Primeira voltinha na Bimby

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Resolvi fazer a coisa com algum método e portanto peguei no livro oficial da Bimby, o que vem quando se compra a máquina e passei-o a pente fino para encontrar pratos que achasse que a famí­lia podia apreciar.

Cheguei a uma lista jeitosa, que se segue, acompanhada do número da página em que se encontra a receita:

  • Massa de pizza, 26
  • Caldo verde, 38
  • Arroz de polvo, 52
  • Bacalhau í  Brás, 56
  • Pescada surpresa, 58
  • Lulas com mostarda, 64
  • Jardineira de carne, 72
  • Almí´ndegas, 72
  • Feijoada, 74
  • Chili con carne, 74
  • Esparguete com frango, 76
  • Peito de frango enrolado, 78
  • Ervilhas com ovos, 78
  • Bifes de cebolada, 80
  • Strogonoff de frango, 80
  • Rolinhos de peru, 82
  • Rolo de carne, 84
  • Lombinhos com cogumelos, 86
  • Lasanha/Bolonhesa, 92
  • Fettucini carbonara, 92

É uma lista razoavelmente extensa e com alguma variedade e até acabei por fazer creme de cogumelos que não estava na lista inicialmente e comprar ingredientes para fazer creme de ervilhas.

Com a lista feita, comecei a escolher algumas coisas para cozinhar e a fazer a respectiva lista de compras – tirando o Strogonoff (ou Stroganoff, as opiniões variam), que fiz com coisas que tinha cá em casa.

Os pratos que experimentei fazer foram: Strogonoff de frango, Bolonhesa, Lombinhos com cogumelos (adaptado), creme de cogumelos e tarte de maçã.

Como ainda só usei a máquina cinco vezes, não posso tirar conclusões definitivas, porque seriam precipitadas, mas posso deixar algumas notas e partilhar opiniões porque também já percebi que existe por aí­ alguma ansiedade em saber o que eu tenho para dizer (o que me faz pensar que se algum jornal ou revista me pagasse para fazer reviews, não era uma vida má de todo).

Para já, um grande mal das receitas do livro oficial: parece-me que uma porção significativa das receitas inclui natas, farinha de algum tipo e caldos de carne ou galinha. São três coisas que, genericamente, tento evitar por na comida.

De vez em quando uso natas, mas pouco, farinha quase nunca adiciono aos meus pratos, tirando uma pitada de maizena nalguns molhos, mas até isso é raro e caldos, enfim… uso tão pouco que tenho aí­ um monte deles passados de prazo.

Mas como decidi seguir o livro para testar a coisa de uma forma mais oficial, cumpri as receitas o melhor que pude. Posso no entanto dizer que a melhor coisa que saiu da Bimby foi a tarte de maçã e posso acrescentar que a dita podia ter sido feita na minha batedeira, sem grande diferença no resultado final, parece-me.

Primeiro foi o Strogonoff de frango.

Strogonoff de frango com molho de natas abundante. Sabor… não tão abundante.

Durante a cozedura, um cheiro enjoativo de carne cozida encheu a cozinha – é algo que me desagrada e sinceramente prefiro, de longe, saltear ou grelhar a carne primeiro, antes de a passar no molho, mesmo só para tomar gosto.

O método da Bimby coloca a carne crua no copo para cozer em leite e natas, o resultado final é um frango macio, de facto, mas também algo borrachoso e a colar-se levemente aos dentes.

O sabor não era mau, mas não era nada de louvar. O grande êxito foi mesmo com o Tiago que adorou ajudar-me a fazer o jantar, carregar nos botões e seleccionar as velocidades e no fim, comeu e pediu mais.

No dia seguinte, voltou a comer e bem; eu também e pareceu-me que estava bastante mais saboroso depois de passar umas horas no frigorí­fico. Menos mau, mas não fiquei com vontade de fazer novamente.

Uma nota negativa para a lavagem da máquina: quando tirei o frango lá de dentro havia imensa carne empalada nas lâminas, foi uma chatice de tirar e depois, mesmo seguindo o método de encher com água e detergente e por a rodar 2 minutos, a coisa continuou a precisar de ser toda desmontada e lavada í  mão.

