Aqui há umas semanas atrás, a Dee dizia mais uma vez que precisava de fazer exercício e, mais uma vez, eu ofereci-me para ajudar. Só que desta vez, começámos mesmo a fazer exercício os dois e temos mantido o nosso programa doméstico há várias semanas.
A premissa é que fazemos uma curta sessão de exercício intenso (dentro das nossas possibilidades), três vezes por semana, í s segundas, quartas e sextas. Eu invento o programa do dia, com o objectivo de variar o mais possível, evitando o tédio da repetição, enquanto, ao mesmo tempo vamos repetindo alguns exercícios básicos para podermos progredir nos mesmos.
Uma sessão de treino pode ser inteiramente feita de exercícios com o peso do corpo, ou incluir halteres, saltos ou boxe. Uns dias fazemos um certo número de repetições de três exercícios durante três séries, noutros dias fazemos três tabatas com três movimentos diferentes, noutros fazemos, por exemplo, em determinado tempo para cada exercício, o máximo de repetições que conseguirmos.
Queremos manter os movimentos simples e com pouco isolamento, optando muitas vezes por exercícios que envolvam o corpo todo, quer porque todo o dito tem que mexer, ou porque se exige que se mantenha rígido para executar o movimento, como nas flexões. Também tentamos recrutar o máximo de grupos musculares nos vários exercícios, por exemplo, fazendo extensão completa da anca nos agachamentos, puxando tanto pelos abdominais como pelas pernas para completar o movimento.
Se continuarmos assim, estou de olho numa barra de elevações, que é dos exercícios mais básicos, o que nos falta incluir e também, provavelmente, mais difícil.
Para não estar só com teoria, fica como exemplo o que fizemos hoje:
Em 20 minutos, completar o máximo possível de séries do seguinte:
5 flexões
10 agachamentos
15 sit-ups
Eu completei 12 e a Dee, 11. Não sendo um resultado espectacular, implica que, em 20 minutos, fiz 60 flexões, 120 agachamentos e 180 sit-ups. Para a próxima há-de ser diferente, mas eventualmente voltaremos a fazer os mesmos exercícios e notando melhorias.
Aconselho vivamente um programa deste tipo a que não tem paciência ou tempo para ginásios (ou dinheiro…). Basta uma sala com algum espaço livre, alguns exercícios básicos e tentar sempre fazer o máximo de esforço no mínimo de tempo. Os nossos treinos, por enquanto, ainda podem ser considerados ligeiros, mas sempre que treinamos, puxamos um bocadinho mais do que da última vez e os resultados são notórios.
Há alguns filmes que nos ficam marcados e isso tem tanto a ver com a qualidade dos mesmos como com o nosso gosto. Pode também ter a ver com sentir-se a pressão intelectual de gostar de determinadas merdas só porque são clássicos, mas não vamos por aí.
Eu gosto de filmes que me dão gozo ver e não tenho particular atracção por filmes muito profundos e bonitos que façam pensar muito. Portanto, não é de espantar que alguns dos meus filmes preferidos sejam, por exemplo, praticamente tudo o que o Quentin Tarantino fez até hoje (veremos o Django…). Igualmente na categoria de filmes preferidos, estão o Blade Runner e o Alien; dois filmes do Ridley Scott, pouco mais novos que eu.
O Prometheus é uma história contada antes do Alien e não é um filme de Aliens. Claro que estou a usar Alien aqui para descrever a criatura preta de dupla mandíbula criada pelo Giger para o filme original, porque há de facto vários extra-terrestres no Prometheus.
Sendo o Alien original, de 1979, um dos meus filmes preferidos, vi todos os que se lhe seguiram com algum prazer, embora nenhum seja tão bom como o primeiro – nem podiam ser, porque o primeiro é o original, é a ideia concretizada, com a sorte de o ser nas mãos de um bom realizador.
Depois de vermos os ovos, o facehugger, o chest burster a sair de dentro do John Hurt, o mostrengo a abrir um buraco na testa do Harry Dean Stanton, já não vamos conseguir vê-los pela primeira vez, novamente. Será sempre uma repetição e a cada repetição, a coisa perde sabor. É por isso que a originalidade é tão importante.
Fui ver o Prometheus, então, nesta condição de seguidor daquilo que a série “Alien” tem tido para oferecer ao longo dos anos, com alguma expectativa acrescida por se tratar de uma história realizada pelo criador original da dita série.
