Publicado em , por Pedro Couto e Santos
É dia 15 de Novembro, o Tiago completou dois anos e oito meses há quatro dias. Ena que avalanche de emoções é passar um fim de semana com o meu filho!
No Sábado a Dee foi trabalhar e aproveitou para passear e encontrar-se com uma amiga portanto esteve fora de casa o dia todo e eu aproveitei para matar saudades. Tenho andado a trabalhar que nem um cão e chega a haver dias em que só vejo o puto fugazmente de manhã, antes de sair; quando chego a casa í noite já está na cama.
Sei que ele fica perturbado com isso e eu também não gosto muito, mas se tudo correr bem, as coisas vão acalmar um pouco – a ver vamos.
O Sábado foi um dia fantástico. Brincámos os dois de várias maneiras, com carros e comboios, í s corridas pela casa, sessões de cócegas, construção de casas de almofadas e ainda vimos alguns desenhos animados (embora poucos porque o Tiago prefere de longe andar a correr e a saltar do que ver TV).
Fiz o almoço que ele comeu inteirinho sem protesto, brincámos mais e depois, a meio da tarde, mandou-me embora e foi sozinho para o meu quarto. Fui espreitar e correu comigo: “Não pai, sai daqui! Sai!”. Saí.
Quando voltei estava a dormir, ao som do “Little Wing”, do Jimi Hendrix. Baixei um pouco o som do iPod, tapei-o e ele dormiu uma grande sesta.
Depois acordou, brincámos mais, lanchou, chegou a mãe e ainda fomos fazer “a nossa pizza, pai” com o Tiago em cima do seu banquinho verde, para chegar ao balcão da cozinha e colocar cuidadosamente os ingredientes em cima da massa enquanto surripia sorrateiramente dedadas de molho de tomate.
Este é um exemplo daquilo que pode ser um excelente tempo passado com o Tiago… e depois há… bom… hoje í noite.
Primeiro não quer ir tomar banho. Depois lembra-se que tem um brinquedo que quer experimentar na banheira portanto quer ir tomar banho. Na banheira, recusa-se a lavar o cabelo. Não sei o que fazer… a rotina é deitá-lo para trás – coisa que começou a fazer sozinho recentemente – e molhar o cabelo, depois lavar e deitar novamente para enxaguar. Despejar-lhe água pela cabeça ou usar o chuveiro só o põe aos berros.
Portanto, só consigo que lave o cabelo se lhe apetecer colaborar… ou í força. A primeira começa a entrar no reino do raro e a segunda desagrada-me profundamente.
Depois vazo-lhe a banheira, recusa-se a sair lá de dentro, tem que ser removido enquanto berra. Depois berra o tempo todo, não quer o creme, atira com ele, não quer o pijama, atira com ele. Tentamos manter a calma e não entrar na histeria dos berros e vamos-lhe perguntando se prefere o pijama do robot ou do carro, se lhe apetece leite, se quer ler um livro – é não a tudo claro.
A certa altura vamo-nos embora. A gritaria continua. Tenta chamar pelo pai, depois pela mãe, a ver qual dos dois terá mais peninha. Um de nós lá vai, conversamos com ele, que tem que se acalmar, vestir o pijama, já é tarde, amanhã há escola, etc.
Nada.
O processo inicia-se por volta das nove da noite e muitas vezes são onze e a crise ainda está mais acesa que o conflito israelo-árabe. Já aprendemos a não perder a paciência com ele: gritos ou mesmo a ocasional palmada são completamente inúteis e só adensam o drama.
A opção corrente é deixá-lo sozinho, mas ir ter com ele se pede colo; se atira com coisas e se mostra agressivo, voltamos a sair. É um processo longo, stressante e desgastante. Se as correrias e brincadeiras são o ponto alto, este é claramente o ponto mais baixo.
Depois de muito esforço lá veste o pijama e vai para a cama. Muitas vezes cai para o lado, porque o que ele está é cheio de sono; mas outras vezes nem por isso e é mais outra hora em que se mexe e remexe, vira, fala, senta, põe de pé, bate na parede, tudo enquanto um de nós está pacientemente com ele no quarto a tentar acalmá-lo para que adormeça.
Saímos disto completamente feitos num oito – duas a três horas de conflito non-stop. E ainda há quem pague para ir a parques de diversão!
PS: cá fica mais um post sobre as partes boas e as partes más de ser pai de um miúdo de dois anos (e oito meses); continuo a surpreender-me pela ausência de posts destes por essa net fora – deve haver uma grande necessidade de reprimir as fitas e as lutas por parte de todas essas mamãs (porque papás então, praticamente nunca falam dos filhos), que têm baby blogs em que os seus príncipezinhos e as suas princezinhas são perfeitas amostras de comportamento, graça e inteligência.
Estranho que custe ainda tanto í s pessoas expor a realidade das coisas, mesmo que não seja sempre e mesmo que 90% do tempo seja bestial, í s vezes, só í s vezes… ser pai é fodido.
