Quando tinha 11 anos, tinha um gira-discos

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Era este:

Philips 22AF 200 Stereo

Por causa de um post da Daniela hoje no FB, lembrei-me dele.

Agora que estou a 2 dias de fazer 38 anos, estas merdas começam a emocionar-me.

Puta da idade.

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Escanifobetismo alimentar

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Desde miúdo que tenho alergias. Durante muito tempo foi a rinite alérgica com crises de espirros verdadeiramente épicos e mais tarde, já adulto, a asma com crises de falta de ar que, felizmente, nunca foram muito graves, embora tenha tido uma ou outra assim mais… interessante.

Na altura fiz os exames devidos, os testes das picadas, as análises, as provas de capacidade pulmonar, etc. Concluiu-se a que coisas sou alérgico, nomeadamente uns ácaros e companhia e até fiz umas vacinas que melhoraram muito a coisa.

Já urticária nunca tinha tido. Foi, então, uma supresa quando um dia destes acordei de cara inchada e mais tarde, já no comboio para o trabalho, descobri-me coberto de babas e cheio de comichão.

Se o meu pai sempre partilhou comigo a rinite, a minha mãe era, até í  data, a única detentora de valentes urticárias, na famí­lia. Tendo ela, recentemente, feito um teste de intolerância alimentar, para tentar encontrar aí­ uma resposta í s suas crises de urticária, que ao longo dos anos se evadiam ao diagnóstico, decidiu sugerir-me que fizesse o mesmo.

Fiz.

O teste chama-se A200 e é uma prova laboratorial de “intolerância alimentar” (entre aspas no original) que pesquisa por imonoglobulinas G (anti-corpos especí­ficos), em sangue, como reacção a mais de 200 alimentos diferentes.

Pelo que diz o estudo, porque eu não sou fisiólogo nem nada disso, as chamadas alergias são mediadas por IgE (imunoglobulinas E), enquanto que as chamadas ‘intolerâncias’ são-no pelas tais IgG.

Acrescenta ainda o estudo que estas últimas surgem, geralmente, mais tarde na vida e são de difí­cil identificação pois é difí­cil haver uma correlação directa entre alimentos consumidos e sintomas – digo eu que, ainda por cima, raramente estamos cientes dos vários ingredientes presentes naquilo que comemos, o que torna essa relação ainda mais complexa.

Ao que parece, evidência cientí­fica (não referenciada), aponta para que cerca de 30% da população sofra de uma ou outra intolerância alimentar, sujeitando-se frequentemente a sintomas persistentes que acabam por nunca ser diagnosticados.

Entre os sintomas, estão alguns que poderão ser facilmente associados í  alimentação (o bom velho, “isso deve ter sido qualquer coisa que tu comeste”), como azia, aftas, gastrite, colite, obstipação, diarreia e náuseas. Mas outros sintomas existem, muito mais difí­ceis de relacionar com a comida, como a tosse, bronquite, asma, dor, rigidez, enxaquecas, fadiga, depressão e retenção de lí­quidos (ok, este último é mais identificável com a alimentação).

Devo dizer que o resultado do meu exame foi pouco animador. Posto de forma muito simples, se eu quiser seguir uma dieta que elimina os alimentos a que sou intolerante, entro num café e não posso comer nada.

Posso, ao menos, beber um café. Já não é mau…

Senão vejamos: há os alimentos permitidos, depois os não recomendados e finalmente os proibidos, que têm dois ní­veis, laranja e vermelho, consoante a quantidade de anti-corpos detectada no ensaio.

Para mim, não recomendados: Bacalhau, amêndoa, malte, berbigão, levedura de cerveja, trigo, caranguejo, cevada e baunilha.

Nos proí­bidos: Clara de ovo, leite de vaca, amêijoa e os ‘muito’ proí­bidos: levedura de pão e cola/noz de cola.

Pode-se ver rapidamente porque é que não posso comer nada num café: trigo, ovos, leite. Fim.

Existem três caminhos a seguir, do meu ponto de vista: ignoro este exame e continuo com a minha alimentação, faço um ensaio de um mês e depois logo vejo ou mudo a minha alimentação permanentemente.

Como gosto de moderação, vou pela hipótese b) ensaio de um mês.