Não quero entrar em muitos detalhes, porque não é esse o meu objectivo, mas apeteceu-me escrever este post, porque tenho lido por aí reacções tão agressivas, tanto a favor, como contra o filme, que achei que precisava de dizer algo sobre originalidade, que me parece ser o problema fulcral aqui.
Porque o filme fala de origens — das origens da humanidade, í s origens dos aliens — mas como filme, nunca poderia ser original, seria sempre baseado em algo que já foi feito, personagens já imaginados, um futuro já criado, com criaturas que já tínhamos visto. E por isso, nunca poderia ser um daqueles filmes que marca, como marcou o Alien.
Esperar que este filme seja tão bom ou melhor do que o original, era o mesmo que condenar o original a mediocridade facilmente superável. Mas o original não é facilmente superável. Tanto por ter sido um filme marcante para a época como por continuar a ser um filme fantástico, mais de trinta anos depois.
George Lucas nunca conseguiria melhorar o Star Wars, Ridley Scott nunca conseguiria melhorar o Alien (nem o Blade Runner, já agora, quando se começa a falar numa sequela do dito). A diferença foi que o Lucas deu cabo do Star Wars, mas o Ridley Scott não deu cabo do Alien. Na minha opinião, conseguiu contar uma história no mesmo universo, passada antes do primeiro filme, que não tem necessariamente que ser uma prequela (palavra que, tanto quanto sei, nem existe…)
Foi assim que vi o Prometheus e devo dizer que gostei bastante. É um filme interessante que traz de volta uma certa estética sci-fi que se tem evaporado do cinema nas últimas décadas e que consegue manter algum suspense de cena para cena, sabendo já nós muito bem que ninguém vai sair daquela embrulhada muito bem tratado.
Aliás, assim que o filme começa nós já sabemos que há 17 tripulantes e que pelo menos 16 vão morrer antes do fim. Mas para mais sobre este assunto, ler acima sobre a importância de ser o original.
Dito tudo isto, o filme tem um problema central que foi o que mais me incomodou, apesar do esforço que fiz para o ignorar e gozar o resto. A chatice é que o problema é a tripulação e a tripulação… São os personagens quase todos.
Vejamos: a nave chega ao planeta e encontra, logo no primeiro vale, uma instalação alienígena. Imagino a dificuldade que deve ser, chegar a um planeta maioritariamente deserto e dar logo com o vale onde fica a base dos habitantes. Mas passando isso í frente, toda a gente quer imediatamente ir ver as ruínas (até porque é Natal – atenção isto é importante).
Eu diria que aterrava a nave, fechava tudo e disparava todos os sensores í minha disposição durante 24 horas, para ter a certeza de como eram as coisas lá fora. Mas isso era se eu fosse um cientista numa missão de exploração espacial nunca antes feita.
Ah, espera, era isso mesmo que a tripulação era! Mas, estranhamente, começamos logo por saber que um deles, um tipo barbudo e mal encarado, está ali só pelo dinheiro. Um cientista – geólogo – numa missão de “triliões” de dólares, para descobrir vida do outro lado do universo, está ali com espirito mercenário? Estranho.
Mas vá, aceitemos que a excitação fez os cientistas irem todos visitar as tais ruínas. Lá descobrem o que parecem ser os restos de uma civilização, regressam í nave e um deles vai-se embebedar, porque a civilização de que vieram í procura parece extinta. Então… Mas é uma civilização alienígena; na verdade, a primeira jamais encontrada por humanos. E foi encontrada graças í pesquisa do dito cientista… E ele fica desiludido ao ponto de se ir embebedar? Eu ficaria eufórico!
Talvez até eufórico ao ponto de me ir embebedar, mas eufórico, porra! Esta é a maior descoberta científica de sempre! Mas ninguém parece excitado, tirando, talvez, a Drª Shaw, a cristã que vem í procura do Criador (eu não disse que a cena do Natal era importante?). Só quando ela descobre que o ADN das criaturas encontradas é idêntico ao humano é que o outro rapazito fica levemente entusiasmado.
E os outros cientistas todos? Não se sabe… Estão ali, como se encontrar antigas civilizações extra-terrestres fosse o trabalho mais aborrecido do mundo. Não estão excitados, nem assustados, nem… Nada.
