Incentivo í  Economia

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Se eu mandasse, fazia assim:

Não dava dinheiro nenhum aos bancos. Pegava na ideia do Jon Stweart e concretizava-a da seguinte forma:

Todas as pessoas com créditos para a habitação entre 50 mil e 150 mil euros, poderiam requerer liquidação dos mesmos ao Estado. É neste intervalo, creio eu, que cai a maioria da chamada “classe média”, que sai de casa todos os dias para trabalhar para, em grande medida, pagar a mensalidade do crédito.

Pessoas com créditos inferiores têm obrigação de os pagar sozinhas e pessoas com créditos superiores provavelmente têm casinhas acima da média e é começa-se a entrar no risco de ter um tipo com uma mansão a usufruir de um apoio do Estado quando tem mais do que dinheiro para se safar sozinho.

O Estado, pagaria então í s famí­lias com dí­vidas naqueles valores, o empréstimo da casa, ao banco respectivo.

É claro que o processo não seria tão ingénuo como dar um cheque í s pessoas;  dinheiro teria que ser entregue directamente ao banco, num qualquer acto oficial que ao mesmo tempo libertasse a pessoa do seu dever para com a instituição bancária.

Assim, os bancos receberiam dinheiro imediatamente, perdendo, no entanto, um volume considerável de créditos-habitação. Temos pena, mas não muita, porque é de bancos que se trata, afinal.

As pessoas, a tal classe média, seria aliviada de um dos principais pesos no seu orçamento mensal, aumentando assim, significativamente, o poder de compra.

Isto significaria, tecnicamente, que uma fatia grande da população receberia um aumento de salário igual ao valor da antiga mensalidade da casa. Este aparente aumento salarial reduziria também a pressão nas empresas para melhorarem os salários durante, pelo menos, 2 ou 3 anos, impedindo o recurso ao despedimento.

Como podem ver, é um plano perfeito.

As empresas podem investir e manter os seus funcionários, já que lhes podem manter o salário porque eles têm menos despesas. A classe média fica aliviada de um encargo significativo e passa a ter mais poder de compra, contribuindo para a melhoria da economia. E os bancos recebem liquidez imediata do Estado, mas não sem terem que sacrificar algo por isso.

Feito.

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31 comentários a “Incentivo í  Economia”

  1. Dextro says:

    Resta a grande questão: onde é que se ia buscar o dinheiro para pagar isso?

    • Diogo says:

      Dextro: claro que seria í  mesmí­ssima classe média a quem foi perdoada a hipoteca… que agora teria de pagar a hipoteca do banco na forma de impostos.

      Pelo menos quando pago ao banco sei que estou a pagar por algo que me diz respeito directamente, e pouco me importa o que fazem com os lucros.

      Nos impostos poucas vezes sei onde eles vão parar e quando sei discordo dos destinos…

    • Ao mesmo sí­tio onde o Estado já vai buscar dinheiro para entregar a banqueiros corruptos…?

  2. Eu sei que o teu post tem alguma descontracção, mas a cena é tão grave que até dá para quase chorar. Alguns pontos que deitam por terra o teu plano, que í  partida até podia fazer algum sentido:

    1. Havendo um relaxamento na restrição orçamental das famí­lias, o poder de compra iria aumentar significativamente. Isso significaria que mais coisas estariam ao alcance das famí­lias, e eventualmente até cabazes de produtos mais caros. Não havendo um relaxamento da procura, antes pelo contrário havendo um acréscimo da procura (afinal haveria mais disponibilidade de compra), não haveria uma pressão para que os preços descessem. Pelo contrário, os preços subiriam como forma de se ajustarem ao novo cenário de procura crescente. A inflacção dispararia em flecha, e em breve – para além de outros problemas bem mais graves – voltariamos ao mesmo ní­vel de poder de compra, mesmo ganhando todos mais pelo facto de não termos de pagar casa. Haveria novas e mais prementes necessidades de crédito, os bancos subiriam taxas de juro e receberiam ainda mais… O teu plano seria totalmente catastrófico, caso fosse colocado em prática.

    2. Deixando de lado a ciência económica da coisa, quem se move pelos corredores do poder joga golfe, vai í s putas/criancinhas, e almoça/janta com esta malta toda dos bancos. Tratam-se todos por tu e conhecem-se todos uns aos outros, e não é possí­vel ver onde está a linha que separa quem representa o Estado e quem representa interesses económicos/privados. Qualquer solução que o Estado arranje, terá necessariamente de passar por encher um pouco mais os bolsos de quem o representa e dos seus amigos. É um sistema de interesses, a forma última de um estado democrático, em que todos representam em última instância um interesse que tentam satisfazer como forma de potenciar ganho pessoal (profissional, pessoal, monetário, etc) – e enquanto podem, porque o tempo que se tem para se poder alterar as coisas, quando se tem o poder para tal, é limitado.

