Pensamentos post Codebits

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Depois de falar com o Celso sobre o Codebits pela primeira vez, surgiu-me uma ideia para uma apresentação sobre uma coisa que achava que podia ser importante no evento: design.

Ainda desenvolvi um bocadinho a ideia e depois, por isto e por aquilo, falta de tempo ou outra desculpa igualmente lame, deixei cair a ideia.

E agora, que o evento terminou, estou ainda mais convencido que teria sido uma boa ideia. O nome do encontro era Codebits e não Designbits, mas a verdade é que um coder e um designer formam uma equipa e a colaboração entre os dois é cada vez mais importante.

Durante muitos anos, o designer colaborou – porque o design é mesmo uma disciplina colaborativa e permeável – com engenheiros, tipógrafos, ferreiros, arquitectos, tecelões e o que mais quisermos, numa lista quase infindável de profissionais que executam, apoiam e complementam o design.

Os programadores são, talvez, o contraponto mais recente dos designers, criando-se entre as duas profissões uma colaboração indispensável para a concretização de um projecto com a qualidade que atrai as audiências e os utilizadores.

Muitas vezes, os profissionais ainda trabalham separados: o programador define o programa e manda para o designer fazer “o boneco”, que devolve para ser feito o código, para lhe voltar para as mãos para “pintar as unhas”. Este processo é um claro sub-aproveitar de competências.

Felizmente, em tempos mais recentes, a importância do design tem crescido e uma forma de trabalhar mais integrada tem começado a surgir: da fase de planeamento í  concretização, tanto programadores como designers podem e devem colaborarde forma estreita.

Os programadores não se limitam a “bater código”, têm que pensar criativamente, resolver problemas, procurar soluções e o mesmo é verdade para os designers: não se limitam a fazer “bonecos”, como eu passo a vida a ouvir (“passas o dia a fazer desenhos…”), são pessoas com uma inclinação e um gosto especial por resolver problemas, procurar soluções… estão a ver o que quero dizer.

Os designers gostam de simplificar. Gostam de gastar o mí­nimo para fazer o máximo. Gostam de pegar numa coisa que até já está feita e pensar: de que outras maneiras posso eu fazer isto?

Perguntem ao Gus quantas vezes já me ouviu dizer que vou pegar em qualquer coisa que já fiz e começar de novo.

Acho que o Codebits pode também ser um espaço em que o design tem algo a dizer e talvez para o ano e esteja lá e tenha algo a propor sobre o assunto.

[tags]codebits2007, design, web, programação[/tags]

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11 comentários a “Pensamentos post Codebits”

  1. Celso says:

    Acho muito bem :) Ainda pensei que fosse lá acima ao palco depois de ver o pad que levaste. Mas acobardaste-te. tsk tsk.

  2. Nmerdas says:

    O processo criativo não pode NUNCA passar por o programador. Mentes analí­ticas não tem o poder, nem o treino criativo, que um designer tem. O resultado de um processo conduzido assim são as páginas de aplicações com design “í  lá técnico”.

    Este tipo trabalho, e quem trabalha muito com programadores sabe, é geralmente um trabalho rotineiro e pouco empolgante, ou pelo menos, não tão empolgante como poderia ser.

    O mesmo se passa quando é um gestor a definir o que se quer numa aplicação.

    O trabalho de pesquisa e de saturar a vista com coisas já feitas é por isso uma obrigação para o criativo (trabalho vulgarmente chamado de: “estás ai na net há quatro dias e ainda não fizeste nada!”), assim como o trabalho de limpar a mente de qualquer pré-ideia ou pré-conceito que a nossa cabeça já tenha inicialmente (uma ida í  praia, uma tarde com os nossos filhos – e não imaginas quanto uma criança (e este deves imaginar: ou pessoa totalmente fora do nosso mundo) pode ajudar se lhe explicares o que queres fazer e lhe perguntares a opinião dela sobre o assunto – ou um passeio de carro sem destino, são exemplos de como limpo a cabeça para iniciar algo.

    O que mais gozo me dá é fazer eu o desenho de algo e colocar doces (a.k.a. desafios) que dás aos técnicos com uma frase do género “mas não consegues fazer assim? Isto é um desafio para ti!” que geralmente enche o ego do programador por estar a fazer realmente uma ‘coisa’ única em vez de estar a pintar e personalizar algo que já está feito.

    PS – se quiseres ajuda para uma merda assim, já sabes com quem podes contar. Não tenho muito tempo mas a dividir por dois é mais fácil, hem? ;)

  3. Gus says:

    Ya, devias ter feito algo. E subscrevo completamente ao conceito de parceria entre Designer e Coder.

    Francamente estou farto de merdas mal pensadas, que podem até ter um background técnico invejável mas que se tornam inúteis por ninguém se ter sentado a pensar algumas questões básicas de Design. E uso Design aqui com maiúscula :)

  4. Gus says:

    Apropos, eu vejo mesmo como uma parceria, portanto também acho que essa do “O processo criativo não pode NUNCA passar por o programador” é BS. Bons programadores são criativos, *têem* que ser criativos. Quanto muito há uma certa tendência linear/matemática no que se relaciona í  criatividade do programador, mas não deixa de ser relevante.

