Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Recebi hoje algumas perguntas de um jornalista do DN sobre blogs e uma delas era se eu me considerava realmente o autor do primeiro blog em Portugal, já que o tinha recentemente afirmado.
Esclareço, como esclareci na minha resposta, que não fui o primeiro. Lembro-me que, quando comecei, o meu Cunhado já tinha um weblog, de seu título… “log”, que, infelizmente, já não existe há uns anos.
Eu e, por exemplo, o meu pai, alguns amigos e a minha mulher, fomos dos primeiros portugueses a começar blogs que ainda hoje mantêm.
Quando a moda dos blogs explodiu em Portugal, como se fossem uma coisa nova, por volta de 2003, quatro anos depois de nós (e outros!), termos começado, a coisa enjí´ou-nos de tal forma que iniciámos ouma espécie de movimento “isto não é um blog”. (se clicarem em “alguns”, acima, verão que essa é ainda a tagline do Paco)
Chama-se ironia… look it up.
Mais: escrevi o post do nono aniversário naquele tom, de propósito para testar uma teoria. Teoria provada.
A verdade é que não estou aqui para protagonismos nem prémios, nem medalhas. Estou aqui porque, tal como no primeiro dia em que escrevi, isto dá-me gozo.
Aliás, se não estou em erro, hoje foi a primeira vez, desde ’99, que respondi a duas perguntas de um jornalista sobre blogs. Espero que continuem a divertir-se e/ou a irritar-se com o que escrevo e o resto é conversa.
Ter um blog é uma coisa como outra qualquer, no big deal. No início, comecei isto para fugir do IRC onde era viciado e achei piada aos blogs até hoje. Do início até 2003 a malta andava calma, éramos poucos. Mas em 2003 deu-se a “blogalização” e então é que começou a desgraça.
Repara, eu quase nada sei de código, mas gastei algum tempo a fossar no dreamweaver, a ver-me em sarilhos com CSS, javascript e tal. Para mim havia muito mais para lá da escrita: o layout, as conversas com outros blogueiros, comentar, eram essenciais.
Então em 2003 vejo chegar uma multidão de gajos caídos de paraquedas a tomarem conta da blogosfera assim, sem mais nem menos. E de repente eram os maiores, só eles é que existiam. Não sabiam fazer a porra dum link noutra página (“target=_blank… isso é o quê?”), não sabiam publicar uma imagem, não sabiam nada, mas escreviam muito bem, eram muito cultos e discutiam os blogs, perdão… blogues. E eram bloguistas e eram os primeiros a meter música nos blogues e videos; discutiam política e eram referidos nos jornais. Para eles a blogsofera era um novo jornalismo, era um novo género literário, era cultura.
Ora eles não entendem é que a blogosfera apenas é uma grande conversa, gajos na net a trocarem ideias, e que não se trata de jornalismo, nem de qualquer forma de arte, muito menos género de literatura, nem forma de luta política. A blogosfera engloba muitos géneros, é da plebe e é democrática, por muito que custe.
E é por isso que o Macacos não devia existir e muitos outros também não. Porque provavelmente não andaste na escola com eles, nem te dás com eles, nem és amigo deles e a existência de blogs, ainda por cima não intelectualoides nem políticos, antes de 2003 são uma pedra no sapato de alguns ( e quem quiser que se acuse).
Nota: sabendo que és avesso a polémicas, se entenderes não publicar este comentário eu entenderei.
Parabéns (atrasados) ao Pedro pelos 9 anos.
E bom comentário, Bino.
Recebi um mail duma jornalista quando escrevi o manifesto “Isto nao é um blog” algures em 2003 quando o hype dos blogs chegou a Portugal. Achei imensa piada. De facto estes jornalistas ou não devem ter mais nada que fazer ou então andam mesmo desesperados por fazer notícia de qualquer coisa…
Alias tudo isto í volta do “fenómeno” dos blogs, quem é que foi e não foi pioneiro e quantos anos tem a “blogsfera” portuguesa é duma parvoice enorme. Só ajuda a confirmar a já má opinião que tenho sobre grande parte do jornalismo (e jornalistas) relacionado com tecnologia…
Bino, gosto de boa parte daquilo que escreveste.
Como comentei noutro post, se por um lado guardo reserva aos blogs porque sinto que vieram tirar espaço a projectos muito interessantes que já existiam anos antes, por outro a explosão de blogs veio irritar-me porque eu fazia HTML e PHP. Assumo isso… a mim causou desconforto e ciúme, não me roubou mercado mas de repente aquilo em que eu tinha investido e que suava fazer, ficou banal. (dizendo isso assim aqui sempre poupo na psicoterapia)
Durante muito tempo tive uma frase no “sobre o blog” que dizia que “qualquer semelhança com um blog é pura coincidência” por causa dessas sacanas dessas “guerras” em 2003, dos recém-chegados intelectuais ao meio, a querem ditar as regras e a dizerem que blogs deste tipo não eram blogs, mas sim sites pessoais…vá-se lá saber!
Cheguei a escrever sobre isso…