Quando nasci, era o escudo. O escudo era a moeda Portuguesa, sucessora do rei e ainda portadora de alguma da sua História, tanto que a minha bisavó Rita sempre continuou a fazer a conversão do escudo, “para a moeda antiga”.
Mas praticamente ninguém pagava com Escudos. Não. Nós pagávamos com paus e com contos. Contos… de Reis, claro.
Vejamos. Cinco escudos eram cinco mil reis, um dinheirão, quando eu era miúdo e ia ao pão com 2$50 – dois escudos e cinquenta centavos – ou, como toda a gente dizia: “dois e quinhentos”. Dois e quinhentos? Pois, dois mil e quinhentos reis.
Mas, embora houvesse ainda alguma referência aos milhares de reis, a verdade é que a maioria das pessoas usava paus. Entre 5 e 1000 escudos, usávamos paus. Cinco paus, vinte paus, cinquenta paus. Quinhentos paus já era uma nota porreira de se ter e mil paus era o limite mínimo para usar contos.
A regra era simples: a maioria das pessoas usava “mil paus” e os drogados usavam “um conto”. Porque a droga compra-se aos contos, claro. Bom, era mais ou menos assim.
Daí para cima, era aos contos. Dez contos, cinquenta contos, cem contos, ou seja 10, 50 ou 100 mil escudos. E depois, pronto, mil contos. Um milhão de escudos. Uma coisa que um gajo já nem conseguia imaginar. Hoje em dia, são 5 mil euros. É muito, mas não é uma reforma vitalícia.
Depois o escudo morreu e deu lugar aos tais euros. Ou aérios, ou euricos, ou éros… olha, ou bardamerda, que a palavra “euro” não soa nada bem. Mas o que fazer?
Não podíamos fazer nada. Era euro e soava mal e não havia forma de dar a volta í quilo. E o escudo estava morto, acabado de enterrar, estávamos em período de luto pelos paus e pelos contos.
E assim ficámos durante uns anos. Esperámos. Como povo respeitador que somos, demos uns anos í coisa e agora, que tempo suficiente passou, já sentimos que os paus podem ser usados novamente.
É como ter uma importante senhora na família, a Senhora Dona Amélia que muito boa influência teve na árvore genealógica e que, volvida uma ou duas gerações, vem dar nome a uma pimpolha recém nascida no século seguinte.
É por isso que agora, 50 euros já podem ser 50 paus. Quinhentos paus é uma nota ainda mais apetecível de ter no bolso do que no tempo do escudo e mil paus é o salário médio em Portugal. Tudo muda, mas tudo fica confortavelmente na mesma.
Agora só resta saber se alguma vez um milhão de euros serão mil contos outra vez.
A história de oito milhões de pixels… posso contá-la outra vez, mas se forem ler o que o Hugo já escreveu no Medium e aquilo que tem andado a ser dito pela net, vão ver que a história se repete. Há uns anos valentes, um tipo decidiu vender uma página ao pixel, num total de um milhão de pixels que lhe renderam um milhão de dólares para pagar a faculdade.
Conclusão? O Ensino americano é caríssimo, claro.
Numa das hackathons que rotineiramente se organizam na Kwamecorp, onde trabalho, brincava-se com a ideia de fazer a primeira página 4K da internet. Brincadeira puxa ideias e a ideia do Hugo, Sara, Henrique e Jonathan concretizou-se assim: não um milhão de pixels, mas oito milhões de pixels; e não oito milhões de euros, mas 22 e picos (usando uma tabela de preços que começa com pixels mais baratos e vai aumentando í medida que a quantidade de pixels disponíveis escasseia).
Mas então… isto é uma ideia sacada de outro gajo e usada para encher o bolso? Não, não é nada disso. É uma ideia reciclada de um clássico da web e está a ser usada para doar dinheiro para algumas organizações escolhidas a dedo.
É que o dinheiro nem passa pela equipa da 8 Million Pixels: quem quer espaço na página dá í organização da sua escolha e envia o recibo í equipa que, validada a doação, coloca a imagem fornecida, com o link respectivo, no espaço disponível.
E é assim que se dá a volta í coisa e se faz algo de bom, um pixel de cada vez. Eu optei pelos Médicos Sem Fronteiras e com 36 dólares imprimi o logo do Macacos Sem Galho num espacinho bem porreiro da página. Que tal? Eu acho que há muitas marcas por aí que podiam seguir o exemplo e ajudar a encher esta página de oito milhões de boas intenções.
