 de Mar\u00e7o, poder ver os Skunk Anansie. Um concerto com som de est\u00e1dio… no Coliseu.<\/p>\n\n\n\n Uma demonstra\u00e7\u00e3o do que uma mulher de 54 anos pode ser e fazer. Tocaram todas e foi do cara\u00e7as. A primeira parte foi feita pelos New Pagans, que n\u00e3o deixaram mem\u00f3ria.<\/p>\n\n\n\n Com o m\u00eas seguinte j\u00e1 quase a acabar, fui at\u00e9 ao (novo) Lisboa Ao Vivo, ver os Helms Alee abrir para os Russian Circles. Pouco mais a dizer sen\u00e3o “do caralho”.<\/p>\n\n\n\n M\u00eas de Maio foi dose dupla. A come\u00e7ar com a minha banda de metal portuguesa preferida, os Process of Guilt, a lan\u00e7ar o novo \u00e1lbum “Slaves Beneath the Sun”, no MusicBox, dia 20.<\/p>\n\n\n\n No dia 31, salto at\u00e9 ao RCA Club para ver tr\u00eas bandas: Psychonaut, PG.Lost e The Ocean. Por esta altura j\u00e1 tinha uma nova t-shirt dos Russian Circles, Process of Guilt e The Ocean. A gaveta j\u00e1 transborda.<\/p>\n\n\n\n Julho foi para ver The Smile, dia 8, no Coliseu. Depois de um jantar muito bem regado a vinho, deu para dan\u00e7ar como se n\u00e3o tivesse quase 50 anos.<\/p>\n\n\n\n O resto do ver\u00e3o passou-se \u00ed\u00a0 espera dos \u00faltimos meses do ano para uma investida final que come\u00e7ou dia 29 de Setembro, com os Sigur R\u00f3s, no Campo Pequeno. O meu \u00e1lbum preferido, que j\u00e1 toquei tantas vezes que o stream est\u00e1 riscado, \u00e9 o “( )”. Que foi tocado quase na \u00ed\u00adntegra. Fenomenal.<\/p>\n\n\n\n Dia 7 de Outubro, foi novamente noite de metal, com n\u00e3o uma, nem duas… mas quatro bandas, no Coliseu: Unto Others, Carcass, Behemoth e os headliners Arch Enemy. Foi um concerto de portentosa agita\u00e7\u00e3o psicomotora que deu direito a post<\/a>. Diria que foi inesquec\u00ed\u00advel, mas j\u00e1 n\u00e3o tenho idade para isso… tudo se esquece.<\/p>\n\n\n\n