Fí­sica 101

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

A Joana ameaçava atirar a sopa toda ao chão e a mãe fazia-lhe ver esse quase inevitável facto. Eu disse-lhe: “é o problema da gravidade. Quem te pode explicar isso é o Tiago, que já sabe.”

Depois virei-me para o Tiago e disse: “Não é filho? Podes explicar í  tua irmã como funciona a gravidade?”

E ele, como é evidente. Respondeu-me com outra pergunta: “onde?”

E embora gravidade funcione da mesma maneira em todo o lado, o facto dele perceber que a gravidade varia de sí­tio para sí­tio e responder com aquela pergunta foi o suficiente para me deixar calado. Já não falta muito para o miúdo perceber mais de fí­sica do que o pai.

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Why so social?

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Em 2008 começou a formar-se o projecto que viria a ser o Pond e na altura, este blog era há já muitos anos a minha principal expressão na web.

Por necessidade do projecto, comecei a tornar-me utilizador mais frequente do Twitter e sobretudo do Facebook. A minhas contas acabariam por ser muito úteis nos testes do Pond pelo grande volume de followers/amigos e de actualizações que eu fazia que, apesar de não baterem records, eram significativas e permitiam testar algumas situações importantes nas aplicações e infra-estrutura.

O meu objectivo foi, então, criar o máximo de ligações possí­vel nessas e outras redes fazendo com que a minha utilização acompanhasse o crescimento galopante destes serviços.

À medida que os acessos í s redes de massificaram e tornaram mais potentes e flexí­veis, com uma facilidade cada vez maior em partilhar e consumir todo o tipo de conteúdos, fui criando uma dependência cada vez maior dos serviços, não ao ponto da obsessão, mas ao ponto de não passar umas horas sem uma consulta a uma timeline ou um status update.

E não me queixo disso. As chamadas redes sociais são muito poderosas, mas não são em si responsáveis pelo nosso comportamento. Essa responsabilidade cabe a cada um de nós – como em tudo. O Facebook não é nada sem as pessoas que diariamente lá despejam conteúdo, exactamente o mesmo se passa com a web. São apenas veí­culos. Ironicamente, acabam mesmo por ser uma serie de tubos, vasos comunicantes, que as pessoas preenchem com textos, fotos, ví­deos, música e tantas outras coisas.

Mas as redes como o Facebook e o Twitter têm uma particularidade de serem dotadas de uma audiência concentrada e de um imediatismo fulgurante; tão depressa são veí­culos para uma Revolução, como antros de boatos. Tanto são palcos para divulgação como nunca antes existiram, como são spotlights para as mais assanhadas attention whores da História da Humanidade.

Nos tempos mais recentes, a cada dez posts colocados por mim, uns sete ou oito descambavam em discussões inúteis, muitas vezes com argumentos agressivos e pouco fundamentados e que acabavam apenas por servir para denegrir a minha opinião do carácter de alguns dos participantes. Não tenho dúvidas que serviram também para denegrir a opinião que essas pessoas têm de mim.

Ao percorrer a minha timeline no Facebook, ou no Twitter, o resultado é o mesmo. Uma grande maioria dos updates tem pouco interesse, uma parte significativa são patetas e alguns são obviamente provocativos, em busca da tal discussão, a chamar os suspeitos do costume para mais uma peixeirada de Benfica versus Futebol Clube do Porto ou Esquerda versus Direita, etc. Já para não falar na publicação dos mesmos ví­deos engraçados e das mesmas imagens do 9gag por pessoas diferentes.

Mas como eu já disse, a culpa não é dos serviços existirem e servirem para o que servem e nem sequer me atrevo a censurar as pessoas que os usam como muito bem entendem, nem teria a hipocrisia de criticar um comportamento que, até há bem pouco tempo, era o meu.

Mas cheguei ao ponto em que tenho que me questionar: para quê tanta socialização? Se o resultado prático da utilização destas redes é muito mais negativo que positivo, se passo a vida a achar que fulana é idiota, que sicrano é um parvalhão e que o outro é um chato do caraças – e imaginando que outros me acham um palerma, inconsistente que passa o tempo a trollar, qual é o grande benefí­cio que retiro das redes sociais?

Não sei a resposta, mas sei que faz uma semana que reduzi drasticamente a minha utilização do Twitter e Facebook. Não tenho postado quase nada e praticamente não tenho consultado as timelines. E tenho-me irritado menos e tenho reparado que me ando a preocupar com os meus problemas do dia a dia, mas mais nenhuns. Não tenho que, além daquilo que já me aborrece, ainda ter que me chatear com mais uma discussão estúpida sobre a Economia ou uma troca de galhardetes imbecil sobre espátulas de virar omeletes. Tem sido libertador.

