Coisas que aprendi a correr

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Asics Gel Nimbus 15

Não sou, de longe, um grande corredor. Estou confortavelmente numa média de uma corrida de 6 km por semana, mais para arejar os pensamentos do que qualquer outra coisa. Não corro porque é bom para a saúde, para emagrecer ou para treinar para provas. Corro porque sim.

E uma das coisas que me cansou muito na minha participação nalguns grupos de corredores pelas interwebs fora foi que estão cheios de corredores muito mais experientes e fanáticos do que eu que tendem a sofrer de problemas de falta de modéstia que se tornam cansativos para um corredor modesto, como eu.

O mais tí­pico é o tipo que corre 20 km a 4:30 min/km e comenta: “treino ligeiro, só para desentorpecer as pernas, lentinho, lentinho”.

Claro que para qualquer ser humano normal que deseje começar a correr, 20 km é estupidamente longo e 4:30 min/km é uma velocidade verdadeiramente alucinante. Portanto, estes grupos tornam-se completamente inúteis para os corredores do meu tipo e quando digo inúteis, quero dizer verdadeiramente irritantes. Nunca vou lá postar que corri 6 km a 5:48/km e me sinto bestialmente bem e portanto desisti dos ditos grémios digitais de loucos da corrida e decidi escrever este post.

São algumas coisas que um gajo como eu pode achar úteis se lhe apetecer começar a correr, sem se sentir intimidado pelos Carlos Lopeses que por aí­ abundam.

Primeiro que tudo, se és uma pessoa que quer “fazer running”, põe-te já nas putas. A sério, eu não sou nenhum pro, mas há limites!

Correr é correr. “Vou correr” ou “dei uma corridinha este fim de semana”, serve perfeitamente, não é preciso transformar isto numa marca registada, senão, daqui a bocado estamos todos a fazer BodyRunning® e ninguém se diverte.

Distâncias

Para começar a correr, aconselho vivamente que se tente chegar aos 2 km. Preferencialmente 3. Isto porquê? O primeiro quilómetro é muito difí­cil para quem está a começar e a tentação de desistir ao fim de mil metros é muito grande. A primeira prova a superar é conseguir usar a cabeça para superar a respiração descontrolada, o coração disparado e as pernas a arder – este é o primeiro obstáculo e daí­ a importância de fazer um esforço para correr pelo menos 2 km.

Conseguindo chegar aos 3 km de corrida, esta é uma boa distância para manter durante algumas semanas, sobretudo se só se correr uma vez por semana. É uma distância simpática, í  qual as pernas se habituam muito depressa e que pode então servir para treinar a respiração para dar o salto para distâncias maiores.

Quando se conseguir correr os 3 km a uma velocidade porreira (mais sobre isso í  frente), será surpreendemente fácil acrescentar uns 500 metros a cada corrida e chegar aos 5 km. Verão que quem corre confortavelmente 3 km, corre 3,5 e assim, de pouco em pouco, chega-se aos 5 k quase sem custar nada.

Correr 5 km, uma vez por semana, torna-se rapidamente fácil e depois pode começar a apostar-se no tempo. A app que eu uso para correr (mais sobre isso í  frente), tem uma opção de ghost run, muito porreira. Selecciona-se a última corrida, liga-se a opção ghost run e corre-se o mesmo percurso, para bater o nosso próprio tempo. As instruções áudio da app vão-nos dizendo se estamos í  frente, ou atrás de nós próprios, a cada quilómetro.

Na altura em que corria duas ou mais vezes por semana, comecei lentamente a esticar a distância até chegar aos 10 km. É uma satisfação enorme conseguir correr 10 km, especialmente, em menos de uma hora ou perto disso. Claro que ganhando o ví­cio, o céu é o limite: mini maratonas, meias, maratonas, etc. O que não falta são objectivos, quer de distância quer de tempo e provas para participar, se for essa a vossa onda.

Também não faltam os tais grupos de corredores, clubes de corrida e toda a espécie de formas de apoio para quem quer ir mais além.

