No Domingo passado estavamos todos doentes. E com doentes quero dizer engripados: eu, a Dee e o Tiago. Ao fim do dia, o puto estava mesmo a ficar em baixo; os avós foram vê-lo e não encontraram nada de especial, mas enquanto lá estavam a temperatura dele subiu para perto de 38 e ele ficou mesmo aborrecido.
Pusemos-lhe um ben-u-ron, deitámo-lo e ele dormiu uma hora.
Depois jantou e foi para a cama novamente, com a temperatura í volta dos 3 e picos.
Quando nós fomos para a cama, umas horas mais tarde, passámos pelo quarto para ver como ele estava e a temperatura tinha subido para 40.1 graus. Ligeiro pânico dos pais que nunca tinham visto o miúdo assim.
Depois de um telefonema para os meus pais, os médicos da família, lá tratámos dele: despir, ben-u-ron e a parte mais chata: molhá-lo com água fria para baixar a temperatura. Todo ele fervia e não achou piadinha nenhuma ao tratamento.
Lá o voltámos a por na cama, só de fralda e esperámos.
Por volta da uma e picos vestimo-lo com roupas levezinhas e depois, í s duas, ele acordou, encharcado em suor. Bom sinal: a febre estava a baixar. Depois de lhe trocarmos a roupa, secarmos o cabelo e mudarmos a cama, ele voltou a dormir e ficou bem o resto da noite.
E no dia seguinte estava visivelmente melhor e na terça ainda ficou em casa just in case, porque na verdade já estava bom.
Porque é que eu digo que, apesar deste episódio, ele continua a ser “de ferro”? Porque tanto eu como a Dee ficámos piores desde Domingo. Hoje é quinta e eu estou de rastos; há praticamente uma semana que não durmo mais de duas ou três horas por noite e hoje nem isso – noite em branco. Dói-me a garganta, estou todo entupido e mal consigo falar sem soar como o Darth Vader.
Hoje em conversa com o Gnü, perguntava-me ele por produtos que me lembrasse de miúdo que tivessem embalagens potencialmente interessantes. Sem pensar muito nas embalagens fui-lhe dizendo alguns produtos: presto, farinha 33, sabão clarim, bolachas campechanas.
E depois, como é habitual nestas sessões de recordação, as bolvitas. Ainda lhes sinto o sabor, na Rua Mateus Vicente de Oliveira, em Queluz, da mercearia da esquina para casa da minha avó. Bolvitas.
Nunca conheci ninguém que soubesse o que são bolvitas, mas eu sei que elas existiram! E sabiam mesmo bem. Curiosamente, esta minha dificuldade em encontrar quem se lembre de tal iguaria está patente nos resultados do Google pela palavra “bolvitas”. Apenas dois e um deles vem, precisamente, do meu blog.
O outro, um Urso Polar, com mais um ano que eu, também fala em bolvitas e descreve-as como eu penso que terão sido: um cereal de pequeno almoço. Possivelmente umas bolinhas de milho.
Nada mais encontro sobre bolvitas online.
Mas o meu post que menciona as bolvitas, escrito com base numa ideia que li no livro “Microserfs” de Douglas Coupland, fez-me sorrir e não resisto a republicá-lo, cinco anos depois:
Ficheiros do inconsciente
Leram o microserfs? Não faz mal… viveram nos anos oitenta? Já ajuda.