Por enquanto, não tenciono fechar contas, nem deixar completamente de usar os serviços – alias, este post vai ser automaticamente partilhado, estas redes são excelentes para fazer chegar conteúdo e ideias a mais pessoas – mas vou dar dois passos atrás e repensar um bocadinho, talvez tentar adaptar-me melhor a este mundo de redes e perceber como viver nele de uma maneira mais sã e produtiva.

Para finalizar, deixo-vos com um ví­deo algo longo, mas que vale a pena ver e sobretudo ouvir com atenção.

British Council Annual Lecture 2011: Ben Hammersley

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Treino de 19 de Junho

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

O treino de ontem foi rápido e eficaz, como convém e constou de 9 séries de 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 repetições dos seguintes três exercí­cios:

  • Flexões
  • Agachamentos
  • Sit-ups

Feitos sem intervalo, num total de 55 reps por exercí­cio. O melhor deste treino é mesmo o movimento constante de exercí­cio para exercí­cio e embora as repetições vão diminuindo, isso significa também que mais rapidamente estamos a esgotar o mesmo músculo novamente.

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Exercitar

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Aqui há umas semanas atrás, a Dee dizia mais uma vez que precisava de fazer exercí­cio e, mais uma vez, eu ofereci-me para ajudar. Só que desta vez, começámos mesmo a fazer exercí­cio os dois e temos mantido o nosso programa doméstico há várias semanas.

A premissa é que fazemos uma curta sessão de exercí­cio intenso (dentro das nossas possibilidades), três vezes por semana, í s segundas, quartas e sextas. Eu invento o programa do dia, com o objectivo de variar o mais possí­vel, evitando o tédio da repetição, enquanto, ao mesmo tempo vamos repetindo alguns exercí­cios básicos para podermos progredir nos mesmos.

Uma sessão de treino pode ser inteiramente feita de exercí­cios com o peso do corpo, ou incluir halteres, saltos ou boxe. Uns dias fazemos um certo número de repetições de três exercí­cios durante três séries, noutros dias fazemos três tabatas com três movimentos diferentes, noutros fazemos, por exemplo, em determinado tempo para cada exercí­cio, o máximo de repetições que conseguirmos.

Queremos manter os movimentos simples e com pouco isolamento, optando muitas vezes por exercí­cios que envolvam o corpo todo, quer porque todo o dito tem que mexer, ou porque se exige que se mantenha rí­gido para executar o movimento, como nas flexões. Também tentamos recrutar o máximo de grupos musculares nos vários exercí­cios, por exemplo, fazendo extensão completa da anca nos agachamentos, puxando tanto pelos abdominais como pelas pernas para completar o movimento.

Se continuarmos assim, estou de olho numa barra de elevações, que é dos exercí­cios mais básicos, o que nos falta incluir e também, provavelmente, mais difí­cil.

Para não estar só com teoria, fica como exemplo o que fizemos hoje:

Em 20 minutos, completar o máximo possí­vel de séries do seguinte:

  • 5 flexões
  • 10 agachamentos
  • 15 sit-ups

Eu completei 12 e a Dee, 11. Não sendo um resultado espectacular, implica que, em 20 minutos, fiz 60 flexões, 120 agachamentos e 180 sit-ups. Para a próxima há-de ser diferente, mas eventualmente voltaremos a fazer os mesmos exercí­cios e notando melhorias.

Aconselho vivamente um programa deste tipo a que não tem paciência ou tempo para ginásios (ou dinheiro…). Basta uma sala com algum espaço livre, alguns exercí­cios básicos e tentar sempre fazer o máximo de esforço no mí­nimo de tempo. Os nossos treinos, por enquanto, ainda podem ser considerados ligeiros, mas sempre que treinamos, puxamos um bocadinho mais do que da última vez e os resultados são notórios.

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Prometheus

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Spoilers ahead, read at own risk.

Há alguns filmes que nos ficam marcados e isso tem tanto a ver com a qualidade dos mesmos como com o nosso gosto. Pode também ter a ver com sentir-se a pressão intelectual de gostar de determinadas merdas só porque são clássicos, mas não vamos por aí­.

Eu gosto de filmes que me dão gozo ver e não tenho particular atracção por filmes muito profundos e bonitos que façam pensar muito. Portanto, não é de espantar que alguns dos meus filmes preferidos sejam, por exemplo, praticamente tudo o que o Quentin Tarantino fez até hoje (veremos o Django…). Igualmente na categoria de filmes preferidos, estão o Blade Runner e o Alien; dois filmes do Ridley Scott, pouco mais novos que eu.

