Não quero dar azar, mas…

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Ao fim do dia da terça-feira passada, 24 de Junho, os meus adorados vizinhos de cima tinham ambos os elevadores ocupados. Na escada, uma barulheira infernal de vozes e objectos sendo arrastados. Tudo levava a crer que estavam a carregar e descarregar os elevadores que viajavam incessantemente para cima e para baixo.

Fiquei furioso porque estava a tentar ir levar o lixo para despejar e não conseguia ter elevador tal era o frenesim com que estes subiam e desciam, sempre de e para o nono andar. Mas depois ocorreu-me: estarão a mudar-se?

Fiquei tão contente com a possibilidade de se estarem a mudar que voltei para casa e deixei o lixo para ser despejado no dia seguinte.

Na quarta, quinta e sexta, seguiram-se barulhos diversos, ao final do dia: arrastar de móveis, atirar de objectos pesados para o chão, marteladas. Fiquei desanimado e convenci-me que tinham estado a deitar fora mobí­lia na terça, para passar o resto da semana a montar novos móveis.

Na noite de Sexta para Sábado, acordei sobressaltado í s três e meia da manhã. Era o vizinho de cima a falar ao telefone em altos berros – como habitual – provavelmente ligando para o Brasil (para compensar o fuso horário), cena habitual, portanto. Mas a voz dele ecoava como se estivesse num salão vazio.

Convenci-me, sem sombra de dúvida, que o quarto por cima do meu, onde o vizinho falava ao telefone, estava completamente sem mobí­lia.

Sábado veio e foi, a noite de Sábado para Domingo seguiu-se-lhe; depois foi Domingo o dia inteiro (dia habitual das festas lá em cima com música e samba de salto alto) e a noite de Domingo para Segunda.

Nem. Um. Pio.

Não vos sei explicar a sensação que é, depois de mais de um ano de barulho constante vindo do andar de cima, a qualquer das 24 horas do dia, seja de manhã, tarde, noite ou madrugada; fosse música, conversas animadas, risos, cantorias, danças, portas a bater, móveis e cadeiras a arrastar, camas a agitar-se ritmicamente (apenas duas vezes num ano, felizmente!) e, claro, as gritarias, choros, corridas e insultos violentí­ssimo. Havia sempre barulho a vir daquele andar. Incessante, imparável, insuportável.

E agora parou. Parou e eu estou na expectativa… ter-se-ão mudado? Terão simplesmente partido de férias para o Brasil? Será que voltam? Se não voltarem… se forem substituí­dos por novos inquilinos, estes serão ainda piores?

Ontem pareceu-nos ouvir movimento no andar de cima e vimos água a pingar do ralo da varanda. Ouvi falar, mas sem sotaque Sul-Americano. O ruí­do era normal: o esperado quando se vive em gavetas empilhadas, nada de perturbante… seria o senhorio a limpar a casa para a re-alugar?

Terei que esperar para ver. Desejem-se sorte!

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5 comentários a “Não quero dar azar, mas…”

  1. Luckynumberlipe says:

    Por falar em vizinhos:

    Já viste a nova temporada de Top Gear?!

  2. Conheço bem a sensação :)

    No meu caso não era os vizinhos de cima, eram os do prédio abaixo e do outro lado da rua mas o incómodo era exactamente o mesmo e durou 6 anos entre várias famí­lias que lá viveram.

    Quando saí­ de lá e vim para o Monte da Caparica, a sensação de alí­vio e sossego foi simplesmente fabulosa :)

    Espero que seja algo que se mantenha para vocês! ;)

  3. jorge says:

    Eu para esses casos chamo a policia, pura e simplesmente, seja a que horas for. E já levo uns quantos no curriculum.

    A outra alternativa é ir de ferias e deixar a tocar as musicas de igreja de Bach, com as colunas bem encostadas í  parede do vizinho barulhento. E nem precisam de ficar muito altas.

    Boa sorte para a nova vizinhança.

  4. Lucky: já tenho os episódios, mas falta-me o tempo para os ver.

    Raul: pois, já conheço essa tua história… até agora, o barulho não regressou… fingers crossed.

    Jorge: eu cheguei a chamar a polí­cia, mas não resolveu.

  5. Bonobo says:

    Bach. Por favor. Dar pérolas a porcos?!

    Coloca mas é coisas tipo trashmetal, ruí­do branco (não cor de rosa que esse até não chateia muito) ou então uma frequência pura alta ou baixa com volume constante ou alternado com perí­odos muito longos (horas).

    É o inferno.

    Mas Bach não por favor. Um pouco de decência.

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