Este ano, corri a São Silvestre de Lisboa 2015, a oitava edição da prova. O meu pai foi fazer a sua primeira prova de sempre e aqui estamos nós pouco antes da partida.
Comecei a correr há muitos anos, muito pouco e muito mal. Sem preparação, sem objectivos, sem sequer o mínimo equipamento adequado (cheguei a correr com as mesmas meias que tinha usado o dia inteiro e depois admirava-me de fazer bolhas nos pés). Na altura fazia uma corrida de cerca de quilómetro e meio e estava pronto para entregar a alma ao Criador… e eu sou ateu!
Mas desde então, as coisas evoluíram muito e houve três factores que foram essenciais para empurrar a minha corrida para a frente, por assim dizer.
A primeira foi equipamento; sim, eu gosto de gadgets e gosto de dados e estatísticas e portanto, quando tive um GPS í disposição que registava os meus percursos e me permitia comparar tempos e distâncias, ganhei um interesse redobrado pela corrida. Correr contra mim próprio foi motivador para me ultrapassar a cada saída para correr e poder registar e consultar a minha evolução ajudou-me a ter objectivos concretos e a organizar o meu treino.
Já vi muita gente dizer: “como será que se corria antigamente, sem iPhones e auscultadores e sensores de frequência cardíaca?”. Eu respondo: “da mesma maneira que os velhos do Restelo sempre criticaram tudo e todos e dantes também não tinham internet”.
A segunda coisa foram as pessoas que correm. Nessa altura já corria com alguma regularidade, dava-me gozo e sentia-me bem. Correr tinha-se tornado um momento pessoal importante para mim numa altura em que tinha a cabeça a rebentar dos mais diversos pensamentos conflituosos, que a corrida ajudava a organizar. Às vezes ajudava simplesmente a ter uma ideia para mais uma tira dos Especialistas. Mas era, sem dúvida, uma actividade completa, em que o corpo e a mente se combinavam e apoiavam mutuamente para conseguir um objectivo completo e complexo, apesar de aparentemente banal e simples.
Bom, ou então tudo não passa da libertação das hormonas certas na altura adequada. Mas adiante.
Houve quatro pessoas essenciais para este meu segundo momento de progressão na minha carreira de corredor amador: o João Campos, o Nuno Ferreira, a Patrícia Encarnação e o Joel Silva. Qualquer um deles dava, na altura, 15-0 í minha corrida. Bom… na altura e agora. E foi por acompanhar o seu entusiasmo, dedicação e progresso que percebi que conseguia puxar mais por mim e levar a coisa para um nível seguinte.
Foi no final de uma maratona que essa influência me levou ao terceiro factor. Na altura creio que foi o Joel e a Patrícia que completaram a maratona, partilhando fotos e posts na net, com um enorme orgulho e sensação de realização pessoal e eu pensei… “porque é que eu não corro uma maratona?”. Foi assim que me inscrevi na minha primeira prova de sempre.
O terceiro factor são, claro, as provas. Sou um maçarico nas corridas, fiz quatro. A minha primeira, inspirado pela tal maratona que também ainda quero correr, foi a São Silvestre de Lisboa, em 2014. Foi uma experiência tão boa que decidi que correria mais três ou quatro corridas de 10 km nesse ano e assim fiz: a TSF Runners, em Belém, a 5 de Julho, a Corrida Jumbo, no autódromo do Estoril, a 5 de Setembro e a São Silvestre de 2015, na Baixa, dia 26 de Dezembro.
As corridas são objectivos muito claros e definidos e informam todo o treino. Quando estou a treinar, estou sempre a treinar para uma corrida, que é a próxima corrida e a próxima corrida é uma de um certo número que decidi fazer, numa progressão planeada.
E o plano é simples: quatro corridas de 10 km no espaço de um ano, com o objectivo de consolidar o ritmo, preferencialmente melhorando o tempo em todas elas. Passar para a primeira meia-maratona no ano seguinte, tentar duas meias no ano posterior e fazer-me í maratona em 2018.
Há um ano, fiz a São Silvestre em 59’45”, com passagem ao quinto quilómetro em 29’59”, no fim de semana passado, fi-la em 54’29” com 25’05” ao km 5. Tirei cinco minutos ao tempo, quase todos nos primeiros 5 km, o que me diz que ainda tenho muito que treinar subidas e tenho que melhorar a minha performance após os cinco quilómetros. Mas a evolução é inegável, pelo que pretendo continuar o plano.
