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{"id":1119,"date":"2007-05-06T22:46:53","date_gmt":"2007-05-06T22:46:53","guid":{"rendered":"http:\/\/www.macacos.com\/?p=1119"},"modified":"2009-12-27T21:34:50","modified_gmt":"2009-12-27T20:34:50","slug":"nada-como-um-texto-sobre-tabaco-para-aquecer-as-coisas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.macacos.com\/2007\/05\/06\/nada-como-um-texto-sobre-tabaco-para-aquecer-as-coisas\/","title":{"rendered":"Nada como um texto sobre tabaco para aquecer as coisas"},"content":{"rendered":"

Coloquei um post sobre a nova lei do tabaco, j\u00e1 de flak jacket e capacete, porque j\u00e1 sei como \u00e9. O meu pai, que \u00e9 um fumador a s\u00e9rio (e n\u00e3o uma dessas bichas de cigarro a queimar na ponta dos dedos s\u00f3 para compor a pose), respondeu-me.<\/p>\n

Logo a\u00ed\u00ad, a coisa complica-se, porque o meu pai \u00e9 um fumador exemplar: n\u00e3o o vejo fumarum cigarro h\u00e1 meses, porque n\u00e3o fuma ao p\u00e9 de mim, porque sou asm\u00e1tico e\/ou porque n\u00e3o gosto, n\u00e3o o vejo fumar nos restaurantes, nunca o vi sequer pensar em fumar ao p\u00e9 do neto.<\/p>\n

E o meu pai tem 54 anos e n\u00e3o \u00e9 especialmente pateta a fumar – fuma e pronto. Mesmo assim, mantenho que fumar \u00e9 pateta, assim como usar o bon\u00e9 com a pala para tr\u00e1s, ou os \u00f3culos escuros pendurados pelas hastes no pesco\u00e7o. \u00c9 um gesto que me parece pateta, que hei-de eu fazer?<\/p>\n

Aqui vai o coment\u00e1rio e os meus pensamentos sobre o assunto:<\/p>\n

“\u00c9 conhecida a nossa diverg\u00eancia quanto a esta quest\u00e3o do tabaco. Ora aqui vai uma longa cita\u00e7\u00e3o de um artigo de Jo\u00e3o Pereira Coutinho, publicado no Expresso de s\u00e1bado passado:
“Em 1959, o fil\u00f3sofo Isaiah Berlin publicou um ensaio que se transformou em pe\u00e7a cl\u00e1ssica do pensamento pol\u00ed\u00adtico. Intitula-se “Two Concepts of Liberty”<\/em><\/p>\n

E pronto: liberdade. N\u00e3o se pode falar de tabaco sem falar de liberdade. A liberdade… de quem fuma. Sempre a liberdade de quem fuma, nunca a de quem n\u00e3o fuma. O meu pai, que \u00e9 uma pessoa invulgar (o oposto de vulgar), preocupa-se de facto com a liberdade de quem n\u00e3o fuma. Mas ele est\u00e1 t\u00e3o sozinho que nem conta e \u00e9 por isso que eu continuo a escrever textos sobre fumo e fumadores.<\/p>\n

e, para resumir uma longa conversa, Berlin escrevia que, historicamente falando, \u00e9 poss\u00ed\u00advel divisar dois conceitos de liberdade que, semelhantes na apar\u00eancia, acabam por evoluir em sentido contr\u00e1rio. De um lado, o conceito de liberdade \u00e2\u20ac\u02dcnegativa’, caro aos liberas cl\u00e1ssicos (como Stuart Mill), e que procura definir o espa\u00e7o onde eu posso agir sem a coa\u00e7\u00e3o de terceiros. Do outro, o conceito de liberdade \u00e2\u20ac\u02dcpositiva’, onde a precoupa\u00e7\u00e3o j\u00e1 n\u00e3o est\u00e1 no espa\u00e7o do agente, mas na ac\u00e7\u00e3o do agente: uma ac\u00e7\u00e3o considerada livre se for racional.”<\/em><\/p>\n

