O Acordo Macacográfico

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Bom, se o Acordo Ortográfico está aí­ e tem gerado alguma discussão num dos posts recentes então em acho que está na altura de o abraçar. Mas eu não gosto de fazer as coisas por meias medidas, prefiro pegar no Acordo e subir a parada. Eu acho que se o objectivo do AO é simplificar, então não estamos a simplificar o suficiente.

Há muito mais por onde simplificar a grafia do Português e se vamos fazer esse compromisso, então vamos até ao fundo, adoptemos o Acordo Macacográfico.

Português é logo um bom exemplo: para que serve aquele U ali? Portugês devia servir perfeitamente e assumimos assim a dupla valência do G e já estamos a simplificar… “Algidar”, “geto”, “gelra”, muito melhor.

Aliás, o U mudo pulula na nossa lí­ngua, sem qualquer (lá está ele), necessidade. Nada mais simples: removem-se todos os U mudos e podemos passar a escrever “qualqer” e “quaisqer” e mesmo “qe”. Simples, não?

Agora vejamos o S e o Z. Que grandes confusões, temos duas letras, mas uma delas serve perfeitamente a função da outra, já qe S serve de Z, por exemplo, em “coser”, em “casa” ou em “mesa”. Não precisamos da letra Z para nada e com esta, até aligeirei o próprio alfabeto.

Assim, proponho qe se passe a escrever “sero” em vez de “zero”, o contexto tem obrigação de tratar do resto. Qualqer pessoa perceberia perfeitamente qe o James Bond é o Agente Sero Sero Sete.

Falemos de outra letra: o X. Nem é precisa muita imaginação para perceber qe o X serve perfeitamente para substituir todos os sons “ch” da nossa lí­ngua. Para qê gastar dois caracteres, quando se pode usar apenas um?

“Xapéu”, “Xuva”, “Xatear”, “Xave” e “Xoco frito” não são palavras legí­veis? Com este novo acordo, é sempre a poupar. E por falar em poupar, porqe é qe precisamos de “ou” quando temos um acento – o tal qe nem sempre é preciso, mas qe aqi até dá jeito – o circunflexo?

Podemos passar a escrever “Pí´par”, “í”tão” e mesmo “í””, em ves de “ou”. (nota, “ves” está escrito ao abrigo do novo Acordo Macacográfico).

Mas o leitor mais atento terá notado qe ali atrás usei dois S. Qe grande desperdí­cio de letras. Então um não basta? E mais digo: aproveitamos, se o S serve de si próprio bem como de Z então também substitui facilmente o í‡ e podemos passar a escrever “Pasou”, “Casador” (evidentemente, aqele qe vai í  casa) e “Serviso”.

Mas a simplificasão não fica por aqi: é confuso que tenhamos duas letras para servir de S, já qe o C também o faz, asim, sugiro que apenas o S sirva de S e mais nada. Podemos asim escrever “Anunsiar”, “Séu” e “Insidente”. Qe simples, não é?

Cabe a cada um de nós faser avãsar a nosa lingua. Devemos cõtribuir ativamente para qe, dia após dia, o portuges se simplifiqe e este Acordo Macacográfico ainda não vai lonje o suficiente. í muito por faser: temus letras inuteis penduradas no fim de palavras como “Cabe”, no inisiu deste parágrafu, qe podia ser “Cab” e xegava. Usamus o E quando pudí­amus usar o “I”, temus várias letras qe não levam til i qe, levandu, cõtribuiriam muito para a desejada simplificasão, caso do E e do I.

I, finalmente (um E com til aqi pí´pava-nos um N), temus demasiadus asentus na nosa lingua qe mais nao fasem qe complicar.

É com 1 prufundu sentidu d responsablidad qe terminu est post i deixu pra postridad a mnha pruposta d 1 Acordo Ortugraficu qe sirva nao so u intrese dazeditoras í´ deste í´ aqel pais lusofunu, mas sim todus aqels qe, nus 5 continents, falam diariament a lingua de luis vas de camois!