Acabei de rever momentos de uma vida passada, não era o pai mas era como se fosse. Só posso dizer paciência, mas isso já sabes, e muita calma. Esta fase das birras passa mas ficam resíduos principalmente quando estão com o sono, mas os bons momentos valem e de que maneira, nós até nos revitalizamos qd estamos com eles nos bons momentos.
É verdade, a diversão com as mais pequenas e simples coisas fascina-me e uma coisa é certa: os meus fins de semana passaram a parecer-me durar eternidades.
os putos agora levam creme depois do banho? Creme de que?
É só um hidratante, pá.
creme de marisco, pois claro. então com um arrozinho… Como diria aquele gajo com cara de pateta da pub do pingo doce, “Hmmmm….”
just kidding…
Enquanto mãe de dois (6 anos/10 meses), aplaudo a frontalidade deste post e subscrevo inteiramente!
também subscrevo a 100% , sou pai de uma menina com 2 anos e 10 meses e é tal e qual como aqui está descrito.
Pois, assim fico bem mais descansada!!!! Pelo que li no post e nos comentários nada mais normal que deitar as crianças í s 9h da noite de um domingo e só conseguir faze-las dormir efectivamente após a meia-noite, como aconteceu mesmo ontem lá em casa!
Quer dizer então que o problema não é só meu, é mesmo uma orquestração do universo contra os pais!
Beijocas e boa semana para os três!
Há baby blogs que só falam das maravilhas da maternidade, e em que os querubins são a perfeição, e depois tens os reais, porque existem. Toma lá 3:
http://coconafralda.blogspot.com/2009/10/ate-ver.html
http://mae-galinha.blogs.sapo.pt/388601.html
http://aervilha.blogspot.com/2009/09/we-have-record.html
:)
Ah bom :-)
Realmente não é assim tão raro encontrar a realidade :) Mais aqui: http://www.bebesfera.com/pesquisa?q=%2Bberros+%2Bbirras+%2Bpaciência
E é assim mesmo…
Deixa-me dizer-te que já passei por isso tudo duas vezes e que ainda não desanimado… vou tentar a terceira.
Quanto aos choros por birra, existe aquele ditado que diz: “Quanto mais choras menos mijas”, além disso o choro (de birra) é um optimo para fortalecer os pulmões. Aumenta o som do rádio ou da televisão. Os vizinhos podem queixar-se mas… WTF, o pai és tu.
Abç
Curiosamente lembro-me sempre disso quando ele berra… limpa a garganta, limpa o nariz, é muito útil! :-)
uma provocação:
ao ler a parte do teu post que refere o creme lembrei-me imediatamente de uma frase de uma rábula do “Jel” “nos” “pasteis de nata” (ena tantas aspas):
“Cremezinhos p’ra pele?!?!?!?”
a parte do banho/lavar a cabeça/por creme/vestir do meu (que tem menos 6 dias que o Tiago) é igualzinho.. por vezes falta a paciência.. também o deixamos a chorar e depois vou lá perguntar: “já está?” e ele cala-se e diz que sim.. é hilariante.. mas que nos deixa de rastos, lá isso deixa.
Cada criança tem o seu “tempo”,quando olho para trás, e recordo alguns momentos em que a paciência quase se esgotou e hoje a minha piolha com quase 9 anos, já mudou tanto…tal como nós, e até me atrevo a dizer que tenho saudades…tudo passa tão rápido!
Por isso aconselho-te a levar a “paciência” em doses extras…compensa:)
E a coisa pode ser pior se achares que é uma boa ideia deixar de trabalhar, para te dedicares aos miudos uns anitos – olha, eu capotei …
Visita-me no http://apanhadanacurva.blogspot.com e vais ver (confirmar) que a vida maternalizante esta muito longe de ser um mar de rosas …
Visitei e subscrevi!
Não há como as histórias ao deitar para fazer a minha pequena adormecer… E se ainda no banho as coisas não correm de feição, fazemos-lhe lembrar que a seguir “vem a história”… ;)
(um dos segredos ao contar a história, é ir falando cada vez mais devagar, e mais devagar… e pausar um pouco… e aloooongaaaar as voooogaaaais…)
Hehe, já lá vão uns tempos, desde este post. Hoje em dia já é muito mais raro haver cenas destas.
Pois… É o que dá estar a ler o teu blog a “andar para trás” no tempo. Mas se por um lado os teus textos são praticamente irresistíveis, por outro, quando dá aquela vontade cá dentro, também é irresistível responder!
Neste momento a minha piquena está a 3 dias de fazer 2 anos e é o que resulta comigo… (se bem que uma piquena não é o mesmo que um piqueno, e os miudos também não são todos iguais, mas podes crer que sei muito bem o que é “desesperar” para que adormeça…)
Estás í vontade para comentar, todos os posts têm comentários abertos, por isso, até 1999 tens muito que andar para trás :-)
Quanto í tua filha, coragem com isso, os 2 anos são terríveis :)