Velocidade

Quando se começa a correr, se calhar está-se a pensar em km/h, mas isso é para carros e motas. Na corrida, o que interessa é minutos por quilómetro, porque a velocidade pode variar, mas a média de minutos que demoram a percorrer um quilómetro acaba por ser o mais determinante para o tempo final e ao fim de pouco tempo a correr, habituam-se a esta métrica e começam a conseguir facilmente perceber se estão a correr a um bom ritmo, ou mais lentos ou rápidos do que o habitual.

Se na primeira corrida fizerem algo acima de 8 minutos por km, talvez valha mais a pena andar. O impacto nas articulações é menor e treinam o corpo para eventualmente darem o salto para um jog e depois corrida.

Qualquer coisa entre os 7 e os 8 minutos por km é lento, mas razoável e já permite uma passada de jogging.

Entre os 5 e os 7 minutos por km é onde eu corro. Um bom objectivo para uma corrida pode ser, por exemplo, 5 km em 30 minutos ou menos. Isto implica 6 min/km e a sensação é bem porreira. Já corri a menos de 6, ali pelos 5 e muito, neste momento ando nos 6 e picos e a este ritmo consigo sempre correr pelo menos os 5 km sem rebentar.

Abaixo dos 5 minutos por km é rápido, digam o que disserem e é preciso ter um bom treino para correr sustentadamente a 4 minutos e qualquer coisa por quilómetro, sobretudo nas distâncias maiores. Isso já é “correr a sério”. E acho que é um excelente objectivo, mas não me parece que se chegue lá correndo 5 ou 6 km por semana.

Equipamento

Não vale a pena gastar um dinheirão em equipamento, sobretudo se não se tem a certeza que se vá manter um treino regular. Depois, o destino do equipamento é o fundo da gaveta e isso é o mesmo que deitar dinheiro fora. Se são do tipo de pessoa que não começa nenhuma actividade desportiva sem primeiro comprar todo o equipamento topo de gama que vêem anunciado na internet, então por favor peguem no dinheiro, coloquem num envelope e mandem-me. Eu dou a morada aos interessados.

Para a vossa primeira corrida só precisam de ter uns ténis em estado razoável e confortáveis, que quase de certeza já têm em casa, uns calções e uma t-shirt, ou um fato de treino, enfim, uma roupa confortável que não dificulte os movimentos. O que é muito importante é que calcem um par de meias lavadinho antes de sairem para correr. As meias que já usaram o dia todo, estão suadas e mais facilmente causarão irritação e potencialmente bolhas nos pés.

Meias de corrida são a primeira coisa que devem comprar quando decidirem que sim, vão começar a correr regularmente. Meias de corrida são resistentes e confortáveis e não têm que ser Nike xpto de 30 euros, podem ser Kalenji da Decathlon. Comprem um monte de pares para terem sempre um par lavadinho quando vão correr e para se gastarem menos.

Depois de se começar a correr com regularidade, pode valer a pena investir em roupa de fibra sintética para correr. O algodão é uma chatice e fica muito pesado quando molhado (suado) e tem mais tendência a irritar a pele (no meu caso, pelo menos), além de que respira pouco. Lojas como a Decathlon vendem calções, t-shirts, camisolas e calças de fibra sintética, justas ao corpo, bem arejadas e baratas. Se forem correr no inverno, aconselho um corta-vento ligeiro, mas nunca se vistam demasiado para correr, porque o corpo aquece muito com a corrida e depois estão 8 graus na rua e vocês a ferver dentro do equipamento. (O Luí­s Correia é alérgico a fibras sintéticas, nestes casos, suponho que tenha mesmo que ser algodão, mas imagino que haja roupa própria, por exemplo, perfurada, para arejar; é investigarem).

Caso concluam que os ténis que têm não são adequados, ou que comecem a correr mais, ou sintam dores nos tornozelos ou joelhos enquanto correm, isso pode significar que precisam de sapatos mais adequados. A escolha é obscena, os preços variam í  brava e não é nada fácil escolher.