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Tiálogos XXXI – Faquigárfo

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Há demasiadas coisas que não ficam registadas, como a forma como dizes “friogorí­sco” em vez de frigorí­fico, ou como já desenhas cruzes cuidadosamente, porque as mudanças são tantas e tão rápidas, mas há pormenores que são maiores e não podem ficar por escrever.

Hoje, ao almoço, pediste uma faca e para surpresa colectiva pegaste nos talheres, seguraste a carne com o garfo e cortaste com a faca o teu próprio bife.

Não me parece que seja algo que tenha surgido do nada e por acaso, nunca tí­nhamos tentado ensinar-te a comer de faca, pelo que deduzo que tenhas aprendido na escola, no entanto, não deixa de ser um momento a registar.

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O Acordo Ortográfico trama-me a leitura

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Recentemente, estava a ler notí­cias sobre o fascinante tema do Orçamento do Estado quando empanquei numa frase.

Dizia que o “Governo adotou certas medidas”. E eu estava prestes a passar í  frente, mas ficou-me aquela… uma palavra nova, “adotou”, que eu, naturalmente, li como “a-dú-tou”; pensei tratar-se de algum termo económico até aqui desconhecido para mim e fiquei a pensar o que seria um adotamento de medidas; alguma espécie de sinónimo de adjudicação, talvez.

Depois de perder uns bons dois minutos com isto, percebi, claro, que a palavra em, causa era, de facto “adoptou” e que se tratava de uma adopção de medidas e não de um adotamento ou adotagem ou mesmo adotação.

E é assim que o acordo simplificador vai tornando a minha leitura mais lenta e complicada do que precisava de ser.

Mas já sei, eu estou a ficar velho, os meus filhos vão, infelizmente, aprender a escrever “adoção”, “receção” e “espetador” e suspirar e encolher os ombros quando o pai insistir que no seu tempo se escrevia “adopção”, “recepção” e “espectador”.

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Joanalogias—Dificuldades Técnicas

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Já tenho dito várias vezes que 2010 tem encaixado impecavelmente na proverbial maldição chinesa “que vivas em tempos interessantes”. Se olharmos um bocadinho para além do que de positivo tem viver acontecimentos interessantes, percebemos rapidamente que com interesse vem sempre uma dose extra de caos.

Este ano já foi, para mim, marcado por várias mudanças: casa nova, obras, novas rotinas diárias e até mudanças de carreira (mais sobre isso aqui).

Foi tanta coisa que, provavelmente, foram coisas a mais. Embora saiba que estou a fazer o melhor que consigo, há dias em que não consigo ver a Joana. Espreito para o berço í s sete e pouco, antes de ir tomar banho e outra vez depois de conseguir dar banho e meter o Tiago na cama, já depois das dez da noite.

A Joana está com três meses e meio, rechonchuda como o irmão não foi, muito palradora e sorridente. É dorminhoca e além da ocasional dor de barriga, o sono é o que a mais faz chorar; isto contribui para as ocasiões em que não chego a vê-la muito bem: dorme quando saio de manhã e já dorme quando chego a casa de noite, depois, dorme a noite toda, acordando duas vezes para mamar, mas sempre sem choros.

O Tiago já envolve a irmã nalgumas das histórias que gosta de contar e ocasionalmente lá tem uma crise de ciúme, mas nada de grave.

Enfim, não tem sido fácil gerir todas a mudanças, responsabilidades e ainda um lista de tarefas significativa, mas em breve terei a segunda parte da minha licença parental e pretendo aproveitar o tempo para arrumar o máximo de pontas soltas possí­vel, ver terminadas as obras cá em casa, dar andamento í  venda da outra casa, arrumar, limpar e organizar o novo espaço e passar o máximo de tempo possí­vel com os miúdos.

Vamos ver quão depressa ou devagar passam 30 dias.

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