format c: Tubular Bells Graphical User Interface intel inside loading please wait calvin and hobbes Jimi Hendrix ESBAL SoundBlaster “may the force be with you” móveis baratos “pulp fiction” joysticks sinclair zx spectrum gravadores de cassettes com botões “save” e “load” em vez de “rec” e “play” “CorelDRAW!” “reservoir dogs” o que é que significa pi? “doom” colecções de cromos de animais cartão da Biblioteca Nacional Autodesk “3D Studio” Sega Mega Drive mouse click CTRL+ALT+DEL “wish you were here” dos pink floyd e “stairway to heaven” dos led zeppelin guerra do golfo em directo relógios digitais í prova de água cassettes de audio sonovox Betamax gangs Fiat Uno revivalismo do revivalismo dos anos 60 linguas de gato e bolvitas pacotes de papel das antigas mercearias a revista “photo” com mulheres nuas teclados HCESAR teclas dos jogos do spectrum: q-a-o-p-m, respectivamente, cima-baixo-esquerda-direita-disparar fonts bitmap com 8X8 pixels andar de baloiço os tubos de plástico para transportar desenhos afinal não servem para nada “worms” aparos de desenho e tinta da china beavis and butt-head software pirateado os troubleshooters só resolvem problemas que não nos acontecem os que nos acontecem temos que ser nós a resolver Coca-Cola favas com sal e tremoços herpes nasal “Generation X” Indiana Jones James T. Kirk, Spock, Bones, Scotty, Sulu, Checkov e Uhura lápis de cor viarco James Bond 007 supino plano union jack Cindy Crawford orgãos Hammond 16 Mb de RAM vomitar durante a noite halls mentho-lyptus grandes lojas de discos em Londres bolachas belgas com leite condensado vaca frita com cebola e arroz chao-chao preservativos rebentados ren and stimpy aparelhagens hi-fi de 43 cm. John, Paul, George e Ringo auscultadores com múscia em altos berros até í s quatro da manhã o McDonald’s foi a única coisa que me maravilhou em Paris tudo me maravilhou em Londres sandes de atum do subway, com cebola, alface, pimento e mayonnaise “the crow” comics do batman, “dark knight” compras de natal sintetizador Roland D-50 calças Levi’s 501 azuis parques de campismo atulhados de gente concertos no estádio de alvalade world wide web o apple macintosh não é assim tão bom imagens pornográficas no computador rock sinfónico dos anos 70 Lamborghini Countach SONY tablatura para guitarra MTV o dinheiro é que traz a felicidade som dolby stereo surround no cine-teatro monumental LA lakers e Chicago bulls/Magic Johnson e Michael Jordan “battlestar galactica” filmes pornográficos com a Traci Lords, menor de idade “Monty Python’s Flying Circus” Asterix, o gavlês e Obelix Ciclopedix, a hiena e Ogordix aulas de Geometria Descritiva í s oito da manhã caças F-14 TomCat da McDonnel Douglas telefones de botões quando achamos que está tudo bem, é porque provavelmente nos esquecemos de alguma coisa cartão multibanco InterCapping Adobe “PhotoShop” renovar o computador de seis em seis meses aguarela líquida ecoline romano, plaeo-cristão, românico, gótico, barroco, maneirista, neoclássico e romântico o design existe? pedais de efeitos para guitarra passear o cão í s três da manhã .ZIP files o que é arte? X-Wings e TIE Fighters televisores nokia 9X16 snoopy e garfield desenhos animados da warner brothers D. Afonso Henriques canetas bic cristal para escrita normal, bic laranja para escrita fina o que é o belo? “The Twilight Zone” e “The X Files” Freddie Mercury TV por cabo “twenty first century schizoid man” viver num quarto com 3 por 5 metros é um convite í bagunça tostas mistas com laranjina “c” “com capota, sem capota, ele é jipe e camião” “message in a bottle” dos police fazer a cama cansa mais do que correr a maratona colunas de som enormes com quatro speakers aquilo que nos parece mau é normalmente bom, se observarmos melhor adaptabilidade ao som de despertadores para não acordar de manhã o sonic tem muito mais graça que os super mario brothers jogos role-play point-and-click da LucasArts point-and-click, drag-and-drop, look-and-feel user friendly floppy disk, compact disc, mini disc e digital versatile disc o VHS é provavelmente um dos piores sistemas caseiros já inventados máquinas de calcular com células foto voltaicas walkman botas de basketball Freddy Krueger “I’ll be back” 16.777.216 cores máquinas de pinball espanholas a uma peseta cada jogo 1ª classe em Moimenta da Beira, 2ª classe em Mourão e Queluz, 3ª classe em Queluz e Mem-Martins, 4ª classe em Mem-Martins e Almada riffs de heavy metal, palm muting e power chords dormir até ao meio-dia não é tanto como parece
Há dez anos que tenho uma empresa e há dez anos que luto por mantê-la viva… contra o Estado.
Já aqui falei várias vezes deste assunto, não vale a pena estar a vir com o choradinho todo outra vez, mas uma das coisas que sempre me enfureceu na maneira como o sistema fiscal funciona em Portugal é o mecanismo do IVA.
Para quem não tenha noção, as coisas funcionam mais ou menos assim: eu, como empresa ou qualquer outro sujeito passivo de IVA, sou obrigado a cobrar 20% mais em cada um dos meus serviços, para efeitos de IVA.
Esse valor, porém, não é para mim: é para o Estado. No final de cada trimestre, os sujeitos passivos de IVA devem fazer uma declaração ao Estado do valor de IVA cobrado aos seus clientes nesse mesmo trimestre e, claro, liquidá-lo pagá-lo (obrigado Nuno Correia).
