Como tenho dois filhos sou mais especialista em parentalidade do que pessoas com apenas um ou mesmo nenhum e menos especialista do que pessoas com três ou quarto, vulgarmente conhecidos como malucos do caraças.
Não sou um especialista internacional, porque, ao contrário do que o nosso Governo parece desejar, ainda não fugi do país (emigração é um eufemismo), devo portanto contentar-me em ter alguma experiência acumulada no campo da parentalidade bi-partida nas idades compreendidas entre os zero e os cinco anos de idade.
Para crianças mais velhas e/ou mais novas, sugiro que se refiram a outros especialistas de renome (por exemplo, pessoas que se chamavam Alberto e mudaram de nome para Francisco).
Para quem vai ter o primeiro filho em breve, deixo-vos então um aviso importantíssimo sobre recém-nascidos e que praticamente nenhuma literatura da especialidade refere. De facto, dos vários manuais e especialistas com que tive contacto (ou seja, aturei muitas dicas e li meio livro), nunca encontrei referência a esta informação que é de sobremaneira valiosa:
Um recém-nascido não é um bebé. Um recém-nascido não se parece nada com um bebé e serve apenas de engodo para que o mais próximo par de adultos (chamemos-lhes “pais”), os levem para casa.
A esmagadora maioria dos recém-nascidos são muito calmos, dorminhocos, comem regularmente e cheiram muito bem. Sujam poucas fraldas e as que sujam não cheiram a nada de especial e passam cerca de 16 horas por dia a dormir, fazendo inveja ao gato mais dedicado.
Dezasseis horas, façam as contas: o dia tem 24, pelo que a maioria dos putos estará acordada cerca de 8 horas por dia – é uma espécie de turno na fábrica. Grande parte dessas oito horas são passadas de mama na boca o que, diga-se, não é uma forma nada má de passar o tempo.
Mas resistam, novos pais, í tentação de olhar para o vosso rebento, pacífico numa das suas dezasseis horas de sono diárias, pensando “afinal, isto não custa nada”.
É que, se um recém-nascido não é um bebé, rapidamente se transforma num! É assim, uma espécie de meta-bebé que depois desenvolve num de múltiplos tipos de bebé possíveis.
Generalizando uma vez mais (apenas para manter o teor altamente científico deste artigo), os bebés são a antítese do recém-nascido anteriormente descrito. Os bebés fazem muito barulho, comem muito mal (ou demais, ou de menos), dormem apenas quando lhes apetece (coisa que raramente coincide com o sono dos adultos), cheiram mal í brava e, nalguns casos mais graves, roubam dinheiro da carteira dos país para gastar em drogas leves (legalize!). Além disso, as fraldas, oh as fraldas!
Mas não há problema. Existe uma forma de lidar com isto, chamada compartimentalização. É um exercício de auto-decepção praticada pela maioria dos pais que vão classificando os comportamentos cada vez mais aberrantes das suas crias como “fases”.
A fantasia da fase coloca os pais numa falsa sensação de esperança de que “isto passe” com o tempo. Caso contrário, a maioria dos pais acabariam por ser forçados a chegar í conclusão, por volta dos dois, dois anos e meio, que os seus adorados filhotes são uns reais filhos da mãe.
Em suma, novos pais: ser pai ou mãe é duro, mas é uma bonita e inesquecível experiência de vida… bom, inesquecível não é, porque há muitos casos de pessoas que depois do primeiro ainda têm mais um ou dois. Aliás, se ainda não engravidaram, esta é provavelmente a altura ideal para considerarem comprar um Maseratti e acções da Durex.
Hoje ao fim da tarde, a cozinhar como é habitual, entra-me a Joana na cozinha, de passo apressado: “pai! Abraço!”.
Ajoelhei-me no chão, ela atirou-me os braços ao pescoço e encostou-me a cabeça ao ombro durante uns segundos. E depois fez-me um enorme sorriso e voltou para a sala para ver Tom & Jerry com o irmão.
O Fernando pediu a receita e como tive que parar um bocadinho para pensar o que fiz, achei que, já agora, punha isto num post.
Aviso já que recorri a um molho de frasco, mas acho que o molho é bem bom e vale a pena. Portanto, aqui fica a receita para fajitas de frango com pico de gallo
Para o frango
1 kg de peito de frango cortado em pedaços pequenos
sal grosso
pimenta preta
uma cebola grande
um pimento vermelho
um frasco de molho para fajitas Old El Paso
óleo vegetal (pode ser azeite, eu usei girassol)
queijo ralado í escolha (usei uma mistura de 3 queijos daquelas para massas)
tortilhas de trigo
Para o pico de gallo
dois tomates médios
uma cebola roxa
uma malagueta vermelha ou verde
um molhinho de coentros
duas limas
sal e pimenta
Fajitas com Pico de Gallo
Aquece-se o óleo vegetal uma frigideira de 28 cm (óleo suficiente para cobrir o fundo) e coloca-se a cebola, cortada em rodelas de forma a que não se sobreponham, salgando todas as rodelas com sal grosso. A temperatura deve ser média-baixa (4 e meio/5 na indução). Deixa-se a cebola amolecer, devagarinho e quando já estiver quase toda transparente, junta-se o pimento vermelho cortado em pedacinhos. Mantém-se a temperatura baixinha e deixa-se cozinhar, mexendo ocasionalmente, uns bons 15 minutos, o pimento vai começar a desfazer-se.
