Depois de mais um fim de semana de gastroenterite que deitou a família toda abaixo, acordei, na segunda-feira, com o olho direito inflamado.
Não pensei muito no assunto, comecei a por pomada e siga. No dia seguinte a coisa tinha piorado e cheguei ao fim do dia de trabalho í rasca e incapaz de continuar a olhar para o monitor. Decidi que, se passada mais uma noite de pomada no olho a coisa não melhorasse, teria que “ver isso”.
De terça para quarta dormi mal por causa de dores no olho (vá, já fizeram as piadas sobre a dor no olho?) e fui trabalhar de manhã, mas aquilo não melhorava.
Marquei uma consulta de oftalmologia no Centro Clínico da PT-ACS que é a 10 minutos de onde trabalho e lá fui eu, í s quatro da tarde, ver… “isso”.
Isso, ao que parece, é uma úlcera na córnea do olho direito. Que é como quem diz: entrou-me qualquer coisa para o olho e deixou mossa.
Saí de lá bezuntado noutra pomada e com o olho tapado. Tipo, assim:
Ter um dos olhos tapados é qualquer coisa de inacreditavelmente incómodo! Só passar pela farmácia para comprar (mais) pomada e voltar para o escritório, envolveu várias dificuldades, sobretudo com escadas ou simplesmente com pessoas que se deslocassem í minha direita.
Ainda por cima o penso perdeu rapidamente a tensão e a pálpebra teimava em abrir-se, pelo que tive que estar o tempo todo em esforço para manter apenas um olho aberto. É incrível quão difícil é manter apenas um dos nossos olhos abertos.
Incapaz de sequer focar o écran, vim para casa mais cedo e quando cá cheguei o Tiago não achou piada nenhuma ao meu estado e a primeira coisa que fez foi tentar arrancar-me o penso.
Quando não o deixei, fartou-se de chorar e encostou-se a mim.
Cai tudo ao chão. Um gajo já nem se preocupa com o seu próprio olho. Tentei explicar-lhe que estava tudo bem e que o meu olho ainda estava ali debaixo e ele acabou por se acalmar.
Passado um bocado veio a minha sogra e com um frasquinho de corante e uma lanterna confirmou a lesão que a colega tinha visto e fez-me um penso muito melhor. Por essa altura, já o adesivo manhoso que me tinham posto na PT-ACS estava a queimar-me eficazmente a pele.
Aguentei o penso umas horas, mas é tão desconfortável que acabei por tirá-lo e simplesmente tapar o olho com o braço. Vi um episódio inteiro do House assim e incomodou-me muito menos do que a porcaria do penso.
Amanhã tenho nova consulta… agora vou dar na pomada e atirar-me para a cama.
Ontem voltei a fazer uma daquelas refeições em que tenho que me safar com o que há lá em casa, o que geralmente significa coisas enlatadas e congelados.
Mas ficou tão bom que decidi partilhar. Aqui vai o que é preciso:
Para o molho:
Azeite
Alho
Tomate em cubos
Tomate pelado em lata
Cogumelos
Sal
Orégãos
Louro
Para o frango:
Peitos de frango
Sumo de limão
Sal
Pão ralado
Queijo parmesão ralado
Um ovo
Queijo fácil de derreter
Para mim, cozinhar é muito estratégico e estou sempre a tentar optimizar as tarefas para que no fim esteja tudo pronto ao mesmo tempo.
Por isso, começo por ligar o forno para 220 graus.
Enquanto o forno aquece, corta-se os peitos de frango longitudinalmente para ficarem mais finos (comecei com 4, acabei com 8 – aritmética rula).
Tempera-se o frango com sumo de limão (eu compro em frascos) e sal (poria pimenta e piripiri se a Dee gostasse, mas como não gosta, não pus). Põe-se o frango de parte, í temperatura ambiente.
Segue-se o molho: Numa panela pequena, para concentrar a temperatura, cobre-se o fundo com azeite e junta-se um ou dois dentes de alho picado (usei congelado). Salteia-se um minuto.
Depois, junta-se uma mão-cheia de tomate em cubos (usei congelado, caso contrário, um tomate médio em cubos deve dar), uma mão cheia de cogumelos (congelados, novamente) e uma lata de tomate pelado, desfazendo os tomates com as mãos e juntanto a polpa toda.
Mistura-se tudo, adiciona-se uma pitada de sal, orégãos e uma folha de louro. Coloca-se em lume forte para levantar fervura e depois em lume fraco durante 20 minutos.
Enquanto levanta fervura, convém começar a panar o frango.
Bate-se o ovo. Põe-se o pão ralado num pratinho e mistura-se bem com parmesão ralado (ralei na altura um pedaço que tinha para lá perdido). Depois já se sabe: passa-se o peito de frango no ovo e depois no pão ralado com queijo, tentando cobrir bem os dois lados.