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Nos pratos que se seguiram (tirando a tarte), a coisa correu melhor e de facto a “auto-lavagem” dá jeito, não funciona é sempre.

A principal de positivo: além de ter entretido o miúdo, sujei muito pouca loiça e foi razoavelmente rápido de preparar. De notar, porém, que cortar o frango, descascar as cebolas e o alho, enfim… continua a ser tarefa humana.

A bolonhesa ainda não comemos, fiz apenas para ficar para a semana – como, aliás, costumo fazer em tachos e panelas normais. Ao fazer este prato fiquei impressionado com a Bimby pela primeira vez: aquelas lâminas são qualquer coisa de sensacional.

Em velocidades mais baixas picam os vegetais em pedacinhos muito regulares, em velocidades mais altas desfizeram completamente quatro tomates em polpa, num piscar de olhos.

Mais uma vez, a receita incluí­a caldo knorr ou lá que marca foi que usei (aquela do cozinheiro pedante), que usei a contra-gosto, mas pelo bem da experiência.

Mais uma vez, a confecção foi muito rápida, em meia-hora estava pronto, mas estava bom? Não.

Sempre fiquei curioso quando donos de Bimbies me diziam que faziam prato x ou y numa fracção do tempo normal. Bolonhesa ou Chili são exemplos comuns e que me deixavam sempre com a proverbial pulga por detrás do pavilhão auricular: pois se o que faz destes pratos delicias é precisamente o tempo que ficam a apurar na panela…

E de facto não há magia: cumprindo o tempo de cozedura da Bimby, a bolonhesa fica feita, mas fica a saber a mnhé. Dei-lhe apenas mais 10 minutos, desviando-me da receita e violando o protocolo de testes, mas pelo bem da Humanidade.

Só esses dez minutos foram suficientes para o resultado ficar muito mais saboroso. Com bom aspecto, porém, confesso que não ficou. Em parte culpa da carne embalada que comprei, mas também culpa da Bimby, porque apenas diz para colocar a carne lá dentro, mais nada. O resultado foi a carne toda em grumos enormes, a parecer montes de minhocas.

Carne í  bolonhesa, já na caixa para ir ao frigo. Mau aspecto :P

Em suma, pareceu-me razoavelmente saboroso, falta testar numa refeição e ver a reacção da malta. Mas a conclusão do cozinheiro é: venham cá que eu faço-vos uma bolonhesa como deve ser.

O que se seguiu? Lombinhos com cogumelos.

A receita é com porco, mas pode ser com vaca e foi o que fiz. A conclusão, porém, é mais ou menos a mesma que com o Strogonoff: preferia de longe ter grelhado os lombos ou salteado num pouco de manteiga com alho e depois juntado ao molho, do que deixado a carne a cozinhar na Bimby – até ficou tenra, mas podia ter ficado bem melhor.

Claro que “juntado o molho” é também algo que preferia não ter feito. Esta foi, de longe, a receita mais desastrosa até agora.

Mais uma vez, o molho incluí­a natas e maizena. Estranhei, na receita, a quantidade de maizena – 60 gramas – mas, mais uma vez, imbuí­do de espí­rito cientí­fico e usando a tão badalada balança da Bimby, lá pesei as 60 gramas de maizena.

Que desastre. Não bastava a carne estar meio sem graça, o molho coagulou rapidamente devido í  quantidade obscena de farinha que levou. Ficou de tal maneira nojento que o raspei e deitei todo para o lixo.

Estava de tal forma coagulado que foi só raspar com uma faca

Entretanto, derreti um pouco de manteiga numa frigideira, juntei um dente de alho esmagado e um fio de sumo de limão, quando se levantou cheirinho a alho, juntei uma colher de mostarda Dijon e um pacote de natas de soja que misturei vigorosamente. Deixei apurar e engrossar um pouco e ficou excelente.

Aliás, diria que o molho que fiz rapidamente na frigideira, salvou o jantar.

A quarta refeição foi uma sopa, creme de cogumelos, que, adivinharam leva caldo de galinha… e farinha… ah… e natas!

Outra coisa que estas refeições levam muito: leite. De forma geral, não uso leite para cozinhar, mas a malta da Bimby parece gostar, porque há várias receitas que levam leite… além das natas, claro.

