– Diz lá o que queres. – Disse Riki num tom apressado – É que tenho o Albatroz estacionado em terceira fila, ainda apanho uma multa!
Era mesmo verdade, o Albatroz estava muito mal estacionado e a polícia anti-democrática rondava muitas vezes aquela área.
– Preciso de saber que número calças, para te poder comprar uns chinelos de peluche. – Respondeu a Sandrine – Não é o que queres para os anos?
Era realmente o que Riki queria para os anos.
Aconchegou a estola cor de rosa í volta da cintura e respondeu:
– Sandrine, podias ter telefonado para o teleférico, ao menos escusava de ter vindo í baixa, estacionar assim o Albatroz ao deus-dará! Mas pronto… como é por causa de um presente para mim, não te espanco com a corrente de bicos.
– Obrigado, Riki – respondeu Sandrine, nitidamente feliz. – Então diz-me lá, que número calças?
– Catorze, calço catorze em chinelos de peluche. Mas vê lá se são fúchsia, sabes perfeitamente que odeio verde-alface e ouvi-te falar sobre verde-alface com a minha mãe ao telefone, um destes dias!
– Descansa, falávamos apenas dos collants de plástico brilhante que eu queria comprar.
– Bom, está bem. Tenho que ir, ainda me apreendem o Albatroz.
Despediram-se com um sorriso e Riki foi montar o Albatroz, que se encontrava perturbado. Ao levantarem voo, Riki notou que o Albatroz não se sentia bem, mas atribuiu tudo a tê-lo deixado em terceira fila e, por isso, não lhe perguntou o que se passava.
O dia seguinte foi de festa. Riki fazia cento e quarenta e dois anos e estava prestes a atingir a maioridade (só lhe faltavam dois anos). Ofereceram-lhe uns lindos chinelos de peluche fúchsia, tal como ele queria, e mais um chapéu í cowboy de couro azul, com plumas vermelhas esvoaçantes… ele adorou.
Quando a festa acalmou e os Rodrigues se foram embora (eram os que comiam mais e faziam muito barulho, porque gostavam de cantar), Riki sentou-se com Sandrine e conversaram sobre várias coisas: estavam a pensar casar-se, agora que já tinham juntado todos os cupões necessários para poder requisitar um filho e que tinham dinheiro suficiente para o vestir com belas roupagens cor de néon. No meio da conversa, Riki lembrou-se de referir que achara o Albatroz um pouco indisposto no dia anterior, mas que não ligara pois sabia que o Albatroz não gostava de ficar em terceira fila.
– Vou lá levar-lhe um bocadinho de bolo de cebola! – disse Sandrine, pondo-se de pé num salto.
Sandrine era muito enérgica.
– Fazes bem. E eu vou contigo, aproveito para o lavar. Ele gosta que o lavem.
E foram os dois até í garagem tratar do Albatroz.
Qual não foi o espanto de ambos quando verificaram que o Albatroz tinha fugido.
– Mas… assim, sem dizer água-vai?! – exclamou Riki
– Tem calma, Riki, ele há-de estar para aí.
Durante todo o dia procuraram o Albatroz. Poderiam tê-lo deixado ir, mas Riki estava muito ligado a ele, tinha-lhe sido oferecido pelo Governo Federal por serviços prestados ao gabinete de contagem de dedos dos pés e não era um Albatroz qualquer: era grande e azul cobalto, com um bico muito aerodinâmico. Mas não havia nada a fazer, naquele dia não conseguiam encontrar o Albatroz e já estava a ficar escuro.
Doze dias e doze noites se passaram e nada. O Albatroz não aparecia.
– Nem ao menos um telegrama! – Riki, desesperava – podia ao menos escrever, o safado! Tantos anos de cuidados para com ele, de atenção, de carinho e boa comida… e agora abandona-me assim!
Sandrine não conseguia animar o seu noivo e mesmo ela começava já a sentir saudades do simpático Albatroz.
De repente, a Mãe de Riki, Senhora Blí¶omfaghstí rrin, entrou na sala a gritar desesperadamente:
– Riiiiiki! Riki! Vem depressa, encontrámos o Albatroz!
Riki não podia acreditar, o seu Albatroz!
Correu, seguindo a mãe, com Sandrine logo atrás.
O Albatroz estava na capoeira das Avestruzes, aninhado a um canto, sobre um grande monte de palha.
Foi então que descobriram a verdade. Era uma fêmea! O seu Albatroz era na verdade uma Albatroz e tinha ido para a capoeira das Avestruzes refugiar-se, pois era o melhor sítio para por os seus ovos.
– E vocês que não me disseram nada! – disse, sorrindo, Riki para as Avestruzes.
Há uns dias atrás, o Rui Costa perguntou-me, via Twitter, se estaria disposto a responder a umas perguntas sobre o décimo aniversário do Macacos. Confesso que, se ele não me tivesse alertado para o facto, era capaz de me ter esquecido do aniversário do blog, portanto devo-lhe um duplo agradecimento.
O Rui enviou-me um punhado de boas perguntas que me deram prazer responder e que poderão ler, obviamente, na fonte.
Faz, neste preciso momento – graças í publicação automática – dez anos que o Macacos Sem Galho está online.