Aconselho que dêem um salto ao Corte Inglés, onde podem fazer análise da vossa passada, correndo numa passadeira (preparem-se: terão que correr um bocadinho, descalços e com as calças arregaçadas, enquando uma câmara regista a vossa passada). Poderão ficar a saber se correm “normalmente” (passada neutra), ou se põem o pé para fora ou para dentro, etc. E depois o pessoal da loja aconselha-vos um par de sapatos de corrida adequado í  passada.

Parece que há outra loja, no Parque das Nações, mais pro, que faz também a dita análise de passada e etc. (O Bruno Rodrigues avisa que nesta loja a análise de passada é feita a olho e não por gravação de imagem com medição posterior, como no Corte Inglés e que os preços são muito altos)

No fim de tudo, são vocês que vão ter que escolher os sapatos e há sempre sapatos de corrida na Decathlon, baratos e simples e perfeitamente aceitáveis, sobretudo para quem corre pouco. Eu tenho uns Asics Gel Nimbus 15 que me fazem sentir como se estivesse a correr em cima de focas bebés, mas que em contrapartida são quentes como os fornos de Mordor.

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Alimentação e bebida

Não convém correr de estí´mago cheio, nem com fome. O ideal é comer qualquer coisa uma horinha antes de correr, ou algo ligeiro meia hora antes. Não precisa de ser uma pratada de esparguete. Mas umas bananas, por exemplo, são porreiras. Eu sou suspeito porque í s vezes acabo de comer uma sandes de tremoços e uma caneca de café e vou correr, mas pronto, o bom senso assaltou-me para escrever o parágrafo anterior.

Quanto a bebida, não vale a pena andar com água atrás. Eu fiz isso no iní­cio e é verdade que a certo ponto, mesmo em distâncias curtas, um golinho de água sabe bem, mas não compensa nada a chatice de andar com uma garrafa de água atrás. Mais vale chegar a casa e emborcar meio litro de água, em golinhos delicados. (A Alexandra Amorim discorda e diz que corre sempre com o cinto com garrafa da Kalenji. Também tenho um, mas deixei de usar porque de facto nnão me sentia confortável com aquilo atrás, no entanto, fica a opinião de outra pessoa que corre bastante).

Gadgets

Se são fanáticos de gadgets como eu, correr pode ser mais divertido e portanto mais motivante, com dados. Dados são bons! Quase tão bons como batatas fritas, mas com menos calorias. Eu uso um iPhone com a aplicação iSmoothRun que é, na minha humilde opinião, a melhor aplicação para correr, para iOS, ponto final. Uso uns phones para ouvir música enquanto corro, porque eu gosto de ouvir música enquanto corro e comprei recentemente um Wahoo Tickr para medir a pulsação durante a corrida (compatí­vel com a app atrás referida).

Para o iPhone aconselho uma braçadeira í  prova de água (para correr í  chuva). E para os phones, se usarem, aconselho um clip para prender o cabo dos ditos í  camisola e evitar que ele ande a dançar enquanto correm.

Também uso óculos escuros super levezinhos, durante o dia (ou í  noite, se estiver a chover, para evitar levar com água nos olhos). Comprei-os na Decathlon e acho que me custaram menos de 5 euros.

Dores e maleitas diversas

Em caso de dores fortes e/ou persistentes, mais vale parar de correr. Distinguir o que é uma lesão e o que é só o ardor muscular do esforço, depende de cada um. Parar de correr porque ai, ai, doem-me as pernas, é inadmissí­vel; continuar a correr com uma pontada no joelho a cada passo, também.

Chegar a casa com dores aqui e ali deve ser remediado com meia hora de gelo na zona afectada. Comprei um saco de gelo na SportZone, muito porreiro, que não fica molhado por fora í  medida que o gelo derrete e é muito prático de usar.

Se o gelo não resolver e a dor persistir no dia seguinte, ou sempre que se corre: médico.

