Não vou por-me com grandes resumos que não vale a pena. Quem costuma ler isto e sabe as histórias sobre o Tiago, sabe que o sono dele sempre foi a nossa grande vitória: tudo (quase) sempre muito certinho. Ir para a cama a horas certas, rotina de deitar impecável, dormir a noite toda, um descanso.
Também saberão que tentámos tirar as grades da cama uma vez sem sucesso e da segunda vez (recentemente), tudo correu muito melhor.
Isso acabou.
Não só acabou o sucesso da cama nova, como acabou o sucesso da disciplina ao deitar. Fim. Kaput.
Agora, chegadas as nove da noite – habitual hora de deitar – o Tiago nem quer ver a cama. Damos-lhe mais tempo, não vá ele agora precisar de dormir menos (muitas vezes já não dorme sesta, por exemplo). Dez da noite e recusa-se.
Dez e meia e nem pensar em ir para a cama. Onze. Nada.
A nossa estratégia varia. Vai para a cama e nós desaparecemos: quando ele sai do quarto í nossa procura, não encontra ninguém. Às vezes (como ontem), volta para a cama.
Outra estratégia, quando a nossa paciência para ensinamentos é pouca, aplica-se quando a Dee quer ir para a cama cedo; dez e meia e vai-se deitar ele vai com ela. Depois, mais tarde, eu vou-me deitar e levo-o para a cama dele.
Ambas têm funcionado razoavelmente bem. Umas vezes vai para a cama a horas mais ou menos decentes, outras vezes nem por isso. Num dia bom, não berra durante toda a rotina de deitar.
Mas a batalha do sono não acaba aqui. Se ele está a dormir na sua cama, impávido e sereno, a aposta que fazemos a seguir é: quando aparecerá ele no nosso quarto, ainda a meio da noite ou já de manhã cedo?
Umas vezes aparece í s 2, outras í s 5… í s vezes í s 6 ou 7. Hoje, Sábado, depois de uma semana esgotante de trabalho, vi-me a pé í s oito da manhã e o gajo, apesar de se ter deitado na sexta já depois das 11 estava na maior.
Mais uma vez concluo que de facto, com miúdos desta idade, nada está fechado, nada está decidido. Se o Tiago sempre teve um sono bastante bom, após os primeiros meses de horários incertos, agora já não tem. Se come bem, amanhã come mal. Se faz birras, para a semana é o puto mais porreiro do mundo. Vai para a escola a pé ou só quer colo.
Gostava que algumas destas coisas começassem a cristalizar, para eu saber com o que conto porque no fundo, a imprevisibilidade é o que mais me stressa.
Bom e agora vou até ao quarto ver se tenho cama onde dormir.
O meu pai e a minha mãe começaram a viajar regularmente há uns anos atrás, ainda vivia eu lá em casa. Entretanto, têm no corredor um mapa do mundo cravejado de pinos, marcando os locais que já visitaram. Pobre mapa, faz inveja ao Pinhead.
Os relatos de algumas viagens podem ser lidos no Coiso (um dos blogs mais antigos de Portugal, btw), mas entretanto o meu pai decidiu criar um blog apenas para postar uma foto e pequenos apontamentos dos locais que já visitou.
Na semana passada notámos que a nossa meo box estava constantemente a ir abaixo e portanto a Dee ligou “para lá”, na sexta-feira.
Disseram-lhe que a box ficaria “sob observação” e que em dois dias úteis diriam algo.
Hoje, dois dias úteis depois, ligaram a dizer que vinham substituir a box.
Até agora, sempre que precisámos de assitência no meo, apareceu alguém em dois dias úteis. Já vieram melhorar a qualidade da linha (algo no armário, na rua), já vieram substituir um cabo (que por acaso até tinha sido comido pelos nossos gatos e nós nao tinhamos percebido) e agora trocaram a box por uma nova.
Assim, de facto, não é difícil continuar cliente.
Há dezoito anos atrás comecei a ir regularmente para Lisboa para ir í s aulas…
Perdoem-me um pequeno momento para me rir da afirmação anterior.
Bom, há 18 anos atrás comecei a ir regularmente para Lisboa passear e foram os transportes públicos que me permitiram tal deslocação.
Vivia em Cacilhas e a minha viagem era composta de uns 5 minutos a pé, 10 minutos de ferry e depois uns – não me lembro bem – 15 minutos do Cais do Sodré ao Largo da Academia de Belas Artes.
Fiz isto durante cinco anos e depois meti-me nesse maldito vício que é o trabalho e as visitas a Lisboa tornaram-se mais ocasionais. Ainda assim, para ir í Capital, falar com clientes, ia maioritariamente de transportes públicos.
A conversa de despedida no final das reuniões era quase sempre na base de “então e onde deixaram o carro? Isto aqui para estacionar…!”, seguido de um olhar vazio quando a nossa resposta incluia “transportes”.
Hoje em dia tenho a certeza que perdi clientes por andar de transportes. É que em Portugal, explicou-me um dos clientes que não perdi, os clientes ganham-se e perdem-se no parque de estacionamento: BMW, Mercedes, Audi… dão direito a cliente; Porsche, Ferrari, Lamborghini é para esquecer, porque certamente humilharão o Beemer do cliente e, claro, Fiats, Renaults e Citrí¶ens vão exigir muito suor para a conquista da conta.