A perversidade está nas condições para esse pagamento. O mesmo é sempre efectuado sobre valores facturados. Portanto, se eu emito facturas no valor de 5 mil euros mais IVA, no final do trimestre tenho que pagar mil euros de IVA, independentemente das facturas emitidas já me terem sido pagas pelos meus clientes!
Da primeira vez que as pessoas comuns se apercebem disto (pessoas sem conhecimentos de fiscalidade), ficam um pouco confusas… é suposto recolhermos um imposto, em nome do Estado que devemos entregar ao dito, de três em três meses… independentemente de o termos, efectivamente em mãos?!
Sim.
E tendo em conta que em Portugal se pagam facturas a 60, 90 e mesmo 180 dias (ou mais…), já imaginam o problema que isto é para uma PME: chega ao fim do trimestre, muitos clientes ainda nem sequer fizeram tenções de pagar, mas o IVA, que a PME não tem, deve ser entregue ao Estado.
Escusado será dizer que algumas PMEs vêem-se obrigadas a falhar esta obrigação fiscal, sendo posteriormente multadas, com é óbvio, outras preferem deixar salários atrasados ou não pagar certos benefícios aos seus funcionários para poderem pagar ao Estado um imposto-fantasma e finalmente, claro, muitas arranjam facturas falsas e gastos inventados para tentarem minimizar o impacto do IVA já que, qualquer IVA pago por um sujeito passivo de IVA a outrém, abate no valor de IVA a entregar ao Estado (como é evidente).
Ao que parece, surgiu um movimento, iniciado por uma empresária, para que seja debatido na AR uma proposta muito mais sensata que é o IVA com recibo. Ou seja, eu pago o meu IVA sim senhor, mas baseado nos recibos emitidos num trimestre e não nas facturas. Sempre defendi esta ideia e custa-me a crer que não seja, de facto, assim.
É claro que a emissão de recibo implica a pagamento de uma factura o que por sua vez implica que sim, já tenho o dinheiro do IVA na minha conta e posso entregá-lo ao Estado sem grandes dramas.
A iniciativa tem um site oficial e está associado a uma petição que necessita de duas mil assinaturas para que o assunto seja levado a plenário na AR. Se são sujeitos passivos de IVA, sobretudo PMEs, não ignorem esta ideia que pode salvar o vosso negócio.
Ainda não passou um mês desde que o Tiago entrou no infantário e foi hoje mordido pela terceira vez.
Quando o meu telefone toca (posso dizer a frase?), entre as quatro e meia e as cinco, fico sempre sobressaltado. É a hora de ir buscar o Tiago í escola… o que terá acontecido desta vez?
Ao que parece, trata-se sempre do mesmo puto que afinfa e pelos vistos não afinfa só no Tiago embora pareça ter engraçado com ele. Fico irritado.
A Dee diz-me sempre para não ser assim e que tenho que ir lá ver os miúdos para perceber que são todos bebés e que faz parte e que não vale a pena irritar-me. Mas eu fico irritado.
Como é que um gajo é suposto reagir a isto? Em menos de um mês o puto leva três dentadas e ao que parece a última fez ferida e está com mau aspecto; ainda não tem idade suficiente para eu lhe ensinar aquele sítio porreiro para enfiar um sopapo com o nó do indicador que põe qualquer matulão a vomitar. O que fazer?
A verdade é que não há grande coisa a fazer. Felizmente o Tiago não morde em ninguém, a não ser no seu ursinho de estimação, caso contrário, confrontado com “o seu filho anda a morder nos outros”, eu também não saberia o que fazer.
Parece que ele não se assusta nem foge do que lhe anda a morder, o que poderá significar que, pelo menos, não lhe ganhou medo, o que também seria chato… estar o miúdo a ir para o infantário com medo. E também continua a portar-se normalmente todo o resto do dia, portanto estas dentadas não lhe estão a causar especial embaraço.
Eu bem digo que o puto é de ferro… No Domingo passado estavamos todos doentes. E com doentes quero dizer engripados: eu, a Dee e o Tiago. Ao fim do dia, o puto estava mesmo a ficar em baixo; os avós foram vê-lo e não encontraram nada de especial, mas enquanto lá estavam a temperatura […]
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Ainda não passou um mês desde que o Tiago entrou no infantário e foi hoje mordido pela terceira vez. Quando o meu telefone toca (posso dizer a frase?), entre as quatro e meia e as cinco, fico sempre sobressaltado. É a hora de ir buscar o Tiago í escola… o que terá acontecido desta vez? […]