Não sou apreciador de sopa e esta foi mais uma refeição que fiz para a semana e ainda não teve o teste final de ser levada í  mesa, mas provei e pareceu-me aceitável. Como leva cogumelos laminados a flutuar no creme, temos alguma esperança que o Tiago coma, já que ele adora cogumelos. Já sopa…

Para finalizar e porque passei o dia inteiro ou nas compras, no Pingo Doce, ou na cozinha, achei que merecia um “treat”. Resolvi fazer uma coisa que adoro: tarte de maçã.

Para fazer esta tarte, a parte fácil fica do lado da Bimby: misturar ovos, açúcar, manteiga, etc. A parte difí­cil fica do lado do humano: descascar e cortar as maçãs e depois tirar a porcaria da massa do fundo da porcaria do copo e de volta da porcaria das lâminas.

Esta última tarefa ficou para a minha querida mulher também um pouco para evitar que eu atirasse a Bimby pela janela acabando por ter que comprar uma nova í  Maria.

A tarte ficou praticamente crua ao fim de 30 minutos no forno (pois, não coze na Bimby, não é…), pelo que teve que lá ficar quase outros 30. Mais uma vez (tal como na Bolonhesa), os tempos indicados na receita eram insuficientes.

É muito bonito colocar no topo da receita que só leva 30 minutos a fazer, para parecer que é tudo muito rápido, mas depois, se fica tudo mal cozido, semi-cru ou sem sabor, mais vale deitar fora.

No final, a tarte acabou por ficar boa, mas, como já tinha dito, podia tê-la feito com a minha batedeira e teria sido mais fácil escorrer a massa para a forma e tudo.

A tarte de maçã ficou rapidamente reduzida a metade… nem arrefeceu

Resumindo: é giro usar a máquina, mas para mim, é giro usar qualquer máquina; bem feitas as contas, se fosse uma rebarbadora industrial ter-me-ia divertido ainda mais – pensando bem, já brinquei com uma rebarbadora industrial e posso garantir que é mais divertida.

O miúdo acha piada e vem ajudar a fazer o jantar. Isto pode parecer uma afirmação positiva, para quem não tem filhos. Quem tem filhos, particularmente com 3 anos de idade, sabe perfeitamente que “ajudar a fazer o jantar”, é a última coisa que vocês precisam que a criança queira.

De toda a comida que fiz – 4 pratos e uma sobremesa, o melhor foi a sobremesa. Nenhum dos pratos me surpreendeu pela positiva. A simplificação das receitas para as tornar mais eficientes na Bimby produz comida desinteressante que podia ser muito melhorada se passasse por outros processos de confecção que não apenas a cozedura – cá em casa, até a carne picada salteio levemente antes de ir para a bolonhesa e o resultado é significativo.

Dito isto, apenas segui o livro de receitas base. Mas a ideia é essa. Como vou ter a máquina duas semanas, terei tempo para explorar receitas mais interessantes e de preferência com menos natas, farinha e completamente sem caldos.

Ao fim deste intenso dia de uso, não comprava uma Bimby, certamente não por mil euros. Talvez por menos, mas sinceramente, não sei.

Por menos dinheiro (cerca de 200 euros), existe a Actifry, da Tefal que é mais simples e faz menos coisas, mas o facto de fritar (praticamente sem óleo), em vez de cozer, atrai-me imediatamente, pois não é por acaso que os fritos são tão populares – sabem melhor.

Se a Actifry permitir fritar quase sem gordura é quase a invenção do século e neste momento, parece-me bem mais interessante do que a Bimby.

Para fechar, o que mais me impressionou na Bimby foi a lâmina. Mas, meus amigos, todos nós sabemos bem que uma misturadora a sério é uma Total Blender, da Blendtec!

E assim vos deixo com a pergunta sacramental… se colocarmos uma Bimby dentro de uma Blendtec… will it blend?

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O mijão português, espelho do paí­s

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Estamos encalhados neste paí­s. Sabemos, hoje em dia, como é o mundo em que nos integramos. Conhecemos a Europa, a América do Norte, as grandes referências da nossa civilização.