O Prometheus é uma história contada antes do Alien e não é um filme de Aliens. Claro que estou a usar Alien aqui para descrever a criatura preta de dupla mandí­bula criada pelo Giger para o filme original, porque há de facto vários extra-terrestres no Prometheus.

Sendo o Alien original, de 1979, um dos meus filmes preferidos, vi todos os que se lhe seguiram com algum prazer, embora nenhum seja tão bom como o primeiro – nem podiam ser, porque o primeiro é o original, é a ideia concretizada, com a sorte de o ser nas mãos de um bom realizador.

Depois de vermos os ovos, o facehugger, o chest burster a sair de dentro do John Hurt, o mostrengo a abrir um buraco na testa do Harry Dean Stanton, já não vamos conseguir vê-los pela primeira vez, novamente. Será sempre uma repetição e a cada repetição, a coisa perde sabor. É por isso que a originalidade é tão importante.

Fui ver o Prometheus, então, nesta condição de seguidor daquilo que a série “Alien” tem tido para oferecer ao longo dos anos, com alguma expectativa acrescida por se tratar de uma história realizada pelo criador original da dita série.

Não quero entrar em muitos detalhes, porque não é esse o meu objectivo, mas apeteceu-me escrever este post, porque tenho lido por aí­ reacções tão agressivas, tanto a favor, como contra o filme, que achei que precisava de dizer algo sobre originalidade, que me parece ser o problema fulcral aqui.

Porque o filme fala de origens — das origens da humanidade, í s origens dos aliens — mas como filme, nunca poderia ser original, seria sempre baseado em algo que já foi feito, personagens já imaginados, um futuro já criado, com criaturas que já tí­nhamos visto. E por isso, nunca poderia ser um daqueles filmes que marca, como marcou o Alien.

Esperar que este filme seja tão bom ou melhor do que o original, era o mesmo que condenar o original a mediocridade facilmente superável. Mas o original não é facilmente superável. Tanto por ter sido um filme marcante para a época como por continuar a ser um filme fantástico, mais de trinta anos depois.

George Lucas nunca conseguiria melhorar o Star Wars, Ridley Scott nunca conseguiria melhorar o Alien (nem o Blade Runner, já agora, quando se começa a falar numa sequela do dito). A diferença foi que o Lucas deu cabo do Star Wars, mas o Ridley Scott não deu cabo do Alien. Na minha opinião, conseguiu contar uma história no mesmo universo, passada antes do primeiro filme, que não tem necessariamente que ser uma prequela (palavra que, tanto quanto sei, nem existe…)

Foi assim que vi o Prometheus e devo dizer que gostei bastante. É um filme interessante que traz de volta uma certa estética sci-fi que se tem evaporado do cinema nas últimas décadas e que consegue manter algum suspense de cena para cena, sabendo já nós muito bem que ninguém vai sair daquela embrulhada muito bem tratado.

Aliás, assim que o filme começa nós já sabemos que há 17 tripulantes e que pelo menos 16 vão morrer antes do fim. Mas para mais sobre este assunto, ler acima sobre a importância de ser o original.

Dito tudo isto, o filme tem um problema central que foi o que mais me incomodou, apesar do esforço que fiz para o ignorar e gozar o resto. A chatice é que o problema é a tripulação e a tripulação… São os personagens quase todos.

Vejamos: a nave chega ao planeta e encontra, logo no primeiro vale, uma instalação aliení­gena. Imagino a dificuldade que deve ser, chegar a um planeta maioritariamente deserto e dar logo com o vale onde fica a base dos habitantes. Mas passando isso í  frente, toda a gente quer imediatamente ir ver as ruí­nas (até porque é Natal – atenção isto é importante).

Eu diria que aterrava a nave, fechava tudo e disparava todos os sensores í  minha disposição durante 24 horas, para ter a certeza de como eram as coisas lá fora. Mas isso era se eu fosse um cientista numa missão de exploração espacial nunca antes feita.

Ah, espera, era isso mesmo que a tripulação era! Mas, estranhamente, começamos logo por saber que um deles, um tipo barbudo e mal encarado, está ali só pelo dinheiro. Um cientista – geólogo – numa missão de “triliões” de dólares, para descobrir vida do outro lado do universo, está ali com espirito mercenário? Estranho.

