Que s\u00e1bado t\u00e3o produtivo que tive hoje. Comecei por dormir de manh\u00e3, coisa que j\u00e1 n\u00e3o saboreava h\u00e1 algum tempo, embora continue a acordar desconfort\u00e1vel, com dores nas costas, o que n\u00e3o \u00e9 nada agrad\u00e1vel.Bom, depois de um caf\u00e9zinho que a Dee me tinha deixado na mesa de cabeceira e de passar revista \u00ed\u00a0s not\u00ed\u00adcias (grande bocejo), resolvi que hoje era dia de experi\u00eancia culin\u00e1ria.<\/p>\n

Nem mais, decidi fazer a minha primeira tarte de ma\u00e7\u00e3. A receita n\u00e3o \u00e9 complicada, mas custa a fazer… preparar a massa \u00e9 um exerc\u00ed\u00adcio vigoroso, descascar e cortar ma\u00e7\u00e3s \u00e9 uma prova de destreza manual e esperar que a massa “assente” \u00e9 um teste de paci\u00eancia.<\/p>\n

J\u00e1 tirei umas notas mentais sobre o que melhorar para a pr\u00f3xima e tamb\u00e9m j\u00e1 tenho umas ideias para umas tartes diferentes, mas a verdade \u00e9 que ficou sensacional, very tasty indeed.<\/p>\n

Passei a tarde com a Dee, a ver o “Mummy Returns”, que, n\u00e3o sendo mau de todo, n\u00e3o \u00e9 nem um quarto t\u00e3o divertido como o primeiro.<\/p>\n

O resto da tarde foi passado a jogar “Medal of Honor: Allied Assault”, o demo single player, que ainda n\u00e3o tenho o jogo completo. Enfim, eu andava babado com o\u00c2\u00a0Wolfenstein, mas sinceramente, o Medal of Honor faz esquecer rapidamente o Wolf… O realismo \u00e9 muito superior, as op\u00e7\u00f5es visuais s\u00e3o mais que muitas (v\u00e1rias das quais o meu pobre Duron 800 n\u00e3o aguenta), a jogabilidade \u00e9 um v\u00ed\u00adcio e as armas s\u00e3o de chorar por mais… M1911, Thompson, M1 Garand, Mauser KAR98… s\u00e3o algumas das minhas favoritas. As anima\u00e7\u00f5es s\u00e3o sensacionais, a AI d\u00e1 pica e nem sempre \u00e9 f\u00e1cil de matar… as MG42 estacion\u00e1rias s\u00e3o uma beleza e os designers do mapa de demo n\u00e3o se esqueceram de despoletar uma vaga de nazis a sair de um pr\u00e9dio mesmo na altura em que nos pomos por tr\u00e1s de um daqueles brinquedos… just for fun. :)<\/p>\n

Ao fim do dia estive de volta do projecto em que estamos a trabalhar agora, sobretudo a fazer testes com som, uma coisa com que sempre brinquei, mas com a qual nunca fiz nada de verdadeiramente concreto. Peguei ainda no Reason e no nosso controlador Roland e fiz uma m\u00fasica de abertura que acho que ficou mesmo porreira. A coisa avan\u00e7a, talvez em breve, finalmente… se possa ver alguma coisa.<\/p>\n

Jantei mais uma pizza congelada daquelas que me vou arrepender de ter comido, quando tiver 60 anos e acabei de rever o “Event Horizon” no DVD que o Cunhado me tinha emprestado. O filme \u00e9 giro, mas j\u00e1 me lembro o que \u00e9 que n\u00e3o tinha gostado da primeira vez: h\u00e1 uma altura em que tudo acontece muito depressa e quase sem se perceber e no fim, depois de tudo aquilo, ficamos com \u00e1gua na boca para ver a nave viajar pelo gateway, o que n\u00e3o chega a acontecer… gostava de ter visto como resolveriam essa situa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Estou tamb\u00e9m a ler um livro novo, depois de uma longa pausa para banda desenhada apenas. Encomendei da Amazon o “Sexus”, do Henry Miller. Sobretudo porque sempre vi os livros do Miller em casa dos meus pais (durante anos a fio, se n\u00e3o os tinham mesmo desde que nasci, devem t\u00ea-los comprado pouco depois) e nunca li nenhum. Ao ler as mem\u00f3rias do meu pai, reparei que ele referia o Henry Miller e lembrei-me da cena que eles fizeram, na casa do Algueir\u00e3o, montando um altar ao homem, no jardim, na altura em que ele morreu. Era uma mesinha com velinhas, os livros e uma foto. Fizeram-se fotos e registou-se a ocorr\u00eancia, provavelmente em slide.<\/p>\n

Bom, tudo isto para dizer que, depois de todos estes anos, vou finalmente ler um dos livros. E para quem n\u00e3o sabe, n\u00e3o comprei o “Sexus” por ter esse nome e eu ser um porcalh\u00e3o, mas sim porque \u00e9 o primeiro de uma trilogia semi-autobiogr\u00e1fica intitulada “The Rosy Crucifiction”.<\/p>\n

A verdade \u00e9 que comecei a ler o sacana do livro (edi\u00e7\u00e3o no original ingl\u00eas) e aquilo est\u00e1 fabulosamente escrito. As frases entrela\u00e7am-se umas nas outras de uma maneira excepcional, as palavras parecem todas escolhidas a dedo e as ideias n\u00e3o precisam de interpreta\u00e7\u00e3o, v\u00e3o directamente para o c\u00e9rebro. N\u00e3o se para de ler um livro assim, \u00e9 daqueles que se l\u00ea a uma velocidade esgotante.<\/p>\n

H\u00e1 muito tempo que n\u00e3o encontrava um livro assim, acho que \u00e9 um prazer especial nunca ter pegado o Henry Miller at\u00e9 agora, porque vou ter o gozo de o descobrir.<\/p>\n

N\u00e3o resisto a transcrever uma parte, pode ser uma parte qualquer, esta, por exemplo:<\/p>\n

“(…)The truly great writer does not want to write: he wants the world to be a place in which he can live the life of the imagination. The first quivering word he puts to paper is the word of the wounded angel: pain. The process of putting down words is equivalent to giving oneself a narcotic. Observing the growth of a book under his hands, the author swells with delusions of grandeur. ‘I too am a conqueror – perhaps the greatest conqueror of all! My day is coming. I will enslave the world – by the magic words…’ Et cetera ad nauseam<\/em>.”<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 bonito? Quando uma coisa \u00e9 bem escrita \u00e9 quase vis\u00ed\u00advel, quase que se ouve, \u00e9 gr\u00e1fico e musical. Tem algo de profundo, mas tamb\u00e9m algo de muito superficial, um prazer no ritmo e na fluidez que nos agarra e nos p\u00f5e dentro das palavras.<\/p>\n

Acho que \u00e9 por isto que nunca mais li um livro traduzido do ingl\u00eas. Tenho pena de n\u00e3o saber ler mais l\u00ed\u00adnguas como deve ser, porque uma tradu\u00e7\u00e3o (especialmente hoje em dia, que as tradu\u00e7\u00f5es est\u00e3o cada vez mais a um n\u00ed\u00advel deplor\u00e1vel), deve roubar tanto deste prazer ao original, que praticamente retira uma fatia inteira do livro.<\/p>\n

Bom, vou ali descansar mais um bocado…<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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