    O exemplo disto é o active window no OSX, particularmente no Leopard: Todas as janelas fazem sombra, pelo que a active faz *mais* sombra. Muito bonito, elegante, sexy, minimalista e completamente inútil se tiveres um fundo escuro num monitor grande.

    A solução ideal em termos de boa usabilidade seria uma í  programador: uma frame de cor diferente ou pelo menos um titulo de cor diferente.

    Tal como soluções só de programador são tendencialmente pouco intuitivas e pouco polidas, soluções só de designer podem ocasionalmente concentrar-se na elegância visual sacrificando features e tempo de programação.

    Dar desafios a um programador pode ser má ideia, são poucos os que iriam recusar, mesmo que seja completamente inútil para o projecto. Programadores *vivem* para fazer show-off dos seus cérebros…

  5. Gus says:

    Review: No OSX, as janelas também mudam de cor…. entre 2 tipos diferentes de cinzento….

  6. Nmerdas says:

    Acho que estás certo quando dizes que os programadores tem de ser criativos (e os melhores são-o de certeza e muitos maus são mais sintéticos que analiticos, assim como pode ser aplicada esta verdade aos designers – há os bons e há os maus) e acho que eu exagerei quando disse que seria um erro dar o processo criativo a um programador, ficou a ideia que o programador é um recurso sem palavra a dizer, e essa é uma ideia errada.

    É um erro o programador ter TODO o processo criativo, assim como um gestor e até um designer (embora este último se safe melhor que qualquer um dos dois outros desde que seja bom – e sim estou a puxar a brasa há minha sardinha).

    Já agora o e sobre o OSX, não me faz confusão nenhuma que a active window se destaque sobre as outras com uma sombra maior pois, e este é o meu metódo de trabalho, tenho sempre uma serie de janelas abertas e consigo facilmente saber qual a que está active pelas janelas que ficam abertas por detras dessa. Só quando tenho uma aberta é que dá para realmente ver o wallpaper do desktop, e se só tenho uma é fácil saber qual está active. Já agora um dar essa decisão a um programador seria o mesmo que esperar uma barra #FF0000(!) para indicar a barra activa?

    Deixa lá o OSX que está muito bem como está!

    E ISTO SIM, é um assunto que me irrita de sobremaneira – A adopção dos Apple pela classe programadora. (Quem já trabalha nisto há uns anos lembra-se de certeza de comentários de programadores – que hoje usam pins e autocolantes da maça – acerca dos computadores de mariconços e rabetas de que os utilizadores MAC – principalmente técnicos de imagem, som e video – eram alvo há uns 5/6 anos atrás. )

    Abraço,
    NMerdas

  7. Macaco says:

    Não se esqueçam que criatividade não é uma caracterí­stica exclusiva de ninguém, mas um traço de personalidade tí­pico dos seres humanos.

    Seja para desenhar um poster ou desatarraxar uma porca calcinada…

    PS: O Leopard tem várias coisas nojentas… estou a pensar fazer um post sobre isso no DFL.

  8. Nmerdas says:

    Concordo com isso Macaco! E o Gus tambem concorda com isso logicamente.

  9. Concordo com o que o Gus disse: “Bons programadores são criativos, *têem* que ser criativos”. Um “criativo programador” tem de ser criativo no detalhe da implementação, enquanto um “criativo designer” tem de dar tres passos atrás e olhar para a coerencia da big picture.

    É isto que falha nos programadores – não sabem mudar de mindset entre o detalhe e o overall.

    A mim custa-me imenso quando estou tenho de saltar rapidamente dum mindset de programação concentrada (e.g. php, java mobile, recentemente até assembly de ARM) para um mindset de product manager (para responder a alguem sobre a feature set do produto ou serviço) ou até para um mindset de designer quando tenho de abrir o photoshop para fazer os gráficos para o serviço.

  10. Sem dúvida que seria interessante uma versão onde o design assumi-se um papel mais central. Um dos motivos pelos quais desisti de ir í  última da hora foi exactamente a ênfase ser colocada na programação.

  11. P. Melo says:

    Concordo com tudo o que foi dito aqui. agora só falta “educar” o resto da malta que anda aí­ a por anúncios a recrutar “web-designers” pela simples razão de que não sabe distinguir uma coisa da outra. Multidisciplinaridade é muito bom, e ter um programador com sentido estético e alguma formação (seja académica ou autodidacta) ou qb de sensibilidade visual ou um designer que saiba dar uns toques em programação (raios partam que ando a partir a cabeça com PHP, mas dá-me imenso gozo) é extremamente útil.

    Por um lado, para maior entendimento mútuo, por outro por questões técnicas (acaba-se o “ah, isso eu não faço, é com o programador”). Agora falta é passar este conceito a muita gente que ainda não percebeu que são situações distintas e que se complementam em grande parte dos casos.

    NMerdas, seu maluco!

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