Ir ao cinema

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Este fim de semana, fui ao cinema. Saí­ de lá insatisfeito com o filme, por diversas razões, muitas das quais tiveram a ver com o próprio filme: a história, personagens a mais, montagem bizarra, ritmo confuso, enfim, tudo coisas que outras pessoas usam para tecer gigantescos encómios a esse mesmo filme.

Mas um dos factores que contribuiu para a minha desilusão foi o cinema.

Houve uma altura em que ir ao cinema era absorvente. Foi um perí­odo de tempo em que eu tinha a idade certa, havia salas boas, o surround estava acabado de lançar, os filmes deixaram de ter intervalos e poucas pessoas tinham telemóvel.

Depois as coisas começaram a piorar e hoje em dia, sinceramente, já me é difí­cil decidir entre ir ao cinema ou fechar as cortinas em casa e ver um blu-ray na minha televisão.

Hoje em dia ir a uma sala de cinema não é uma experiência cinéfila, é um exercí­cio de abstracção. Para nos concentrarmos num filme e nos sentirmos imersos na sua fantasia somos obrigados a ignorar casais em amena cavaqueira, jovens a mascar as suas pipocas e sorver as suas pepsis, pessoas com vidas sociais intensí­ssimas atendendo chamadas telefónicas, luzinhas e painéis LCD brilhando no escuro a toda a hora e… intervalos.

Para ver o Dark Knight precisei de ignorar o gajo na ponta da fila que não parou de sussurrar para a namorada, o filme inteiro, a fila de comedores de pipocas atrás de mim e a luzinha intermitente do Sony Ericsson da adolescente sentada ao meu lado.

Durante uma parte significativa do filme, assisti í s cenas olhando em frente, depois dava com um flash qualquer no meu campo de visão, obrigando-me a virar a cabeça para ver o que era. Depois voltava a olhar para o écrã. Alguns segundos depois lá estava o flash outra vez e a minha cabeça, involuntariamente a virar-se na sua direcção.

Ao que parece, a rapariga era incapaz de ver o filme sem o seu telemóvel na mão.

“Vim ao cinema para ver um filme e não para ouvir dois anormais conversar”, disse uma vez a minha mulher a um casal na fila atrás da nossa; “importam-se de não falar?”, perguntou a mulher do Gus quando fomos ver o Iron Man e o já clássico “CALEM-SE CARALHO!”, que tive que gritar uma vez para um grupo de adolescentes quando a minha raiva já se tornava ardente.

Tudo isto e a re-introdução do malfadado intervalo que mata completamente a acção de um filme e nos obriga a sair da história para ver uns anúncios e comprar umas sevenups tornam, para mim, cada vez menos compensadora a experiência de ir ao cinema.

Depois admirem-se quando tiverem cada vez mais salas vazias.

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The Dark Knight: nem 15, nem 35

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Depois de meses de espera fui finalmente ver o novo filme baseado no super-herói da Detective Comics, Batman. O filme, The Dark Knight, é o segundo realizado por Christopher Nolan com Christian Bale no papel do vigilante de Gotham City e vinha carregado de hype. Como é habitual, nestas circunstâncias, fiquei desiludido.

Quando o hype acabou e o filme estreou nas salas, as coisas continuavam a parecer muito animadoras: as crí­ticas eram esfusiantes, o record de estrelas no IMDB foi batido e o filme senta-se no trono do “melhor de sempre“, com 9.3 estrelas de um total possí­vel de dez. De notar que não ponho grande valor neste tipo de tops e charts, afinal de contas, mas esta é votada pelo público e demonstra, no mí­nimo, uma grande unanimidade em torno desta nova aventura do Batman.

Nada como um actor morto para vender bilhetes

Nada como um actor morto para vender bilhetes

Pouco depois de sair da sala percebi exactamente porque é que o filme não me satisfez: por um lado, não me senti com 15 anos, torcendo pelo super-herói, na beira da cadeira e por outro, não me senti com 35 anos, sentado a ver um bom filme em que me conseguisse imergir.

Sejamos claros: gostei do filme. Mas gostei bastante mais do Batman Begins.

Poderão seguir-se spoilers.