Ora, tu consideras pateta fumar – logo, est\u00e1s de acordo que o Estado imponha proibi\u00e7\u00f5es a quem fuma.<\/em><\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 assim. Eu considero pateta fumar. Ponto. Essa percep\u00e7\u00e3o (que \u00e9 recente), nada tem a ver com a minha posi\u00e7\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o ao fumo ou sequer \u00ed\u00a0 lei anti-tabaco.<\/p>\n

Mesmo que fosse completamente indiferente a quem fuma e onde, continuaria a achar o gesto de fumar, uma patetice. Como vestir coletes fluorescentes nos bancos dos carros ou usar bolsas de cintura ao pesco\u00e7o.<\/p>\n

Eu n\u00e3o estou de acordo com a ac\u00e7\u00e3o do Estado neste caso. Eu acho que as coisas deviam ser auto-reguladas. Sinceramente, acho mesmo. E sou completamente a favor da despenaliza\u00e7\u00e3o da sociedade at\u00e9 ao limite do razo\u00e1vel (homic\u00ed\u00addio, por exemplo, parece-me pouco razo\u00e1vel que seja despenalizado). Tamb\u00e9m sei que o que \u00e9 razo\u00e1vel \u00e9 discut\u00ed\u00advel.<\/p>\n

Mas se h\u00e1 coisa que aprendi com o meu pai \u00e9: “este povo n\u00e3o presta”. E se me perguntares: ent\u00e3o mas n\u00e3o estas contente que a lei tenha passado. Eu respondo: sim! muito! aleluia!<\/p>\n

No entanto, consideras que n\u00e3o faz sentido, por exemplo, punir sacar coisas da internet porque tamb\u00e9m achas pateta a hist\u00f3ria dos direitos de autor.<\/em><\/p>\n

Mais ou menos. N\u00e3o acho pateta os direitos de autor, mas acho pateta as restri\u00e7\u00f5es impostas sobre os consumidores para os defender (aos direitos de autor). Uma coisa \u00e9 ser ilegal copiares um disco para o venderes, outra coisa \u00e9 n\u00e3o conseguires sequer tocar um disco que compraste, porque o teu leitor de discos n\u00e3o \u00e9 do fabricante amigo da editora de m\u00fasica.<\/p>\n

Mas essa \u00e9 outra conversa, claro.<\/p>\n

Quer dizer: o conceito de liberdade modifica-se, para ti, consoante a ac\u00e7\u00e3o.<\/em><\/p>\n

Errado. O meu conceito de liberdade mant\u00e9m-se: a liberdade de eu estar, ser e agir como quero. E essa liberdade inclui ouvir a m\u00fasica que me apetece e inclui n\u00e3o fumar. Por um lado, algu\u00e9m vai ter que inventar alguma forma de me fazer pagar pela m\u00fasica e por outro, algu\u00e9m vai ter que apagar um cigarro.<\/p>\n

Mas o que a ind\u00fastria discogr\u00e1fica e os fumadores partilham, esses dois grupos de fachos sem vergonha, \u00e9 a velha m\u00e1xima “est\u00e1s mal, muda-te”. N\u00e3o consegues tocar os nossos discos protegidos? Compra o nosso novo leitor. N\u00e3o gostas de fumo? Vai-te embora.
Continua JPCoutinho: “um dos exemplos mais expl\u00ed\u00adcitos do abuso est\u00e1, naturalmente, no combate ao tabaco (\u00e2\u20ac\u00a6)<\/em><\/p>\n

“Naturalmente”, para o JP Coutinho que, sou quase capaz de apostar, \u00e9 fumador. Ou ser\u00e1 apenas um grande defensor da liberdade?<\/p>\n

