Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Na sexta-feira foi a última festa de Natal do Tiago, no pré-escolar. As festas diversas na escola não eram fáceis, o Tiago não gostava muito, participava pouco, apesar dos papéis já curtos que lhe eram dados. Muitas vezes, amuava e ficava sentado a um canto do palco.
Mas ultimamente, isso tinha vindo a melhorar, até que sexta-feira, o Tiago esteve em palco com toda a propriedade e orgulho. Falou alto, de cabeça levantada para projectar a voz. Quando uma amiga demorou a responder í educadora o nome do poema que iam dizer em conjunto, foi ele que se chegou í frente para colmatar o esquecimento.
Dançou, fez a sua mímica, disse as suas falas e não hesitou, não amuou, não se envergonhou.
Quando ele nasceu, este blog foi muito verboso, depois, ele foi crescendo e os posts foram desacelerando. Mas de vez em quando, sinto que é importante fazer um registo. E este é o registo de uma mudança fundamental. De um Tiago tímido e calado para um Tiago extrovertido e falador.
E a mudança nota-se todos os dias, como se exprime connosco, as histórias que inventa, as suas constantes brincadeiras com robots e naves espaciais, os desenhos baseados no Star Wars de que recentemente se tornou fã (sobretudo dos robots), ou em jogos e desenhos animados; custa a crer que há cerca de três anos estavamos preocupados porque ele dizia muito poucas palavras.
Com cinco anos, já não muito longe dos seis e da escola primária, o Tiago é carinhoso, é falador, imaginativo e preocupado com os que o rodeiam. É extremamente responsável e muito ciente das consequências das coisas. Ainda há um mês, quando partiu um braço, caído no chão a chorar com dores, o que se lhe ofereceu dizer foi “que parvo que eu fui, a culpa é minha!”. De um miúdo desta idade, eu esperaria algo como “não tive culpa, a cadeira escorregou!”.
Se magoa a irmã por acidente, geralmente chora mais que ela, tal é a preocupação. E aliás, o amor que tem pela irmã, que disfarça o melhor que pode, é provavelmente a sua mais nobre faceta. Sempre í distância, sempre reservadamente, certifica-se que a Joana está bem e não contém um sorriso quando ela consegue pequenas vitórias.
Toda a gente acha que os seus filhos são especiais. Toda a gente os acha únicos. Praticamente não valeria a pena dizer como único e especial é o Tiago, seria imediatamente invalidado pelo próximo pai ou mãe que aqui passasse, pensando que especial e único é o seu.
Mas o Tiago é especial e único. Nas coisas que diz, na energia que tem, até mesmo nas pequenas estranhezas que demonstra, nas ocasionais crises que tem. O Tiago continua, todos os dias, a ensinar-me a ser pai e a mostrar-me que vale sempre a pena mais um minuto, mais uma história, mais uma brincadeira e vale a pena continuar a olhar para o futuro, de alguma forma, de alguma maneira, com ou sem crises, com ou sem políticos e banqueiros, porque se todos formos um bocadinho mais como o Tiago, o mundo será de certeza um sítio melhor.
Texto que emociona, como é hábito…
Pois… Geração de pais babados é o que é…