Junta-se o peito de frango e sobe-se a temperatura para média-alta. Deita-se sal e pimenta preta a gosto. Quando o óleo voltar a ganhar temperatura depois de ter levado com o frango frio, deixa-se a coisa ali pouco mais de meio gás (7 na indução) e deixa-se cozinhar o frango muito bem.
Primeiro o frango vai cozer um bocado e depois vai dourar por fora. Quando estiver bem douradinho, tira-se do fogão e adiciona-se o molho, envolvendo-se bem o frango no mesmo. Volta-se a por a meio-gás no fogão e deixa-se cozinhar 10 minutos.
Finalmente, coloca-se uma porção de frango numa tortilha, cobre-se com queijo ralado e leva-se ao microondas 1 minuto e meio para derreter o queijo, junta-se pico de gallo bem geladinho e come-se.
Pico de Gallo
Pico de gallo é a melhor salada do universo e mais além. E é tão fácil de fazer que um gajo até fica a olhar para aquilo e a pensar como é que algo tão básico pode saber tão bem.
Abrem-se os tomates e tiram-se as grainhas, cortando depois tudo em pedacinhos pequeninos. Segue-se a cebola, toda em pedacinhos pequeninos e a malagueta, também em pedacinhos; quem não gostar de picante, pode usar pimento verde, vermelho, laranja, whatever, tem é que ser em pedacinhos pequeninos. Finalmente, os coentros bem picadinhos. Junta-se tudo numa tijela.
Para terminar, o essencial: espremem-se as duas limas e junta-se o sumo. Tempera-se tudo com sal e pimenta, mistura-se bem e refrigera-se, que o pico de gallo quer-se fresquinho.
O contraste entre o quente da fajita e o frio do pico é fenomenal.
Embora haja um buraco no arquivo, nunca houve um buraco na sua existência. Tem-se mantido activo desde 30 de Março de 1999, ininterruptamente. O buraco no arquivo é só preguiça de copiar coisas antigas feitas í mão em HTML para o WordPress (mas já não falta muito).
Fica a efeméride e a intenção de continuar. Obrigado por me lerem.
A minha filha Joana gosta de subir para cima do móvel da sala e escolher um filme da estante bookworm que temos na parede.
Este sábado de manhã, optou pelo Despicable Me.
É um dos meus filmes animados preferidos, cheio de humor e com uma história invulgar e divertida.
No entanto, colocar o filme para os miúdos é uma espécie de tortura chinesa que nos é propiciada pelos editores. Antes do filme surgem uma quantidade infindável de logotipos, avisos, informações, promoções e outras idiotices que, no caso particular do blu-ray deste filme, duram mais de cinco minutos.
Para uma criança de ano e meio que acabou de pedir um filme, cinco minutos é uma insuportável eternidade e para um pai que está a tentar deixar a criança entretida para poder ir beber um café, é uma irritação digna de vendetta sobre os responsáveis, daquelas que mete cabeças de cavalo.
Mas eu fiz uma lista, para ser mais claro. Vejamos, antes do filme arrancar temos:
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Logotipo da Universal
Logotipo da Universal animado
Promoção ao blu-ray (inútil, visto que eu estou a ver um blu-ray, porque já tenho um leitor de blu-ray e compro filmes em blu-ray, estão a vender-me algo que eu já tenho)
Logotipo
Promoção a outro filme (skipable)
Logotipo
Promoção a outro filme (skipable)
Promoção a um parque temático (skipable)
Logotipo
Menu de linguagem
Aviso legal
Informação sobre as opiniões dos intervenientes não reflectirem as do editor
Aviso sobre capacidades do blu- poderem requerer um update de software
Mensagem de agradecimento a quem comprou o disco
Promoção a outro filme (not skipable)
Logotipo
Outro logotipo
Menu principal
Filme!
Com os skips que pude fazer, consegui reduzir a experiência a apenas 3 minutos. O processo pára duas vezes, uma para se escolher a língua e outra, no menu principal onde se escolhe arrancar com o filme ou outras opções, pelo que não se pode deixar a correr e esperar que mais tarde ou mais cedo o filme arranque, não: é mesmo preciso estar a monitorizar a coisa.
O que é que apetece? Apetece ripar o filme para um disco rígido de forma a poder aceder-lhe sem demora quando os miúdos o quiserem ver.
Mas depois, vem a Canavilhas e lixa-nos!
Numa época em que se fala tanto de UX que até já há tipos que são especializados na coisa, este é um excelente exemplo de uma péssima experiência de utilização, em que o utilizador é castigado por ter comprado um produto original em que o editor se acha no direito de impingir produtos e marcas porque, nessa altura, tem o espectador na palma da mão.
Como tenho dois filhos sou mais especialista em parentalidade do que pessoas com apenas um ou mesmo nenhum e menos especialista do que pessoas com três ou quarto, vulgarmente conhecidos como malucos do caraças. Não sou um especialista internacional, porque, ao contrário do que o nosso Governo parece desejar, ainda não fugi do país (emigração […]
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