E eu sei porquê. Infelizmente, é fácil de explicar. É que os membros da tripulação não estão ali para ajudar a contar a história, estão lá para serem carne para canhão. Alguém tem que morrer mortes horrendas naquele planeta e faziam falta 17 bonecos para o tiro ao alvo.
No primeiro filme, eram sete e eu ainda sei os nomes de cor: Dallas, era o capitão calmo e descontraído, Ash era o oficial de ciência, frio e calculista (e um robot, como se descobre no fim), Brett e Parker são os mecânicos da nave, preocupados com os bónus a que iriam ou não ter direito, Kane é a primeira vítima do Alien, quando traz um a bordo agarrado í cara, Lambert é a mais medricas e Ripley, a menina que gosta de seguir as regras e acaba a ter que as quebrar todas para se safar.
Com um bocadinho de esforço, até me consigo lembrar de todos os nomes dos space marines do segundo filme. Mas tenho muitas dúvidas que a lista na minha cabeça, do Prometheus vá muito além de David, Vickers, Shaw…
E é pena. O filme vê-se bem, tem um ambiente porreiro, os efeitos visuais não atropelam a história, as inconsistências cientificas (como é que têm gravidade na nave?), são facilmente desculpáveis, mas aqueles personagens desinteressados e blasé em relação a tamanha missão acabam por tirar o brilho extra que faria deste filme um clássico.
Mas pronto, vale a pena ver, para quem gosta de sci-fi monster movies, desde que não estejam í espera de outro Alien.
PS: alguém diga í Vickers que se um objecto está a cair numa determinada direcção, o ideal é correr na perpendicular dessa direcção, ou, vá, obliquamente, no sentido dos limites exteriores d objecto…
No domingo passado, o Tiago começou a ficar doente. Teve febre e fez diarreia. Não estávamos muito preocupados porque no dia anterior, a Joana tinha tido também um pico de febre e no dia seguinte já estava melhor.
A diarreia dele piorou um bocado na segunda, mas a febre desapareceu e na Terça já estávamos prontos para o mandar para a escola, mas ele queixava-se muito de dores de barriga e foi duas vezes í casa de banho e portanto, pelo sim pelo não, ficou.
Durante o dia esteve bem, mas chegada a noite piorou. Vomitou o jantar e fez diarreia várias vezes até ir dormir.
Mas dormir não seria pacífico. Começou a acordar para ir í casa de banho por volta da meia noite e meia e í s quatro e meia, í terceira vez que se levantou, começou a fazer sangue.
Às sete, sexta vez que ia í casa de banho, já só fazia sangue e não era pouco. Sempre cheio de dores, todo retorcido – se teve metade das cólicas que eu costumo ter, coitado.
Marquei, assim que possível, consulta com a pediatra, mas como ela só tinha vaga í s 15, levámos o Tiago ao posto para os meus pais o verem.
Não estava desidratado – tivemos sempre o cuidado de o fazer beber um pouco de água quando ia ao wc, mas os sintomas indicavam que devia ir ao hospital para ser visto, de preferência por médicos que não tivessem a responsabilidade acrescida de serem avós do paciente.
Fomos então para o Hospital Garcia de Orta pela primeira vez desde o nascimento da Joana. A verdade é que entre três avós médicos e uma pediatra, nunca levámos os nossos filhos ao hospital, até agora, mas também nunca nenhum deles tinha tido nada digno dessa visita.
Pelas histórias que ouço, esperava o pior. Foi, então, uma surpresa.
O hospital Gracia de Orta foi absolutamente impecável. Demos entrada na urgência pediátrica, esperámos um pouco após o que fomos chamados para a triagem, onde uma enfermeira fez várias perguntas, pesou o Tiago, mediu-lhe a temperatura e a tensão e mandou-nos esperar noutra sala.
Passado um bocadinho, chamaram o Tiago para a consulta onde foi observado e nós demos o historial todo do que se tinha passado desde domingo, incluindo uma foto que eu tinha tirado do tal sangue que era a única coisa que o pobre do miúdo conseguia fazer desde meio da noite.