Desde da madrugada de 30 de Março de 1999, sempre sem interrupções, sempre comigo como autor; inicialmente em inglês, mas maioritariamente em português.
Este blog tem sido muitas coisas: pessoal, impessoal, divertido, sério, idiota, profundo (nah!), provocador, aborrecido, infantil, triste (í s vezes), geek e várias outras coisas. É um blog de tudo e de nada, porque eu também sou assim.
O Macacos é um blog de esquerda que vira í direita, é um blog artístico que não sabe pintar, é um baby-blog que não sabe mudar fraldas, é um blog geek que não sabe distinguir kde de gnome, é um blog cultural que nunca leu Camões e é um foto-blog… sem rolo na máquina. (Rolo na máquina?!)
O Macacos é Benfiquista, porque Benfiquista é a única coisa que vale a pena ser. O Macacos é ateu porque já foi ao fim do Universo e confirmou que Gajo não está lá. O Macacos é, ainda, o blog português mais antigo ainda em actividade ininterrupta.
Sei que já irritei muita gente, ao logo dos anos, mas se a aritmética não me falha, entretive ainda mais gente e isso é que é preciso. Melhor ainda: diverti-me eu, í brava, quase sempre que me sentei para aqui escrever.
E sei que, nos dias em que não me sentei para me divertir, o blog serviu como válvula de escape para aquelas coisa que í s vezes nos moem tanto por dentro que temos a impressão que só descansamos quando as dissermos ao mundo inteiro.
Sim, eu sei, é um bocadinho convencido da minha parte achar que o mundo inteiro lê o Macacos, mas vocês percebem o que eu quero dizer.
Portanto sim, o Macacos sem galho já existe há dez anos. Sim, existe desde o século XX e sim, está cá há bastante mais tempo do que aqueles senhores que têm a mania que inventaram isto dos blogs em Portugal.
O meu nome é Pedro Couto e Santos, vivo em Almada, vou a caminho do meu 36º aniversário e desde que me mantenha vivo, manterei os Macacos fora do galho. Amen e Alel… ah espera, não posso, que é pecado!
Exemplo: cortar as unhas dos pés de um rapaz de 2 anos.
A modalidade só é válida se o rapaz de dois anos se recusar, terminantemente, deixar ter as suas unhas dos pés cortadas. Mais: deve ter uma vontade incontrariável de ser ele próprio a cortá-las, independentemente de saber ou não manejar um corta-unhas.
Esta coisa de saltar nos temas do momento não é muito a minha onda, mas há uns que não posso deixar passar.
A Playboy é uma publicação que me diz muito, o que se prende sobretudo com o facto de gostar de gajas nuas. Embora me confesse mais fã da Penthouse, a Playboy é, sem dúvida, uma referência no mercado.
Recordo os raids que fazia aos quiosques de Lisboa… passava para trás e para a frente várias vezes para estudar as capas, fazer a minha escolha sem dar muito nas vistas. Depois, com a revista escolhida e a sua posição no escaparate cuidadosamente decorada, é só chegar, já com o dinheiro na mão (escudos, claro) e apontar para o local exacto.
Feito.
Ora, isto mostra bem a importância da capa numa publicação deste género. E já todos percebemos (basta ler dois ou três blogs), que a primeira capa de sempre da Playboy portuguesa é aquilo a que, nos dias que correm, se chama um epic fail.
Sobre isto, ia escrever mais uns parágrafos, mas honestamente, não vale a pena. Remeto para o post do Marco Santos sobre o mesmo assunto, já que subscrevo a 100% a sua opinião.
E eu estava a pensar comprar esta edição histórica e um dia, orgulhosamente, mostrá-la ao Tiago, como face da pilhazinha que tenho ali guardada para ele e dizer… “estas agora são tuas, Tiago! Repara: a que está por cima é o primeiro número de sempre da edição portuguesa!”
Mas assim, acho que vou meter a edição americana com a Shannon Doherty na capa.
Aqui vai uma história que escrevi há muitos anos. O Albatroz – Diz lá o que queres. – Disse Riki num tom apressado – É que tenho o Albatroz estacionado em terceira fila, ainda apanho uma multa! Era mesmo verdade, o Albatroz estava muito mal estacionado e a polícia anti-democrática rondava muitas vezes aquela área. […]
Há uns dias atrás, o Rui Costa perguntou-me, via Twitter, se estaria disposto a responder a umas perguntas sobre o décimo aniversário do Macacos. Confesso que, se ele não me tivesse alertado para o facto, era capaz de me ter esquecido do aniversário do blog, portanto devo-lhe um duplo agradecimento. O Rui enviou-me um punhado […]
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Não há? Devia haver. Exemplo: cortar as unhas dos pés de um rapaz de 2 anos. A modalidade só é válida se o rapaz de dois anos se recusar, terminantemente, deixar ter as suas unhas dos pés cortadas. Mais: deve ter uma vontade incontrariável de ser ele próprio a cortá-las, independentemente de saber ou não […]
Esta coisa de saltar nos temas do momento não é muito a minha onda, mas há uns que não posso deixar passar. A Playboy é uma publicação que me diz muito, o que se prende sobretudo com o facto de gostar de gajas nuas. Embora me confesse mais fã da Penthouse, a Playboy é, sem […]