Na segunda-feira, dia 15 o primeiro painel a que assisti não foi especialmente bom. Chamava-se “The Life Graph: You Are Your Location”, com o Sam Altman, Tina Unterlaender, Steve Lee, Ryan Sarver e Clara Shih. Ficámos um pouco com a impressão que alguns destes painéis, o mesas redondas, acabaram por falhar um pouco por falta de envolvimento do público, ficando muito dependentes da capacidade dos intervenientes para animar a coisa.
Neste caso, a coisa ficou pouco animada e o assunto não ajudou: quando se fala de geolocalização surgem sempre as mesmas questões de privacidade para as quais ninguém tem resposta e a coisa começa a perder o interesse.
Seguiu-se a keynote interview com o Evan Williams, do Twitter, que foi, honestamente, uma grande seca.
O dia foi salvo pela “Beyond the Desktop: Embracing New Interaction Paradigms” onde o Peter Merholz moderou uma conversa muito interessante com a Michele Perras, David Merrill, Nathan Moody e sobretudo o Johnny Lee, o tipo que há uns tempos atrás apareceu com experiências maradas com wiimotes. Hoje em dia trabalha na Microsoft e apresentou ideias muito interessantes sobre a variedade de modos de interacção actuais e o que podemos esperar no futuro.
Mas o highlight ainda estava para vir.
Ao fim da tarde fomos todos para a palestra “Nina Hartley: Porn Star, Sex Educator, Social Networker”, com, claro, a Nina Hartley. A apresentação foi diferente de tudo o resto a que assistimos e embora tenha sido uma demonstração de como uma agência de comunicação digital pode pegar numa celebridade com alguma tracção e montar um sistema de comunicação online com pouquíssimo investimento e um resultado significativo, foi também uma conversa sobre tudo um pouco dando a conhecer a Nina Hartley como uma mulher extremamente inteligente e pragmática, divertida e com uma capacidade de comunicação acima da média.
No fim não podia deixar passar a oportunidade e aproximei-me do palco para falar com ela e obter um autógrafo que consegui, claro. Autógrafo, fotografias, abraços e um apalpão. Foi… diferente e demonstrativo de como o SXSW Interactive não é como qualquer outro festival de nerds.
Não satisfeitos com esta experiência inolvidável, decidimos colocar-nos na fila para os nuclear tacos.
Enquanto esperávamos, o tempo começou a piorar, ficando mais frio e vento. Por isso, o Celso foi í frente e voltou com copos de vodka que ajudaram a aquecer.
Esperámos um bocado na bicha para os tacos e quando chegámos lá í frente, tivemos que assinar um disclaimer, meio na brincadeira, mas no fundo… para servir de aviso. Avisos que estavam um pouco por todo o lado: eat at your own risk.
As terrinas de chili estavam marcadas com bombas vermelhas. A rapariga que estava a servir avisou que o de duas bombas seria a coisa mais picante que já tínhamos comido na vida e que depois… havia o nuclear, de quatro bombas.
Nós, claro, servimo-nos do nuclear.
A experiência foi… indescritível. Ao som do “Sex Machine”, do James Brown, tentámos engolir os nossos nuclear tacos sem parar de comer, tal como nos foi ensinado pela menina. Eram muito bons e muito… muito… MUITO picantes. Suámos, chorámos, lavámos a cara com cerveja, bufámos e sofremos, mas conseguimos comer os nossos tacos.
Infelizmente, ignorando o disclaimer que tinha assinado sobre ser cuidadoso com os olhos, nariz e “outras mucosas”, acabei de comer o meu taco e, com as mãos cheias de molho, fui mijar í outhouse.
Se achava que aquilo tinha ardido na boca, não vos vou tentar descrever o que fez í minha pila. Fiquei a perceber perfeitamente os avisos prévios e lá aprendi que estas coisas são para levar a sério.
Depois dos tacos, seguimos caminho para o Belmont onde decorria uma festa do Gowalla, um dos nossos projectos favoritos do SXSW (vencedor na sua categoria dos Web Awards).
