Ateus, Agnósticos e outros pratos típicos do Ribatejo
Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Anda aí uma grande confusão sobre ateísmo e agnosticismo como se fossem conceitos mutuamente exclusivos. Normalmente o que acontece é que os zangados se declaram ateus e os duvidosos, agnósticos.
Vejamos.
Um ateu não acredita em deus. O ateu não precisa de se preocupar em provar se deus existe ou não existe, não precisa de pensar sobre os mistérios do universo e da espiritualidade. São coisas que não lhe interessam, com as quais não se ocupa e nas quais não acredita.
Não confundam um ateu com um anti-religioso ou anti-eclesiástico. Ateísmo, no mais puro sentido é despreocupação; um ateu não se levanta todos os dias de manhã e pensa “ainda bem que deus não existe”. Por outro lado, uma pessoa que se oponha í existência de religião ou de religião organizada (são coisas diferentes), poderá ser activa nalguma forma de combate a estas ideologias e organizações.
Um agnóstico, é uma pessoa que  duvida ou nega que o conhecimento humano possa ir além da experiência e que, por não poder experimentar deus, não pode acreditar nele. Em último caso, um agnóstico diz: não sei se deus existe ou não existe – eu nunca o vi.
Como vêem, não é difícil ser um ateu agnóstico. O ateísmo relaciona-se com aquilo em que acreditamos, com aquilo que faz parte da nossa vida no dia a dia; o agnosticismo relaciona-se com aquilo que julgamos ser possível conhecer.
A maioria dos ateus é agnóstica e talvez se possa mesmo dizer que são ateus porque são agnósticos – como não existe forma de fazer deus passar do plano imaginário para o real, não vale a pena preocuparem-se com isso.
No fundo, ser agnóstico é como ser omnívoro: quando vou almoçar, não tenho grandes preocupações com o que vou comer. Se eu fosse vegetariano, de repente tenho mais uma coisa em que pensar todos os dias.
Eu sou ateu e agnóstico e, confesso, há dias em que sou muito anti-eclesiástico.
PS: sugiro que leiam o artigo do Free Thinker sobre o assunto, muito mais profundo e completo que o meu. Obrigado ao João Pedro Gonçalves pelo link.