The Dark Knight parece contado aos solavancos. A história não flui bem, parece que há sempre algo que a prende e depois a solta abruptamente, fazendo-a tropeçar sobre si própria. Creio que o personagem de Harvey Dent está a mais ou demais.

Ou o tiravam do filme e se concentravam na luta entre o Batman e o Joker (“you won’t kill me because you’re too good and I won’t kill you because your too much fun!”), ou pelo menos apagavam-no um pouco: o seu carácter incorruptí­vel, mais do que uma metáfora de um certo tipo de homem, torna-o uma caricatura desse mesmo tipo.

Este é um filme que falhou o seu alvo. O alvo era a luta entre o bem e o mal, entre o Batman e o Joker, que começa a esbater-se; era o tema da loucura que leva cidadãos comuns disparar sobre um outro porque lhes é lançado um repto por um louco, na TV. Este filme poderia ter mostrado um Batman como o de Frank Miller: farto, cansado, dorido levado ao extremo, preparado para matar o seu inimigo, levando-o í  vitória.

Perderam-se.

E perderam o melhor Joker de sempre, que poderia ter desempenhado esse papel, nesse hipotético filme, tornando-o na obra assombrosa que toda a gente diz que o Dark Knight é.

Tem-se discutido se Heath Ledger foi melhor Joker que Jack Nicholson, mas essa discussão nem faz sentido. Ela só existe, creio, porque toda a gente tem medo de desrespeitar Nicholson. Mas eu não tenho razões para isso e posso-vos dizer que sim, Heath Ledger é obviamente o melhor Joker de sempre.

E nem sequer é por falha de Nicholson. São filmes diferentes, visões diferentes, oportunidades diferentes. O Joker de Ledger faz a melhor cena do filme, quando o louco criminoso se evade num carro da polí­cia, abanando a cabeça, de cabelo ao vento.

Aliás, o Joker é provavelmente o único personagem que surge no filme na quantidade certa. Se assim é e se Harvey Dent está a mais, então o próprio Batman está a menos.

Bruce Wayne e o seu alter-ego surgem pequenos. Menores que o excêntrico Joker, mas também menores que o heróico Dent. Wayne não parece ter motivações por aí­ além, embora pareça embevecido com a grandiosidade benfeitora de Dent – o que também é estranho – e acaba por se diluí­r quase como um personagem secundário.

Como com a série de filmes anterior, iniciada por Tim Burton, os personagens secundários têm mais protagonismo do que o cabeça de cartaz. Se em Batman Begins o filme se centra em Wayne e nas suas neuras e no nascimento do Batman, em The Dark Knight chegou a parecer-me despropositado o aparecimento do Batman na sala de interrogatório a estragar uma boa cena de diálogo entre Jim Gordon e o Joker.

E quando num filme do Batman, a entrada do dito em cena parece despropositada, algo não está lá muito bem.

Como nota final, algo que a Dee notou a meio do filme: não há sangue. Este é mais um daqueles filmes assépticos para toda a famí­lia. E podia ter. Não precisava de ser gratuito, nem muito, mas algumas cenas poderiam ser um bocadinho menos lavadas.

É um filme para a colecção, sim. Mas mais rapidamente vou rever o Iron Man, que pelo menos é divertidí­ssimo, do que o Dark Knight que… não é mau, mas…

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Já não sou o único

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Ontem, cansado e sentado no chão, a ver o Tiago brincar cheguei-me ao pé da minha mulher e beijei-a por vinte milhões de razões. Passado um bocado sinto um dedo no nariz. Era o Tiago.

Afastei-me dela e fiz o já tradicional “trrim”, correspondente ao dedinho no nariz.

Deu-me uma estalada na boca, claro.

Mas que lata a minha, beijar a miúda dele!

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O fabrico do Lego

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Via Chichas, chegou-me este artigo da Gizmodo sobre o fabrico do Lego. É impressionante e vale a pena ler e, sobretudo, ver os três ví­deos que mostram a fábrica completamente automatizada que transforma grânulos de pástico – um subproduto do diesel – em sets completos de Lego, prontos para colocar nas lojas.

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Pergunta aos pais que não querem que os filhos vejam televisão

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Têm medo que eles se divirtam?

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