O pátio vibrava com música techno passada por um DJ qualquer daqueles que dá high-fives í multidão que parece adorá-lo por pí´r música de dança a tocar muito alto, mas aquele baixo a pulsar é de facto magnético. Despejei duas margaritas enquanto apanhava uma chuvada a ouvir a música e saltava no meio da maralha.
Entretanto conhecemos um personagem inacreditável, um baixote careca gorducho cheio de bullshit que conseguiu trazer as miúdas mais giras da festa para ao pé de nós, convencidas de que éramos cineastas portugueses em Austin para participar no SXSW Film. Foi surreal, mas incrivelmente divertido.
Acabámos por encontrar um tipo do Couch DB e o Mattt Thompson (com três Ts), do Gowalla que é um gajo muito porreiro e estivemos a conversar um bocado enquanto eu bebia um copo de vodka puro, cheio até acima como se fosse água.
A certa altura, já não sei bem quem decidiu que estava na hora de mudar de sítio e fomos para o Ginger Man, que servia montes de cervejas europeias. Estive a beber uma Duval e a meter músicas na jukebox e a certa altura apercebi-me que o Gustavo estava bêbado, o Celso estava bêbado e, honestamente… eu estava completamente bêbado.
Felizmente, houve alguma discrepância nas nossas bebedeiras, portanto na altura em que eu estava pior, o Gustavo já tinha recuperado um pouco e, ao fim a noite, levou-me a dar umas voltinhas ao quarteirão para que eu não caísse para o lado.
Acabou por ser um dia muito bem aproveitado porque, como viríamos a descobrir, as noites do SXSW Interactive estavam no fim.
Domingo, dia 14 foi dia de Web Awards. Estávamos nomeados para Technical Achievement e não vale a pena fazer suspense: não ganhámos. Quem ganhou, sem grande surpresa, foi o Wolfram Alpha que acabou também por ganhar o prémio do Júri pelo que creio que é seguro dizer que perdemos para os melhores.
De manhã começámos pela talk do Jeff Lindsay intitulada “How WebHooks Will Make Us All Programmers”. Foi interessante, mas acabei por me meter numa pequena discussão com o Lindsay no Twitter que ainda vou ter que resolver por mail porque, honestamente, creio que ele levou o conceito longe demais e embora seja verdade que o software hoje em dia nos permite fazer coisas incríveis que não sonharíamos há 10 anos atrás, mas não consigo concordar que o futuro implique que todo o ser humano se torne um programador.
Seguiu-se a segunda conferência do SXSW que inspirou os nossos planos para o Pond e, curiosamente, foi uma palestra sobre gaming, chamada “Gaming the Crowd: Turning Work Into Play”, com o Andy Baio.
(random sxsw proof of awesomeness:)
Os planos para a tarde acabaram por ser alterados com uma block party organizada pelo pessoal do Boxee onde conhecemos algumas pessoas, oferecemos t-shirts e trocámos contactos.
Ao fim da tarde voltámos para downtown, mais especificamente para o Hilton, onde fomos assistir aos Web Awards.
Começámos por tirar a foto com vários repórteres, depois demos duas entrevistas e infelizmente ficámos sem ideia absolutamente nenhuma sobre onde será publicado esse conteúdo, mas não faz mal.
O show foi apresentado pelo Doug Benson que teve bastante piada e conseguiu gozar com quase toda a gente e divertir o pessoal. Estávamos precisamente na última categoria, portanto custou a lá chegar, mas o resultado final, como eu já disse, foi previsível.
Depois de sairmos do Hilton, fomos tentar jantar no Stubb’s que nos tinha sido aconselhado na Apple Store do Barton Creek Mall onde fomos no Sábado í noite (ah, é verdade, fomos lá no Sábado í noite… é natural que me tenha esquecido, porque o mall é boring as fuck), mas não tivemos sorte, porque o Stubb’s estava cheio e já não aceitava mais gente.
No Stubb’s aconselharam-nos o Casino El Camino e valeu a pena. Lá comemos uns hamburgers absolutamente épicos, tão grandes que quase não tínhamos diâmetro bucal para os morder. Jogámos umas mesas de pool e depois saímos para a 6th street em busca de outro poiso.