Sabemos também que paí­ses como o nosso – pequenas nações antigas Europeias com poucos habitantes – têm o potencial de ser paí­ses ricos, muito focados num ou dois sectores de actividade como o turismo ou a alta tecnologia.

Mas todos nós, portugueses, também sabemos que somos um paí­s cujo ideal nunca se cumprirá. Temos um grande impedimento, um obstáculo inultrapassável, chamado “portugueses”.

Espelhos dessa auto-sabotagem, existem inúmeros: a corrupção, o sistema de cunhas, a incompetência, falta de profissionalismo, chico-esperteza… é um rol, quiçá, interminável.

Mas í s vezes é nas coisas mais simples que se revela o verdadeiro espí­rito básico do português médio. E o português mijão é um excelente exemplo.

No edifí­cio onde alugo garagem, há homens que passam as suas tardes. Uns, mecânicos amadores, outros, carpinteiros ou algo do género. Sendo Almada, há também bandas que por ali ensaiam.

Ao que parece, quando a Natureza chama, estes rapazes – estes verdadeiros machos latinos – acham que a melhor opção é mijar a um canto da garagem.

Mijam, como é evidente, num dos corredores da área comum – é claro que não mijam dentro da sua própria garagem! Essa urina vai escorrendo pelo chão desnivelado da garagem até se depositar, precisa e organizadamente, numa poça, í  porta da minha garagem.

Todos os dias, quando vou levar o miúdo í  escola, tenho que saltar por cima de uma poça de mijo que estes energúmenos produzem sem, aparentemente, qualquer peso na consciência.

E não é um problema muito difí­cil de resolver: podiam ter um baldinho na garagem que depois despejavam em casa, quem diz balde, diz bidão, para ser fácil de colocar uma tampa; podiam simplesmente sair e ir ao café que fica a 50 metros, beber uma bica e usar o WC.

Mas não, tudo isso é muito complexo e, portanto, mijam no chão.

E enquanto um dos ditados de um paí­s for “onde mija um português, mijam logo dois ou três”, esse paí­s nunca será mais do que um antro de labregos.

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Quinze dias de Bimby

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

“Varoma”, uma das palavras indelevelmente associadas í  Bimby

Com mais uma criança em casa, estava na hora de voltar a martirizar-me com a minha mais antiga e teimosa preocupação de adulto: o que é que eu faço para o jantar?

É um assunto recorrente e não me espantaria que já o tivesse mencionado neste blog; a comida cá por casa é um caos, o frigorí­fico e a despensa (nota: despensa é onde se guardam os alimentos, dispensa é o acto de dispensar), podem estar cheios, mas não há nada para comer.

Estranho? Talvez não tanto.

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Mas o problema não é só esse, porque esse resolvia-se com umas estaladas, o problema é que a Dee não gosta de cozinhar, mas com os horários das coisas, acaba por ser ela a ter que ter o jantar pronto para o miúdo, que mais tarde passará a plural – miúdos.

Os conselhos que me dão por aí­ são sempre os mesmos: faz grande quantidade e congela; já faço, não é suficiente, não é solução; faz isto e aquilo que é simples e rápido; não, não é simples e rápido, é chato para quem não gosta de estar na cozinha.

Resumindo e concluindo, esta conversa vem sempre dar ao mesmo e esse mesmo tem um nome e esse nome é Bimby.

Sempre me opus í  ideia de ter uma Bimby porque simplesmente é muito cara. Mas a verdade é que sempre que falo deste assunto das refeições do dia a dia (não confundir com passar umas horas na cozinha a fazer algo especial no fim de semana), vem sempre alguém falar-me da Bimby. E no meio das pessoas que têm Bimbies, ainda não conheci ninguém que não goste da sua.

Há quem defenda – com potencial razão – que, depois de gastar mil euros numa máquina, ninguém vai dizer mal dela. Mas não deixo de estranhar o entusiasmo com que os donos de Bimbies defendem a sua.

Confesso que a demonstração em casa (única forma de comprar uma Bimby), também não me agradava muito – eu gosto de poder experimentar as coisas por mim, mas estar a dar mil euros por aquilo “só para experimentar”, é inviável.

