Obrigado TomTom, por me tratares como ladrão

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Há uns anos, comprei um TomTom One—um GPS portátil com um mapa da Pení­nsula Ibérica. Foi mais por cromice do que por outra coisa, mas já me tem dado jeito.

O mapa de Portugal sempre teve uma cobertura muito inferior ao de Espanha e foi com satisfação que vi ontem que tinha entretanto saí­do um mapa da Iberia que cobria Portugal em 99,9%. Hoje, comprei o dito mapa.

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Qual não foi o meu espanto, então, quando não consegui seleccionar o mapa para o utilizar no meu GPS. Usando a aplicação de gestão de desktop da TomTom (o Home), percebi que o mapa que eu tinha acabado de adquirir dizia que precisava de ser activado.

Saltei para o mail, í  espera de um código de activação… esperei, chegou a confirmação do pagamento, chegou a factura e nada de código. Ao fim de duas horas, nada de código.

Comecei a perceber que não ia chegar código nenhum.

Vendo os detalhes do mapa, a TomTom sugere-me que o remova do aparelho, pois está a ocupar espaço no SD e nem sequer funciona. É de uma estupidez a toda a prova!

O site da TomTom é um desastre. A ajuda manda-me para o ‘My Account’, que não existe. Experimento então ir a ‘My TomTom’ na esperança que seja isso, mas aí­ não encontro o ‘My Products’, onde poderia consultar o número de código que preciso para requisitar activação de software.

Depois, encontro uma referência a um site externo, feito apenas para fornecer códigos de activação TomTom e nesse site apercebo-me que preciso de encontrar o CD original do meu One. Sei lá onde está.

Mas procuro… e encontro! Encontro o CD e percebo que o código de produto não está no CD, mas na capa. A capa é que não sei onde está e sinceramente, não me apetece procurar.

Se precisam de um identificador para saber que eu tenho mesmo um TomTom One e não sou um horrí­vel pirata disposto a copiar o mapa deles, porque não me pedem o número de série que está escrito no fundo do aparelho?!

Porquê pedir um código qualquer impresso uma qualquer capa de cartolina de um CD que eu não preciso para nada e que está perdido há anos?!

A TomTom, como tantas outras companhias que vendem software, está a tratar-me como ladrão. Eu sou um cliente que comprou o hardware e o software e está a tentar comprar uma actualização. Correcção: eu já comprei a actualização, porque eu paguei!

Mas em vez de ter acesso ao que paguei, estou encravado num sistema de protecção de cópia feito para dissuadir pessoas que não são eu!

Esta prática estúpida continua, as empresas continuam a tratar os seus clientes pagantes como ladrões e a cada vez que isto acontece, mais me apetece arranjar software pirata. Aliás, o próximo mapa para o meu One será certamente sacado da net.

Já aconteceu o mesmo com os CDs, desde que trouxe para casa um que não tocava em lado nenhum graças ao ‘copy protection’; nunca mais comprei nenhum.

Como se resolve o problema dos serial killers? Eu sei, pergunta estranha, mas faz sentido: resolve-se matando toda a gente. Se matarmos todos os seres humanos no planeta, certamente nos livraremos dos serial killers.

E é precisamente assim que agem as empresas para proteger o copyright.

Segue o pedido de suporte que enviei í  TomTom:

Acabei de adquirir, por sugestão do TomTom Home, um novo mapa da Iberia, versão 830.2306 e não consigo usá-lo. O TomTomHome diz-me que o mapa precisa de ser activado o que me parece bizarro pois acabei de PAGAR por ele e diz-me ainda que o mapa não é compatí­vel com o meu aparelho o que é estranhí­ssimo visto que me foi sugerido como actualização pelo TomTom Home que é suposto saber que eu tenho um One 1st edition.

Pelo que consegui perceber, o procedimento de activação – que parte do princí­pio que eu, cliente pagante, sou um pirata disposto a roubar os vossos mapas – é complexo e exige que eu encontre o CD original do meu TomTom que eu não faço a mais pequena ideia onde esteja.

