Tiálogos XXXI – Faquigárfo
Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Há demasiadas coisas que não ficam registadas, como a forma como dizes “friogorísco” em vez de frigorífico, ou como já desenhas cruzes cuidadosamente, porque as mudanças são tantas e tão rápidas, mas há pormenores que são maiores e não podem ficar por escrever.
Hoje, ao almoço, pediste uma faca e para surpresa colectiva pegaste nos talheres, seguraste a carne com o garfo e cortaste com a faca o teu próprio bife.
Não me parece que seja algo que tenha surgido do nada e por acaso, nunca tínhamos tentado ensinar-te a comer de faca, pelo que deduzo que tenhas aprendido na escola, no entanto, não deixa de ser um momento a registar.
Gosto da tag “skills” :D
E eu que o vejo de semana a semana, fico sempre espantado com a evolução. No outro dia, pediu-me para nos sentarmos num muro porque estava cansado. Sentámo-nos. Estávamos só os dois. Então, ele começou a contar-me a história de um robot que veio numa nave e caiu numa lixeira e depois queria ir para a cidade mas tinha que se mascarar de polícia. O neto a contar histórias ao aví´ está ao nível da lágrima ao canto do olho…
Agora gosta muito que contemos “a história do Tiago”, mas quando começamos a contar, ele geralmente pega na história e conta o resto.
Ainda no outro dia: “o Tiago queria puxar a cadeira, mas não conseguia, mas o Tiago teve uma ideia! Empurrar a cadeira sozinho!”
Tudo isto enquanto, sentado na cadeira dele tentava puxar-se para perto da mesa e, não conseguindo, desceu da dita e empurrou-a pelas costas para se voltar a sentar já próximo da mesa.