Filho, \u00e9s Portugu\u00eas.<\/p>\n

N\u00e3o to digo como uma m\u00e1 not\u00ed\u00adcia, mas como uma constata\u00e7\u00e3o ineg\u00e1vel.<\/p>\n

No teu universo de 20 e picos palavras, pautam algumas frases a mais importante das quais \u00e9, sem sombra de d\u00favida, esse t\u00e3o lusitano cumprimento: “Ol\u00e1 p\u00e1!”<\/p>\n

E n\u00e3o \u00e9 uma tentativa de dizeres “ol\u00e1 pap\u00e1”, porque isso dizes tu muito bem quando necess\u00e1rio. Assim que evoluir\u00e1s para um “At\u00e3o p\u00e1!” ou um “Isso vai, p\u00e1?”, o teu treino estar\u00e1 completo – como diria Darth Vader.<\/p>\n

Est\u00e1s agora com dois anos e pouco mais de um m\u00eas e acab\u00e1mos de descobrir que dizes mais coisas do que n\u00f3s pens\u00e1vamos. Burros, os teus pais estavam convencidos que se n\u00e3o dissesses palavras em portugu\u00eas, n\u00e3o contava.<\/p>\n

Dizias, ent\u00e3o: mam\u00e3, pap\u00e1, sim, n\u00e3o, ol\u00e1 e uma mini-frase que certamente tu interpretar\u00e1s como palavra: j\u00e1 t\u00e1.<\/p>\n

E ent\u00e3o a Pediatra l\u00e1 explicou que a tua linguagem n\u00e3o tem necessariamente que ser universalmente entendida e se n\u00e3o haveria mais som nenhum que tu fizesses para identificar algum objecto. E h\u00e1, de facto.. Ao fim e ao cabo, os putos dizem as coisas mais incr\u00ed\u00adveis para se referir \u00ed\u00a0s coisas e muitas vezes s\u00f3 os pais e mais um ou outro familiar chegado os compreendem.<\/p>\n

Pusemo-nos ent\u00e3o a fazer a lista e cheg\u00e1mos a umas vinte e picos e at\u00e9 nos apercebemos que estavamos a deixar de fora algumas que soam bastante parecidas com palavras em portugu\u00eas, como o caso de nanan\u00e1 para banana.<\/p>\n

Temos ent\u00e3o v\u00e1rios sons de animais como “uf uf” para c\u00e3o, “c\u00f3c\u00f3c\u00f3”, para galinha, “brrrrrr”, para elefante.<\/p>\n

N\u00e3o dizes fome, mas tens um som para fome, n\u00e3o dizes \u00e1gua, mas tens um som para sede… enfim, criatividade n\u00e3o te falta e j\u00e1 percebemos que h\u00e1 mesmo algumas palavras com s\u00ed\u00adlabas bem formadas que n\u00f3s simplesmente n\u00e3o compreendemos, como \u00e9 o caso de “fufu”, que j\u00e1 pens\u00e1mos que podia ser “azul”, mas honestamente, temos d\u00favidas.<\/p>\n

E tem sido assim, divertido, tentar compreender-te melhor.<\/p>\n

E de resto?<\/p>\n

Bom, neste momento \u00e9s um oceano de mimo. Chega a ser perigoso porque muitas vezes, as tuas ro\u00e7adelas amistosas acabam em cabe\u00e7adas que abrem o l\u00e1bio ao teu pobre pai ou quase partem o nariz \u00ed\u00a0 coitada da tua m\u00e3e.<\/p>\n

Sempre disposto a beijinhos e abra\u00e7os, colo e brincadeira. \u00c9 um show estar contigo e compensa amplamente as duas ou tr\u00eas birras que fazes durante o dia por coisas pequenas.<\/p>\n

Continuas a gostar de m\u00fasica, de dan\u00e7ar, do Pocoyo e do Rato Mickey e, claro, \u00e9s do Benfica… mas eu j\u00e1 escrevo um Ti\u00e1logo especial a explicar isso.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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