A única lesão diagnosticada que tive, uma sí­ndrome da fáscia lata curou-se com duas semanas de repouso, com gelo diário e uma semana de brufen.  Há coisas piores e quanto mais se corre, maior o risco. A corrida é um desporto com um impacto significativo e portanto, há que prestar atenção ao corpo e não fazer palermices.

Motivação

Deixem-se de merdas.

A sério, essa é a minha mensagem de motivação.

Já ouvi de tudo:

“Ah, não posso correr, fico logo com as pernas demasiado musculadas.” Não te preocupes, nunca vais ser nenhum Schwarzenegger por dares duas voltas ao quarteirão.

“Não consigo correr, fico sem ar”. Sem ar? Ar não falta pá! O ar é de todos! Ficas é estoirado. Paciência, corre mais que isso melhora.

“Eu até corria, mas não tenho tempo”. Mas vais correr uma ultra-maratona? Se não tens meia horinha que seja, uma vez por semana, tens sérios problemas de gestão de tempo.

“Correr na cidade é pouco saudável, há muito fumo dos carros”. Certo, há sí­tios com mais trânsito e mais fumo. Mas há uma coisa menos saudável que correr: não fazer a ponta de um corno a não ser comer pizza.

“Hoje não posso correr, está a chover”. Correr í  chuva é fantástico!

A única desculpa válida para não se correr, é não querer correr. Não queres, não corras. Mas se queres, levanta o cu e vai correr. Começar custa um bocado, mas o corpo habitua-se depressa. Podes não ser nenhum Fernando Mamede, mas dar uma corridinha é um exercí­cio bestial, ajuda a pensar na vida, dá para apanhar ar e ainda faz bem ao corpo, assim… no geral.

Pronto, é o meu contributo, que era para ser curto e afinal deu um testamento. Espero que seja útil. Se tiverem alguma dúvida que eu possa esclarecer, com o aviso, implí­cito, de que sou tudo menos especialista em desporto, anatomofisiologia do exercí­cio e coisas semelhantes, é só dizer, que eu posso expandir o post.

Boas corridas.

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17 comentários a “Coisas que aprendi a correr”

  1. BL says:

    Bom Post,
    para começar a correr (para quem não faz nada) aconselho o programa “Coach to 5 km”. Falei disso aqui: http://blog.brunolucas.com/my-life/vai-uma-corridinha.

    Boas corridas

  2. Bruno Rodrigues says:

    Bem, eu comecei há um ano a correr com um programa C25K do NHS (National Health Service, uma espécie de autoridade para a saúde pública no Reino Unido). Pareceu-me uma coisa com pés e cabeça, descarreguei os podcasts e fiz-me ao piso (Estão disponí­veis aqui: http://www.nhs.uk/Livewell/c25k/Pages/get-running-with-couch-to-5k.aspx)

    A esponja está a começar agora a segunda semana do mesmo programa (começou um ano depois de mim, ela que até dizia que não lhe agradava propriamente a cena da corrida) e está a achar bastante acessí­vel e agradável.

    Calçado adequado ao tipo de passada – como bem referiste. Para além dos testes feitos nas lojas, há um teste itinerante da Asics que é estupidamente completo em termos biométricos e que te dá um relatório brutal de como usas os pés para correr. Perdi a oportunidade de o fazer em Almada há coisa de um ano, nunca mais o “apanhei”, mas estou de olho na coisa. Demora 40 minutos, custa entre 15-25 euros e dizem-me (não confirmei ainda) que o valor pode ser usado depois para desconto na compra de calçado Asics. Asics Foot Id : http://www.asics.pt/running/foot_id/

    Distâncias, motivação, alimentação, equipamento, isso tudo: na mouche.

