Estoirou

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

No dia 12 de Novembro entrei de licença de paternidade. A minha última licença de paternidade de sempre, já que não planeio ter mais filhos. A casa virada do avesso, muitas coisas para comprar (pouco dinheiro…), muito para organizar, limpar e arrumar.

Antes de me retirar, recebi vários conselhos, nomeadamente que descansasse, aproveitasse para pensar nalgumas coisas, pusesse as ideias em ordem.

Nada disto aconteceu.

Estou na última semana do mês de licença, dia 13 volto ao trabalho, mas algures ali entre a primeira e a segunda semana, estoirei. Aliás, estoirámos os dois.

Nos primeiros dias conseguimos fazer muita coisa. Apesar de tudo, a casa já se parece muito menos com um armazém desorganizado e mais com um apartamento onde vivem pessoas. Carregámos com muitos móveis, transportámos muitas caixas, fizemos compras diversas, montámos candeeiros e cortinados, mas este ano deu-nos cabo do coiro e neste momento somos ambos uma massa razoavelmente parecida com um ser humano, mas praticamente incapaz de fazer as coisas que os seres humanos normalmente fazem.

Não houve momentos para descansar, pensar em coisas e por ideias em ordem.

Desta, a minha última licença paternal, levo sono, cansaço e desorientação. Sempre que pisco os olhos, há uma pequena festa dentro da minha cabeça – são os meus neurónios que pensam que vou dormir. Depois, quando os abro novamente, uma onda de desilusão.

Já adormeci em diversas ocasiões, a meio de coisas. Com o comando da Playstation na mão, a jogar Castle Crashers para entreter o Tiago, í  secretária, í  mesa da cozinha, a meio de uma refeição.

Confesso que estou um pouco preocupado com o que vai acontecer a partir de 13 de Dezembro, quando voltar ao trabalho. É que eu precisava mesmo de descansar e começa a parecer-me que tal não vai ser possí­vel na próxima década.

Quase todas as noites adormeço ao lado do Tiago, antes dele e agora estou acordado – esforço sobre-humano – í  espera que passe mais algum tempo para lhe ir medir a temperatura e saber se a febre voltou a subir ou se posso ir para a cama.

Se tudo correr bem, a Joana só acorda duas vezes durante a noite (linda menina), mas se tiver o nariz entupido, como tem sido caso, acordará mais. Se tudo correr bem, as minhas (novas) vizinhas histéricas não farão muito barulho í s duas da manhã que é, aparentemente, a hora a que gostam de dar risinhos e gritinhos daqueles que dão mau nome a todo o género feminino.

Um gajo pensa sempre que nunca vai ser daqueles que adormecem ao volante. Acha sempre que isso é perfeitamente evitável e que nem faz sentido. E depois, começa a adormecer a meio de uma frase sem sequer dar por isso e percebe que de facto, adormecer ao volante… é fácil.

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8 comentários a “Estoirou”

  1. Joana says:

    Tens que parar…aproveita estes últimos dias e dorme…muuuuuito. E tenta não fazer nada. (eu sei que é difí­cil…)

    bjs

  2. João says:

    E para evitares adormecer ao volante, não conduzas ;)

  3. Lisete says:

    e ainda há quem diga que a licença de maternidade/paternidade são férias!! nem sei como não estoiraram mais cedo!!

    • Pois, Lisete, ainda para mais em Portugal, onde estes direitos tardam, mas vão chegando e no entanto uma pessoa que tem filhos ainda tem que ouvir outros – que não os têm e não sabem como é – dizer coisas como “pois, belos empregos!”

      De facto posso dar-me por grato de ter um emprego e uma chefia que nem por um segundo questionou o meu direito í  licença, de facto deve haver quem tenha dificuldade em usufruir dos seus direitos… e é pena.

      Suponho que lá chegaremos.

      Neste momento, o mais importante, a meu ver, é estender a licença da mãe, porque amamentar 4 meses e depois ter que colocar o bebé numa creche é mau.

  4. Lisete says:

    Pedro, tb defendo que a licença da mãe seja alongada a 1 ano pois não há sensaçao pior do que aos 4 meses, quando o bebé deixa a mama e começa a comer sopa e papa e a gatinhar e a fazer gracinhas nós termos de assistir a isso de longe! Felizmente pude ter o meu filho por perto na minha mãe e continuei a dar mama 2 x por dia e a acompanha-lo por perto pous tenho facilidade de horário pois tenho uma empresa familiar e só foi para a creche aos 18 meses. mas mesmo ficando na avó eu sentia que o abandonava. se fosse na crche nem sei se aguentava. Ainda bem que a tua chefia não atrapalha nessa questão pois sei de muitas empresas que quase obrigam as mães a não gozar a totalidade da licença ameaçando substitui-las. ;(

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