Deram algumas bolachas e sumo ao Tiago, que não comia há mais de 14 horas, para ver se ele aguentava e tentou-se obter uma amostra das fezes o que não foi muito fácil, apesar dele ter ido várias vezes í casa de banho. Estive sempre com ele a tentar ajudar e lá se conseguiu qualquer coisa para ir para análise.
Entretanto, ele queixava-se cada vez mais com cólicas e já só andava de um lado para o outro ao colo.
O Tiago ainda foi visto por uma outra médica, que me pareceu ser a chefe de serviço e posteriormente por um cirurgião. Todos foram impecáveis com o miúdo, observaram-no de alto a baixo e explicaram-nos cuidadosamente o diagnóstico e o tratamento.
Fomos finalmente para casa perto da uma da tarde, o Tiago ainda vomitou duas vezes e depois caiu no sofá, exausto e dormiu três horas.
Quando acordou, foi directo para a casa de banho e, para nosso alívio, nem sinal de sangue.
Confirmava-se então que tinha uma gastroenterite filhadaputa que lhe irritou o intestino ao ponto deste descamar e sangrar. Nas horas que se seguiram comeu um pouco e recuperou alguma da cor que havia perdido nas 24 horas anteriores. Dormiu bem e tem continuado a sua recuperação desde então até hoje, sexta-feira em que já anda aos pinotes e gritos pela casa a brincar com a irmã.
Anda voltámos ao hospital, para ele ser reavaliado, mas não havia grandes dúvidas de que estava em franca recuperação. Fartou-se de brincar com os médicos, no que foi correspondido.
Pensei um bocado antes de escrever este post e acabei por decidir fazê-lo por duas razões: primeiro porque para outros pais, pode ser importante saber que mesmo na presença de sangue nas fezes (ou mesmo, apenas sangue), não vale a pena entrar imediatamente em pânico: há gastroenterites agressivas o suficiente para causar isto e um post destes pode sempre servir de referência para outros que possam vir a viver a mesma situação. E segundo, porque quero deixar bem claro quão satisfeito fiquei com o serviço de urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta.
Todos os profissionais foram absolutamente impecáveis, dos médicos, í s enfermeiras e auxiliares. Os médicos de serviço chamaram um segundo e um terceiro colega para examinarem o miúdo e deram-nos assim, três opiniões sobre a situação, unânimes, mas sempre com a ressalva do que devíamos observar que pudesse ser sinal de o diagnóstico ser outro.
Finalmente, foi-nos proposta a possibilidade dele ficar internado para observação. O que declinámos porque achámos que ele ficaria mais confortável em casa, onde seria observado de perto.
Sinceramente, no meio disto tudo, é insignificante, mas apenas lamento que seja tão difícil estacionar no Hospital. É um espaço tão grande e é tão difícil de arranjar um lugar que tive que deixar o carro num descampado a umas centenas de metros e depois trepar tudo até lá acima novamente, a pé.
E uma nota final, que não posso deixar de fora. Reparei que estava na sala de espera uma pessoa com uma criança com febre. Febre e nada mais. Foi-lhe administrado Brufen e esperou-se que passasse a febre.
O hospital até tem um póster na sala de espera que tenta explicar que situações são “de urgência”, mas isso não parece fazer diferença para estes e outros pais que ao mínimo sintoma normal das suas crianças, arrancam para as urgências.
Vão entupir as urgências, contribuindo para maiores tempos de espera e se calhar, mau serviço e pior, vão expor os filhos í s doenças dos outros.
Levar uma criança í s urgências para receber um medicamento que os pais podem administrar é um exagero que demonstra uma enorme falta de jeito dos ditos, honestamente. E compreendo que ter médicos na família me facilita a vida, porque qualquer dúvida que tenha pode ser esclarecida com um telefonema. Mas quando os meus filhos têm febre, eu sei o que fazer e acho que não é nada difícil de aprender e se mais pais tivessem mais tento na cabeça em vez de irem a correr para as urgências, talvez não fosse preciso esperar quatro horas, como í s vezes acontece¹.
1 – Cada caso é um caso. Há febres persistentes, muito altas, muito súbitas, sintomas de outras coisas, etc, etc. Mas acho que toda a gente sabe que há quem vá ao médico por estar constipado e as pessoas estão a desaprender de tratar as coisas mais simples como sempre se trataram, com as ditas sopas e descanso.