Acabámos no Buffalo Billiards numa festa SXSW da Mashable onde jogámos matrecos e mais pool e conhecemos mais algumas pessoas interessantes. Às duas da manhã os bares fecham em Austin e fomos corridos do Buffalo, pondo fim í noite de Domingo.
Sábado, dia 13 foi o dia mais preenchido com conferências. Houve uma ou outra a que não foi possível ir por conflito de horários, outra que estava simplesmente cheia demais, mas no fim o saldo foi positivo.
Comecei a manhã na palestra do Chris Messina sobre activity streams que foi um das melhores a que assisti e que foi uma das grandes três influências na nossa visão para o futuro do Pond.
Seguiu-se “The right way to wireframe” com o Zaki Warfel e o Russ Unger. Esta palestra foi especialmente interessante porque os dois designers em vez de se limitarem a falar decidiram mostrar o seu trabalho. Escolheram um projecto e seguiram todo o seu processo de design, documentando-o e apresentando não só os resultados e todos os passos para lá chegar, mas também screencasts do trabalho a ser feito. Um trabalhou com o Balsamiq e outro com Fireworks.
Não disseram nada de absolutamente inovador sobre processos de design, mas foi muito interessante ver o trabalho em desenvolvimento do princípio ao fim. Esta palestra teve uma segunda parte, mas já não assisti a essa porque tinha outra na calha.
E a que se seguia era “Directing the Dead”, onde a multidão esperava ver o Quentin Tarantino que, infelizmente, não pode participar. No entanto, a conversa não foi menos interessante com vários realizadores de cinema que já fizeram filmes de terror, incluindo o nativo Robert Rodriguez.
A palestra centrou-se, precisamente, em filmes de terror e acabou por não ter nada a ver com o Interactive, apesar de estar no horário do dito, mas foi muito interessante e diferente de todas as outras.
A seguinte foi “CSS3 Design with HTML5”, com o Christopher Schmitt, a Stephanie Sullivan e a Zoe Gillenwater e foi, basicamente, uma workshop muito prática em que os três designers tinham uma webpage feita em HTML 5 com CSS 3 comentada e foram descomentando blocos de código para mostrar o que era possível. Esta conversa foi pontuada, quase frase-sim-frase-não por: “claro que isto não funciona em IE”, mas não deixou de ser interessante a atitude das pessoas, aqui e um pouco por todo o SXSW que se resume basicamente a: ok, a gente vai fazer  possível, mas se não der, que se lixe o IE.
A quinta e última talk do dia foi “CSS and Fonts: Fluid Web Typography” com o Jason Cranford Teague, uma apresentação mais formal, mas ainda assim interessante e muito detalhada, desde as cinco fontes que toda a gente pode usar, passando pelas 190 que se pode assumir que talvez sejam seguras (graças a coisas como instalações de Office), até aos novos formatos woff e a utilização do já velho, mas só agora mais comum @font-face.
Honestamente, depois da bebedeira que apanhei ontem, as memórias de sábado já estão muito distantes. Consegui escrever este post porque tenho muitas notas e o horário das palestras, caso contrário…
Sexta-feira, dia 12, foi quando efectivamente começou o SXSW Interactive. Depois de devolvermos o carro, fomos para o Austin Convention Center e passámos algum tempo pelos corredores a tentar apanhar a onda do sítio.
Às duas começaram as sessões. No primeiro dia marquei três: “Beauty in webdesign” do Cennydd Bowles, “Get Stoked on Web Typography” da Samantha Warren e “Simple Steps to Great Web Design” do Matthew Smith.
Infelizmente esta última foi interrompida por um alarme de incêndio e tivemos que evacuar o edifício, o que foi pena porque estava a gostar da onda do Matthew Smith, embora ele tenha feito questão de dizer que adorava o pai, o filho e o espírito santo e que não aceitava ser chamado Matt, tinha que ser Matthew.
