Em 2008, passei o ano no coito
Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Porque é que existe “coito” no jogo da apanhada? Alguém sabe? Coito não é o acto sexual entre dois animais?
Se eu soubesse na altura o que sei hoje, sempre que joguei í apanhada, teria ido para o coito e lá ficaria.
Tudo isto para dizer que 2008 foi um ano fodido, mas bom. Que é como se quer um coito.
O nível de cansaço, neste último ano, ultrapassou tudo o que eu imaginava ser possível, o que me mostra que tenho muito pouca imaginação para estas coisas e que nem me passa pela cabeça o que é estar mesmo, mas mesmo, mesmo muito cansado. Ainda assim, é espantosa a quantidade de posts que fiz durante 2008 mencionando o quão cansado estava.
A cidade esteve revirada com as obras do Metro do Sul do Tejo que ficaram prontas a tempo, com os comboios a circular pela cidade (e pelo Concelho), no final de Novembro.
O Tiago iniciou o ano com 77 cm e terminou-o com 90, aprendeu a andar, a fazer construções, a comer sozinho, a resolver puzzles simples, a dar beijinhos e um milhar de outras coisinhas que, apesar de pequenas, nunca deixaram de nos surpreender.
O que não aprendeu e teima em não aprender é a falar. Aproxima-se rapidamente dos dois anos sem soltar uma palavra. Bom, ele diz mamã, embora muitas vezes diga mamamã, ou mamamamã, o que não me convence que esteja efectivamente a tentar dizer o que achamos que está a tentar dizer. Brinca com as sílabas, mas é tudo. Ou então sou eu que sou muito exigente.
Não diz “papa”, nem “quero”, nem “bolacha,” nem “pão”, nem “gato”, nem “rua”, nem sequer o famosíssimo “não”, supostamente típico das crianças da idade dele. Ou então… sou eu que sou muito exigente.
Faz-se entender perfeitamente com gestos: diz que não com a cabeça, pede coisas com um agitar dos dedos, aponta, bate na porta, mas palavras não é com ele. Dizem-me que é assim mesmo, que todas as crianças têm ritmos diferentes e que no verbo é ainda mais assim e que um dia vai começar a falar tudo de uma vez.
Acredito… se calhar, sou muito exigente.
Não estou em stress, mas gostava mesmo muito de passar í fase da conversa (pronto, ok, sou muito exigente).
Em contrapartida, claro, fisicamente o Tiago é um show. Balança-se, pendurado pelos braços, salta, corre, trepa, rebola-se e atira-se. Já come sozinho há muito tempo e está cada vez mais especialista, agora até já agarra nos potes do iogurte para lhes rapar o fundo com a colher.
Em termos de raciocínio também parece todo no sítio, capaz de completar rapidamente um puzzle de formas geométricas, mesmo que o esteja a ver pela primeira vez. Lá encaixa o quadrado, o círculo, o triângulo e começa mesmo a conseguir encaixar formas mais estranhas, como hexágonos.
Também parece conhecer a maioria das letras e dos números, pelo nome e só não tenho a certeza que compreenda as cores. O melhor mesmo, é que se diverte com tudo isto: vai buscar livros e aponta para tudo para que lhe digamos como se chama: aponta para os personagens, para os objectos e para as letras do título, uma a uma.
Depois se lhe perguntamos onde está um “T” ele procura e aponta e fica muito orgulhoso e bate palmas.
2008 foi também mais um ano de luta com a comida e também aqui o Tiago teve grande influência, claro. Desde sempre incapazes de ter refeições organizadas, assim continuámos, lamento constatar.
O Tiago tem sempre comida, nunca se acaba a sopa, a carne ou o peixe. Muitas vezes é graças í avó – não que eu deixasse acabar a comida dele; mas a carne assada da avó é uma grande e bem-vinda salvadora.
Aliás, muitas vezes só janto porque tenho o frigorífico cheio de comida feita pela minha mãe. Continua a ser um assunto que me preocupa frequentemente, mas que ainda não consegui resolver de forma eficaz.
Suponho que os Evangelistas da Bimby tenham algo a dizer, mas ainda ninguém me convenceu que vale a pena gastar 900 euros, mesmo que í s mijinhas.
Em 2008 tornei-me cliente Meo, sem arrependimentos, devo dizer mas o produto que mais me entusiasmou neste ano que agora findou foram, sem dúvida, as batatas fritas Lay’s Gourmet.
Não tenho dúvidas de que são as melhores batatas fritas de pacote que jamais comi e que nenhum produto do género actualmente no mercado se lhes compara. Está quase a fazer um ano que conheci estas magníficas batatas e continuo completamente fanático das ditas. Compro aos seis pacotes de cada vez, cada um vale cerca de 1000 kcal e é um esforço danado para não as comer todas assim que chego a casa.
Na política tivemos a cedência de posição contratual de Fidel Castro para o seu jovem irmão, Raul, em Cuba. Nos Estados Unidos, já para o fim do ano, Barack Obama venceu as eleições presidenciais do Mundo Livre e, mais importante que tudo isto, os nossos vizinhos brasileiros mudaram-se, evitando assim uma crise internacional de proporções calamitosas.
A crise internacional veio sob a forma de banqueiros que andaram anos a brincar com o nosso dinheiro até começarem a ir í falência em massa. Os Estados começaram a injectar milhões e milhões para salvar os pobrezinhos dos ricos enquanto nós, os do costume, coçávamos a cabeça e nos perguntávamos porque é que esse dinheirinho nunca escorre na nossa direcção. Terminou-se o ano em crise económica, como se isso não acontecesse desde que me lembro de ter memória; mas desta vez “é a sério”.
Este blog fez nove anos, o que parece muito, mas não é tão impressionante como os dez que vai fazer em 2009 e os Especialistas, esses sim, com dez anos, arrancaram novamente, com o apoio do SAPO.
Em 2008 morreram George Carlin e Richard Wright, Portugal “perdeu” o Europeu e o novo Batman e o novo Indiana Jones foram uma desilusão. Mas fiz dez anos de casado, comprei uma Wacom Cintiq e o Benfica foi campeão.
OK, o Benfica não foi campeão.
Mas em contrapartida, ia ficando sem um dedo, que entalei numa porta de ferro do elevador do meu prédio. Ficar com um dedo entalado, cortado até se ver o osso é bem melhor do que ver o Benfica jogar – por exemplo, ainda este fim de semana perdeu a liderança do campeonato para os labregos do costume, perdendo contra o último classificado – o Trofense – por 2-0.
Embora o ano tenha acabado mal, com montes de problemas domésticos e comigo doente, de cama, durante todo o natal, o ano teve um balanço positivo, muito ajudado pela presença, nas nossas vidas, do nosso filho Tiago que consegue, mesmo quando estamos arrasados, arrancar-nos um sorriso.
E pronto, chega de resumir 2008 que o post já vai longo. Arranquemos para 2009.
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