Foi então que decidi lançar o apelo no FB: Quem me empresta uma Bimby?

Depois de receber uns comentários que indicavam que emprestar a Bimby era quase como emprestar a mulher, recebi, pelo menos, três ofertas de empréstimo. Hoje, graças í  insubstituí­vel Maria, voltei para casa com uma Bimby emprestada durante duas semanas em que ela vai estar de férias.

É uma grande responsabilidade, ter a Bimby de outra pessoa cá em casa, mas é também uma grande responsabilidade para a Bimby estar nas minhas mãos. Já passei os olhos pelos livros de receitas e confesso que fiquei imediatamente surpreendido com a variedade de pratos que lá figuram – a minha impressão era que aquilo dava para fazer pouco mais do que purés.

Também percebi que de facto, as receitas são muito simples, normalmente envolvendo dois ou três passos de carregar ingredientes na máquina, carregar nuns botões e voltar quando apitar.

Resta saber se a comida é boa e se é de facto prático usar a Bimby no dia a dia, deixando o fogão e as panelas para ocasiões especiais. O teste começa agora.

Bimby… you’re ON!

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O post da licença

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Comecei agora a aperceber-me que me faltam escrever uma série de posts: quase não tenho escrito sobre a Joana, não postei nada sobre o meu corte de cabelo e faltava escrever um post sobre a licença parental, para referência de quem possa estar a ser pai em breve.

De ano para ano, os direitos dos pais estão a aumentar, em Portugal. Não sei se é trabalho do actual Governo, se são projectos antigos a ser agora concretizados, mas é uma evolução interessante e importante já que, creio, o papel do pai é importante na vida dos filhos e no apoio í  mãe e deve ser cada vez mais promovido e protegido.

Isto no paí­s do macho latino em que ser homem é ter pelo no peito, beber cervejas e bater na mulher, é duplamente importante.

Quando o Tiago nasceu, a licença do pai era de cinco dias úteis a contar da data de nascimento e mais 15 dias de calendário no final da licença da mãe, ou seja, quatro meses mais tarde.

Agora, três anos depois, a licença do pai é de 20 dias úteis, seguidos, em caso de licença partilhada, de mais 30 dias de calendário após o final da licença da mãe.

As hipóteses são diversas e nem consigo descrevê-las todas porque – como toda a legislação que já li na minha vida – aquilo é difí­cil de interpretar.

Os 20 dias úteis estão divididos em 10 dias obrigatórios e 10 facultativos. Isto significa que a Lei obriga o pai a tirar, pelo menos, 10 dias de licença. Os cinco primeiros dias têm que ser gozados consecutivamente, após o nascimento, os segundos cinco dias podem ser gozados de forma não consecutiva, desde que nos primeiros 30 dias de vida da criança. E depois há mais 10 dias úteis para gozar.

O ideal é, evidentemente, gozar todos estes dias consecutivamente.

O formulário é só um e deve ser entregue na Segurança Social juntamente com cópias dos BIs de ambos os progenitores e do assento de nascimento da criança. Convém levar os originais para mostrar, só para que a/o funcionária/o da SS possa verificar a autenticidade dos documentos.

No formulário deve-se indicar os dias da licença exclusiva do pai (os tais 20 dias úteis) – e este “exclusiva” não significa que não seja concorrente com a licença da mãe, significa simplesmente que é uma licença que cabe apenas ao pai, mas que pode (e deve), ser simultânea.

Finalmente, aconselho a optar pela licença partilhada que é de cinco meses, com 100% do salário suportado pela Segurança Social (é para isto que servem os descontos¹). É possí­vel dividir este tempo de diversas formas, mas eu não as sei explicar todas, a que escolhemos foi a mais simples: 4 meses para a mãe, seguidos de um para o pai.

Quem estiver a pensar fazer rapidamente scroll para a caixa de comentários desejando de fazer piadinhas sobre férias, pode ler a secção que se segue (e fazer piadinhas no fim na mesma, porque eu sei bem do que a casa gasta 0_O).