Há uns anos atrás, participei numas sessões de brainstorming e quando chegou a minha vez de mandar uns bitaites disse que o que eu queria era um sistema que me permitisse ter a minha música toda num servidor, permitindo-me depois ouvi-la em qualquer lugar, através de computadores ligados í net, ou mesmo, talvez no telemóvel. Na altura, não existiam iPhones, nem iPads, nem nada disso.
Não quero com isto dizer que eu já tinha inventado o iTunes Match, quero apenas dizer que há muito tempo queria um serviço assim. Como, desconfio, a maioria das pessoas que cruzam um amor por gadgets com um amor por música. A ideia era, portanto, óbvia, mas a execução nem tanto.
Passaram os anos necessários, evoluíram as coisas que tinham que evoluir e agora há inúmeros serviços que permitem ouvir música online em streaming e há o iTunes Match, para quem preza a sua colecção de música acima de tudo. O serviço chegou há cerca de uma semana a Portugal e eu aderi imediatamente. Custa 25 euros por ano e tem um limite de 25 mil músicas.
O processo é muito simples, desde que não corra mal (e pode correr, mas há soluções): Activa-se o serviço, para o que é necessária uma conta na iTunes Store. Paga-se os 25 euros que são renováveis automaticamente ao fim de um ano, sendo que se tem 24 horas antes da renovação para cancelar a subscrição. E o iTunes começa o processo: primeiro lê toda a biblioteca de música (meloteca?), e analisa-a – creio que usa o algoritmo do Genius – depois, envia os resultados para a Apple e compara-os com a música que existe na Store, finalmente faz o Match e termina fazendo upload das músicas que não sejam identificadas.
O resultado final é o seguinte:
Música que exista na Store fica disponível no iCloud para ouvir em qualquer Apple device, iOS ou Mac OS, até um limite de 10 aparelhos (devidamente identificados com o login que fez o Match);
Música que não exista na iTunes Store, é carregada para o iCloud e fica igualmente disponível;
Música muito curta (menos de 5 segundos, creio), ou codificada com um bitrate muito baixo ou variável (VBR), poderá ficar “ineligible”; alguns destes casos são solúveis (já lá vamos).
Vantagens
O serviço tem, para mim, três grandes vantagens:
Consolidação das minhas colecções de música.
Durante anos, geri duas colecções, uma em casa e outra no escritório, o que era uma trabalheira e acarretava sempre a frustração de me apetecer ouvir determinado álbum que acabava por constatar não estar na colecção presente, mas sim na outra.
Com o Match, passei a ter uma só colecção e agora posso dedicar-me a organizá-la e saber que as alterações se reflectem em todo o lado.
Substituição de velhos ficheiros de menor qualidade por versões legais em AAC a 256 kb
Quer seja música ripada doa nossos próprios CDs que já o foram há muitos anos, quando o armazenamento não se media em gigabytes e quando optar por 128 kb era uma questão de gestão desse espaço, quer sejam versões sacadas da net e codificadas por sabe-se lá quem e com que configurações, a verdade é que, tirando os tarados do FLAC, muita gente tem muita música codificada com pouca qualidade e/ou de origem duvidosa.
Com o Match é simples: nas opções de view, liga-se o ‘iCloud Status’ e ficamos com uma coluna que nos diz se a música está matched ou uploaded (e mais uns estados, já lá vamos). Uploaded significa que a faixa não existe na Store ou não foi identificada e por isso, o iTunes fez upload da mesma para o iCloud.
Matched é o que nos interessa. Isto significa que a faixa existe na Store e, como tal, podemos obter a versão oficial de 256 kb. Para isso, basta fazer delete da faixa no iTunes, evidentemente deixando desmarcada a checkbox que pergunta se também queremos apagá-la do iCloud. Depois dizemos que queremos apagar o ficheiro.
A faixa fica no iTunes, mas já não está no disco. Em vez disso, está no iCloud e surge com um ícone de download í frente. Click nesse ícone e já está: a faixa fica do nosso lado. Podemos cancelar o serviço que as faixas assim obtidas continuam a ser nossas. Atenção í tentação de partilhar estas faixas: o nosso nome e email ficam nas meta tags.
Só para ser absolutamente claro: sim, isto significa que, por 25 euros por ano, podemos legalizar toda a música pirata que possamos eventualmente ter no nosso disco e que tenha correspondência na iTunes Store. Eu não tenho música pirata, mas tenho amigos que têm e isso é com cada um.