    • Pedro, quanto ao teu ponto 1, ocorreu-me o problema da inflação, claro, mas como achei que ninguém ia levar isto a sério, não me preocupei muito. :-) No entanto, havendo disciplina democrática para implementar um plano destes implicaria que terí­amos um Estado com capacidade de, por exemplo, impor um congelamento nos preços durante um determinado perí­odo.

      No ponto 2 eu respondo-te com aquela que seria efectivamente a solução que me agradaria implementar: chumbo neles.

  3. Rui says:

    So uma pergunta,

    Seria eu, que em virtude ter alguma inteligencia, tenho uma casa alugada em vez de um emprestimo, que iria pagar os emprestimos dessas pessoas, que agora precisam de alguem que assuma as suas responsabilidades?

    • Bom, não sei se concordo com essa ideia vigente de que ter uma casa alugada é mais inteligente do que ter uma hipoteca. Até agora, ainda ninguém me conseguiu provar que existe vantagem significativa.

      • Sérgio Carvalho says:

        A vantagem é matemática:
        http://files.sergiocarvalho.com/2009/Arrendar%20ou%20comprar.xlsm

        Claro que depende de pressupostos, mas o mercado Português é extremamente enviesado para a compra. Agora que começa a aparecer mercado de arrendamento, grande parte das vezes arrendar é consideravelmente melhor.

        Na folha de excel, os pressupostos são as céulas laranja.

        • Olha isso já é algo de verdadeiramente útil e interessante. Obrigado pelo link.

          No entanto, para mim, comprar casa dá-me uma coisa para mim importante: ausência de senhorio. Significa que sou eu que tenho que resolver os problemas da casa, mas isso para mim é bom; não gosto de depender de terceiros. E o facto de saber que a casa é minha, pode ser um factor emocional em nada lucrativo, mas não deixa de ter algum impacto.

          Nem sempre podemos reduzir as coisas í  inteligência. Ao dizer “como sou inteligente arrendo”, pressupõe que “vocês que são estúpidos, compram”; creio que isto é um exagero e certamente não pretendia ser insultuoso.

  4. jorge says:

    Epá votava já em ti!

    Quanto í  questão de onde se vai buscar o dinheiro, tenho a impressão que o estado já “largou” bem mais do que isso para salvar bancos e empresários de sucesso e nós vamos pagá-lo na mesma em impostos e etc’s. Nós e os vindouros.

  5. Carlinhos says:

    Continua a fazer bonecos…

  6. MJ Valente says:

    :D

    Infelizmente, Pedro, não contaste com a esperteza saloia dos portugueses que em vez de utilizarem o recém-criado poder de compra para algo produtivo o iam desbaratar em qq tonteira (e possivelmente endividarem-se ainda mais para poderem mostrar que têm maior poder de compra).

    Agora a sério: tb me faz confusão o apoio a bancos ou empresas que durante anos fizeram má gestão.

    • Viva MJ. Não é esperteza saloia portuguesa, é uma caracterí­stica humana e um pressuposto da teoria económica. Maior poder de compra = acesso a mais/melhores produtos. O apoio que mencionas também me faz confusão, porque parte é pago por mim, assim como também me faz confusão e enervam os lucros indecentes dos bancos. Indecentes, não porque não acredite na iniciativa privada e na lógica da maximização do lucro, mas sim porque no caso dos bancos são obtidos í  custa de práticas na sua maioria duvidosa e tratamento ao cliente medí­ocre. Tinhamos todos o direito de ser tratados como verdadeiros lordes pelos nossos bancos – ao invés disso é taxas e comissões e juros e spreads e práticas comerciais que metem nojo. A classe dos banqueiros deve ser das mais abjectas, ao lado da dos fiscais da EMEL. No entanto, poucas soluções restariam para além desta intervenção do Estado – por mais merdosa para nós que a mesma seja. Não intervir desta forma poderia ter resultados catastróficos, podendo mesmo significar o colapso da banca nacional. E não, isto não seria o melhor para nós, acredita.

  7. Nelito Carrapito says:

    Pá…

    eu voto em ti! (e no Jon Stweart)

  8. Pedro says:

    «Pessoas com créditos inferiores têm obrigação de os pagar sozinhas»

    Ou seja, Quem comprou uma casa por 100000 euros mas andou anos a poupar a pagou 60000 no acto e pediu um empréstimo de 40000 fode-se. O outro que não poupou o que quer que fosse, ganhou até 100000 Euros.

    Bonito não é?

    • Pedro (bom nome BTW), se tens rendimentos tais que te permitem poupar 60 mil euros, para que precisas tu de apoio de seja quem for? Tens a noção que a conta bancária da maioria das pessoas da classe média chega ao fim do mês a zeros, certo?

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