Estas primeiras palestras de design, integradas numa espécie de workshop contínua, focaram-se sobretudo em temas de estética na web, algo que me parece neglicenciado em nome de demasiado “tecnicismo”. Insiste-se muito na pesquisa, na lógica, na ordem, usabilidade, acessibilidade, user testing, focus grouping… tudo coisas importantes, sem dúvida, mas que se calhar têm dominado demasiado o panorama do web design nos últimos tempos em detrimento das preocupações estéticas.
Como dizia o Cennydd Bowles a web é um underachiever visual: os sites que mais nos marcam, aqueles que existem há mais tempo e que têm mais utilizadores estão longe de poderem ser considerados bonitos por aí além e dificilmente ficarão na memória colectiva como por exemplo, um logo memorável, um poster famoso ou uma grande capa de um LP.
É claro que existe uma diferença fundamental: a web é feita para ser usada interactivamente, mas talvez seja possível obter um bom equilibrio entre útil, usável e apelativo e bonito.
A Samantha Warren mostrou como as “novas” tecnologias (que já são antigas, mas começam agora a despertar), de webfonts podem fazer uma diferença significativa no aspecto visual de um site e fez um apelo que, para mim, acabou por ser a parte mais importante da sua talk: os web designers precisam de começar a inspirar-se noutros sítios e não apenas na web. O que acaba por acontecer é que estamos num loop de inspiração e que quebrá-lo pode ser um passo importante na melhoria da variedade visual da web.
Tenho pena que a palestra do Matthew Smith tenha sido interrompida porque, como artista plástico tornado web designer, creio que teria algo de interessante a acrescentar í discussão sobre estética na web.
Depois das workshops fomos para 6th street. Apanhámos o bar aberto no Six Lounge, depois comemos um chili dog delicioso no Frank e finalmente fomos para a festa da UStream no Phoenix, onde acabámos por assistir aos Gym Class Heroes ao vivo.
A banda era muito boa, a música um misto de rock e hip hop bastante enérgico e divertido. Infelizmente, como esperado, a música de estúdio deles não chega aos pés da performance que vimos ao vivo onde, claramente, se sentem mais í vontade e são bastante mais enérgicos, com um som mais agressivo.
Pelo meio de tudo isto tivemos algumas conversas interessantes com algumas pessoas, mas não é especialmente fácil fazer networking nas festas do SXSW onde a música normalmente é bombada a volumes desaconselhados a tísicos tornando a conversa difícil de manter.
Depois da festa da UStream demos uma volta pela baixa, onde porta sim, porta não, tocava música, sobretudo blues.
As festas são animadas, os copos são í borla e a música nunca pára, o que me parece ser o principal atractivo de Austin já que, para ser sincero, a cidade é um bocado mnhé.
Na segunda-feira, dia 15 o primeiro painel a que assisti não foi especialmente bom. Chamava-se “The Life Graph: You Are Your Location”, com o Sam Altman, Tina Unterlaender, Steve Lee, Ryan Sarver e Clara Shih. Ficámos um pouco com a impressão que alguns destes painéis, o mesas redondas, acabaram por falhar um pouco por falta […]
Domingo, dia 14 foi dia de Web Awards. Estávamos nomeados para Technical Achievement e não vale a pena fazer suspense: não ganhámos. Quem ganhou, sem grande surpresa, foi o Wolfram Alpha que acabou também por ganhar o prémio do Júri pelo que creio que é seguro dizer que perdemos para os melhores. De manhã começámos […]
Sábado, dia 13 foi o dia mais preenchido com conferências. Houve uma ou outra a que não foi possível ir por conflito de horários, outra que estava simplesmente cheia demais, mas no fim o saldo foi positivo. Comecei a manhã na palestra do Chris Messina sobre activity streams que foi um das melhores a que […]
Sexta-feira, dia 12, foi quando efectivamente começou o SXSW Interactive. Depois de devolvermos o carro, fomos para o Austin Convention Center e passámos algum tempo pelos corredores a tentar apanhar a onda do sítio. Às duas começaram as sessões. No primeiro dia marquei três: “Beauty in webdesign” do Cennydd Bowles, “Get Stoked on Web Typography” […]