Mas vá, aceitemos que a excitação fez os cientistas irem todos visitar as tais ruí­nas. Lá descobrem o que parecem ser os restos de uma civilização, regressam í  nave e um deles vai-se embebedar, porque a civilização de que vieram í  procura parece extinta. Então… Mas é uma civilização aliení­gena; na verdade, a primeira jamais encontrada por humanos. E foi encontrada graças í  pesquisa do dito cientista… E ele fica desiludido ao ponto de se ir embebedar? Eu ficaria eufórico!

Talvez até eufórico ao ponto de me ir embebedar, mas eufórico, porra! Esta é a maior descoberta cientí­fica de sempre! Mas ninguém parece excitado, tirando, talvez, a Drª Shaw, a cristã que vem í  procura do Criador (eu não disse que a cena do Natal era importante?). Só quando ela descobre que o ADN das criaturas encontradas é idêntico ao humano é que o outro rapazito fica levemente entusiasmado.

E os outros cientistas todos? Não se sabe… Estão ali, como se encontrar antigas civilizações extra-terrestres fosse o trabalho mais aborrecido do mundo. Não estão excitados, nem assustados, nem… Nada.

E eu sei porquê. Infelizmente, é fácil de explicar. É que os membros da tripulação não estão ali para ajudar a contar a história, estão lá para serem carne para canhão. Alguém tem que morrer mortes horrendas naquele planeta e faziam falta 17 bonecos para o tiro ao alvo.

No primeiro filme, eram sete e eu ainda sei os nomes de cor: Dallas, era o capitão calmo e descontraí­do, Ash era o oficial de ciência, frio e calculista (e um robot, como se descobre no fim), Brett e Parker são os mecânicos da nave, preocupados com os bónus a que iriam ou não ter direito, Kane é a primeira ví­tima do Alien, quando traz um a bordo agarrado í  cara, Lambert é a mais medricas e Ripley, a menina que gosta de seguir as regras e acaba a ter que as quebrar todas para se safar.

Com um bocadinho de esforço, até me consigo lembrar de todos os nomes dos space marines do segundo filme. Mas tenho muitas dúvidas que a lista na minha cabeça, do Prometheus vá muito além de David, Vickers, Shaw…

E é pena. O filme vê-se bem, tem um ambiente porreiro, os efeitos visuais não atropelam a história, as inconsistências cientificas (como é que têm gravidade na nave?), são facilmente desculpáveis, mas aqueles personagens desinteressados e blasé em relação a tamanha missão acabam por tirar o brilho extra que faria deste filme um clássico.

Mas pronto, vale a pena ver, para quem gosta de sci-fi monster movies, desde que não estejam í  espera de outro Alien.

PS: alguém diga í  Vickers que se um objecto está a cair numa determinada direcção, o ideal é correr na perpendicular dessa direcção, ou, vá, obliquamente, no sentido dos limites exteriores d objecto…

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A Joana ameaçava atirar a sopa toda ao chão e a mãe fazia-lhe ver esse quase inevitável facto. Eu disse-lhe: “é o problema da gravidade. Quem te pode explicar isso é o Tiago, que já sabe.” Depois virei-me para o Tiago e disse: “Não é filho? Podes explicar í  tua irmã como funciona a gravidade?” […]

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Em 2008 começou a formar-se o projecto que viria a ser o Pond e na altura, este blog era há já muitos anos a minha principal expressão na web. Por necessidade do projecto, comecei a tornar-me utilizador mais frequente do Twitter e sobretudo do Facebook. A minhas contas acabariam por ser muito úteis nos testes […]

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Treino de 19 de Junho

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O treino de ontem foi rápido e eficaz, como convém e constou de 9 séries de 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 repetições dos seguintes três exercí­cios: Flexões Agachamentos Sit-ups Feitos sem intervalo, num total de 55 reps por exercí­cio. O melhor deste treino é mesmo o movimento constante de exercí­cio […]

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Aqui há umas semanas atrás, a Dee dizia mais uma vez que precisava de fazer exercí­cio e, mais uma vez, eu ofereci-me para ajudar. Só que desta vez, começámos mesmo a fazer exercí­cio os dois e temos mantido o nosso programa doméstico há várias semanas. A premissa é que fazemos uma curta sessão de exercí­cio […]

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Spoilers ahead, read at own risk. Há alguns filmes que nos ficam marcados e isso tem tanto a ver com a qualidade dos mesmos como com o nosso gosto. Pode também ter a ver com sentir-se a pressão intelectual de gostar de determinadas merdas só porque são clássicos, mas não vamos por aí­. Eu gosto […]

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