Uma vez que paguei pelo mapa, bem como pelo serviço de actualização de mapas anual, agradeço que me indiquem como posso usufruir do conteúdo que paguei. Pretendia usar o mapa numa viagem já amanhã de manhã, mas duvido que me respondam em tempo útil.

Ainda assim, obrigado de mais um cliente insatisfeito por práticas retrógadas de protecção de conteúdos.

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Teste de Sheridan

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Falei no teste de Sheridan no último post e estava convencido que era uma coisa mais ou menos do conhecimento comum; í s vezes esqueço-me que nem toda a gente tem pais médicos do SNS.

Estas são as perguntas que o médico de famí­lia faz para tentar perceber se a criança está a desenvolver-se normalmente. Na primeira página vai das 4 semanas a 1 ano, na a segunda página, para o mesmo perí­odo, em vez dos desenvolvimentos listam-se os sinais de alarme (como “não fixa nem segue objectos”), e finalmente, na terceira página, são listados os desenvolvimentos básicos até aos 5 anos.

Resolvi digitalizar e disponibilizar o teste aqui em PDF, mas por favor nunca se armem em peritos com uma coisa destas. Não se ponham a dar conselhos a amigos, nem tentem tirar conclusões vossas sobre os vossos filhos. Esse é o papel do médico de famí­lia ou do pediatra. Este teste encontra-se sob diversas versões, online, portanto não é nenhum segredo de Estado, mas eu só o disponibilizo enquanto não aparecer por aqui nenhum maluco a achar que o filho é isto ou aquilo por causa de algo que leu no PDF.

Ao mí­nimo sinal de malucos… acaba-se o pão para os ditos.

Dito, isto, podem fazer download do PDF, alegremente: Teste de Sheridan (PDF ~2 MB)

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Montando o Mamute

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Há um mês atrás, experimentámos tirar a grade da cama do Tiago e a coisa não correu bem, mas sabiamos que em breve, quando tivessemos mais disponibilidade para isso, teriamos que o fazer.

Como agora ele está em casa de férias e não há horários para cumprir de manhã, decidimos que era a altura certa. Uma visita í  Ikea mais tarde e o Tiago tem uma cama nova. Aliás, renovamos-lhe o quarto todo porque ele está crescido e o quarto que tinha era improvisado para um bebé; achámos que estava na altura de comprar mobí­lia adequada para uma criança.

Já dormiu três noites na Mammut, sem incidentes. Deita-se com um de nós ao lado, lê uma história, enrosca-se e adormece. Dorme a noite toda e entra-nos pelo quarto adentro, sem falha í s 8:30 da manhã.

E a cama é bestial para o papá se deitar a descansar quando já não aguenta mais fazer de baloiço humano!

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Tiálogos XXIII. Reality check

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Hoje apetece-me fazer uma daquelas coisas que vejo por aí­ muita gaja fazer nos seus baby blogs. Perdoa-me, se conseguires, mas quando os miúdos são pequenos, como tu és—quase com 2 anos e 5 meses—os pais vão tentando perceber se o desenvolvimento está  correr como se espera.

E é por isso que de vez em quando vou consultar o teste de Sheridan e comparar com aquilo que tu vais demonstrando saber fazer. Portanto, aos dois anos e cinco meses, aqui vai…

Aos 2 anos, em termos de postura e motricidade seria suposto correres e corres. Seria suposto subires e descer escadas com os dois pés no mesmo degrau, mas como isso é uma seca, neste ponto saltaste para os três anos e sobes já muitas escadas alternando os pés (descer com pés alternados então era só aos 4 anos, mas sempre tiveste um fascí­nio por degraus e, de mão dada, já desces alternadamente também).

No que toca í  visão e motricidade fina devias construir torres de 6 cubos, mas honestamente, já nem me lembro quando começaste a fazer isto mas já foi há uns meses valentes; aos 3 anos deverias construir torres de 9 cubos, mas tu já constróis torres com os cubos que houverem— especialmente se puderes depois dar-lhes um pontapé bem afinfado.

Deverias imitar rabiscos circulares e imitas. E devias gostar de ver livros e conseguir virar uma página de cada vez, ambas coisas que já fazes desde muito antes dos dois anos.