E n\u00e3o \u00e9 por acaso que a Alemanha nazi – um regime totalt\u00e1rio e ateu – se notabilizou nas campanhas anti-tab\u00e1gicas, que sobreviveram ao Reich e s\u00e3o hoje repetidas por papagaios sem vergonha.<\/em><\/p>\n

Xi\u00e7a! J\u00e1 vamos nos Nazis!\u00c2\u00a0 L\u00e1 est\u00e1 o esp\u00ed\u00adrito de Fumador Revolucion\u00e1rio Oprimido de que o J.P. Coutinho, obviamente, sofre. Os n\u00e3o fumadores s\u00e3o Nazis e infiltram-se nas mais altas esferas do Estado, para fazer passar leis opressivas, anti-tabaco.<\/p>\n

L\u00e9rias.<\/p>\n

Tou-me bem cagando para se os Nazis eram anti-tabaco, porque eles acima de tudo eram uns hip\u00f3critas de merda. Odiavam judeus, mas depois tinham a Joy Division e tinham rela\u00e7\u00f5es sexuais em barda com judias. Afinal, j\u00e1 n\u00e3o eram assim t\u00e3o impuras que n\u00e3o merecessem um pouco de bockwurst germ\u00e2nica.<\/p>\n

Mas o combate aos fumadores, e as medidas iliberais que o Parlamento aprovou sem um espirro de hesita\u00e7\u00e3o, \u00e9 tamb\u00e9m a forma mais velha de negar aos seres humanos o que \u00e9 autenticamente deles: a possibilidade de viverem por sua conta e risco, assumindo as r\u00e9deas da sua pr\u00f3pria mortalidade”.<\/em><\/p>\n

\u00c9 sim, senhor, ou como diz o meu amigo Gustavo: n\u00e3o devia ser obrigat\u00f3rio o uso de cinto de seguran\u00e7a, porque se tu quiseres arriscar-te a morrer num embate a 50 km\/h, tens todo o direito. \u00c9 por isso que acho que o Estado n\u00e3o deve proibir nada: nem o \u00e1lcool, nem o tabaco, nem as drogas e ali\u00e1s, at\u00e9 devia ser poss\u00ed\u00advel entrar numa farm\u00e1cia e comprar qualquer medicamento, sem receita m\u00e9dica. Olha que porra, se eu quiser tomar um medicamento, porque \u00e9 que tenho que ter um papelinho passado por um especialista qualquer na mat\u00e9ria?<\/p>\n

Continuo a insistir, por\u00e9m: eu n\u00e3o gosto de fumo de cigarros, menos ainda de charutos e cachimbos e gostava muito de nunca mais, em toda a minha vida, os ter que inalar.<\/p>\n

E n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 fumo: maus cheiros, por exemplo. Mas o que se pode fazer? Instituir uma lei do duche obrigat\u00f3rio? Olha… se calhar era preciso, tendo em conta a quantidade de pessoas, inteligentes, cultas, educadas e profissionais com que me cruzo diariamente e que cheiram a suor retoi\u00e7ado de cinco dias.<\/p>\n

O Estado deve obrig\u00e1-las a tomar banho? N\u00e3o.<\/p>\n

Eu ficaria feliz se eles fossem obrigados a tomar banho? Sim.<\/p>\n

Eu n\u00e3o me sinto mal por ter estas ideias contradit\u00f3rias? N\u00e3o.<\/p>\n

Por mim, repito o que j\u00e1 digo h\u00e1 muito tempo: o facto de ser o Estado a decidir o que faz bem ou mal \u00ed\u00a0 minha sa\u00fade, \u00e9 muito perigoso.
N\u00e3o se pode, depois, pedir que o Estado n\u00e3o se meta nas nossas vidas privadas.
\u00c9 isto que est\u00e1 em jogo com as leis proibicionistas (do \u00e1lcool, do tabaco, dos bons costumes, da sexualidade \u00e2\u20ac\u02dcnormal’, etc, etc).<\/em><\/p>\n

Estamos, afinal, de acordo. Mas eu continuo a achar que:<\/p>\n