Cinquenta milhões de segundos

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Faz hoje cinquenta milhões de segundos que me juntei í  Impossible Labs. Eu simplifico: um ano e sete meses. Com as devidas adaptações nos primeiros tempos, com mudanças enormes de ambiente, método de trabalho, tipo de projecto, relações, colegas e chefias, clientes, viagens e sí­tios, a jornada tem sido linearmente ascendente.

Não me recordo da minha vida estar em melhoria constante de forma tão consistente, como agora. O meu trabalho, a empresa, os colegas e amigos que tenho feito, os sí­tios que tenho visitado, a minha famí­lia, a minha casa, até a minha saúde (mental e não só), transformaram-se nos últimos 579 dias. Isto surge hoje porque acabei de me aperceber que daqui a pouco mais de uma semana, terei 44 anos e suspeito que a vida que tenho levado nos últimos 833 mil minutos (mais minuto, menos minuto), tem contribuí­do para uma cada vez maior despreocupação com a idade.

Suit up

This is me, suiting up. For fun.

No último ano e meio e mais um mês, trabalhei em três grandes projectos e mais três ou quatro médios. Fiz umas coisas para o Google. Fiz umas coisas para a Samsung. Mas acima de tudo, fiz muito trabalho para a Roche Diagnostics, na área da oncologia.

E viajei. Porra, se viajei. Tenho tudo organizado. Completei 11 viagens, considerando cada partida com subsequente regresso a Lisboa como uma viagem, sendo que cada viagem pode ter incluí­do mais do que um paí­s.

Ao todo, foram 37 ví´os, entre idas, voltas e passagens de raspão, seis paí­ses, várias cidades e muitas novidades. Novos sí­tios, pessoas, experiências e conhecimentos. Conheci ingleses, coreanos, indianos, malaios, japoneses, chineses, holandeses, espanhóis, franceses, catalãos, epá… conheci uma rapariga do Suriname!

As viagens têm-se dividido sobretudo em duas categorias, umas são as viagens de pesquisa, user testing e recolha de dados. Uma tí­pica foi a última que fiz: partida de Lisboa í s 6 da manhã, rumo a Basileia para três dias de reuniões de uma nova divisão da Roche, para qual a Impossible foi a única fornecedora externa convidada; dez horas de trabalho por dia, quatro ou cinco de sono, o resto de fondues de queijo, bebidas espirituosas e fraterna galhofa. Novo ví´o na quinta í s 6 da manhã para Munique, para dois dias de testes com utilizadores na cidade de Penzberg, a 60 km. Sobrou o sábado para passear na cidade antes do regresso ao fim do dia, a Lisboa.

A outra categoria inclui as viagens para São Francisco, onde estamos próximos do ramo da Roche que ali trabalha (para dar uma pequena ideia, a Roche tem 94 mil funcionários, em 48 instalações espalhadas pelo mundo e 50.6 mil milhões de francos suiços em vendas, em 2016). Uma dessas viagens significa partida de Lisboa, rumo a um de vários aeroportos intermédios, para o ví´o de 12 horas para SF; seguido de uma estadia de uma a três ou mais semanas, consoante a necessidade do projecto.

Por lá, vive-se num apartamento da Impossible, em Menlo Park e durante o tempo em que lá se está, adere-se ao american way of life, ou talvez mais especificamente, ao Silicon Valley way of life. Fazem-se compras, cozinha-se em casa, bons jantares com amigos, vêem-se filmes horrí­veis no Netflix, conduz-se para o cliente, num Prius – só para chatear o Trump – ainda não temos um Tesla, mas lá chegaremos. Trabalha-se em Mountain View, dá-se um salto í  Samsung ou í  Symantec para almoçar nas respectivas cantinas e aos fins de semana passeia-se pelas estradas da Califórnia, onde o que não falta são sí­tios fantásticos para ver.

Isto são as viagens, porque por cá, em Lisboa, trabalha-se no Chiado, no meio da azáfama lisboeta de turistas em manada e ao som – já bastante irritante – de músicos de rua e pedintes. Come-se muito bem, sobretudo no Stasha, no Bairro Alto e em tantos outros restaurantes hipsters ou tascas baratas.

Muita da minha esporádica escrita, por aqui, tem sido sobre o meu trabalho, é verdade. É bom sinal. Na discussão sobre a linha que divide a vida e o trabalho, sinto várias vezes que a minha posição é que essa linha se tem diluí­do um pouco, nos últimos meses. Sem confusões. Sem noitadas desnecessárias, ou fins de semana agarrado ao computador, mas também sem tardes no escritório a olhar para o relógio.

Mas chega desta conversa gay. Foram cinquenta milhões de segundos e aqui bebo um shot de Mount Gay aos próximos cinquenta milhões.

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Faz hoje cinquenta milhões de segundos que me juntei í  Impossible Labs. Eu simplifico: um ano e sete meses. Com as devidas adaptações nos primeiros tempos, com mudanças enormes de ambiente, método de trabalho, tipo de projecto, relações, colegas e chefias, clientes, viagens e sí­tios, a jornada tem sido linearmente ascendente. Não me recordo da […]

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