Portabilidade da minha colecção de música
Esta última vantagem tem-se mostrado algo escorregadia. É, de facto, uma vantagem: no iPad, tenho zero espaço ocupado com música e no entanto, tenho acesso a mais de 13 mil faixas da minha colecção privada. Como estou em Wi-Fi, posso por música a tocar quando e onde me apetecer, a mesma é lida do iCloud e tocada no meu dispositivo numa de duas versões: se é ‘Matched’, toca a versão 256 kbit original da Store, se é ‘uploaded’, toca a versão que foi enviada para os servidores da Apple pelo Match.
A parte escorregadia tem sido no iPhone quando quero desligar a rede para não consumir o meu plano de dados. Basicamente, escolho uma playlist e faço “download all” em Wi-Fi, depois, nas opções do Match, desligo o ‘use cellular network’ e o ‘show all songs’ e fico apenas com as faixas de que fiz download visíveis na app de música. No entanto, não sei porquê, muitas vezes a app de música engasga completamente e pára de tocar. Isto acontece, sobretudo, quando tenho o iPhone montado no carro. Parece-me que, embora a app esconda a música que só está no iCloud, na verdade, mostra a música toda ao auto-rádio e depois tenta tocar alguma da música que não está no dispositivo e, como não tem rede, morre.
Com as opções de rede e mostrar toda a música ligadas, o Match funciona na perfeição no iPhone, desde que haja rede 3G. Tal como no Wi-Fi, toda a colecção de música fica disponível para ouvir no telefone em qualquer lugar. Mas, claro, consome dados móveis.
Como prezo muito a música durante as minhas viagens de transportes públicos, desisti de usar o Match no iPhone e voltei ao velho método de fazer sync de uma playlist específica para o dispositivo, para ouvir offline.
Espero que isto venha a ser melhorado para voltar a usar no iPhone. Até lá, entre o computador do escritório e o de casa, bem como o iPad, o iTunes Match está a valer cada cêntimo dos 25 euros por ano que se pagam. Com a grande vantagem de que, se me apetecer desistir, ainda fico com as versões de melhor qualidade de muita da minha música.
Algumas dicas
Crash do iTunes durante o Match
No Mac, o Match correu muito bem, mas no Windows, onde tinha uma colecção de música mais antiga, com vários ficheiros “estranhos”, a coisa correu pior. O iTunes ficava a mastigar durante horas e depois crashava, obrigando a recomeçar o processo do início. Este problema é reportado por várias pessoas nos fóruns da Apple, quer em Windows, quer em Mac, pelo que é mesmo uma dificuldade do Match a lidar com alguns ficheiros.
O problema é saber que ficheiros. No meu caso, resolvi o problema fazendo o seguinte: corri o iTunes várias vezes, começando o processo de Match do início de cada vez que havia um crash. De cada vez que corria, o Match lá fazia upload de mais umas quantas das minhas faixas que não tinham correspondência com a Store. Com muita paciência, repeti este processo ao longo de um fim de semana e de cada vez faltavam menos faixas. Até que chegou a um ponto em que só faltavam 7 faixas e o iTunes não passava dali.
Nessa altura, matei o iTunes, corri de novo o Match (o processo corre sempre todo desde o início, o que é uma seca), mas interrompi-o, mesmo quando estava prestes a começar o passo 3 – upload. É uma questão de atenção e rapidez no click, mas eu consegui í primeira.
O Match pára, mas a colecção de música fica classificada. Vai-se então a view > view options e liga-se a coluna ‘iCloud Status’, ordena-se a música por esta coluna e vai-se í procura das faixas que dizem error. No meu caso, tinha um mix de dubstep com uma 1h25m. Como era um mix de um álbum que tinha em faixas separadas, apaguei-a e pronto. Daí para a frente o Match ficou ligado no iTunes sem mais problemas.