    Deixo só um último conselho. Se querem começar a correr, marquem consulta no vosso médico de famí­lia, digam o que pretendem fazer, provavelmente terão que fazer um ou outro exame de rotina (prova de esforço e/ou ECG de 24H – Holter). Por meia dúzia de euros despistam um conjunto brutal de coisas que podem correr mal com o aparelho cardio vascular e vão para a rua um bocado mais descansados. Ter um monitor de ritmo cardí­aco como gadget (até o Lidl tem disso a 15 euros ou coisa assim – não precisam de uma cena que exporte os dados ou que se ligue ao telefone) também vos ajuda a manter o ritmo cardí­aco dentro dos limites adequados í  idade.

  3. costalamas says:

    Gostei imenso do que li.

  4. Alex says:

    Bem, eu depois de 20 anos sem fazer desporto e 30kgs a mais, comecei a correr há quase 2 anos. Identifico-me com muita coisa que dizes e acrescento os meus bitaites.
    Estive os primeiros 15 meses a correr sozinho. A motivação somos nós que a criamos para nos autosuperar. A ideia não é ser melhor que os outros, é sermos melhor do que somos no momento, e isso é a verdadeira motivação.
    Meses atrás juntei-me a um grupo misto que tem de tudo, prós e amadores, novos e velhos. Treinamos dentro das nossas possibilidades 2x semana, fazendo series curtas e ginástica de aquecimento que inclui a prancha isométrica. Fora disso cada um segue o seu caminho/planos para o resto da semana. Eu faço 6x1km 2 dias alternados,40m de corrida lenta/trote noutro dia e aos sábados, a prova de algodão, 9kms de corrida em estrado de madeira na praia,com MUITO desní­vel acumulado, não tivesse a correr em cima de dunas.
    Volto a referir que não sou pro e ainda tenho 20kgs de barriga para perder.
    Acontece ser facilmente, passado para atrás por pessoas 20 anos mais velhas que eu, mas não me ralo, pois é normal para um tipo ainda gordo como eu. Como tambem é normal ver tipos a fazer abaixo de 4m/km e eu a fazer 5 e meio/km. Cada um treina dentro das suas possibilidades do momento.
    Quanto ás distancias deve-se começar com pouco (1km), parar e descansar uns minutos e recomeçar de novo. Esta provado na medicina desportiva que as series são muito mais eficazes para o organismo que a corrida continua. Ou seja 6x 1km com pausas de 60-90s é muito mais eficaz do que 6kms de corrida.
    Claro que a começar nem uma coisa nem outra; uma marcha de 10 minutos, mais 1-2kms de corrida é o melhor para começar.
    A velocidade não é muito importante para quem faz manutenção como eu. Mas para longas distancias devem-se abster de carregar no acelerador, caso contrario perto do fim estão a fazer corrida em esforço, que pouco ou nada acrescenta em termos de rendimento/manutenção. De qualquer forma qualquer coisa perto de 4m/km está no campo dos pros e semi pros. í volta de 5 é o que uma pessoa normal em forma consegue fazer. Falando em kms/h, 6-10kms/h é normal, á volta de 20km/h é pro, mas uma pessoa normal consegue fazer picos de +15km/h em descidas.
    Equipamento, Corta vento para resistir aos rigores do inverno. A berg tem uma gama boa.
    Em sapatilhas,A nike e principalmente a asics estão na vanguarda do running. Há dois factores em conta, o tipo de piso (uniforme ou corta mato) e o tipo de passada (supinador/pronador).
    O tipo de piso é importante pois o corta mato requer sapatilhas com sola rugosa ou com pitões de borracha,para ter mais tracção. O piso uniforme permite sapatilhas mais leves. Em qq caso as sapatilhas de running tem de ter grande amortecimento, caso contrario irão aparecer as bolhas entorses, dores nos joelhos, calos, etc. Isto nota-se especialmente em descidas a alta velocidade, quando o esforço nos nossos pés atinge até 8x o nosso peso. Sim, em corrida é tão difí­cil descer, como é subir :)
    Aconselho uma visita ao corte inglês para verem o vosso tipo de passada. É algo genético, do tempo em que aprenderam a andar. A analise é gratuita e já ficam a perceber o tipo de sapatilha que podem comprar.
    Gadgets: Eu uso telefone com GPS, com app de running. ís vezes não tenho paciência para esperar pela localização GPS e nesse caso a app serve como simples cronometro. Mas claro que há ppl fanático, que usa braçadeira, monitor cardí­aco bluetooth, e por ai fora.
    Alimentação. A dieta pode ou ser ou não necessária. Depende dos hábitos alimentares de cada um. De qualquer forma, NUNCA comer antes de correr, ou sem ter feito as necessidades primeiro. Os vossos intestinos e traseiro podem não gostar da ideia de trabalharem enquanto vocês correm, e mandarem-nos a uma ida emergência ao WC.
    Pisos; correrem em pista ou passadiço sem desní­vel é o ideal para começar. Depois devem passar para estrado de madeira ou corta mato, esporadicamente. É muito mais difí­cil, mas fortalece a parte cardí­aca e principalmente a musculatura das pernas.
    Motivação: Screw that. Já corri sob chuva e vento de tempestade a 9ºs á beira mar no inverno, de noite e é uma experiência de auto-desafio. Correr contra o vento, só da mais vontade de correr ainda com mais força. :)
    Alem do que não tem necessariamente de correr todos os dias; podem alternar com exercí­cio em casa, quanto não tiverem muito tempo disponí­vel. Umas series de prancha isométrica são mais que suficientes para fortalecer os principais músculos do corpo e só precisam de um colchão de ginástica fino, para não magoarem os cotovelos no chão.Vejam no youtube, há inúmeros exemplos.
    Substituem com segurança e maior rendimento, as flexões e os abdominais, pois ao contrario destes últimos não constituem perigo de causar lesões na coluna/pescoço desde que sejam feitos correctamente.
    Em termos de tempo, qualquer destas alternativas gasta-vos sempre menos de 2h/dia. As series de prancha são muito económicas, pois fazem-se em pouco mais de meia hora, e ao contrario do que os ví­deos do youtube possam parecer mostrar, não são nada fáceis de fazer.

