Abaixo a discussão
Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Sou um grande democrata.
Por isso é que sou completamente contra a chamada discussão pública de “certos assuntos”.
Um desses assuntos, que teve atenção recente e que, notarão os mais atentos, deixei passar o tempo necessário para não saltar para a água na maré alta, é o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Aparentemente, os portugueses acham que este é um assunto que merece discussão pública, por tratar-se de uma potencial alteração de um paradigma social vigente. Sim, eu sei escrever estas palavras sozinho.
Eu não acho. Eu sou contra a discussão pública do casamento homossexual.
“Este gajo é um fascista”, dirão uns, “seu ignorante preconceituoso”, vociferarão outros.
Alguns dirão mesmo “uma bica e um pastel de nata”, mas esses não interessam para esta conversa.
Mas tenhamos calma, que eu explico.
A discussão do casamento entre pessoas do mesmo sexo não serve absolutamente para nada. Ah, esperem, retiro o que disse… serve para vender jornais e aumentar as receitas de publicidade das televisões, pois claro.
Não será então de espantar que os media estejam na vanguarda dessa “opinião pública” que exige a discussão deste tema. Será que os portugueses, se não forem bombardeados pelos jornais todos os dias, acham mesmo que este é um tema que merece a sua atenção?
Eu acho que não.
Mas eu acho mais coisas. Eu sou assim.
Eu acho que o casamento entre pessoas do mesmo sexo é um não-assunto; é algo que tem simplesmente que ser legislado e posto em prática, num curto prazo. Não é preciso discutir, não há discussão: o casamento deve ser legal para qualquer pessoa que se disponha a casar com outra e que o deseje fazer.
Como acho isto, também acho que a tal discussão pública é apenas um entrave ao andamento do processo. Basicamente, permite que o Governo actual adie o assunto, para dar lugar í discussão, deixando a lei para aprovar na próxima legislatura, esperando com isso usar o tema como demonstração de que sim, ainda são um partido de esquerda e que se fizerem o favor de votar neles, eles agradecem.
Não é preciso ser um génio para perceber isso. Eu sou um génio, é verdade, mas praticamente não precisei de usar o cérebro nesta questão e portanto QED.
O pior desta história toda é que a tal discussão pública incluiu uma coisa chamada ICAR, que é um organismo completamente ultrapassado e a quem ainda ninguém explicou que os seus membros não são: a) inventores do casamento; b) detentores dos direitos de autor do conceito; c) únicos portadores da moral e dos bons costumes, d) sequer, provavelmente, casamenteiros oficiais – já que os casamentos portugueses são todos civis e finalmente d) são, isso sim, uns paneleiros de merda.
Atenção que paneleiros de merda e homossexuais não são sinónimos, não sejam parvos.
Porque é que duas pessoas se casam?
Porque gostam uma da outra. Porque consideram o casamento um acto romântico simbólico que concretiza os seus sentimentos. Porque querem ter a certeza que têm direitos legais, fiscais e sociais diversos que apenas estão reservados a casais. Porque desejam um modelo de família tradicional. Porque sim.
Porque sim é uma valente razão e é, no fundo, o símbolo da sociedade livre: vou-me casar com fulano… porque sim. Em que é que o sexo do casal modifica qualquer uma destas razões, ou outras que possam inventar?
Só mesmo se o casamento for feito para procriar. Mas honestamente, em que século vivemos? Não sejamos hipócritas.
O casamento não é, nem nunca foi sagrado. O casamento sempre foi um contrato de interesses entre famílias, envolvendo bens, terras, riquezas diversas e/ou tratados de cooperação, conquistas e alguma diluição sanguínea porque, a bem dizer, os Príncipes estavam a começar a sair todos vesgos e um pouco burros.
Portanto deixem-se de merdas.
Quanto mais depressa o casamento homossexual for legalizado, mais depressa podemos passar ao casamento mais interessante, que se segue na lista: um homem e dez playmates, claro.