Ineligible Tracks e faixas que deviam ser Matched, mas estão uploaded
Algumas faixas não serão aceites pelo Match e ficarão marcadas como Ineligible. Na esmagadora maioria dos casos, isto deve-se a um bitrate muito baixo ou a VBR (variable bit rate). A solução é simples: converte-se a faixa para um AAC de 128 kb, ficando-se assim com duas versões da mesma faixa, depois, apaga-se a original e na nova versão, right-click > add to iCloud. Muitas vezes, o primeiro resultado é que o iCloud Status fica ‘removed’, mas repetindo o add to iCloud, das duas uma: ou passa a uploaded, ou matched. Se for matched, podemos novamente apagar a faixa de 128 kbit e, como descrevi acima, fazer download da versão 256.
Finalmente, no meio de alguns álbuns, notarão que está tudo matched, menos uma faixa ou duas. Este é conhecido como o Bathroom Window bug, já que um caso facilmente reproduzível por muita gente é no álbum Abbey Road, dos Beatles, em que todo o álbum é matched, mas a faixa She Came In Through The Bathroom Window é uploaded.
Ainda não se conhece solução para este problema, que acontece com a maioria – mas não todas – as cópias deste disco.
Em suma: para quem tem música espalhada por vários sítios e gosta de ter uma biblioteca bem organizada, para quem gosta de ouvir a mesma música em todo o lado e tem vários dispositivos iOS e/ou iTunes, o iTunes Match vale a pena.
Para quem tem pouca música, ou apenas um dispositivo com iTunes ou quem prefere um serviço de subscrição de música tipo rádio – como o Music Box – apologies to @celso :), ou para quem tenha mais de 25 mil músicas que pretenda sincronizar (thanks, Eduardo), o iTunes Match não vale a pena.
Não é assim que se diz? Ou a minha começa, onde acaba a dos outros? Ou é a mesma coisa?
Estamos no dia da liberdade e viva a dita. Tudo o que temos, bom ou mau, se deve em grande parte ao derrube do regime autoritário de extrema-direita que tivemos em Portugal durante 40 anos (ou 41, vá). Mas há uma coisa que nenhum golpe consegue deitar abaixo e essa coisa é a evidente ausência de civismo e respeito mútuo dos portugueses.
Está por todo o lado. O português quer saber de si próprio, depois quer saber dos que lhe são próximos (mas um bocadinho menos), depois do círculo alargado, como a escola em que anda, a empresa em que trabalha ou o bairro onde vive… mas um bocadinho menos. E por aí fora, em espiral descendente até se estar perfeitamente a borrifar.
Confrontado com a situação de prejudicar alguém para poupar a si próprio 2 minutos ou 3 euros, o português não hesita: que se lixe o outro.
Este é o português que estaciona em segunda fila para ir ao café, empatando todo o trânsito porque não está para estacionar 100 metros mais í frente. É o português que vai para a fila do supermercado enquanto a família vai aos corredores buscar compras e depois fica  a empatar a caixa, porque a esposa ainda não voltou com o óleo Fula. Este é o português que vai para o Multibanco fazer 15 operações e nem lhe ocorre fazê-las em conjuntos de 2 ou 3 enquanto vai fazendo pausas para deixar que outros se sirvam da máquina.
Como é que podemos esperar que isto mude? Com educação.
Mas primeiro, era preciso que as pessoas percebessem que educação não é “ir í escola”. Isto é educação que precisa de vir de casa, da sociedade, de quem dá o exemplo. Mas não vem, nem acredito que venha, num futuro próximo. Porque o que o português passa aos filhos é precisamente aquilo em que acredita para si próprio “tenho direito, não tenho deveres, estou aqui para tratar de mim, os outros que tratem de si”.
Não somos o país do “um por todos, todos por um”, somos o país do “olha-me este, querem ver?!” e do “espera aí que eu já te conto”.
Estou a escrever este post sobretudo porque ainda me dói a carteira no sítio de onde saíram hoje 15,54 euros.
Vivo numa zona central da cidade, muito perto da praça onde se realizam as grandes festas do PCP… perdão, da Câmara Municipal. Vivo perto de escolas, de um parque urbano, de um auditório, do McDonald’s, vários outros restaurantes e até do teatro municipal.
Consequentemente, em dia de evento, seja campeonato de andebol numa das escolas, de peça no teatro, ballet no auditório ou, como se passou ontem, festa do 25 de Abril com concerto e fogo de artifício, o meu bairro é um vê se te avias para estacionar.
Trata-se, porém, de uma zona de estacionamento para residentes. Para estacionar aqui (e isto é assim em toda a cidade de Almada), é necessário ter um dístico de residente, que se obtém na ECALMA (a EMEL de Almada) e que requer tanta papelada que eu tive que fazer mais do que uma tentativa para obter o meu.