Se alguma coisa falhar, é só ajustar, não faz mal. Como uma inscrição numa corrida me dá um objectivo muito claro, os gadgets que uso medem tudo o que faço, permitindo-me saber como estou a evoluir e as pessoas que sigo correm que nem uns desalmados e me ajudam a eliminar as desculpas, tenho tudo na mão para conseguir correr uma maratona antes dos 50.
Já há algum tempo que não publico uma receitazinha, culpa, mais uma vez, do Mark Zuckerberg, que um gajo agora partilha tudo no Facebook ou no Instagram e depois o blog fica a aboborar. Portanto, está na hora de uns ovos com malagueta.
Como gosto de cozinhar, o que geralmente acontece é que cozinho para toda a gente menos para mim e depois fico com fome e tenho que improvisar. Este é um desses improvisos, estupidamente fácil de fazer, muito simples e tão saboroso que mete nojo.
Ora… como é de improviso, todas as quantidades podem variar í vontade e os ingredientes devem ser ao gosto de cada um: malagueta verde, vermelha, africana, asiática; cebola branca ou roxa; queijo mozzarella, edam, ementhal… como preferirem. E é só fazer isto:
Picar a cebola e a malagueta muito finas
Saltear as ditas no óleo/manteiga
Deitar por cima os ovos
Temperar os ditos com sal e mistura de especiarias
Baixar o lume e deixar cozinhar até as claras estarem opacas
Cobrir com uma dose generosa de queijo ralado
Deixar o queijo derreter
Comer
Uma fatia ou duas de pão de sementes torrado para molhar nos ovos também não vai mal.
Bom apetite.
PS: Este post não é patrocinado pela Margão. Aquela mistura de especiarias mexicana é mesmo fixe.
Nasci em 1973. Alguns anos depois estive numa sala de cinema a ver um filme chamado Star Wars. Na altura não lhe chamávamos Episode IV, nem A New Hope, nem percebíamos muito bem porque raio uma série de filmes começava no quarto episódio.
Tenho memórias muito vagas da altura, como é natural, não teria cinco anos acabados de fazer, se tanto. O meu pai sugere que talvez tenha sido no Condes, nos Restauradores, onde agora é o Hard Rock Café. Eu tenho ideia que sim, terá sido na Avenida da Liberdade – apostaria no Tivoli, mas sem certeza. Mas o que não me sai da cabeça é a enorme e obscura figura do Darth Vader e a sua mecânica respiração.
Desde aí e todo o resto da minha vida, Star Wars foi uma paixão. Vi os três filmes incontáveis vezes. Fiquei desiludido com os três que o Lucas mais tarde vomitou, nunca entendi a necessidade das edições especiais (para além, claro, de vender mais DVDs) e afianço com certeza absoluta que o Han disparou primeiro.
Citações, cenas, personagens, locais, naves, acontecimentos, folclore e grafismo do Star Wars fazem parte das décadas da minha vida e quando soube que ia ser feito um novo episódio fiquei entusiasmado, embora apreensivo. Depois, soube que o George Lucas não teria nada a ver com ele e a apreensão diminuiu. Quando soube que JJ Abrams seria o realizador do episódio VII, o entusiasmo voltou a ser dominante.
À medida que saíam trailers e imagens, o dito aumentava na proporção directa da expectativa. Seguiram-se meses de espera, com pouca informação e, confesso, sem desejar muita mais, porque a expectativa ditava que visse o filme virgem de spoilers ou preconceitos sobre o que seria esta nova aventura na tal galáxia muito distante, onde tudo já se passou há muito, muito tempo.
Assim, na quarta feira, dia 16, ausentei-me desta grande casa que é a Internet. Desinstalei o Facebook do meu telefone, não acedi pelo browser, não fui ao Twitter, não abri sequer o Instagram. Mantive-me o mais distante que conseguia de sites e e-mail e até instalei uma extensão no Chrome que me bloqueava sites que pudessem conter spoilers. No sábado, 19 de Dezembro, sentei-me no cinema para finalmente ver o filme. Éramos três gerações: os meus pais, eu e a Dee e os nossos filhos. Três gerações unidas por uma aventura espacial.
E que aventura…
Spoilers
Notarão que fiz uma introdução razoavelmente longa. Não foi por acaso, foi para que houvesse alguma separação entre o título deste post e a secção que se segue que conterá spoilers. Têm aqui um aviso de que os spoilers poderão abundar e portanto não se queixem se lerem aqui um spoiler. A sério. Se não viram o filme, voltem para trás e vão ver, voltem depois para ler isto.