  5. Muita coisa de interessante já foi dita (aliás quase tudo foi bastante assertivo), só quero acrescentar algumas ideias que possam ajudar quem vai começar.

    Bem, começando pela parte dos 20kms a uma média de 4m30s/km, sim eu faço isso e até menos…mas em provas, em treinos muitas vezes o meu ritmo é inferior a 6m/km, e quem faz essa média em treino ou é mega campeão e faz TOP 100 nas provas com 2000-5000 atletas, ou não sabe o que está a fazer. Existem ‘n’ programas de treinos, mas para quem está nesta fase de evolução aconselho treino de picos, é muito mais eficiente e podem-se fazer treinos mais curtos.

    Quanto a andar carregado com água, também sou da opinião que em 30 minutos de treino não é essencial nem sequer necessário, aliás nas provas nunca há abastecimentos lí­quidos antes dos 5kms, isto acontece por algum motivo. Quando faço treinos mais longos o meu truque é planear percursos que passem por chafarizes o que é relativamente fácil.

    Calçado…esta parte é a mais complicada. Para quem está a começar aconselho uns ténis baratoxus de corrida 15€-20€ na Decathlon, se é para correr 5kms por semana não é preciso mais. Agora vamos ao ponto que para mim é fulcral, e para mim fez muita diferença tanto em lesões que acaba por ser o mais importante, como isso também se revelou no desempenho final, com o mesmo esforço evolui imenso porque apliquei o esforço da maneira correcta. Na minha opinião o mais importante não são os ténis, é a postura/técnica de corrida, uns bons ténis só vão mascarar os erros que cometemos, existem uma série de ví­deos no youtube sobre este tema super interessantes. Há quem use ténis minimalistas que agora estão na moda, eu até agora não me converti, nem sei se algum dia o vou fazer porque tenho pézinhos de princesa que ganham bolhas por tudo e por nada, mas este conceito apareceu essencialmente para obrigar os corredores a terem uma boa técnica, e só quem tem muito boa técnica deve-se arriscar a usar estes ténis. Já agora, também sou um fã da Asics tenho vários modelos e considero que são a melhor relação preço/qualidade para quem quer começar a levar isto um pouco mais a sério.

