Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Gostava de saber o que se mete na cabeça das pessoas que as faz achar que a privacidade da vida dos outros se torna alternativa quando há uma criança envolvida.
Já não bastam todas as senhoras que vêm ter connosco, no meio da rua, para nos avisar que o Tiago está com frio, ou que está desconfortável com a luz, ou que precisa de um chapéu. A presença do Tiago invalida, aparentemente, a nossa privacidade enquanto família.
Acho curioso porque quando se vê (e ainda se vê), pais a assentar estaladões nos filhos, ou mães a fazer desabar 3 ou 4 tabefes sobre a trombinha do seu rebento, ninguém se mete, ninguém diz nada, ninguém intervém.
Mas para pequenos detalhes, como o agasalho ou a protecção craniana, toda a gente tem uma opinão que deseja transmitir. Sinceramente, acho que sei vestir e proteger o meu filho; presto-lhe atenção, tento perceber se está confortável e certificar-me que não tem um casaco a menos ou a mais, não está a levar com o Sol na cara sem os seus óculos escuros e que, de uma maneira geral, tem um certo estilo e pose dignas que um Couto e Santos.
Ou por outras palavras: metam-se na vossa vida, muito obrigado.
Mas há alturas em que a situação adquire um colorido tal que honestamente me faz duvidar da sanidade colectiva deste povo.
Hoje de manhã íamos os três a caminho da escola, para deixar o Tiago quando um… chamemos-lhe “bacano”, se acercou de nós com um ar preocupadíssimo. E vai o bacano:
“Oh Sócio!” (excelente começo)
“Olhe que as crianças que andam viradas para a frente [no carrinho], ficam traumatizadas!”, exclamou. “Vire a criança para trás! Olhe que é verdade!”
Eu duvidei, honestamente, quando ele disse que as crianças que viajam em carrinhos, viradas para a frente, ficam traumatizadas. Tendo em conta que, digamos, 99% de todas as cadeirinhas de passeio para crianças com mais de um ano têm o assento virado para a frente e que o Tiago tem tudo menos aspecto de recém-nascido (os que, por vezes, viajam de facto virados para trás), duvidei…
Mas quando ele disse “Olhe que é verdade!”, reavaliei toda a minha vida. Afinal, se calhar, todos os meus problemas se cingem a um só: ando sempre virado para a frente.
A decisão ficou tomada imediatamente: a partir de amanhã, só ando virado para trás.
Eu acho que tem a ver com o ar doce da mãe da criança. De mim nunca se aproximaram com cenas dessas e de ti também não se aproximariam, portanto resta o ar maternal e doce da Dee que faz com que as pessoas sintam que têm espaço para se aproximarem.
Deve ajudar, pelo menos. Se a Dee tivesse o ar de quem morde (como eu tinha/tenho), se calhar não se chegavam :)
Isso e o puto é giro :)
Claramente, precisas de ver a minha mulher num dia mau. :-D
Precisamente. As pessoas mais doces são aquelas que, quando a porca torce o rabo, troce mesmo (e o troce foi propositado).
Hehehe Excelente!
É mesmo uma chatisse este povo todo que se mete em tudo sem ser para ali chamado.
Mas tbm concordo com a Jonas. Como tbm tenho cara de brava o tempo todo e parece sempre que acordei mal disposta, ninguém se atreve tanto.
Deverias ter dito ao gajo que talvez ele devesse falar menos e cuidar da própria vida melhor (Olha que é verdade!) :)
Ahahah Há cada um! Os recém nascidos, até acredito que não seja muito bom perderem os pais de vista e verem muita confusão e assim… mas depois dos 3/4 meses não estou a ver que trauma é que podem ter…
Em relação í atenção que o miúdo atrai, deve ser porque é giro ;)
Epá, sinceramente já me chamaram muitas coisas mas doce nunca foi uma delas :)
Dee: Eu não disse que tu és doce. Eu disse que tens um ar doce. E tens. Pelo menos nas fotos e na televisão :)
Atenção, eu não digo delicodoce, eu digo doce. É uma coisa boa (pelo menos para mim, que sou mais ou menos a antítese disso mesmo :)
Eh pá, isso é mesmo daquelas coisas que me leva aos azeites! Sou pai há quase 4 meses e é certo que ainda não sei muita coisa, mas uma coisa é certa: sei mais do meu filho do que essas velhas intrometidas que têm uma teoria para tudo.
Cenário: bébé a chorar no café
Velha: “Ai deve, estar com fome!”
Eu: “Acabou de comer”
Velha: “Ah então são cólicas”
Eu: “Não, já passou essa fase”
Velha: “Isso é de certeza dentes”
Eu: “O pediatra disse que as gengivas dele ainda estão muito verdes, é muito improvável”
Velha: “Olha, experimente pegar nele assim (descrevendo uma posição algo estranha para se colocar um bébé)”
Eu: com aparente boa vontade para não incomodar os restantes elementos do café, tento a posição. Passa de choro para berro.
Velha: “Ai, mas que mal disposto! O meu neto basta eu fazer-lhe isso e cala-se logo”
Eu: “A conta, s.f.f.”
É que não há cu para esta gente!
Eu, por acaso, tenho andado virado para trás toda a minha vida e não me tem valido de nada. Olha que é verdade. Também conheci um gajo que nadava de lado, mas porque era coxo.
nadava… e também andava.