Ou não são pais, ou estavam distraí­dos quando o foram. Estar de licença estes 20 dias úteis que hoje terminam foi um dos perí­odos mais cansativos de toda a minha vida. E eu não sou responsável pela alimentação da miúda. Sei que me espera mais um mês, lá para o fim do ano, talvez menos agressivo por ela já estar mais crescida, mas provavelmente ainda com muito poucas horas de sono por cada 24 horas.

Ter o pai por perto para ajudar neste primeiro mês de vida é precioso para qualquer mãe e ter que tratar sozinha de um recém nascido quando existe a hipótese de ter ajuda é o equivalente a um castigo imerecido para qualquer mulher, por muito forte, independente e resistente que seja.

Um verdadeiro homem assume as suas responsabilidades. Não, não tem nada a ver com carros de alta cilindrada ou ter voz grossa e meter medo aos outros. Tem a ver com saber-se o que se faz, onde se é preciso e apoiar aqueles que dependem de nós de alguma forma.

Estou a fazer estas afirmações só porque sei que há muitos homens que não assumem as suas responsabilidades perante a famí­lia, porque têm mais que fazer – apesar de tudo, ir para o escritório é só cumprir a rotina habitual, sempre se manda umas bojardas com a malta e no fim do dia até se pode beber uma imperialeca antes de ir para casa².

Não é por acaso que a licença para os pais é parcialmente obrigatória: é que se assim não fosse, muito pai preferiria cem vezes ir trabalhar do que estar em casa a ouvir o bebé chorar e a mudar fraldas – é para isso que têm mulher, ou não?

A licença de paternidade não é uma folga – acreditem, é bem trabalhoso e com dois miúdos a coisa complica-se – é um dever, uma responsabilidade e é uma oportunidade de qualquer homem aprender algo mais sobre si, sobre a sua famí­lia e, porque não, sobre a vida.

Façam-se homens, tirem as vossas licenças, apoiem as vossas mulheres, aproveitem para conhecer os vossos filhos.

Notas (í  lá Rui Carmo):

1 – Não falo aqui da epidemia dos recibos verdes porque nem sei que direitos – se alguns – têm essas pessoas; e não refiro o que se passa com as pessoas que são sócios gerentes, aparentemente alta aristocracia ao olhos do Estado, já que por menos 1% de descontos para a Segurança Social parecem perder todos os direitos de um trabalhador normal.

2 – Apenas apelo ao dever de qualquer homem de cumprir o seu papel de pai neste caso particular da licença – o resto da vida oferece muitas outras oportunidades – mas um gigantesco shame on you a todas as empresas e chefias que tentem de alguma forma impedir os seus funcionários de usufruir deste direito precioso.

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Tiálogos XXVIII. Primeiro beijo.

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

…na tua irmã, entenda-se. Bom, para já é aquele que mais me interessa.

Depois de quase um mês em casa, a Joana não te tem despertado particular interesse. Felizmente não reagiste mal í  presença dela: a primeira semana foi mais complicada, é certo, houve birras quase todos os dias, mas agora que penso nisso, sinceramente, nem sei se foi pela Joana ter chegado, se pela Sónia estar fora.

A Sónia, a tua educadora, essa sim, a tua grande paixão, esteve de férias mesmo ali naqueles dias em que a tua mãe foi para o hospital e depois voltou com a tua irmã. Foi complicado para ti, mas assim que a Sónia voltou, as coisas mudaram.

Entretanto, o tempo foi passando sem que interagisses com a Joana: nem um toque, mas por outro lado, nenhuma agressão. O que também não é muito de espantar, porque não és particularmente agressivo; no entanto, como, quando te chateias, tens tendência para atirar com coisas (não sei a quem sairás… -_-‘), estávamos meio apreensivos quanto í  possibilidade da Joana vir a levar com algo contundente na sua permeável moleirinha.

Resumindo e concluindo: hoje, chorava a Joana – algo que faz fenomenalmente bem nesta idade – e tu explicavas que “não está tudo bem com a Joana”; perguntei-te o que estava mal e disseste-me: “tens que tirar a Joana do berço, para eu dar um beijinho”.

Tirei-a e tu, com todo o cuidado e delicadeza plantaste um beijo na bochecha gorducha da tua irmã.

Espero que seja o primeiro de muitos.

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Primeira voltinha na Bimby

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