Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Na semana passada, o Tiago esteve doente e praticamente não comeu. Sempre foi magro, mas atingiu ali um ponto algo preocupante.
Além da falta de apetite pela doença, ele já não era grande amigo das refeições, provavelmente muito por culpa nossa. Investimos muito na disciplina da cama e o Tiago lava os dentes, veste o pijama e vai dormir. Dorme quase sempre noites inteiras, tirando se tem algum sonho que o acorda, a fralda muito molhada ou frio, por exemplo.
Desde muito pequeno que está na cama, í noite, entre as 8 e as 9 (mais para as 9) e raramente temos stress com a hora de deitar.
Mas as refeições nunca foram rígidas. Sempre comeu a horas diferentes, sentado em sítios diferentes, com e sem TV ligada, sozinho, só com a mãe, ou com toda a gente í mesa. A variação não ajudou í disciplina, acho eu.
Não que eu não soubesse que ia ser assim, até acho que já escrevi vários posts sobre o assunto que agora não me apetece ir procurar. Desde que nos casámos que soube que se viessemos a ter filhos um dos principais problemas seria a nossa total falta de jeito para gerir compras de comida, sua preparação e refeições.
Mas, preocupados com a recusa de comer do Tiago, mesmo sabendo que tinha a ver com sentir-se mal, decidimos que era preciso fazer um esforço extra. Até porque ele estava a recusar-se a comer o jantar para passado um bocado estar a comer uma bolacha “para não ir para a cama cheio de fome, tadinho”. Tadinho,’tão a ver? Pois.
Portanto acabámos com as bolachinhas e bolinhos excepto no contexto bem definido de um lanche onde a comida é mais livre e nada de snacks entre as refeições.
Além disto, investimos seriamente no estabelecimento de uma disciplina de refeição: todos sentados í mesa í mesma hora, nada de TV, música a tocar e comida igual para todos.
Estávamos cientes que precisariamos de ser pacientes enquanto ele se habituava í nova rotina e começava a comer como deve ser, pelo que ficámos surpreendidos com a rapidez com que se adaptou. Assim tipo… logo.
Cumprimos o programa a semana inteira, tirando um dia em que eu não consegui chegar a casa a horas, mas ele tem comido sempre bem. Nem sempre come a sopa, nem sempre os legumes, mas come muito mais do que antes e um bocadinho de cada coisa.
Passou de depenicar arroz e não tocar em mais nada, para devorar dois peitos de frango í dentada, que carne cortadinha é para meninos!
No processo, começou a comer salada, coisa em que nunca tinha tocado, sobretudo alface e fruta í s dentadas, coisa que também não fazia, ficando-se sempre pelos purés. Tem comido sempre uma maçã inteira, uma pêra, umas dentadinhas de banana.
É normal que perca o apetite quando está doente e, com 92 cm aos 2 anos, também é normal que vá ser esguio durante muitos anos, mas se na semana em que não comeu quase nada se notou logo na cara dele, esta semana de grande apetite tem precisamente o efeito inverso e dá gosto vê-lo mais redondinho na face.
“Até porque ele estava a recusar-se a comer o jantar para passado um bocado estar a comer uma bolacha “para não ir para a cama cheio de fome, tadinho”. Tadinho,’tão a ver? Pois.”
Hum, dejavu … a minha sobrinha mais velha (6 anos) está nesse lindo estado, não come nada, faz altas birras í mesa, e depois í noitinha lá vai pedir umas bolachinhas e chá í mão porque tem fome …
Culpa de ter sido educada durante os primeiros 3 anos quase exclusivamente pela avó, neste caso, que lhe fazia todas as vontades e mais algumas.
Ainda não tenho filhos, mas já tenho anotadas bastantes coisas na cabeça sobre o que se deve e o que jamais se deve fazer, porque realmente os putos apanham vícios com a maior das facilidades e depois para lhos tirar é um cinema (quanto mais velhos, pior).
Verdade.
O mais lixado é passar todas as nossas teorias educativas í acção, quando chega a altura. Quando já estás completamente de rastos porque não dormes, não páras e nunca mais tiveste tempo para sequer te sentares a ver um filme na TV em menos de 10 “sittings”, é muito difícil manteres uma mente focada e racional para implementar todas as regras de disciplina e comportamento que tinhas tão bem planeadas.
Por isso é que no nosso caso ele porta-se muito bem para dormir, lavar os dentes, tomar banho, vestir-se e calçar-se, mas depois nas refeições, a coisa escorregou. Mas está a melhorar a olhos vistos, é o que vale.
Pois, é tudo muito bonito visto aqui de fora, mas depois quando um gajo anda todo rebentado o caso muda de figura.
Eu passo uma semana a tomar contas das duas miúdas (6 e 3 anos) e chego ao fim meio morto, tipo zombie, e é só uma semana, portanto dá para ter uma pequena ideia do que é aguentar todos os dias :-)
Mas porra, vale a pena, e um gajo mesmo andando todo mamado anda feliz da vida, e isso é que interessa.
Vale completamente a pena, sem dúvida nenhuma. :-)