Põem-se os peitos num tabuleiro de ir ao forno.
Se a estratégia estiver a correr bem, o molho deve estar a ferver e é altura de o passar para o fogo mais fraco e por 20 minutos a contar; o forno deve estar quente e pode-se meter o tabuleiro com o frango e esperar 8 a 10 minutos (se aos 8 ainda estiver muito crú, espera-se mais 2). Põe-se água a aquecer para o esparguete.
Ao fim dos 8/10 minutos, vira-se o frango e vai lá para dentro mais 8 minutos.
Quando o frango estiver pronto, o molho também deve estar e o esparguete já deve estar a cozer. Óptimo. Tira-se o frango do forno, mas não se desliga o dito.
Coloca-se uma dose generosa do molho (que deve ser “chunky”, uma vez que foi feito com cubos de tomate e cogumelos e não cozeu tempo suficiente para se desfazer em papa), por cima de cada pedaço de frango.
Cobre-se com o queijo “fácil de derreter”. Este queijo é… o que gostarem e tiverem. Eu usei flamengo porque era o que tinha, mas se tivesse outro, teria usado Mozzarella fresco.
Volta o tabuleiro para dentro do forno, só para derreter o queijo (2 ou 3 minutos).
Serve-se o frango, com o esparguete e o remanescente do molho por cima do dito.
– Diz lá o que queres. – Disse Riki num tom apressado – É que tenho o Albatroz estacionado em terceira fila, ainda apanho uma multa!
Era mesmo verdade, o Albatroz estava muito mal estacionado e a polícia anti-democrática rondava muitas vezes aquela área.
– Preciso de saber que número calças, para te poder comprar uns chinelos de peluche. – Respondeu a Sandrine – Não é o que queres para os anos?
Era realmente o que Riki queria para os anos.
Aconchegou a estola cor de rosa í volta da cintura e respondeu:
– Sandrine, podias ter telefonado para o teleférico, ao menos escusava de ter vindo í baixa, estacionar assim o Albatroz ao deus-dará! Mas pronto… como é por causa de um presente para mim, não te espanco com a corrente de bicos.
– Obrigado, Riki – respondeu Sandrine, nitidamente feliz. – Então diz-me lá, que número calças?
– Catorze, calço catorze em chinelos de peluche. Mas vê lá se são fúchsia, sabes perfeitamente que odeio verde-alface e ouvi-te falar sobre verde-alface com a minha mãe ao telefone, um destes dias!
– Descansa, falávamos apenas dos collants de plástico brilhante que eu queria comprar.
– Bom, está bem. Tenho que ir, ainda me apreendem o Albatroz.
Despediram-se com um sorriso e Riki foi montar o Albatroz, que se encontrava perturbado. Ao levantarem voo, Riki notou que o Albatroz não se sentia bem, mas atribuiu tudo a tê-lo deixado em terceira fila e, por isso, não lhe perguntou o que se passava.
O dia seguinte foi de festa. Riki fazia cento e quarenta e dois anos e estava prestes a atingir a maioridade (só lhe faltavam dois anos). Ofereceram-lhe uns lindos chinelos de peluche fúchsia, tal como ele queria, e mais um chapéu í cowboy de couro azul, com plumas vermelhas esvoaçantes… ele adorou.
Quando a festa acalmou e os Rodrigues se foram embora (eram os que comiam mais e faziam muito barulho, porque gostavam de cantar), Riki sentou-se com Sandrine e conversaram sobre várias coisas: estavam a pensar casar-se, agora que já tinham juntado todos os cupões necessários para poder requisitar um filho e que tinham dinheiro suficiente para o vestir com belas roupagens cor de néon. No meio da conversa, Riki lembrou-se de referir que achara o Albatroz um pouco indisposto no dia anterior, mas que não ligara pois sabia que o Albatroz não gostava de ficar em terceira fila.
– Vou lá levar-lhe um bocadinho de bolo de cebola! – disse Sandrine, pondo-se de pé num salto.
Sandrine era muito enérgica.
– Fazes bem. E eu vou contigo, aproveito para o lavar. Ele gosta que o lavem.
E foram os dois até í garagem tratar do Albatroz.
Qual não foi o espanto de ambos quando verificaram que o Albatroz tinha fugido.
– Mas… assim, sem dizer água-vai?! – exclamou Riki
– Tem calma, Riki, ele há-de estar para aí.