    Motivação, estabeleçam pequenas metas e escrevam-nas (heis as minhas http://sousatiago.blogspot.pt/2013/10/objectivos-desportivos.html), não é preciso ser nada de sobre-humano apenas é aquela cenoura que é posta í  vossa frente durante uma prova/treino de modo a terem algo atingí­vel pelo que lutar. Além de ser uma motivação, vão ver que é um motivo de auto contentamento e de concretização irem fazendo check nesses objectivos.

  6. Fred says:

    Bom post!
    Li na altura em que publicaste e revistei recentemente no meio do meu estudo da busca do melhor calçado.

    Reforço apenas a ideia que o calçado é mesmo muito importante e sente-se bem a diferença sobretudo se tiveres num registo de 10km. A escolha de calçado é mesmo obscena e há muita desinformação. Por exemplo, eu estava com ideia de que me encontrava numa passada “supinadora” mas depois de fazer o teste (altamente recomendável) descobri que tenho uma passada com pronação normal com tendência a agravar. Descobri também que apenas 3% da população é que se enquadra nos supinadores.

    Fui ao El Corte Ingles para fazer o teste mas não conseguem de momento realizar os testes porque a licença do software expirou e tem que vir um especialista da Nike renovar a licença, o que é no mí­nimo, ridí­culo. Posto isto fui í  loja da Nike no Chiado mas só fazem o teste aos dias de semana, com marcação e só de manhã. Boring. Pelo meio tentaram-me vender um modelo que vim a descobrir depois, que não era adequado para mim. Acabei por fazer o teste na SportZone do Colombo, o resultado parece-me fiável e é portanto recomendável. No final aconselharam-me o melhor calçado tendo em conta a minha passada, a minha fisionomia e objectivos de corrida.

    Quanto a marcas recomendo:
    ASICS, NIKE e NB, no entanto outras marcas tem bons modelos, o mais importante Não é a marca ou a tecnologia mas sim identificar o tipo de calçado recomendado para cada pessoa tendo em conta, o peso, objectivos de corrida e o tipo de passada.
    No entanto há quem defenda que se deve usar um calçado “minimal” e que se deve adaptar a postura de corrida ao tipo de solo, mas tenho algumas dúvidas sobre isto e precisava de mais dados para opinar melhor.

    Guia:
    http://www.asics.co.uk/running-advice/preparation/understanding-pronation-find-the-right-shoes-for-you
    Para reviews:
    http://www.runningshoesguru.com/

    Boas corridas!

  7. Telma Ferreira says:

    Boa tarde :)

    Só tenho uma coisa a dizer: mas que post FANTíSTICO! sem papas na lí­ngua, “curto” e grosso!
    Correr é fantástico! Tenho também andado a correr de vez em quando e a sensação que se têm depois de uma corrida e banho, epá, incrí­vel. Concordo com o “Deixem-se de merdas” , melhor não diria.

    Concluindo, parabéns pelo post e que mais pessoas o vejam e leiam porque é um ótimo ponto de partida para quem quer começar.

    Cumprimentos,

    Telma Ferreira

  8. Marco Rodrigues says:

    Bom artigo, estou a “tentar” começar a correr para aliviar um bocado a cabeça e exercitar um pouco o corpo todo, e posso dizer que é porreiro :D Agora tenho umas Nike antigas, mas não são propriamente para correr, pode ser que compre umas melhores depois, tudo a seu tempo.

    Cumprimentos.

  9. Mónica says:

    Excelente post, obrigada. Ajudou a perceber que algumas coisas que deduzi sozinha estavam certas e a sentir que afinal não sou apenas uma anormal que decidiu começar a correr aos 46 anos. Boas corridas.

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