Pronto, por exig\u00eancia popular, aqui vai o segundo dos dez e vai ser sobre a comida. Sim, \u00e9 verdade que o primeiro j\u00e1 falava de comida, mais especificamente da nossa pastelaria fabulosa, mas para distinguir o lanche do almo\u00e7o, aqui vai um sobre a gastronomia portuguesa, mas excluindo a pastelaria.<\/p>\n

O que dizer? Pela boca morre o portugu\u00eas? A verdade \u00e9 que por c\u00e1 se come bem.<\/p>\n

N\u00e3o s\u00f3 temos bons pratos t\u00ed\u00adpicos em v\u00e1rias regi\u00f5es do pa\u00ed\u00ads, como temos bons produtos alimentares que dificilmente se encontrar\u00e3o noutro lado; os chouri\u00e7os alentejanos, por exemplo.<\/p>\n

\u00c9 verdade que tamb\u00e9m se come muito bem em It\u00e1lia; ser\u00e1 verdade que a comida Francesa \u00e9 requintada (nunca provei). Mas a cozinha portuguesa tamb\u00e9m merece um grande destaque.<\/p>\n

Somos um pa\u00ed\u00ads de pobretanas h\u00e1 muitos anos (j\u00e1 fomos a principal pot\u00eancia mundial, mas depois a coisa acabou-se), portanto temos muitas comidas \u00ed\u00a0 pobrezinho: tudo o que se arranjar, atirado para uma panela e cozido. Cozido, portanto.<\/p>\n

Tamb\u00e9m comemos o peixe que mais ningu\u00e9m quer: bacalhau curado.<\/p>\n

E temos o benef\u00ed\u00adcio dos s\u00e9culos de explora\u00e7\u00e3o dos oceanos: alimentos de outras paragens e, sobretudo, as especiarias e temperos.<\/p>\n

Eu at\u00e9 sou um gajo esquisito a comer; n\u00e3o gosto de peixe, por exemplo. Mas a grande parte dos meus sabores preferidos \u00e9 precisamente portuguesa.<\/p>\n

Ent\u00e3o vejamos algumas das raz\u00f5es que me fazem gostar de comer em Portugal: Cozido \u00ed\u00a0 portuguesa, claro. Lingui\u00e7a e chouri\u00e7o na brasa; j\u00e1 agora febras na brasa e frango no churrasco. Francesinha, que nunca comi no Porto, mas j\u00e1 comi uma em Lisboa aprovada pela generalidade dos portuenses que a provaram. Carne de porco \u00ed\u00a0 alentejana ou apenas \u00ed\u00a0 portuguesa que \u00e9 sem as am\u00eaijoas mas com pickles. Cadelinhas ou lambujinhas ou conquilhas conforme lhes queiram chamar, que s\u00e3o os meus bivalves preferidos e que era capaz de comer ao balde. Bacalhau cozido com gr\u00e3o, que \u00e9 a melhor maneira de comer bacalhau, ponto final absoluto sem discuss\u00e3o – embora tamb\u00e9m n\u00e3o diga que n\u00e3o a bacalhau na brasa ou \u00ed\u00a0 Braz, por exemplo. Desde que n\u00e3o seja com natas, tudo bem.<\/p>\n

Ora que mais? Uma boa feijoada, claro. Entrecosto na brasa tamb\u00e9m cai bem – eu gosto de coisas na brasa, est\u00e1 visto. Nunca por de parte o bife – seja com ovo a cavalo ou \u00ed\u00a0 Portug\u00e1lia (preferencialmente comido na Almirante Reis). A boa da sapateira e a generalidade dos mariscos e bivalves como s\u00e3o preparados nas cervejarias um pouco por todo o litoral. Choco frito \u00ed\u00a0 setubalense, de prefer\u00eancia ali num cantinho escondido da Lu\u00ed\u00adsa Todi. Espetadas \u00ed\u00a0 madeirense sem nunca esquecer os pimentos. O p\u00e3o, especialmente o alentejano e o saloio que \u00ed\u00a0s vezes n\u00e3o precisa de mais nada e se come sozinho de bom que \u00e9.<\/p>\n

E, claro, a do\u00e7aria – que n\u00e3o encaixa no outro post – muitas coisas com ovos que \u00e9 o meu ingrediente preferido num doce.<\/p>\n

S\u00f3 os doces de ovos portugueses quase mereciam um post \u00ed\u00a0 parte, de t\u00e3o bons que s\u00e3o. A encharcada, a lampreia de ovos, os ovos moles de Aveiro, as trouxas de ovos ou os D. Rodrigos. E mais ainda, \u00ed\u00a0 base de ovos ou n\u00e3o: as tijeladas, as queijadas de Sintra, as sericaias, a aletria, o arroz doce, a baba de camelo, o leite-creme e as far\u00f3fias.<\/p>\n

\u00c9 um resumo das comidas que me fazem gostar de viver em Portugal. Eu. A mim. Portanto n\u00e3o me venham com merdas nojentas como sarrabulhos e cabidelas, moelas e couratos, torresmos e tripas, mioleira ou o raio que os parta.<\/p>\n

Pronto, precisava de um par\u00e1grafo para me tirar a \u00e1gua da boca.<\/p>\n

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