Durante todo o dia procuraram o Albatroz. Poderiam tê-lo deixado ir, mas Riki estava muito ligado a ele, tinha-lhe sido oferecido pelo Governo Federal por serviços prestados ao gabinete de contagem de dedos dos pés e não era um Albatroz qualquer: era grande e azul cobalto, com um bico muito aerodinâmico. Mas não havia nada a fazer, naquele dia não conseguiam encontrar o Albatroz e já estava a ficar escuro.
Doze dias e doze noites se passaram e nada. O Albatroz não aparecia.
– Nem ao menos um telegrama! – Riki, desesperava – podia ao menos escrever, o safado! Tantos anos de cuidados para com ele, de atenção, de carinho e boa comida… e agora abandona-me assim!
Sandrine não conseguia animar o seu noivo e mesmo ela começava já a sentir saudades do simpático Albatroz.
De repente, a Mãe de Riki, Senhora Blí¶omfaghstí rrin, entrou na sala a gritar desesperadamente:
– Riiiiiki! Riki! Vem depressa, encontrámos o Albatroz!
Riki não podia acreditar, o seu Albatroz!
Correu, seguindo a mãe, com Sandrine logo atrás.
O Albatroz estava na capoeira das Avestruzes, aninhado a um canto, sobre um grande monte de palha.
Foi então que descobriram a verdade. Era uma fêmea! O seu Albatroz era na verdade uma Albatroz e tinha ido para a capoeira das Avestruzes refugiar-se, pois era o melhor sítio para por os seus ovos.
– E vocês que não me disseram nada! – disse, sorrindo, Riki para as Avestruzes.
Há uns dias atrás, o Rui Costa perguntou-me, via Twitter, se estaria disposto a responder a umas perguntas sobre o décimo aniversário do Macacos. Confesso que, se ele não me tivesse alertado para o facto, era capaz de me ter esquecido do aniversário do blog, portanto devo-lhe um duplo agradecimento.
O Rui enviou-me um punhado de boas perguntas que me deram prazer responder e que poderão ler, obviamente, na fonte.
Faz, neste preciso momento – graças í publicação automática – dez anos que o Macacos Sem Galho está online.
Desde da madrugada de 30 de Março de 1999, sempre sem interrupções, sempre comigo como autor; inicialmente em inglês, mas maioritariamente em português.
Este blog tem sido muitas coisas: pessoal, impessoal, divertido, sério, idiota, profundo (nah!), provocador, aborrecido, infantil, triste (í s vezes), geek e várias outras coisas. É um blog de tudo e de nada, porque eu também sou assim.
O Macacos é um blog de esquerda que vira í direita, é um blog artístico que não sabe pintar, é um baby-blog que não sabe mudar fraldas, é um blog geek que não sabe distinguir kde de gnome, é um blog cultural que nunca leu Camões e é um foto-blog… sem rolo na máquina. (Rolo na máquina?!)
O Macacos é Benfiquista, porque Benfiquista é a única coisa que vale a pena ser. O Macacos é ateu porque já foi ao fim do Universo e confirmou que Gajo não está lá. O Macacos é, ainda, o blog português mais antigo ainda em actividade ininterrupta.
Sei que já irritei muita gente, ao logo dos anos, mas se a aritmética não me falha, entretive ainda mais gente e isso é que é preciso. Melhor ainda: diverti-me eu, í brava, quase sempre que me sentei para aqui escrever.
E sei que, nos dias em que não me sentei para me divertir, o blog serviu como válvula de escape para aquelas coisa que í s vezes nos moem tanto por dentro que temos a impressão que só descansamos quando as dissermos ao mundo inteiro.
Sim, eu sei, é um bocadinho convencido da minha parte achar que o mundo inteiro lê o Macacos, mas vocês percebem o que eu quero dizer.
Portanto sim, o Macacos sem galho já existe há dez anos. Sim, existe desde o século XX e sim, está cá há bastante mais tempo do que aqueles senhores que têm a mania que inventaram isto dos blogs em Portugal.
O meu nome é Pedro Couto e Santos, vivo em Almada, vou a caminho do meu 36º aniversário e desde que me mantenha vivo, manterei os Macacos fora do galho. Amen e Alel… ah espera, não posso, que é pecado!
Depois de mais um fim de semana de gastroenterite que deitou a família toda abaixo, acordei, na segunda-feira, com o olho direito inflamado. Não pensei muito no assunto, comecei a por pomada e siga. No dia seguinte a coisa tinha piorado e cheguei ao fim do dia de trabalho í rasca e incapaz de continuar […]
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Aqui vai uma história que escrevi há muitos anos. O Albatroz – Diz lá o que queres. – Disse Riki num tom apressado – É que tenho o Albatroz estacionado em terceira fila, ainda apanho uma multa! Era mesmo verdade, o Albatroz estava muito mal estacionado e a polícia anti-democrática rondava muitas vezes aquela área. […]
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