E depois, vem a audição e linguagem; já sabes como é… Devias dizer o nome, mas não dizes—embora recentemente tenhas começado a dizer “bebé” apontando para ti próprio. No entanto a tua linguagem melhorou muito. Se devias construir frases de duas palavras… já o fazes (“papá, mão”, quando queres que te dê a mão; falas sozinho enquanto brincas e tens uma linguagem maioritariamente incompreensí­vel para os familiares, como o teste de Sheridan sugere. E também já nomeias bastantes objectos.

No que toca ao comportamento e adaptação social devias por o chapéu e calçar os sapatos o que fazes, quando consegues (alguns sapatos nem eu tos consigo calçar, quanto mais!) mas acho que isto se refere mais a aceitar os ditos e quase sempre aceitas (tirando quando fazes birra, claro), devias usar bem a colher e usas e também já usas o garfo nas calmas—outro desenvolvimento dos 3 anos.

Finalmente, devias beber por um copo e colocá-lo no lugar sem entornar e… check. Aliás, andas a treinar fazer isto só com uma mão, só para causar calafrios aos teus pais, sobretudo quando o conteúdo é leite com chocolate.

A coluna dos 2 anos não menciona nada sobre despires-te sozinho—isso está só nos 3 anos e só com um adulto a desabotoar— mas tu já tiras as meias (duh!), as calças e a fralda sem qualquer dificuldade e consegues desapertar o body em baixo; sei que consegues tirar algumas camisolas, porque já dei contigo sem elas, mas nunca assisti ao evento e, normalmente, precisas de ajuda.

O teste termina aqui, mas devo acrescentar que lavas as mãos e a cara sozinho, lavas os dentes e já sabes tomar banho quase completamente sozinho. Tudo isto são desenvolvimentos esperados por volta dos 5 anos.

Portanto, podes ainda não falar muito, mas és asseadinho e isso, meu filho, é o que te levará longe na vida. Ficar calado e cheirar bem nunca fez mal a ninguém!

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Trabalho e descanso

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

O ano passado marquei as minhas férias de uma maneira um bocado avacalhada. O resultado foi que cheguei ao fim de Dezembro sem ter férias há vários meses, com o miolo feito em papa.

Este ano tive mais calma e cuidado ao planear as férias e espaçar os perí­odos para poder ter algum descanso regular.

Trabalhar sem parar, sem ter férias é uma imbecilidade inqualificável.

Fi-lo durante anos—aliás, nem fins de semana gozava—e aprendi essa importantí­ssima regra: não parar regularmente para descansar, pensar noutras coisas ou mesmo pensar no trabalho mas com um certo distanciamento é simplesmente contra-producente.

Dentro deste tipo de prática contam-se outras, como a já referida inexistência de fim de semana e ainda a famosa directa. Todas estas práticas reduzem a produtividade, aumentam a hipótese de erro humano e desmotivam as pessoas.

Não é portanto de espantar que sejam comuns no nosso paí­s que adora aliar ideias parvas a falta de produtividade.

Assim como já trabalhei anos sem férias e sem fins de semana, também já fiz muitas directas a trabalhar.

Fazer directas não é nada de especial: a única coisa que é preciso é não adormecer. Mas fazer directas a trabalhar requer… bom, que se trabalhe.

O trabalho produzido durante directas é frequentemente de má qualidade e raras são as vezes em que o resultado justifica o esforço.

Já passei noites seguidas acordado a fazer renders 3D (numa altura em que ainda achava isso interessante) e no fim tudo foi inútil. Acabei por ir apresentar o trabalho ao cliente e ele afinal não tinha assim tanta pressa e queria umas modificações (querem sempre).

Esse trabalho, especificamente, foi feito para uma account de uma agência. Este tipo de pessoas—comerciais, accounts, gestores de produto—são os primeiros a exigir esforços extra e a colocar nos prazos uma importância que, no fim, eles não têm.

Nunca têm.

Já vi coisas feitas no prazo e coisas feitas tão absurdamente fora do prazo que mais pareciam anomalias espácio-temporais. Mas o que nunca vi foi o mundo acabar, empresas falirem, nem sequer pessoas serem despedidas.