Star Wars Episode VII – The Force Awakens
Vou dizer já, porque há coisas que não vale a pena adiar: quem não gosta ou não tem interesse no Star Wars está í vontade. Cada um sabe do que gosta e já não tenho paciência para discutir gostos a esse nível. Mas – e isto é um mas significativo – quem gosta de Star Wars e não gosta do Episode VII é parvo.
Sim, tu aí: foste ver este magnífico filme e não gostaste? És parvo. És do sexo feminino? Parva.
Não estou a falar dos anormais a quem os jornais pagam para escrever vómitos sob a forma de letras e frases que se assemelham a críticas de cinema e que só podem gostar de dramas francófonos, como tal, classificando o The Force Awakens com uma estrela. Essas pessoas nem o meu desdém merecem, porque já são tristes por natureza e não é a mim que me apoquentarão (nem tão pouco eu a eles). Mas, jovem, se és um fã do Star Wars e não gostas deste mais recente episódio, a sério… algo se passa no teu cerebelo, ou coisa que o valha. Vai lavar os olhos com lixívia e regressa ao cinema.
O sétimo episódio da saga Star Wars é muito difícil de classificar em relação aos três originais. Sim, claro que é vastamente melhor do que os episódos um a três, mas isso não seria difícil. Também me parece bastante claro que é melhor que o Jedi (Return of the), mas e em relação aos episódios IV e V? Difícil!
O primeiro filme é o primeiro. É o filme que conta toda uma história, com princípio meio e fim, porque o Lucas não sabia se alguma vez seria pago para fazer mais filmes. O filme vale por si só, apresenta os personagens principais, as naves icónicas, as batalhas espaciais, a Força, os sabres de luz, o Império e a Rebelião e faz tudo isso competente e satisfatoriamente. Mas o Empire Strikes Back traz o drama. As revelações inesperadas, a perda, a humanidade dos personagens, a dúvida e, claro, entranhas de Tauntaun.
Eu colocaria o Episódio VII a par quer do IV, quer do V. A verdade é que o episódio VII é um dos melhores filmes de Star Wars jamais feitos. E ao fim de seis filmes, isso é dizer muito, sobretudo se tivermos em conta que arruma a um canto as últimas três tentativas produzidas pelo criador da série.
O que é bom neste filme?
Tudo. Mas vou tentar ser mais específico:
O início. O filme começa com uma invasão de uma força militar, de stormtroopers, a uma aldeia de um planeta qualquer. Nesta cena há sangue. Sangue num Star Wars. Depois, há uma execução em massa da população inteira de uma aldeia.
À saída do filme, ouvi um energúmeno comentar com um amigo: “epá, não é mau, mas pronto, é Disney”. Se por “Disney” queremos dizer que é fofinho e amoroso (esquecendo que a Disney, através da Miramax, financiou o Pulp Fiction), então eu relembraria: mass execution of innocent villagers by fucking stormtroopers.
O personagem Finn.
Finn recusa-se a disparar sobre a multidão e está completamente perdido no meio da batalha, com o capacete manchado de sangue de um dos seus camaradas. Torna-se então um desertor da Primeira Ordem, em fuga para o mais longe possível, mas que não resiste a juntar-se í luta comum do bem contra o mal.
A luta comum do bem contra o mal. O tema do Star Wars. O lado luminoso e o lado obscuro. Porra, é para isto que vemos Star Wars. Os bons e os maus. Os sabres de luz azuis ou verdes, contra os vermelhos. Os X-Wing, com ar de velho avião, contra os TIE Fighters, que parecem naves futuristas. Os pilotos de fato-macaco laranja, contra os pilotos em complicadas armaduras de voo. E eu podia continuar por aí fora. Isto é o Star Wars e isto é, essencialmente, o The Force Awakens.
O Poe Dameron, o melhor piloto da galáxia, porque… o que é o Star Wars sem grandes pilotos e naves rápidas? I can fly anything! E assim é. Vemos pouco dele, mas o que vemos é o que gostamos de ver: dogfighting with spaceships, motherfucker!
Continuo? Bah, isto já vai longo, mas o blog é meu e eu estou a ficar sem cuecas lavadas de tanto fantasiar com o novo Star Wars.