Transportes públicos? Mas que inacreditável ousadia. Quem me dera ter sabido isso antes. Teria comprado uma chave de imitação de um Passat que manteria discretamente na mão ao despedir-me do cliente e poderia bufar algo como “bom, vamos lá ver se não tenho multa!”.
Mas adiante.
A minha relação com os transportes públicos haveria de voltar a uma regularidade próxima da de um vegetariano que só come fibras nos finais de 2003 quando fui trabalhar para o SAPO.
Na altura, a coisa pareceu-me fantástica: 10 minutos a pé (que agora vivo 100 metros mais acima e não ando tão depressa como quando tinha 18 anos), 10 minutos de barco e depois uns 20 minutos de metro e lá estava eu em Picoas. Deveriam ser 40 minutos mas na verdade eram mais 50 ou 60, com as trocas de linha e as esperas.
E durante seis anos e meio, foi o que fiz. Todos. Os. Dias.
Mas entretanto, entrou em funcionamento o metro de Almada – um comboiinho eléctrico que atravessa alegremente o Concelho para cima e para baixo. Fiquei com tentações de mudar de percurso, mas achei sempre que não era justificável: em vez de andar 10 minutos a pé até ao barco, teria que atravessar toda a cidade, até ao Pragal; depois, teria que entrar em Lisboa de comboio, o que é muito mais caro que qualquer outro transporte e finalmente ainda teria que andar de metro em Lisboa.
Ao longo dos meses que o MTS esteve em funcionamento, fui pensando na ideia porque já tinha andado no comboio da Fertagus e achado a coisa bastante confortável, porque os barcos da Transtejo são indescritivelmente desconfortáveis e porque o meu percurso no ML era aborrecidíssimo: entrar no Cais do Sodré, andar uma estação, trocar para a linha azul na Baixa-Chiado, andar três estações, trocar para a linha amarela no Marquês e andar uma estação, para sair em Picoas.
É tão aborrecido que adormeci por uns momentos só de o descrever.
Para piorar a situação, o passe para fazer o percurso novo custa o dobro do meu passe habitual.
Eis senão quando, a Isa decidiu passar a ir de combio. A Isa vive, basicamente, no cimo da avenida onde eu vivo – ligeiramente mais longe do barco do que eu, mas pouco – e ficou imediatamente agarrada ao novo percurso.
Assim, dia 3 de Agosto, regressado de férias, decidi fazer o percurso MTS > Fertagus > ML í experiência e dia 4, apesar de ainda ter o meu Lisboa Viva carregado com o combinado TT/ML, comprei o passe combinado Fertagus/ML. No dia seguinte comprei o complemento para o MTS.
O novo percurso leva-me de metro, em Almada, sentadinho, a ler e ouvir música, de Cacilhas ao Pragal; depois, sentadinho e a ouvir música, o comboio leva-me até Entrecampos e finalmente, se me apetecer, vou sentadinho e a ouvir música de Entrecampos a Picoas, de metro, sem ter que mudar de linha.
Este fim de semana não quis sair de casa, o que é invulgar. Normalmente ao som de “queres ir passear?” ouvimos um estridente: “siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim!” e em 10 segundos ele esta de pés no ar, pendurado pelos braços no puxador da porta.
Mas mesmo. Tenho que ver se arranjo o contacto de alguém que repare portas Fichet, porque cheira-me que em breve precisarei de um puxador novo.
Mas este Sábado e Domingo, não. “Tiago, queres ir passear?”, “não!”; “vamos ao parque?”, “jogar í bola?”, “saltar nas pedras?”, “ver os avós?”. “Não!”.
Nós, estoirados, não fizemos mais que o nosso papel: certificámo-nos que a resposta era negativa, algumas vezes por dia e não fizemos grande pressão. Ficámos por casa.
Ele andou praticamente sempre todo nú. Fez de tudo, brincou com todos os brinquedos, leu vários livros, saltou, correu, trepou e maltratou o pai quase até ao limite do abuso físico. Ainda por cima, sestas nem vê-las, mas em contrapartida, de Sábado para Domingo dormiu a noite toda sem aparecer no nosso quarto í s duas da manhã.
Aproveitou ainda para começar a treinar como se grita quando o Benfica marca golos e para fazer xixi e cocó no bacio (vai devagar, mas vai) – e estes assuntos estão relacionados, porque ver o Quim defender quatro penalties do Milan deixa qualquer um com um aperto na bexiga.
Ah e disse “atum”. Como sabemos, atum é uma palavra importantíssima no léxico de qualquer jovem adulto em busca de subistência, pelo que me sinto desde já descansado quanto ao seu futuro nesse departamento. Se aprender a dizer “salsichas” então, está o assunto arrumado.
E pronto, ao menos deu para descansarmos. HAHAHAHAHAHAHAHAHAH! Não, a sério: estou í beira da morte; quero ir trabalhar, POR FAVOR!
Deixo-vos com um snapshot do puto mais fixe que eu conheço:
Não vou por-me com grandes resumos que não vale a pena. Quem costuma ler isto e sabe as histórias sobre o Tiago, sabe que o sono dele sempre foi a nossa grande vitória: tudo (quase) sempre muito certinho. Ir para a cama a horas certas, rotina de deitar impecável, dormir a noite toda, um descanso. […]
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