Já vi também foi muitas directas í  “menino”. Tudo homens de pelo no peito, que ficam ali a noite toda a trabalhar, a dar-lhe! Directa! Depois, quando o Sol nasce e o trabalho não só não está acabado como está cheio de problemas ou falhas, vão para casa dormir o resto do dia.

Isto não é uma directa, isto é só adiar a hora de ir para a cama. Se não ficarem acordados, pelo menos, 48 horas, não me venham com choradinhos.

Mas se ficaram, então sou quase capaz de apostar que não valeu a pena.

Acho que estas práticas servem mais para bonding (geralmente male, porque muitas vezes só homens são idiotas o suficiente para fazer directas), do que para adiantar trabalho. Combina-se uma directa, encomenda-se pizza e compra-se cerveja e o pessoal está ali a noite toda a conviver. Aproveita-se para se fugir da famí­lia, contar anedotas porcas e fazer concursos de arrotos.

Em contraste, o descanso é fundamental para manter uma pessoa em boa forma. O repouso é importantí­ssimo para atletas; não sou especialista, mas diria que faz parte do treino. Treinar sem parar acaba por dar em cansaço e lesões (e.g., jogadores do Benfica) e portanto o treino fí­sico deve ser equilibrado com um descanso adequado.

O mesmo se aplica a qualquer esforço humano—a menos que se seja movido a drogas, como o Keith Richards. É por isso que convém dormir bem todas as noites, convém ter um fim de semana para limpar a cabeça e é conveniente marcar férias a intervalos regulares.

Descansar afina o cérebro, oleia as ideias. Muitas vezes, depois de uns dias de descanso, voltamos mais motivados ao trabalho. Descansar reduz o stress e ajuda-nos a ver as coisas de uma distância maior; torna-se mais fácil perceber quais os problemas importantes e quais os desprezí­veis.

Às vezes, coisas que nos moí­am a cabeça semanas a fio tornam-se problemas insignificantes quando os vemos ao longe, deitadinhos na areia da Caparica a ouvir as ondas bater no pontão. Shuá…

E depois, claro, temos filhos e tudo o que eu acabei de escrever perde todo e qualquer significado. O cansaço que nos parecia insuportável na semana passada, parece-nos agora risí­vel, comparado com o que aumentou entretanto e certamente que acharemos que estavamos a ser uns mariquinhas, daqui a um mês quando tudo tiver quintuplicado.

Sabiam que os miúdos não param de correr? Quer dizer, páram, mas é quando querem saltar.

Como? Como é possí­vel que não se cansem? Pois se eu estou meio morto! Capaz de adormecer de pé, ao Sol, equanto me batem com um bacalhau seco nas costas! Como pode ele continuar a correr e a saltar!?

A ideia de que tinha marcado férias com pés e cabeça este ano perde quase completamente o sentido no que ao tempo de descanso diz respeito.

Felizmente, as férias têm outras vantagens e, embora tenham uma relação directa com o trabalho, não se resumem a uma pausa neste. Felizmente, estar com a minha mulher e com o meu filho, por inacreditavelmente cansativo que possa ser, é também retemperador.

Não consigo parar de pensar no trabalho, até porque estou a meio de um projecto absorvente e todos os dias tenho obtido notí­cias do dito e respondido a mail quando há dúvidas sobre o que deixei preparado para os programadores, da minha parte. Mas estava-me a fazer falta passar umas horas a ajudar o Tiago saltar as ondas na Cova do Vapor e a deixar que o tal shuá ajude a dissipar aquela dúvida incessante sobre que tipo de munição levar na segunda-feira para o escritório…

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Obrigado TomTom, por me tratares como ladrão

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Há uns anos, comprei um TomTom One—um GPS portátil com um mapa da Pení­nsula Ibérica. Foi mais por cromice do que por outra coisa, mas já me tem dado jeito. O mapa de Portugal sempre teve uma cobertura muito inferior ao de Espanha e foi com satisfação que vi ontem que tinha entretanto saí­do um […]

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