Rey! Holy shit, Rey. A Daisy Ridley é fofinha! Apetece apertar-lhe as bochechinhas e partilhar cupcakes coloridos com ela e parece que nasceu a fazer uma personagem do Star Wars. A Rey é a heroína do filme. Ela é o centro da atenção, como o Luke Skywalker o era no Episode IV. Ela anseia por sair do seu planeta arenoso, é uma excelente piloto e – para os mais distraídos – é ela que tem um… despertar da Força. (É o título do filme, seus burros que comentam que não se percebe como é que ela de repente tem poderes).
Han Solo e Chewbacca. Estes dois personagens regressam ao filme como se de lá nunca tivessem saído. O Harrison Ford faz de Han Solo, não finge fazer de Han Solo, não está contrariado a representar o papel, nem tão pouco parecem brilhar-lhe os olhos por ter encaixado mais não sei quantos milhões de dólares por esta participação. Nada disso… neste filme, entra o Han Solo. O Han Solo abate stormtroopers sem sequer fazer pontaria, diz “I have a bad feeling about this”, reencontra-se com a Leia, num momento que só não é absolutamente perfeito porque a Carrie Fisher está destruída por dentro e por fora e, claro, morre, numa das melhores cenas do filme.
A morte do Han Solo é tão bem encaixada na história do filme e até dos filmes seguintes, que quase não choca. Nós já sabemos que ele vai morrer. Nós sabemos, por causa de mais um personagem espectacular, provavelmente o melhor personagem do filme, a par da Rey: Kylo Ren. Nós sabemos que ele tem que matar o pai, porque precisa de cometer um acto vil que elimine as suas dúvidas e hesitações.
Porque o Ben Solo é um personagem profundamente tosco. Todo ele é tosco. Quer passar para o lado obscuro, mas tem muitas dúvidas. Quer seguir as pisadas do aví´ Vader, mas não passa de um miúdo imberbe. Usa uma máscara desnecessária apenas para intimidar e até o seu sabre de luz é um risco trémulo, mal acabado.
E mais? A coragem de Abrams em deixar o Luke Skywalker quase completamente fora deste filme. O momento em que o Mark Hamill se vira e tira o capuz e faz um dos melhores papéis da sua carreira sem dizer uma palavra, simplesmente porque está tudo certo com esta história, aquele momento e as dúvidas e teorias que deixa no ar para o filme seguinte.
É um cliffhanger que me deixa com vontade de ver o episode VIII e não um daqueles momentos em que suspiramos: “estes gajos fizeram isto só para poderem fazer outro filme”.
O que é mau neste filme?
Muito pouco.
Os personagens CGI continuam a não me convencer. Felizmente, há poucos. Mas os que existem, tiram-me sempre um bocadinho da suspension of disbelief que é tão fulcral numa fantasia espacial deste calibre.
OÂ Supreme Leader Snoke. Eu gosto do Andy Serkis, mas o problema é que por ser ele, o Supreme Leader Snoke acaba por parecer um bocado o Gollum. E depois… ver acima sobre personagens CGI. Além de que a mim me parece sempre fofinho, o Supreme Leader Snokey Wokey.
Finalmente, os parvos que não percebem nada de Star Wars e acham que todas as referências ao original são pontos negativos, que a história devia ser a de um de centenas de livros merdosos escritos ao longo dos anos ou que simplesmente não se calam e absorvem a espectacularidade que este filme é.
Mas, essencialmente, o filme é bom. Muito bom. Quero mais.
Em suma
Este filme rasgou-me um sorriso de orelha a orelha. O BB-8. Os duelos de sabre tal como devem ser: pesados, duros, difíceis e não bailaricos imbecis com saltinhos e cambalhotas. Os cenários e adereços físicos em substituição de desenhos animados por todo o lado. Os personagens, a história… o humor! As piadas são todas boas, bem metidas, no ritmo certo. O sentido que tudo faz, sem que existam pontas soltas por aí além, ou nenhuma inverosimilhança gritante.
Naves, armas de laser, heróis e vilões, canhões dantescos, impossible odds, drama e um Wookiee. A única coisa que falta agora… é ir ver outra vez… e outra vez e outra vez, enquanto espero pelo Episode VIII!
(Visitem o screenrant.com de onde pedi emprestadas a maioria das imagens)
Quando nasci, era o escudo. O escudo era a moeda Portuguesa, sucessora do rei e ainda portadora de alguma da sua História, tanto que a minha bisavó Rita sempre continuou a fazer a conversão do escudo, “para a moeda antiga”. Mas praticamente ninguém pagava com Escudos. Não. Nós pagávamos com paus e com contos. Contos… […]
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