Sem o papelinho, podemos estar estacionados í porta do prédio onde vivemos que não faz diferença, os senhores fiscais passam e multam e é se não passarem e bloquearem ou rebocarem o carro.
Mas, alas, em dia de festarola, tudo isto é arbitrariamente cancelado porque a zona fica completamente a abarrotar de carros de não-residentes e um gajo chega a casa por volta das 20:30 e depois de 10 voltas ao quarteirão está disposto a ir dar uma cabeçada no polícia de trânsito que anda por ali a controlar as festividades e perguntar-lhe “onde é que eu estaciono esta merda, oh senhor figura da autoridade?”
Mas o que é que isto tem a ver com civismo e respeito mútuo? Então esta gente, para vir festejar no centro da cidade, deixava o carro onde?
Que tal no gigantesco parque de estacionamento de três pisos que fica precisamente por baixo da praça onde se realiza a festa? Hum? Que tal?
Ah, não… isso não, porque paga-se. E assim como deixo o carro em segunda fila para ir beber a bica e quem quiser passar que se foda, vou também estacionar o meu carro aqui nestas ruas e quem cá morar que meta o carro no parque e pague 15 euros e tal por uma noite de estacionamento.
Claro que estacionar o carro no parque durante umas horas para assistir ao concerto sai muito mais barato, o parque nem é caro, porque esteve 18 horas no parque e custou 15 euros e picos, ou seja, uns 85 cêntimos por hora. Para assistir a 3 ou 4 horas de festarola, três euros e meio, vá, quatro. Para ficar a noite inteira porque não tinha lugar quando cheguei do trabalho, incha porco.
E claro, depois de dez voltas í s ruas até mais distantes de minha casa sem encontrar lugar, entro no parque e é só escolher. É que até dava para ir para lá jogar í bola no meio de uma largada de touros com um jogo de futebol a decorrer em simultâneo. E isto no segundo piso, há mais um para baixo e um para cima que é mais pequeno, porque tem o Pingo Doce.
Eu nem sou defensor das zonas para residentes, mas sou ainda menos defensor de que estas sejam opcionais nos dias em que os Srs. Autarcas querem fazer brilharete com as suas festividades bacocas. Ou existem, ou não existem.
E, acima de tudo, fico realmente sem grande esperança de vir a testemunhar um dia em que o portuga se preocupe com o próximo e não se importe de andar mais uns metros a pé, de esperar um pouco ou até mesmo de desembolsar dois ou três euros se isso significar que não vai empatar a vida a um monte de gente.
Aqui há umas semanas atrás, a Dee dizia mais uma vez que precisava de fazer exercício e, mais uma vez, eu ofereci-me para ajudar. Só que desta vez, começámos mesmo a fazer exercício os dois e temos mantido o nosso programa doméstico há várias semanas. A premissa é que fazemos uma curta sessão de exercício […]
Spoilers ahead, read at own risk. Há alguns filmes que nos ficam marcados e isso tem tanto a ver com a qualidade dos mesmos como com o nosso gosto. Pode também ter a ver com sentir-se a pressão intelectual de gostar de determinadas merdas só porque são clássicos, mas não vamos por aí. Eu gosto […]
No domingo passado, o Tiago começou a ficar doente. Teve febre e fez diarreia. Não estávamos muito preocupados porque no dia anterior, a Joana tinha tido também um pico de febre e no dia seguinte já estava melhor. A diarreia dele piorou um bocado na segunda, mas a febre desapareceu e na Terça já estávamos […]
Há uns anos atrás, participei numas sessões de brainstorming e quando chegou a minha vez de mandar uns bitaites disse que o que eu queria era um sistema que me permitisse ter a minha música toda num servidor, permitindo-me depois ouvi-la em qualquer lugar, através de computadores ligados í net, ou mesmo, talvez no telemóvel. Na […]
Não é assim que se diz? Ou a minha começa, onde acaba a dos outros? Ou é a mesma coisa? Estamos no dia da liberdade e viva a dita. Tudo o que temos, bom ou mau, se deve em grande parte ao derrube do regime autoritário de extrema-direita que tivemos em Portugal durante 40 anos […]