Regras básicas de carnaval para crianças

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Muito bem, já passou o carnaval, essa dantesca época do ano. Este ano passou-se melhor, aqui pelo burgo, já que graças í s obras do metro, a câmara não pí´de montar o sistema de som que costuma bombar samba durante duas semanas nesta altura do ano.

O carnaval é uma festa sem grande sentido – como tantas outras – muito transformada num grande circo despropositado para a estação do ano em que é festejado no nosso paí­s. Mas a imitação do carnaval brasileiro (ironicamente, criado pelos portugueses por volta do século XVI), não é especialmente pior do que as tradições mais portuguesas que são muitas vezes lúgubres e medonhas.

O único grupo para quem o carnaval ainda pode ter algum sentido é o das crianças. Os miúdos podem achar piada a mascarar-se, atirar serpentinas e balões de água (o que, a meio do Inverno é extremamente agradável). Qualquer pessoa acima de, digamos, 15 anos, devia deixar-se dessas merdas.

Ah, já me esquecia, o carnaval é também muito importante para os gays de armário que aproveitam esta época para se vestirem de mulher. Mas disso já falei.

Mas voltemos aos miúdos. Acho que não é difí­cil chegar a certas conclusões sobre como conciliar crianças e carnaval, mas pelo que vi nas ruas esta semana, parece que algumas pessoas precisam de um manual. Portanto, eis que me sacrifico novamente em prol do bem comum e aqui vai:

Primeiro que tudo, se o miúdo é demasiado novo para perceber o que se passa, não o mascarem. Eu sei que eles são muito giros e que apetece brincar, mas as crianças não são brinquedos, são pessoas.

Mascarar um miúdo que não sabe sequer o que é o carnaval, serve apenas para satisfação dos adultos e não da criança. E se é divertido colocar coisas nos nossos bebés, vesti-los de borboleta da cabeça aos pés e depois arrastá-los pelas ruas da cidade é puro egoí­smo exibicionista dos pais e não tem absolutamente nada a ver com a diversão da própria criança.

Em segundo lugar, se a criança já em idade para perceber o que é mascarar-se, mas não gosta de se mascarar… não a mascarem! Vi muitos miúdos divertidos com os seus fatos de superman e zorro, fada e princesa, mas a verdade é que vi um punhado deles envergonhadí­ssimos, de olhos colados no chão, com vontade de se meter num buraco.

Vi uma pirata que se pudesse, fazia-se ao mar e não voltava.

Qual é o objectivo de mascarar os miúdos se eles não querem mascarar-se? Se têm vergonha e são tí­midos, porquê vesti-los e pintá-los e desfilá-los pelas ruas da cidade? Mais uma vez, parece-me um prazer egoí­sta de algumas mães e alguns pais que querem exibir o seu rebento em trajo de cowboy, talvez com a esperança de que o seu seja o melhor disfarce da Freguesia.

Terceiramente: Se os putos acham piada e querem mascarar-se… why not? Eu não gosto do carnaval, não me diz nada, mas se o Tiago, quando lá chegar, quiser mascarar-se, estou í  vontade com isso. O mesmo não poderia dizer, por exemplo, se ele quisesse montar um presépio no natal. Aí­ teria que lhe explicar que Jesus, Maria e José são os arautos do Mal, trazendo apenas discórdia, segregação, violência e morte.

Mas mascarar-se no carnaval pode ser fixe, quando se tem 2 anos, 4, 9 ou mesmo 12.

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10 comentários a “Regras básicas de carnaval para crianças”

  1. Nunca mascarei o meu filho contra a vontade dele.

    No entanto, quando ele tina 2 anos surgiu-me um dilema.
    Com 2 anos os putos não sabem o que é o carnaval. E o meu filho não foi excepção. Mas na escolinha onde ele andava, os pais queriam muito mascarar a filharada. Com aqueles disfarces de urso e de tigre, que são quentí­ssimos e que deixam os putos a suar por todo o lado (na semana seguinte estava tudo de charola, em casa, com viroses).

    Ora, se por um lado eu não o queria mascarar, por outro lado não queria que se sentisse deslocado. Chegar í  escola e ver os outros todos engalanados e ele vestido normalmente….

    Foi um dilema que resolvi sem comprar absolutamente nada. Foi vestido com o equipamento completo do Glorioso Benfica (que estava farto de usar, em casa), com umas meias que lhe chegavam í s orelhas, e bola oficial. Divertiu-se imenso, os outros todos acharam que ele estava mascarado, sem perceberem que mascarado andava ele nos outros dias todos, porque por ele, andava sempre de equipamento do Benfica :)

  2. Macaco says:

    Ideia simplesmente genial, sem dúvida. Já me tinha ocorrido esse problema da integração quando ele for para a escola.

    Vou começar já í  procura de equipamentos do Glorioso.

  3. artur says:

    O pior é se o Tiago decide mascarar-se de José, Maria e Jesus e ser, ele próprio, um presépio!

  4. Macaco says:

    Aí­, terei falhado redondamente.

    Mas nunca se sabe, pode ser que lhe dê para cristão ou coisa parecida… desde que não dê em adepto do FCP… tudo bem.

  5. hobe says:

    Eu estou a estranhar é ainda não teres feito um postzito í  selecção nacional :P

    Ele ainda te vai dar muitas alegrias a festejar os golos do porto.
    hahaha

  6. Joao says:

    Concordo com quase tudo (excepto quando cheguei í  parte dos arautos do mal) e também sou da opinião que um homem que se veste de gaja no Carnaval não pode estar tranquilo quanto ao par de tomates que tem entre as pernas. No way. Gayzada reprimida.

    Essa coisa das escolas é um drama, e já sofro por antecipação embora não seja ainda pai, mas vi isso com amigas minhas, terem de fazer despesas – por vezes avultadas – e mascarar filhos que nem sabem o que lhes está a acontecer só porque as educadoras da escola se lembraram que sim. Mas não é só com o Carnaval. É com os telemoveis também. Eu não quero dar telefone a um filho meu, mas já sei que vai pressionar-me e que vai sentir-se excluí­do se não tiver um.

    Ser pai é fodido, e nem é preciso ser um para ver isso. :)

  7. Macaco says:

    Hobe: nem vale a pena falar da Selecção, ela fala por si ;-) Contra a Itália era difí­cil, é certo, mas… eram precisas duas franganadas do frangão-mor?

    Joao, quanto aos arautos do mal, estamos entendidos, no que diz respeito ao telemóvel não te preocupes: se ainda não és pai, o mais certo é que, quando fores, os telemóveis sejam coisas do passado.

    Vai-te preparando para os implantes individuais de telecomunicações integradas…

  8. hobe says:

    até parece que nem conheces o ricardo .. o homem nao faz por menos haha!

  9. pachita says:

    Totalmente de acordo com o equipamento do Glorioso.;)

    Os arautos do mal! Achei lindo! :D

  10. susana says:

    Bom…
    Essa cena aí­ do presépio nem vou comentar! :P
    (ele ainda vai secretamente fazer um em plasticina porque o pai não lhos compra no Aki!)

    Quanto í s máscaras… e se as educadores (eu incluí­da, portanto) não gostam dessas palhaçadas, se encontram no meio dos paizinhos todos que acham muita gracinha e insistem em mascarar os filhos, e depois os putos não querem nada com a máscara a menos que a “mina xaxana” também se mascare?
    Bolas… já me estou a ver mascarada de picolé pelas ruas da cidade com um bando de ursos, princesas e piratas anões… (ainda bem que este Carnaval estive em Andorra e lá máscaras, só uns capacetes mais extravagantes nas pistas)

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