Throwing Rocks at a Wall

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Lembro-me, vagamente, de ter começado a fazer música no meu computador, em casa dos meus pais, usando o Cakewalk e uma SoundBlaster AWE32. Antes disso, umas experiências com Amiga mods, mas sem nunca ter tido um Commodore… Ao longo dos anos, fui sempre brincando com música e as ideias foram-se acumulando e sendo transferidas de computador para computador, de software para software, sem grande objectivo.

Algures nos finais de 2019, decidi investir mais a sério em terminar e lançar músicas. Comprei a versão 11 do Reason, o meu software de eleição para produzir música e, ao longo dos meses de 2020 fui também adicionando í  minha colecção vários plug-ins da Waves. A certa altura, tinha 25 músicas em diversos estados de desenvolvimento e comecei a pensar seriamente em lançar um álbum.

Hoje em dia, é fácil lançar um álbum para os serviços de streaming. Coisas como o Distrokid (que acabei por usar), pegam na nossa música, descrições, letras, capa e disponibilizam a milhões de pessoas, praticamente de um dia para o outro. No fundo, tal como publicamos fotos ou textos, podemos publicar música com o mundo, sem agentes, representantes e editoras. É óbvio que o alcance é muito diferente, mas se eu fazia música para partilhar com três amigos e agora consigo partilhar com 100… já é bastante entusiasmante.

O álbum chama-se, então, “Throwing Rocks at a Wall” e está publicado sob o nome “The Insolent”, um throwback aos anos 90 e ao cognome que o meu amigo Paco me pí´s e do qual me lembrei quando comecei a publicar NFTs (uso o mesmo nome para arte digital). O tí­tulo surgiu como a música: por acaso, a brincar; começo quase sempre com acordes, depois vou experimentando melodias, í s vezes adiciono guitarra, outras, não chego a sair do computador. Mas foram todas feitas com muito gozo, muitas horas passadas a experimentar coisas, muitas mais a misturar e remisturar, a ouvir no telemóvel, no carro e nas colunas da sala a tentar aprender vários novos skills para tentar que tudo ficasse a soar bem.

Acho que consegui, gosto de ouvir a minha própria música e acho bestial que algumas pessoas me digam que gostaram muito da Lost Abilities (parece a preferida até agora), ou de outra música que lhes saltou mais ao ouvido. Mas também acho piada a receber dislikes no YouTube, ou haver pessoas que não gostem particularmente de nada. Sinto uma ligação muito pessoal com estas músicas e sei que vieram todas do prazer de as fazer. Literalmente, amadoras.

As músicas

O álbum tem nove faixas, embora originalmente tivesse 11. Achei que ficava mais composto com estas nove, que me parecem fazer um bom fluxo de umas para as outras. Passei algum tempo a ordená-las e reordená-las para me fazerem sentido em sequência. São 57 minutos de música instrumental, com algumas samples de voz e duas intervenções minhas. Mas não se preocupem, não canto.

As três primeiras músicas, Handmade, Rising e I Walk Alone incluem guitarra e um final de bateria tocada por mim (com horas e horas de correcções í  unha :P). Rising é também a faixa mais recente de todas, sendo que já tinha 10 músicas alinhadas quando uma manhã de um fim de semana qualquer comecei a produzir esta, que acabou por ficar no álbum em detrimento de outras duas.

Na faixa I Walk Alone, o breakdown de piano é acompanhado por uma gravação que fiz num passeio a pé e í  chuva, no dia 20 de Agosto de 2020, na Serra da Estrela.

De férias com a famí­lia, em pleno Agosto, choveu o tempo quase todo e a certa altura já ninguém queria ir a lado nenhum. Portanto, eu fui fazer uma caminhada pelos montes em redor de Linhares da Beira. A certa altura, lembrei-me de pegar no telefone e gravar o som dos meus passos e da chuva. É mais uma demonstração de como, nos nossos tempos, basta ter um telemóvel no bolso para capturar som que pode servir para um projecto. Não é uma gravação super mega profissional, mas funciona.

Da mesma forma, a faixa Silver Dust termina com passarinhos. Foram gravados há não muito tempo, dia 7 de Março de 2021, num passeio a pé por Almada. Já o discurso de Sir Winston Churchill é mais famoso que qualquer passarinho.

Em Lost Abilities e The Female Form, ouve-se a minha voz. No primeiro, um discurso improvisado, com tudo o que isso implica de pensamentos cruzados e hesitações; no segundo, um poema de Walt Whitman, retirado da sua obra “The Body Electric” e livre de copyright (ajuda).

Para The Female Form, tinha uma melodia de trompete, tocada num sampler, mesmo para dar aquele toquezinho chique-piroso, mas soava tão falso que me irritava, sempre que o ouvia. Então decidi ir até ao Fiverr, mais um serviço incrí­vel dos tempos modernos. Aí­, o trompetista Oli Parker gravou-me umas melodias que acabei por usar de forma completamente diferente, na música. Por pouco mais de €30, tinha trompete na música.

This Here Drum Machine nasceu de ter comprado uns packs de samples e não saber o que fazer com eles. Comecei a brincar e acabei por fazer uma coisa í  volta de sons de bateria programados. Nenhum deles veio do sample pack, mas o break de flauta sim!

Finalmente, as duas últimas faixas fazem uma espécie de conjunto para fechar o álbum: Black Stone e Walk. A primeira refere-se ao voo até í  Lua e a segunda, aos primeiros passos na mesma. São faixas mais “espaciais” e incluem gravações dos astronautas, disponibilizadas pela NASA no seu arquivo. Tal como no caso do discurso de Churchill, fiz os contactos possí­veis para me certificar que as samples podiam ser usadas, mas não obtive resposta.

Resta-me convidar-vos a ouvir a música, partilhar com amigos, deixar likes, ou mesmo dislikes. Espero que algumas pessoas por aí­ achem piada porque a mim deu-me muito gozo fazer e, sobretudo, publicar.

Está também disponí­vel em vários outros serviços que nem conheço, portanto se não usam nenhum dos acima, é pesquisar pelo tí­tulo e ver o que aparece. :-) Também me podem seguir nas novas contas The Insolent, no Twitter e Instagram.

Já comecei o próximo álbum…

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