District 9

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

District 9 foi um daqueles filmes que ficou por ver nos últimos anos mas que sempre me deixou curioso. Esta semana, aproveitando uma noite de férias, vi-o finalmente.

É um grande filme. Mas deixem-me dizer já que não tenho grande paciência para as as discussões filosóficas sobre a mensagem do filme e as suas alegorias. Sim, o filme é baseado nos acontecimentos passados no District 6 em Joanesburgo Cape Town durante o apartheid e é uma clara referência a racismo, segregação, abuso de poder, privatização da polí­cia e por aí­ fora.

A mensagem do filme nem é muito metafórica, é quase literal. “Isto” é o mesmo que “aquilo”, mas com humanos e aliens, em vez de brancos e pretos.

É ponto assente e a aceite e não me venham com conversas de que esse é o principal aspecto do filme ou o que mais vos tocou. Essa é apenas a premissa e é entregue de forma crua, sem desculpas bem no meio da testa do espectador.

Os extra-terrestres estão extremamente bem conseguidos, sobretudo se considerarmos que este é um filme com um orçamento de 30 milhões e que os personagens parecem mais verosí­meis e realistas do que a trampa do Avatar inteiro (que tenho aí­, mas ainda não consegui ver porque sempre que tento desato-me a rir com a qualidade do CGI).

Este é o filme de sci-fi que os americanos não têm coragem de fazer. É um filme que não tem problemas com violência, que não nos mostra uma intensa batalha de meia hora sem sangue. Aliás, sangue não falta – ou não fosse produzido por Peter Jackson. É um filme em que acontece precisamente aquilo que esperamos que aconteça a uma raça extra-terrestre í  mercê de seres humanos; não é, decididamente, o E.T.

A história é boa, a premissa é sólida, porque é baseada numa das realidades mais cruéis que a humanidade já viveu, os actores desempenham bem – o sotaque afrikaner do actor principal é um mimo; E o final, sem querer entrar em spoilers, é como o final de uma história verdadeira: sem crescendo da orquestra, sem beijos, sem cãozinho salvo por uma unha negra.

Ah e… bolas, as armas dos aliens são estupendas!

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13 comentários a “District 9”

  1. Ricardo says:

    Nem mais :)

    Grande filme, merecia qualquer coisinha da Academia.

  2. Neranek says:

    A respeito dos efeitos deste filme e do Avatar, não podes esquecer que os aliens no Distrito 9 são muito mais fáceis de fazer do que os Na’vi em Avatar, quanto mais aliení­gena eles parecem mais credí­vel se torna o CGI, no Avatar os Na’vi tem expressões faciais quase humanas e isso é muito mais difí­cil de fazer, além de que no Distrito 9 apenas os aliens e as naves são CGI, no avatar tudo é CGI. Sem falar que para apreciar verdadeiramente o Avatar ele deve ser visto num cinema e em 3D, é uma grande experiência. Não me surpreende que seja o filme mais rentável de sempre com mais 1000 milhões que o segundo classificado (Titanic).

    • Bom, a minha comparação não era literal era só relativa. É claro que não são sequer o mesmo tipo de filme. E sim, eu não vi o avatar em 3D, mas estás-me a dizer que não sendo em 3D não vale a pena? Então é um filme falhado, por muitos bilhetes que tenha vendido. Aliás, Titanic é um mau exemplo, porque é uma gigantesca porcaria de filme.

      Eu sei que nem toda a gente concorda comigo, mas esta é a minha opinião.

  3. Neranek says:

    Mesmo em 2D vale a pena, mas este é um filme feito para o 3D.

  4. Ana Nihil says:

    O D9 foi de facto um dos grandes momentos de cinema do ano passado, e dos últimos anos, relativamente inovador e sem compromissos, e uma grande história bem contada…highlight pessoal para mim no cinema no ano passado, um murro no estí´mago e oh so worth it…muito mais worth que certas coisas que pelos vistos como tiveram grandes receitas de bilheteira, isso faz delas boas (wait, não era esse o argumento para dizer que os filmes do spielberg eram maus?!), pass, sem guião, sem performance, sem capacidade de contar uma história, não há luzes brilhantes que lhe valham…

    anyway, D9, eu acho que o filme vai mais além na sua discussão da realidade sul africana, discute também os actuais campos de refugiados por toda a áfrica com as mesmas tendinhas brancas que aparecem nos panfletos…

    bjs, ana

    ps – yeah, as armas do D9 são badass!!!!! e o registo inicial em documentário é fabuloso, não sei se teria funcionado no filme todo, mas é um grande intro…a score é igualmente fabulosa!

  5. Marco says:

    …mas o Avatar é mesmo considerado um “filme”?

    A sério… é?

  6. airdiogo says:

    Foi um filme que não gostei nada de ver. Não achei nada de especial em termos de qualidade (apesar de realmente ser melhor que o Avatar, mas qual não é?) e realmente a única coisa que se aproveita é o moral da história.

  7. Gus says:

    So um detalhe, district 6 foi em Cape Town e não Johanesburg : http://31xi.sl.pt

    Foi um dos maiores sí­mbolos da polí­tica de segregação e é ainda uma área um pouco tétrica: uma zona de ruas sem nada contruí­do excepto igrejas, mesquitas e sinagogas (os sul-africanos recusaram-se a demolir edifí­cios religiosos… )

    Também foi um dos primeiros lugares onde se notou a resistência local ao apartheid, vistos o governo municipal (branco, eleito por brancos) ter-se recusado a participar na razia e chegou mesmo a tentar bloquear os buldozzers.

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