O inevitável post de natal

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

É natal, é natal, etecetera e tal.

Este foi o primeiro natal do Tiago e como tal, uma nova experiência para mim e para a mãe do Tiago. Para resumir as coisas de forma grosseira, o resultado lí­quido deste natal foi uma pilha de brinquedos e um ví­rus qualquer para o Tiago. Dos brinquedos ele gostou, a constipação obrigado, mas não precisavam de se ter incomodado.

As hostilidades começaram no dia 24 com uma viagem até Palmela, por volta das seis da tarde, já noite cerrada; pareciam 10 da noite. O Tiago demorou os seus habituais 15 minutos a ambientar-se e depois esteve bem disposto e curioso

Acho que o Tiago sofre um bocado por ser tão grande. Embora pareça já ter um ano ou mais, ainda só tem nove meses e í s vezes as pessoas tratam-no como se ele fosse mais crescido e ele acaba por se aborrecer: querem que ele ande, querem que ele fale, querem que ele olhe sempre que o chamam e preste atenção e identifique pessoas e todo um rol de coisas que ele ainda não domina, porque só tem, efectivamente, nove meses.

Mas as coisas são como são e o Tiago vai-se adaptando.

Já desde que ele era muito pequeno que tentámos criar-lhe uma rotina nocturna, o que o ajudou a dormir mais pacificamente. Este tipo de coisa levanta problemas com eventos nocturnos, como é evidente. À hora em que o Tiago costuma estar a tomar banho e a ir para a cama, estava sentado no chão í  espera do iní­cio da troca de prendas.

Evidentemente, isto deixa o puto um bocado chateado, especialmente quando começa a ficar com sono e também gera as conversas do costume sobre como assim a gente não pode sair nem “fazer nada”.

O que é certo é que muitas vezes as pessoas também ficam incrédulas quando lhes dizemos há quantos meses é que ele dorme a noite toda.

Só sou pai há nove meses, mas uma coisa que já aprendi é que toda a gente parece achar que há uma maneira melhor de fazer as coisas. Eu já percebi que há maneiras diferentes, mas eu vou usar a minha maneira, muito obrigado.

O jantar estava excelente e empurrei-o com um cheesecake que parecia ter meio milhão de calorias por migalha. Teria sido excelente se as coisas tivessem andado mais depressa, por causa do Tiago, mas não se pode esperar que uma tradição familiar com décadas mude de ritmo por causa de um novo membro e portanto, no iní­cio da distribuição das prendas já ele estava passado de prazo.

Recebeu as suas primeiras prendas e, como é apanágio de bebés pequenos, preferiu comer o papel de embrulho e as fitas do que ver os brinquedos. No final, ele já berrava de sono e nós metemo-nos no carro e regressámos a Almada.

O balanço foi positivo, para primeira experiência natalí­cia, mas confesso que é um stress do caneco. Talvez seja a minha maneira de ser, talvez tenha a ver com coisas do passado, mas o tempo todo os meus sentidos estiveram a disparar 200 vezes por segundo e sempre que o Tiago chorava o meu batimento cardí­aco triplicava. O natal assim é, portanto, como uma longa sessão no ginásio.

No dia 25 foi a vez do natal em casa dos meus pais com mais umas toneladas de famí­lia e respectivas prendas. A já infame troca de prendas – a tal que “para o ano não pode ser, temos que comprar menos prendas, isto tem que acabar” – durou cinco horas.

As coisas não arrancaram particularmente bem com o Tiago a almoçar seguido do Tiago a engasgar-se e vomitar a refeição inteira. Mas a partir daí­ o tipo esteve bem quase o tempo todo e até dormiu uma sesta de meia hora. Ainda assim, o stress inevitável alapou-se-me í s costas o dia inteiro e í  noite já estava de rastos.

Ainda fomos até casa dos meus sogros entregar umas prendas que faltavam para os meus cunhados que estavam lá a jantar e depois, entre dar jantar e banho ao puto e pí´-lo na cama, ainda fomos duas vezes a casa dos meus pais buscar sacos de prendas assustadoramente grandes.

Temos o chão da sala coberto de plástico colorido, muito do qual faz som, fala e/ou toca música. E o melhor do natal é mesmo que o Tiago pode ainda não perceber bem o que se está a passar e acha mais piada ao papel de embrulho ou a um balão do que a complexos livros que contam histórias em 12 lí­nguas e fazem massagem tailandesa, mas a verdade é que ele acaba mesmo por achar piada aos brinquedos.

Se lhos passarmos um de cada vez ele explora, carrega, bate e, claro, morde em tudo até se fartar. Em suma, estou cansado como se tivesse corrido duas maratonas, não tanto por esforço fí­sico mas porque senti uma ansiedade nestes dois dias que não sentia há muito tempo (cheguei a estar a olhar enternecidamente para uns comprimidos que ainda tenho ali na gaveta), mas no fundo isto foi apenas o primeiro sinal de como vai ser daqui para a frente e durante uns anos valentes: o dia de dar brinquedos ao Tiago.

[tags]natal, tiago[/tags]

Tags

Deixar comentário. Permalink.

4 comentários a “O inevitável post de natal”

  1. Depois de ler este artigo, devo dizer que parece que corri pelo menos meia-maratona. Mas dizem que o exercí­cio fí­sico faz bem, não é?

  2. Prima Rita says:

    Eu acho que foi o Natal mais rápido de sempre, e o mais cansativo..mas foi giro. Eu gostei!!!!
    Bjs prima

  3. susana says:

    Pá… já me puseste a pensar! Caneco! Este ano estavam 14 cá em casa… com mais o que queremos que chegue ainda antes do natal e se entretanto não morrer ninguém… seremos 15. Portantos 28 olhos concentrados em 2 olhitos pequeninos, 24 deles a exigir habilidades que um bébé não sabe fazer, 4 deles desesperados por pí´r tudo a andar daqui para fora e 2 deles sem saberem se hão-de chorar ou sorrir (se já for capaz disso…).
    Há ainda o revés dos comprimidos. Vou iniciar o desmame (pkausa do estado de graça, claro) e agora também me fazes pensar duas vezes… bahhhh

  4. Macaco says:

    Aí­ nem precisas de pensar duas vezes: larga os comprimidos e é já. O resto… é mesmo assim :-)

Deixar um comentário

Redes de Camaradas

 
Facebook
Twitter
Instagram