Evolução nocturna

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Depois de alguns meses de aceitarmos que o Tiago viesse para a nossa cama todas as noites e de fazermos uma rotina de deitar em que eu chegava a ficar mais de uma hora no quarto com ele até que adormecesse, decidimos que era chegada a altura de começar a modificar estes comportamentos.

Não acredito muito que valha a pena reagir agressivamente a quase nada, no comportamento dos miúdos, pelo menos nesta idade. Se não come muito bem, dá-se tempo, se não dorme muito bem, dá-se tempo, se não se porta bem no banho… dá-se tempo.

E í s vezes, esse tempo serve mesmo para lhes dar uma pequena vitória numa altura em que procuram impor a sua independência e desafiar a autoridade dos pais. Não sei se funciona com todos os miúdos, porque todos são diferentes e por isso mesmo é que já desisti de ler livros sobre educação de crianças.

Com o Tiago tem funcionado. Em coisas não muito graves, deixamo-lo vencer – mas durante um tempo limitado; depois, começamos a explicar-lhe que não pode ser bem assim como ele quer.

Não sei se por força deste “método”, se por puro acaso de personalidade emergente do miúdo, a verdade é que se tem mostrado teimoso… mas razoável.

Hoje de manhã, depois de uma semana doente em casa, voltou í  creche. Não queria ficar e fartou-se de chorar, mas quando percebeu que não ia mesmo voltar para casa decidiu chegar a um acordo: pediu para ficar, mas sentado í  beira do seu cacifo, o seu “home away from home”, na escola. E assim já aceitou que nos fossemos embora e acabou por ter um dia bom na escola, de tal forma que quando a mãe o foi buscar, não queria ir-se embora.

Fascina-me ver um miúdo tão pequeno começar a compreender os mecanismos do compromisso.

Mas voltando í s noites: há cerca de duas semanas que comecei a ficar cada vez menos tempo com ele (mas não prescindo de ficar, porque é do pouco tempo que tenho para estar com ele); depois, explico-lhe o que vou fazer (lavar a loiça, tomar banho, trabalhar), e que mais tarde passo por lá para ver se está tudo bem. Nem uma única vez, desde que comecei a fazer isto, se queixou, fez fita ou tentou levantar da cama. Tapo-o, saio e volto uma ou duas horas depois para ver se está tapado, ver se o quarto está frio, ligar/desligar o vapor, enfim, fazer qualquer ajuste antes de me deitar.

A primeira semana desta nova rotina foi também acompanhada de uma mudança do comportamento nocturno. Continuou a acordar a meio da noite, mas em vez de subir para  nossa cama ia simplesmente buscar-me ao quarto e pedir-me para ficar ao pé dele mais um bocadinho. Cinco minutos e estava novamente a dormir na sua cama.

Nos últimos dias tem sido ainda melhor: só acorda de manhã, dormindo a noite inteira no seu quarto.

Não é uma grande vitória. É uma pausa num comportamento que pode regressar. Já aprendi que com os miúdos estas coisas não são fixas – comer, dormir ou portar-se bem não são sinais de comportamentos regulares daí­ para a frente. A qualquer momento poderá a ter mais stress ao deitar novamente, ou a vir para a nossa cama a meio da noite. Nessa altura, logo se vê, mas por agora… vou aproveitar para dormir cinco horinhas seguidas!

Tags

Deixar comentário. Permalink.

Deixar um comentário

Redes de Camaradas

 
Facebook
Twitter
Instagram