Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Dezoito meses, puto… sim, ainda se mede em meses, mas basicamente é ano e meio, feito ontem, dia 11 de Setembro.
Terminas hoje a tua segunda semana de infantário e as coisas parecem estar a correr bem: já te integras mais com os outros miúdos, dormes bem e comes bem. No sweat.
Continuas a desenvolver-te em todas as frentes, sempre com especial detalhe para a destreza manual, o teu forte desde muito cedo. Gostas de montar e desmontar coisas, fazer pilhas e torres com vários objectos e começaste a divertir-te a tentar combinações diferentes para um look mais eclético.
Ao fim e ao cabo, um gajo tem que ter algum orgulho artístico, mesmo que seja apenas na construção de uma torre de brinquedos prestes a ser destruida ao pontapé.
A última surpresa foi ver-te fazer escalas e tentar tocar melodias simples nos teus brinquedos musicais. Ficámos um bocado aparvalhados porque, sinceramente, não estavamos í espera, mas tu pegaste num autocarro que tem oito notas em botões coloridos e começaste a tocar, metodicamente, com o dedinho espetado: dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dó. E depois ascendendo, sempre com muito cuidado.
Depois de brincar um bocado com escalas – se calhar estavas só a aquecer – começaste a tocar pequenas melodias; talvez ao acaso, talvez não – não cheguei a perceber – mas lá que é fantástico ver-te fazer estas experiências… é.
Falar é que não é contigo!
Como ainda por cima nós não somos daqueles pais que interpretam todas as sílabas como palavras – “papapapapap” – Ele disse papa! Ele disse papa! – continuamos pacientemente í espera que o teu repertório se expanda para lá de “dá!” e “bó!”. A maneira como já compreendes tudo o que te dizemos, mesmo algumas coisas mais retorcidas, faz-nos pensar que só não falas… porque não te apetece.
Mas nós somos pacientes, leva o tempo que precisares.
Pah, antes de mais, parabéns ao jovem!
Mas agora um desabafo: POR FAVOR, pára de falar no teu filho com tanto entusiasmo. É que até gosto da tua feed, mas dado que a minha “maria” não me larga com bocas do género, “amor, vamos arranjar um pra nós igual!” e coisas do género, pondero sériamente, por uma questão de sanidade mental, remover-te da minha lista.
Atentamente,
Um leitor desesperado!
Paulo, lamento que os meus textos sobre o meu filho coloquem pressão na tua sanidade, queres que talvez fale um pouco dos aspectos negativos de ser pai?
Talvez isso ajude.
Aqui vai: não existem. :-)
Pah ainda bem que assim é. Fossem todos os pais assim :-)
Pedro desculpa mas não acredito q na não existência de aspectos negativos :P
Parabéns aos TRíŠS.
Tomo a liberdade de deixar aqui um poema que me chegou via email , pela simples razão que penso que mereça ser divulgado.
Este anúncio foi premiado internacionalmente, mas não passou na nossa televisão, em Portugal. Porque será?
Recordo o poema da criança de 3 anos, ‘Meu nome é Sara’
O meu nome é “Sara”
Tenho 3 anos
Os meus olhos estão inchados,
Não consigo ver.
Eu devo ser estúpida,
Eu devo ser má,
O que mais poderia pí´r o meu pai em tal estado?
Eu gostaria de ser melhor,
Gostaria de ser menos feia.
Então, talvez a minha mãe me viesse sempre dar miminhos.
Eu não posso falar,
Eu não posso fazer asneiras,
Senão fico trancada todo o dia.
Quando eu acordo estou sozinha,
A casa está escura,
Os meus pais não estão em casa.
Quando a minha mãe chega,
Eu tento ser amável,
Senão eu talvez levaria
Uma chicotada í noite.
Não faças barulho!
Acabo de ouvir um carro,
O meu pai chega do bar do Carlos.
Ouço-o dizer palavrões.
Ele chama-me.
Eu aperto-me contra o muro.
Tento-me esconder dos seus olhos demoníacos.
Tenho tanto medo agora,
Começo a chorar.
Ele encontra-me a chorar,
Ele atira-me com palavras más,
Ele diz que a culpa é minha, que ele sofra no trabalho.
Ele esbofeteia-me e bate-me,
E berra comigo ainda mais,
Eu liberto-me finalmente e corro até í porta.
Ele já a trancou.
Eu enrolo-me toda em bola,
Ele agarra em mim e lança-me contra o muro.
Eu caio no chão com os meus ossos quase partidos,
E o meu dia continua com horríveis palavras…
‘Eu lamento muito!’, eu grito
Mas já é tarde de mais
O seu rosto tornou-se num ódio inimaginável.
O mal e as feridas mais e mais,
‘Meu Deus por favor, tenha piedade!
Faz com que isto acabe por favor!’
E finalmente ele pára, e vai para a porta,
Enquanto eu fico deitada,
Imóvel no chão.
O meu nome é ‘Sara’
Tenho 3 anos,
Esta noite o meu pai *matou-me*.