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A ideia é ver o que acontece, claro. E não opto pela escolha a) ignorar o estudo, porque há uns anos atrás sofria de umas cólicas verdadeiramente incrí­veis. Algumas pessoas conhecem as histórias das minhas mais violentas diarreias, das minhas aventuras no centro de Lisboa em busca de um WC, dos meus súbitos desaparecimentos í  hora de almoço para ir í  casa de banho. Nessa altura, fiz vários ajustes, até deixar de comer cereais de pequeno almoço (de arroz), e melhorar bastante. Achei que tinha descoberto que os cereais me causavam os desarranjos intestinais, mas agora, que olho para este exame, percebo que muito provavelmente, era o leite.

É que, parei de comer cereais, mas também parei de beber leite, já que era a única altura em que o fazia.

Se a (quase) eliminação de leite da minha alimentação me livrou de um sofrimento tão grande (acreditem, era mau e era quase diário), fico curioso para saber o que mais poderá melhorar no meu quotidiano se eliminar mais alguns destes alimentos terroristas do meu sistema.

Acabarão as minhas dores de cabeça súbitas? Terei menos tosse? Doer-me-í  menos o pescoço? Talvez sim, talvez não, mas se calhar, vale a pena testar.

Isso significa, claro, não entregar a minha alimentação ao nosso piloto de competição domado, mas fazer cortes que até me dá peninha imaginar: ovos – adoro ovos; e com eles muitos doces (todos os meus preferidos), molhos, maionese, merengue, suspiros, pasteis de nata (aaaaaaargh!) e claro, omeletes, ovos estrelados, cozidos, escalfados que são só, provavelmente, as minhas coisas preferidas de comer.

Depois o leite. Para onde quer que nos viremos há leite de vaca. O queijo, claro, requeijão, iogurte, béchamel, batidos, galões, mais bolos e pastelaria diversa, chocolates, mais uma data de doces como arroz doce, leite condensado, manteiga, natas, gelados e diversos molhos. Até fiambre é feito com leite… mais: até as batatas fritas do McDonald’s são feitas com leite.

E o que dizer do trigo? Se o leite e os ovos não forem o suficiente, o trigo acaba com tudo. Hoje, numa máquina de moedas, tirei um pacote de batatas fritas para comer no escritório. Tinham trigo. Depois temos a carne picada industrial que muitas vezes tem pão ralado, logo, trigo, pelo que comer hamburgers fora, está… fora. Pão, claro. Panados, cereais de pequeno almoço, bolachas, bolos, mais uma data de bolos e mais bolos e massas – se eu como muitos ovos, como-os quase sempre acompanhados de massa e claro, bebidas alcoólicas diversas: whiskey, vodka, cerveja.

Mas mesmo que a cerveja não tivesse nada ver com trigo, não havia azar, porque também sou intolerante í  levedura de cerveja. E mesmo que o pão não seja de trigo, sou intolerante í  levedura de pão que está presente em montes de coisas em que também há trigo, ou leite, de qualquer maneira, mas também no ketchup, molhos diversos e até no molho bbq, outra coisa que eu adoro.

E assim como se precisasse de um golpe de misericórdia, a cola, que está no topo da lista e, claro, presente na Coca-Cola.

Não transcrevi a lista toda, claro. Mas é extensa.

Felizmente, não consta nenhuma carne, nem arroz, nem a maioria dos vegetais e temperos, pelo que posso afogar as mágoas em bacon. Vou tentar aproveitar o fim de semana para pensar bem nisto e tentar iniciar um mês de alteração da minha dieta para evitar o leite, os ovos, o trigo, as leveduras, a cevada, o malte e a baunilha, que são os mais complicados e que requererão mais treino para evitar.

Quanto ao bacalhau, paciência… lá se vai um dos únicos peixes de que gosto, sobra o atum. Berbigão e amêijoas não me chateia – prefiro cadelinhas, de longe. Que se lixem as amêndoas, prefiro amendoins, cajus ou pevides – embora a tarte de amêndoa da minha mãe seja a melhor do Universo, mas como leva farinha e leite e ovos, é indiferente. E finalmente, acabou-se a coca-cola já que não faço ideia de que quantidade de cola tem (deve ser pouquí­ssima), mas tendo em conta que é dos piores alimentos na minha análise, fica na prateleira.

Vamos lá ver o que acontece a seguir.

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